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TESTE MÓDULO 5 –

ANO 2
[RECUPERAÇÃO DO MÓDULO 4]

ESCOLA______________________________________________________ D ATA ___/ ___/ 20__


NOME_______________________________________________________ N. O____ TURMA_____

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Parte A

Eça de Queirós, Os Maias

Leia o excerto de Os Maias.

Nessa madrugada, às quatro horas, em plena escuridão, Carlos cerrara de manso o portão
da rua de S. Francisco. E, mais pungente, apoderava-se dele, na frialdade da rua, o medo que já
o roçara, ao vestir-se na penumbra do quarto, ao lado de Maria adormecida – o medo de voltar
ao Ramalhete! […] Era medo do avô, medo do Ega, medo do Vilaça; medo daquela sineta do
jantar que os chamava, os juntava; medo do seu quarto, onde a cada momento qualquer deles
podia erguer o reposteiro, entrar, cravar os olhos na sua alma e no seu segredo… Tinha agora a
5 certeza que eles sabiam tudo. E mesmo que nessa noite fugisse para Santa Olávia, pondo entre
si e Maria uma separação tão alta como o muro de um claustro, nunca mais do espírito daqueles
homens, que eram os seus amigos melhores, sairia a memória e a dor da infâmia em que ele se
despenhara. A sua vida moral estava estragada… Então, para que partiria – abandonando a
paixão, sem que por isso encontrasse a paz? Não seria mais lógico calcar desesperadamente
todas as leis humanas e divinas, arrebatar para longe Maria na sua inocência, e para todo o
sempre abismar-se nesse crime que se tornara a sua sombria partilha na Terra?

Já assim pensara na véspera. Já assim pensara… Mas antevia então um outro horror, um
1
supremo castigo, a esperá-lo na solidão onde se sepultasse. Já lhe percebera mesmo a
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aproximação; já noutra noite recebera dele um arrepio; já nessa noite, deitado junto de Maria,
que adormecera cansada, o pressentira, apoderando-se dele, com um primeiro frio de agonia.

Eça de Queirós, Os Maias: episódios da vida romântica (fixação de texto Helena Cidade Moura),

Lisboa, Livros do Brasil, 28.a edição, cap. XVII, p. 665 (texto com supressões).

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1. Considerando o estudo que fez da obra, explique por que razão Carlos tinha “medo de
voltar ao Ramalhete” (ll. 3-4).

2. Tendo em conta o excerto e a globalidade da obra, estabeleça um paralelismo entre a


forma de pensar de Carlos e Pedro da Maia quando confrontados com a reprovação das
suas relações amorosas por parte de Afonso da Maia.

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3. Indique, comentando o seu valor semântico, o recurso expressivo presente em “E mesmo


que nessa noite fugisse para Santa Olávia, pondo entre si e Maria uma separação tão alta
como o muro de um claustro…” (ll. 7-8).

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Parte B

Viagens na minha terra OU Amor de perdição

Justamente na afirmação de certos valores intrinsecamente relacionados com a génese do


Romantismo encontra-se a chave explicativa de atitudes e gestos típicos do herói romântico
bem como das suas metamorfoses mais conhecidas.
B. Capelo Pereira, “Herculano”, in Helena Carvalhão Buescu (coord.),
Dicionário do Romantismo Literário Português, Lisboa, Caminho, 1997, p. 223.

4. Escreva uma breve exposição (entre 130 a 150 palavras) sobre a condição do herói
romântico em Viagens na minha terra OU em Amor de perdição.
A sua exposição deve incluir:
● uma introdução ao tema;
● um desenvolvimento onde demonstre a condição do herói romântico;
● uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Parte C

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa

5. Associe os elementos da coluna A aos da coluna B de forma a obter afirmações


verdadeiras sobre a obra Frei Luís de Sousa.

Coluna A Coluna B
A. Após o desaparecimento de D. João 1. surge como um indício da tragicidade da ação,
de Portugal na batalha de Alcácer Quibir, simbolizando o desmoronar de uma família assim
como a desgraça que se debruçará sobre ela.
B. Telmo não deixa de ser sarcástico e crítico
nas palavas que dirige a Madalena, pois 2. Madalena casou de imediato com Manuel de Sousa
Coutinho por já estar apaixonada por ele.

3. facilmente depreende as razões para o estado


C. Perante a decisão dos governadores de permanente angústia em que vive a mãe.
espanhóis,
4. o Romeiro sente-se reduzido a nada e sem
perspetivas de futuro.
D. A destruição do retrato de Manuel de Sousa 5. mantém-se convicto da possibilidade de regresso
Coutinho do seu primeiro amo.

E. Maria é uma criança extremamente perspicaz 6. considera ser ela a responsável pelo desaparecimento
e astuta que de D. João de Portugal.

7. ocorre de forma inesperada, assim que aparece


F. Ao depreender que todos contaram com
o Romeiro, o que indicia o desmoronar iminente
a sua morte e que já ninguém o conhece,
da família.

G. Após a revelação do Romeiro, 8. Frei Jorge aconselha o irmão e a cunhada a


abandonarem a vida mundana e a abraçarem a vida

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religiosa.

9. acusa as instituições e convenções religiosas


de destruírem o seu núcleo familiar.

10. Madalena chorou a sua perda, tendo-o procurado


H. Maria entra precipitadamente na igreja,
ao longo de sete anos.
num estado de total desespero e
11. Manuel de Sousa Coutinho decide de imediato
incendiar o seu próprio palácio.

GRUPO II

Leia o seguinte texto.

Heróis à prova de fogo

Todos crescemos com heroínas e heróis. Através da ficção, foi-nos criada a imagem de
uma/um alguém, protagonista de grandes feitos, com altos valores morais e éticos, que passa
por várias aventuras e perigosas peripécias mais ou menos credíveis. Alguém à prova de bala e
à prova de tudo, que concretiza atos de coragem e bravura, em defesa dos outros e em nome
da justiça e de outros altos valores. Os romances e a banda desenhada, as séries na televisão e
os videojogos, Os Cinco da Enid Blyton, o Harry Potter e tantos outros exemplos mais ou
5 menos atuais deram-nos a faculdade de conseguir atribuir múltiplos rostos àquilo que o
heroísmo significou para nós numa fase inicial das nossas vidas. A ficção, como a educação e a
religião, também ensina valores que determinam a forma como nos comportamos e
interagimos com os outros e com o meio ambiente.

A seguir à infância, surgem os ídolos, já mais próximos da nossa realidade e por vezes
figuras reais e até históricas, que espelham aqueles valores com que nos identificamos e pelos
quais, naquela altura, sentimos que até éramos capazes de lutar.
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Com a idade adulta e a crescente maturidade começamos a ter a noção do herói anónimo:
o herói torna-se parte de um herói coletivo. Atualmente, e sobretudo nesta época de fogos,
agravada pelas alterações climáticas, o primeiro rosto que me ocorre é, de facto, o dos
bombeiros. Com os soldados da paz, ao contrário do que acontece na ficção, o resultado é
sempre fruto de um esforço coletivo e, nesse sentido, o protagonismo é sempre de todos.

O altruísmo é característico de todo o universo da Proteção Civil. A esse altruísmo junta-se


o caráter estruturante da sua ação. “Estruturante” porquê? Porque a sua atuação não se fica
15 apenas pela resposta à emergência, mas também pela sua prevenção. A extinção do incêndio
é a última fase do combate aos fogos e há, por vezes, a tendência para esquecer isso.
A sensibilização para a responsabilidade e para a consciência do perigo é fundamental para a
reorganização comportamental que as alterações climáticas nos exigem.

Tratar bem os bombeiros é prestar-lhes respeito, mas também ajudá-los como


ajudaríamos os heróis da nossa estima. Essa ajuda passa claramente pela mobilização em

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torno da limpeza florestal e da autoproteção e pela reflexão sobre hábitos de lazer. Cada um
de nós deve fazer um pouco mais, e se torne o “muito” de todos – aquele “muito” que, ao
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fazer a diferença, salva memórias, casas e vidas.

Maria Antónia Almeida Santos, in DN,

edição online de 10 de agosto de 2019 (consultado em agosto de 2019).

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Para os itens 1 a 7, selecione a opção que completa cada afirmação.

1. Segundo a autora do texto, os heróis são figuras


(A) que nos habituamos a idolatrar desde tenra idade.
(B) ficcionadas, que não possuem um rosto.
(C) que não exercem qualquer impacto sobre a nossa personalidade.
(D) fictícias em que apenas os mais inocentes acreditam.

2. A autora do artigo defende que os bombeiros são um exemplo de


(A) heróis fictícios e anónimos.
(B) heróis da infância com altos valores morais.
(C) heróis reais, anónimos e coletivos.
(D) heróis que são desrespeitos por anónimos.

3. Na opinião da autora do artigo, os bombeiros


(A) constituem-se como o único exemplo de altruísmo social.
(B) precisam do apoio de toda a sociedade para o sucesso da sua missão.
(C) são os responsáveis pela consciencialização dos cidadãos em relação aos perigos.
(D) assemelham-se aos heróis da ficção por serem denominados de soldados da paz.

4. O ato de fala presente em “Todos crescemos com heroínas e heróis” (l. 1) é


(A) assertivo.
(B) diretivo.
(C) compromissivo.
(D) expressivo.

5. O processo fonológico ocorrido na passagem de ITATE para “idade” (l. 14) é a


(A) palatalização.
(B) assimilação.
(C) dissimilação.
(D) sonorização.

6. A oração subordinada sublinhada em “o primeiro rosto que me ocorre é, de facto, o dos


bombeiros” (ll. 16-17) classifica-se como
(A) adjetiva relativa restritiva.
(B) adjetiva relativa explicativa.
(C) substantiva completiva.
(D) substantiva relativa.

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7. O mecanismo de coesão assegurado pelo segmento sublinhado em “Tratar bem os


bombeiros é prestar-lhes respeito” (l. 25) é
(A) gramatical (referencial).
(B) gramatical (frásico).
(C) gramatical (interfrásico).
(D) gramatical (temporal).

8. Identifique a função sintática desempenhada pelo pronome pessoal em “foi-nos criada a


imagem de uma/um alguém, protagonista de grandes feitos” (ll. 1-2).

9. Mencione uma palavra portuguesa que mantenha o mesmo étimo que “civil” (l. 19).

10. Identifique a modalidade presente em “Cada um de nós deve fazer um pouco mais…”
(ll. 27-28).

COTAÇÕES

Item
Grupo
Cotação (em pontos)

1. 2. 3.
I–A
20 20 20 60

I–B Item único 30

5. a 1. b 1. c 1. d 1. e 1. f 1. g 1. h
I–C
5 5 5 5 5 5 5 5 40

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
II 70
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7

TOTAL 200

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PROPOSTA DE CORREÇÃO

GRUPO I

Parte A

1. Apesar de já saber que Maria Eduarda era sua irmã, Carlos cede à paixão e encontra-se
voluntariamente com ela, consumando, assim, de forma consciente, o incesto. Por isso, recrimina-
se e sente medo de voltar ao Ramalhete, porque não tem coragem de encarar o avó, o Ega ou o
Vilaça que, certamente, na sua opinião, já se teriam apercebido da fraqueza que o assolava e que o
impedia de terminar o relacionamento.

2. Tal como Pedro fugiu com Maria Monforte para Itália, pelo facto de o seu relacionamento não ser
aprovado por Afonso da Maia, também Carlos, tendo noção da anormalidade e da perversidade da
relação que mantinha com a irmã (o que obviamente não teria a aprovação do avô), equaciona a
possibilidade de fugir com Maria Eduarda e, assim, poder continuar a viver clandestinamente o seu
romance.

3. O recurso expressivo evidenciado é a comparação (“pondo entre si e Maria uma separação tão alta
como o muro de um claustro”) que reforça a ideia de que Carlos considerava que, se fosse para
Santa Olávia, imporia uma separação definitiva entre si e Maria Eduarda (tal como alguém que está
protegido pelo muro de um claustro acaba por estar isolado do mundo).

Parte B

Viagens na minha terra

4. Em Viagens na minha terra, Carlos, o protagonista da novela a menina dos rouxinóis, assume uma
variedade de características que lhe conferem o estatuto de herói romântico. Entre elas, destacam-
se o patriotismo e a ânsia pela liberdade e daí o seu envolvimento na guerra civil em defesa da
causa liberal. Por outro lado, é também comum ao herói romântico o desenvolvimento de conflitos
interiores e de um sentimento de insatisfação permanente que acabam por conduzir à frustração,
ao desencanto, ao isolamento e mesmo ao suicídio. No caso de Carlos, esta situação é evidente no
facto de o protagonista ter deixado de ser idealista/espiritualista e se ter tornado materialista,
assumindo a posição de barão. Além disso, o amante romântico pode morrer por amor ou ser a
causa da morte da amada, situação que se verifica em Viagens na minha terra, com a morte de
Joaninha que, entretanto, enlouquecera.
(148 palavras)

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Amor de perdição

4. Em Amor de perdição, Simão, o protagonista do romance, assume uma variedade de características


que lhe conferem o estatuto de herói romântico – a rebeldia que manifesta inicialmente, antes de
se ter apaixonado por Teresa, a ânsia pela liberdade e pelo absoluto, o sentido de justiça ou a
afirmação de direitos fundamentais da pessoa humana. Estas características levam, muitas vezes, o
herói a desenvolver conflitos interiores intensos e um sentimento de insatisfação permanente que
acabam por conduzir à frustração, ao desencanto e, muitas vezes, ao suicídio. O amante romântico
pode morrer por amor, como acontece com Simão que desiste de viver assim que sabe da morte
de Teresa, morrendo ao fim de nove dias no mar. Pode também ser a causa da morte da amada,
situação que se verifica quando Teresa sucumbe à doença e Mariana se suicida.
(138 palavras)

Parte C

5. A – 10; B – 5; C – 11; D – 1; E – 3; F – 4; G – 8; H – 9

GRUPO II

1. A
2. C
3. B
4. A
5. D
6. A
7. A
8. Complemento indireto.
9. Civilização, cívico, civismo…
10. Deôntica com valor de obrigação.

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