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Negócios jurídicos com objetos ilícitos.

Principais aspectos

André Luiz Costa da Silva - Matrícula 23001088


Antônio Silva de Souza - Matrícula 23001242
Flávio Gomes de Souza – Matrícula 23009738
João Batista Ferreguetti – Matrícula 23007989
Laís Pereira da Costa – Matrícula 23006597
Selberths Nascimento Lima – Matrícula 2308148

Resumo: Esta pesquisa discorre sobre os principais aspectos dos negócios jurídicos
com objetos ilícitos, abordando seus elementos, algumas de suas principais
classificações e as teorias a respeito da interpretação dos negócios jurídicos. É
considerado nulo os negócios jurídicos celebrados com objeto ilícito, impossível ou
indeterminável à moral e aos bons costumes, bem como serão inválidos os efeitos
jurídicos decorrentes de tal pacto.

Palavras-chave: Negócio Jurídico, Objeto ilícito, Direito Civil, Obrigações,


Responsabilidade.

Abstract: This research discusses the main aspects of legal transactions with illicit
objects, addressing its elements, some of its main classifications and theories
regarding the interpretation of legal transactions. Legal transactions entered into with
an illicit, impossible or indeterminable object to morality and good customs are
considered void, as well as the legal effects arising from such agreement will be invalid.

Keywords: Legal Business, Unlawful Object, Civil Law, Obligations, Responsibility.

________________________

Paper apresentado para composição de nota na disciplina de Direito Civil em graduação de Direito -
Universidade Nilton Lins.
Introdução

O negócio jurídico nada mais é do que uma espécie do gênero fatos jurídicos,
também chamados de negócio jurídico em sentido amplo (TARTUCE, 2017). É o ato
destinado à produção de efeitos jurídicos, desejados pelo agente e tutelados pela lei.
É toda ação humana, de autonomia privada, com o qual o particular regula por si os
próprios interesses, havendo uma composição de interesses.

Nas palavras de FARIAS e ROSENVALD (2015) “há, nesse passo, uma


composição de interesses (é o exemplo típico dos contratos), tendo a declaração de
vontades um fim negocial”.

Impossível, portanto, pensar numa sociedade sem regramento, pois as normas


estabilizam os conflitos entre os homens. “Daí surgir o Direito como conjunto das
normas gerais e positivas, disciplinadoras da vida social” (JUNIOR, H. T., 2015, p. 44).

Para Caio Mário, “a impossibilidade jurídica condiz com a ausência da


liceidade. Fisicamente impossível é o objeto, se for insuscetível de realizar-se
materialmente”. A impossibilidade deve ser absoluta, isto é, quando a prestação for
irrealizável por qualquer pessoa, ou insuscetível de determinação. A impossibilidade
relativa, que atinge o devedor, mas não outras pessoas, não constitui obstáculo ao
negócio jurídico (art. 106). Além disso, objeto do negócio jurídico também deve ser
determinado ou determinável (indeterminado relativamente ou suscetível de
determinação no momento da execução). Essa pesquisa vem por meio de revisão
bibliográfica de estudos jurídicos e leis que visam explicar como ocorrem os negócios
jurídicos referentes aos objetos de natureza ilícita.

Aspectos gerais dos negócios jurídicos com objetos ilícitos

O negócio jurídico é o principal instrumento que as pessoas possuem para que


possam expressar seus interesses e manifestar as suas vontades, criando
obrigações, direitos e deveres entre as partes negociantes, dirigidos para a produção
de resultados efetivamente por eles almejados. Trata-se de reflexo do princípio da
autonomia privada.
Autonomia privada é o espaço para decibilidade dentro do ordenamento de
realizar o negócio jurídico, comprar ou não, vender ou não, locar ou não (seguir as
possibilidades para decidir dentro dos princípios e das regras).

Para entendermos bem este princípio, pode-se dizer inicialmente que os


contratos, de maneira geral, têm 04 requisitos básicos para existirem e serem válidos,
que estão previstos nos incisos do art. 104 do Código Civil, eles precisam ter: Objeto
lícito, possível e determinado ou ao menos determinável; Partes capazes; Forma
prescrita ou não proibida (qualquer que seja: verbal, escrita, solene etc.); Vontade livre
e consciente.

CARLOS ROBERTO GONÇALVES e FRANCISCO AMARAL defendem, ainda,


a existência da idoneidade do objeto como um elemento essencial de existência. Este
seria o caso da hipoteca de bem móvel, ressalvadas as exceções legais (navios,
aeronaves), que é um negócio jurídico inexistente, já que bem móvel não é bem
idôneo para a hipoteca.

Segundo Ricardo Fiúza, Elementos essenciais do ato negocial: os elementos


essenciais são imprescindíveis à existência e validade do ato negocial, pois formam
sua substância; podem ser gerais, se comuns à generalidade dos negócios jurídicos,
dizendo respeito à capacidade do agente, ao objeto lícito e possível e ao
consentimento dos interessados; e particulares, peculiares a determinadas espécies
por serem concernentes à sua forma e prova.

Ao tratar acerca do objeto dos contratos, prevê que não se podem celebrar
instrumentos com objetos ilícitos. Os requisitos de validade dos negócios jurídicos são
aqueles necessários para que o negócio jurídico seja válido. Se os possui, é válido e
dele decorrem os devidos efeitos. Se, porém, falta-lhe um desses requisitos, negócio
é inválido, não produz o efeito jurídico em questão e é nulo ou anulável. Como elucida
Caio Mário da Silva Pereira.

O Código Civil, em seu art. 166, inciso I2 prevê que haverá nulidade sobre os
negócios jurídicos celebrados com objeto ilícito, impossível ou indeterminável à moral
e aos bons costumes será declarado nulo, bem como serão inválidos os efeitos
jurídicos decorrentes de tal pacto.
A impossibilidade de que aqui se trata é originária. O objeto do negócio deve
ser impossível no momento de sua formação. Se a impossibilidade se verifica após
seu aperfeiçoamento, não será hipótese de invalidade, pois não será originária, mas
permitirá a resolução.

Marcos Bernardes de Mello registra a respeito que o negócio deve ser havido
como válido se o objeto era impossível no momento do nascimento do negócio, mas
vem a se tornar possível no momento do adimplemento da prestação.

"Não importa, portanto, apenas, se o objeto é considerado


impossível na ocasião da conclusão do ato. É preciso que o
seja quando da prestação. Não se trata de convalescimento da
nulidade, que existiria no momento da conclusão do ato jurídico
e deixaria de existir depois. É que a impossibilidade física não
pode ser considerada apenas punctualmente, em um
determinado ponto no tempo, mas temporalmente, levando-se
em conta o trato de tempo decorrido entre a data da conclusão
do ato jurídico e a ocasião em que se deva dar o adimplemento
da prestação, se não coincidentes. O ponto[ temporal que
importa para caracterizar a impossibilidade física é o momento
da prestação, naturalmente se essa impossibilidade é
originária. (=já existia quando da conclusão do negócio). Se por
ocasião da conclusão do negócio jurídico não havia
impossibilidade física, não há nulidade se esta veio a
caracterizar-se antes da prestação.

Diferentemente, a impossibilidade jurídica é punctual. Importa


se existe no momento da conclusão do ato. Se posteriormente
a impossibilidade é removida, a nulidade não convalesce; o ato
nulo não adquire validade pelo desaparecimento da causa
invalidante. Há necessidade de que se repita o ato jurídico,
para que se tenha um ato válido.

A impossibilidade do objeto é não poder se realizar em absoluto, pois se for


relativa, não há que se falar em impossibilidade. E para que seja relativa, basta que
ao menos uma pessoa seja capaz de realizar a prestação.

Por fim, temos como exemplo a seguinte situação “Na locação de um imóvel
para fins residenciais, este é o objeto do contrato. Assim, não se pode desvirtuar o
que foi pactuado e abrir naquele imóvel (que era para fins residenciais), uma casa
para exploração da prostituição (Código Penal: Art. 228. Induzir ou atrair alguém à
prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que
alguém a abandone / Art. 229 do mesmo código. Manter, por conta própria ou de
terceiros, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de
lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente).

Desta forma, se o objeto do contrato foi ilícito, nulo será o negócio jurídico, por
exemplo, na compra e venda de objeto roubado.

Considerações Finais

Assim, negócio jurídico é o principal instrumento que as pessoas têm para


realizar seus interesses.

O contrato é apenas uma das várias espécies de negócio jurídico. O contrato é


um negócio jurídico bilateral (vontade de ambas as partes), também pode ser
unilateral. O negócio leva em consideração o fim procurado pela parte ou partes e a
esse fim a ordem jurídica adapta os efeitos.

O negócio jurídico válido deve ter em todas as partes que o constituírem, um


conteúdo legalmente permitido, caso houver a falta deste elemento o negócio será
nulo. Além disso, o objeto deve ser possível, realizável. Se o negócio implicar
prestações impossíveis, também será considerado nulo; a impossibilidade é física ou
impossibilidade jurídica que é similar à objeto ilícito porque contraria o ordenamento
jurídico.
Referências

TARTUCE, F. Direito Civil. 13ª. ed. Rio de Janeiro/RJ: Forense, v. 01, 2017.

FARIAS, C. C. D.; ROSENVALD, N. Curso de Direito Civil. 13ª. ed. São Paulo: Atlas,
v. 01, 2015.

AMARAL, Francisco. Direito civil. Introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Parte geral. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010. v. 1.

MÁRIO, Caio. Instituições de Direito Civil. 23ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2010.

MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da validade. 6. ed.
reformada de acordo com o novo Còdigo Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002). São
Paulo: Saraiva, 2004.

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