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Capítulo 5 – Fato, efeito. Situação subjetiva, relação.

O texto trata especificamente de fato jurídico, estrutura e função do fato jurídico, efeito
jurídico, interpretação e qualificação do fato como fases de um procedimento unitário e
integração da eficácia.

Fatos são acontecimentos, mas nem todo fato é considerado um fato jurídico. Um
acontecimento só é um fato jurídico se ele for relevante para o direto. Uma vez ocorrido
um evento (ou seja, um fato) e caso tenha relevância jurídica, o ordenamento deverá
atribuir uma qualificação e disciplina. Embora o fato concreto seja juridicamente
relevante, não necessariamente a norma atribui uma consequência jurídica. Assim, o fato
juridicamente relevante não é somente aquele que produz consequências jurídicas.

A Teoria do Fato Irrelevante diz que nem todo fato concreto é jurídico. Ao contrário do
autor, que acredita que todo fato é relevante juridicamente.

Fato jurídico é qualquer fato que cria, modifica ou extingue o direito. Se for causado
pela natureza, temos um fato jurídico natural. Se for causado por um humano, temos
um fato jurídico humano.

Os fatos jurídicos naturais podem ser ordinários ou extraordinários. Os ordinários (a


exemplo: maioridade. Chegar aos 18 anos cria direitos, a capacidade civil plena. A morte
gera a extinção de uma série de direitos) são aqueles previsíveis e os extraordinários
(eventos causados pela natureza imprevisíveis) são aqueles imprevisíveis.

Os fatos jurídicos humanos são divididos em: (i) ato ilícito; (ii) ato fato jurídico; (iii) ato
jurídico; (iv) negócio jurídico.

O ato ilícito é a fonte da responsabilidade civil extracontratual. É ilícito quando é


contrário a normas imperativas, à ordem pública e ao bom costume. O que não é ilícito,
é lícito para o ordenamento jurídico.

O ato fato jurídico é o fato jurídico humano que produz efeitos jurídicos
independentemente da vontade do ser humano (ocupação como aquisição originária da
posse).

O ato jurídico (emancipação) é o fato jurídico humano que os efeitos decorrem da Lei.

O negócio jurídico (contrato) é o fato jurídico humano que decorrem da vontade das
partes.

Os efeitos que o ato produz podem ser classificados em efeitos constitutivos,


modificativos e extintivos. O ato é constitutivo se é idôneo para produzir um efeito, uma
nova situação jurídica. É modificativo, se é idôneo para modificar um efeito, uma
situação. É extintivo, se é idôneo para produzir a extinção de um efeito, de uma
situação.

Integração da eficácia: Os efeitos que se relacionam ao ato devem ser levados em


consideração para a qualificação. Um contrato obriga as partes não somente em relação
a quanto nele está expresso, mas também em relação a todas as consequências que
dele derivam de acordo com a lei ou, na sua falta, segundo os usos e a equidade. A
crítica é no sentido que a disciplina é expressa não apenas com técnicas legislativas
regulamentares, mas tmvbém como cláusulas gerais e princípios fundamentais, o que
aumenta a possibilidade de adequação dos efeitos da disciplina à específica
individualidade do fato e faz com que se possa criticar o método que se limita a uma
abstrata tipicidade.
O Fato jurídico. Fatos são acontecimentos, mas nem todo fato é considerado um fato
jurídico. Um acontecimento só é um fato jurídico se ele for relevante para o direto. Fato
jurídico, portanto, é qualquer evento que seja idôneo, segundo o ordenamento, a ter
relevância jurídica. Uma vez ocorrido um evento (ou seja, um fato) e caso tenha
relevância jurídica, o ordenamento deverá atribuir uma qualificação e disciplina. Embora
o fato concreto seja juridicamente relevante, não necessariamente a norma atribui uma
consequência jurídica. Assim, o fato juridicamente relevante não é somente aquele que
produz consequências jurídicas.

Os fatos jurídicos podem decorrer dos fatos da natureza (previsíveis ou imprevisíveis –


caso fortuito (imprevisível) e força maior (previsível, mas que não pode ser evitado), por
exemplo) ou de um ato humano. Ato jurídico, negócio jurídico e ato fato jurídico decorrem
de atos humanos. Ato jurídico é a emissão de uma vontade humana que tem efeitos já
previstos em lei. Negócio jurídico é a vontade de uma ou mais pessoas, mas os efeitos não
decorrem somente da lei, mas também das partes envolvidas (exemplo: contrato). Ato fato
jurídico existiu um ato humano, mas a vontade não é relevante para o ato, pois a
relevância está na consequência. Aqui a consequência do ato é relevante para a
configuração de ato fato jurídico.

Crítica da teoria da irrelevância jurídica: O Autor faz uma crítica a Teoria do Fato
Juridicamente Indiferente, o qual considera o ordenamento como garantidor das
situações adquiridas. Para o autor, todo fato na realidade social, mesmo mais simples, e
aparentemente insignificante, tem juridicidade. A questão é que o fato é juridicamente
relevante apenas em relação a um único fim, tendo vários fins.

Fato lícito e ilícito: O fato pode ser conforme ou não ao direito. Quando é não conforme,
pode ser também ilícito. Também é ilícito quando é contrário a normas imperativas, à
ordem pública e ao bom costume. O que não é ilícito, é lícito para o ordenamento
jurídico.

Licitude e merecimento de tutela do ato: O autor explica que para merecer um juízo
positivo, o ato deve ser também merecedor de tutela. O autor cita, como exemplo, a
greve ato que constitui expressão constitucional garantido, é merecedor de tutela.
Atuação em positivo da constituição: O fato precisa ser representado como realização
prática da ordem jurídica dos valores, como coerente desenvolvimento de premissas
sistemáticas colocadas no Texto Constitucional. Ou seja, deve ser expresso à luz dos
principais fundamentais. Por isso, nem todo ato lícito é merecedor de tutela.

Fato, ato e negócio: Ato jurídico como sentido de ato voluntário, como sinônimo de
declaração de vontade. Separação de ato jurídico em sentido estrito, nos quais conta a
vontade e a consciência do ato, mas não a intenção de produzir efeitos jurídicos, dos
negócios jurídicos, nos quais a declaração e vontade é assumida pelo ordenamento
enquanto orientada, na intenção do seu ator, à produção de determinados efeitos
(contrato, testamento etc._)

Estrutura e função do fato jurídico. Estrutura e função são relacionadas a fato. O


“como é?” evidencia a estrutura. E o “para que serve” evidencia a função.

Classificação dos fatos: Relaciona-se com a estrutura a distinção entre fato instantâneo
(conclusão do contrato), continuativo (realização de uma assembleia em uma sociedade
anônima) ou periódico (pagamento de salários ou aluguéis). Relaciona-se com a
estrutura perguntar quantas partes são necessárias para dar vida a um fato jurídico
idôneo a provocar um certo efeito.

Variabilidade da estrutura: A estrutura poderá ser bilateral ou unilateral, devendo ser


verificada se aquela declaração eu foi feita é necessária à realização do efeito. Se é
necessária, à sua falta a fattispecie não se forma e não produz nenhum efeito antes
mesmo que a declaração seja emitida. A estrutura, por tanto, é variável em abstrato,
para cada caso concreto.

Incidência da situação inicial: Todo sujeito que tenha um interesse que, segundo o
ordenamento, é merecedor de tutela em razão do efeito que um fato venha a produzir,
deve participar da estrutura daquele fato que produz aquele efeito. Uma mesma função
realiza-se através de várias estruturas. A variabilidade da estrutura negocial pode
depender da função do negócio.

Função como razão justificadora: Todo fato juridicamente relevante tem uma função, a
qual é predeterminada pelo ordenamento ou modelada pela iniciativa dos sujeitos.
Função, portanto, é a síntese causal do fato.

Efeito jurídico: Os efeitos que o ato produz podem ser classificados em efeitos
constitutivos, modificativos e extintivos. O ato é constitutivo se é idôneo para produzir
um efeito, uma nova situação jurídica. É modificativo, se é idôneo para modificar um
efeito, uma situação. É extintivo, se é idôneo para produzir a extinção de um efeito, de
uma situação.

É importante valorar o ato não somente estruturalmente, mas também teleologicamente


(para que serve). O fato pode se encerrar com a produção e um só efeito, mas as vezes
produz mais de um. Nessa hipótese, é importante verificar se todos os efeitos
contribuem do mesmo modo para a qualificação do fato. Esses efeitos podem ser
individualizados ou não, acessórios ou não.

Efeitos essenciais são imediatos ou diferidos: Podem ser produzidos de forma imediata
ou de modo diferido, e em ambas as hipóteses eles contribuem para a qualificação do
fato.

Efeitos diretos e reflexos: Efeitos diretos são aqueles que relaciona-se ao fato de
maneira direta, automática. Quando o efeito é produtivo de ulteriores efeitos, é
considerado um efeito reflexo.

Interpretação e qualificação do fato como fases de um procedimento unitário.

Inseparabilidade da interpretação da lei e do negócio jurídico: Não configura duas


atividades separáveis por finalidade, métodos ou tempos.

Teoria que distingue interpretação e qualificação: Distingue em primeiro lugar a fase da


compreensão da manifestação, isto é, do ato de autonomia privada, e em um momento
ulterior, aquela da qualificação jurídica como interpretação da norma comparado ao fato
ou do ato comparado à norma. Atribui-se ao fato uma eficácia, uma relevância jurídica,
entendida ora como efeito a ser relacionado diretamente ao fato, ora como efeito que
reconhece no fato apenas a ocasião.

Integração da eficácia: Os efeitos que se relacionam ao ato devem ser levados em


consideração para a qualificação. Um contrato obriga as partes não somente em relação
a quanto nele está expresso, mas também em relação a todas as consequências que
dele derivam de acordo com a lei ou, na sua falta, segundo os usos e a equidade. A
crítica é no sentido que a disciplina é expressa não apenas com técnicas legislativas
regulamentares, mas tmvbém como cláusulas gerais e princípios fundamentais, o que
aumenta a possibilidade de adequação dos efeitos da disciplina à específica
individualidade do fato e faz com que se possa criticar o método que se limita a uma
abstrata tipicidade.

Individualização da normativa do caso concreto: A normativa deve ser individuada


levando em consideração, em conformidade com o critério de justiça reconhecido pelo
ordenamento, todas as circunstâncias atenuantes e agravantes do caso, de maneira a
proporcionar a decisão sem atentar ao princípio da igualdade. Qualificação é
individuação da relevância jurídica do fato, isto é, individuação da normativa.

As situações subjetivas: O efeito jurídico é um dever-ser. O efeito é instrumento de


avaliação do agir humano entendido segundo categorias. O efeito, portanto, é um
conjunto simples ou complexo de constituição, modificação ou extinção de situações
jurídicas. Fazem parte do conceito geral de situação jurídica, por exemplo, o direito
subjetivo, o poder jurídico, o interesse legítimo, a obrigação, o ônus etc: trata-se sempre
de situações subjetivas.

Toda situação encontra a sua origem em um fato, voluntário ou natural, juridicamente


relevante. A situação é um interesse que constitui o seu núcleo vital e característico.
Pode ser ora patrimonial, ora de natureza pessoal e existencial, ou uns e outros juntos, já
que algumas situações patrimoniais são instrumentos para a realização de interesses
existenciais ou pessoais.

Para o exercício da situação é preciso a manifestação de vontade de um sujeito, não


necessariamente do titular do interesse. Exercício da significa também capacidade de
exercer, capacidade de fato.

A titularidade: a relação entre sujeito e situação: O sujeito não é elemento


fundamental para a existência da situação, podendo existir interesses que são tutelados
pelo ordenamento apesar de não terem ainda um titular. Em qual sentido um sujeito é
titular da situação? A titularidade é a ligação entre situação e objeto, e se apresenta de
diversas formas que permitem distinguir a titularidade atual daquela potencial, a
ocasional daquela institucional, a titularidade substancial daquela formal.

Atual é a titularidade existente e imediatamente relevante, e pode ser indicada em


termos de pertinência.

A titularidade potencial exprime-se com a noção de potencialidade. Enquanto que a


pertinência concerne à atualização da situação, a spettanza indica a potencialidade da
situação, isto é, a existência de um título idôneo para aquisição da titularidade definitiva.
O sujeito não tem a titularidade atual da situação subjetiva, mas já tem um título para
adquiri-la.

Titularidade ocasional encontra-se em todas as hipóteses nas quais uma situação pode
pertencer ou tocar a um sujeito qualquer. O sujeito é ilimitadamente fungível.
Titularidade institucional caracteriza-se pela impossibilidade da aquisição, por outros
sujeitos, da situação subjetiva, já que vindo a faltar o titular originário, extingue-se
também a situação.

A distinção entre a titularidade formal e substancial inspira-se na quantidade de poder


que um determinado sujeito tem e é relevante, sobre tudo, na teoria dos direitos reais,
e, especialmente, da propriedade A titularidade formal é, por exemplo, o proprietário
titular. E a substancial é quem assume substancialmente os poderes e os direitos, que
são tipos do proprietário, apesar de não ser.

Existência da situação e inexistência ou indeterminação do sujeito titular: Existem


situações existenciais que são juridicamente relevantes mesmo antes da existência do
sujeito. É a hipótese do nascituro concebido, o qual tem direito a vida.

Sobre a indeterminação, são aquelas hipóteses nas quais o sujeito existe de um ponto
de vista material e da subjetividade, mas não é ainda determinado. Exemplo é a
promessa de recompensa.

Co-titularidade: Quando é complexa, é a hipótese da co-titularidade. Exemplo: a


comunhão, o condomínio o co-usufruto etc. Pluralidade de sujeitos e um interesse.

Existência, titularidade e exercício das situações subjetivas: Essas noções dão lugar a
três perfis e momentos lógica e cronologicamente sucessivos, já que a titularidade
pressupõe a existência da situação e o exercício normalmente pressupõe titularidade.
Somente o titular da situação pode exerce-la (gozar e dispor) buscando a sua tutela
também em sede processual. As vezes existe a situação, mas faltam subjetividade e
titularidade.

Relação jurídica como relação entre sujeitos: A relação jurídica seria relação entre
sujeitos regulada pela norma, isto é, pelo ordenamento no seu complexo. Existem, por
outro lado, hipóteses de relação sem sujeito determinado ou individuado.

Segundo a teoria, a relação entre sujeitos dificilmente é concebível nas relações reais e
com estrutura absoluta. Embora não existe um sujeito individuado na questão de
propriedade, existe a coletividade.

A estrutura da relação jurídica é a ligação entre situações subjetivas: A doutrina


define relação jurídica como relação entre situações subjetivas.

As situações subjetivas podem ser distinguidas em termos quantitativos (ativas e


passivas), já que aquelas ditas ativas compreendem também deveres e obrigações e
aquelas ditas passivas contêm frequentemente alguns direitos e poderes.
A função da relação é o regulamento, o ordenamento do caso concreto: A relação
jurídica é um regulamento, isto é, a disciplina de postos centros de interesses
relacionados, de maneira que estes tenham uma composição ou harmonização. A
relação é disciplina, regulamento dos interesses vistos na sua síntese: é a normativa que
constitui a harmonização. A relação é um conjunto de cláusulas, preceitos, prerrogativas,
atribuições, isto é, um regulamento.

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