Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Os factos ajurídicos são factos sociais ou naturais indiferentes para o direito, isto é,
desprovidos de qualquer eficácia jurídica.
Simples atos jurídicos – são factos voluntários cujos efeitos se produzem mesmo que
não tenham sido previstos ou queridos pelos seus autores, embora muitas vezes haja
concordância entre a vontade destes e os referidos efeitos. Não é, porém, necessária
uma vontade de produção dos efeitos correspondentes ao tipo de simples ato jurídico
em causa para essa eficácia se desencadear. Os efeitos dos simples atos jurídicos, ou
atos jurídicos stricto sensu, produzem-se, ex lege e não ex voluntate. É o que sucede
com a interpelação do devedor (artigo 805º, nº1), com a gestão de negócio (artigo 404
e seguintes).
Dentro dos simples atos jurídicos:
A distinção entre negócios jurídicos e simples atos jurídicos assenta precisamente neste
critério da relação que intercede entre a vontade das partes dirigida a um resultado e os
efeitos jurídicos produzidos.
A aquisição
Um direito é adquirido por uma pessoa quando esta se torna titular dele. A aquisição de
direito é, pois, a ligação - a criação de um laço de pertinência – de um direito a uma pessoa.
Não coincidem as noções de aquisição de direitos e de constituição de direitos. A constituição
de um direito é o seu surgimento, é a criação de um direito que não existia anteriormente.
Toda a constituição de um direito implica a sua aquisição, mas a inversa não é verdadeira, pois,
nem toda a aquisição de um direito tem lugar em casos de surgimento de um direito novo.
A aquisição pode ser:
Originária – o direito adquirido não depende da sua existência ou da extensão de um
direito anterior, que poderá ate não existir, quando o direito anterior existia, o direito
não foi adquirido por causa desse, mas apesar dele. Ex: ocupação de coisas moveis
(artigos 1318 e ss), a usurpação (artigos 1257 e ss), a aquisição de direitos de autor
pela criação literária, artista ou cientifica.
Modificação de direitos
Dá-se a modificação de direitos quando, alterado ou mudado um elemento de um direito,
permanece a identidade do referido direito, apesar da vicissitude ocorrida. A perduração do
direito, apesar da modificação verificada, significa que o ordenamento jurídico continua a
tratar o direito como se não tivesse tido lugar a alteração. O direito é o mesmo e não um
direito novo.
Estamos perante um modificação subjetiva, se tem lugar uma substituição do respetivo titular,
permanecendo a identidade objetiva do direito. Tem lugar, nesta hipótese, uma sucessão no
direito. É o que se verifica no domínio dos direitos de crédito, e quanto a atos inter vivos, com
a cessão de créditos e com a sub-rogação nos créditos. A sucessão entre vivos nas relações
obrigacionais substituição de sujeitos sem extinção da relação jurídica e surgimento de uma
nova, isto é, sem novação, mas antes com perduraçao da identidade do vinculo – pode ter
lugar, também, do lado passivo, surgindo então a assunção da dívida e pode ainda referir-se à
relação contratual (relação obrigacional complexa), normalmente através da cessão da posição
contratual. Sabemos, igualmente, que a modificação subjetiva das relações jurídicas, quer do
lado ativo, quer do lado passivo, pode ter lugar por sucessão mortis causa.
A modificação subjetiva das relações jurídicas pode resultar, ainda, de uma multiplicação dos
sujeitos por adjunção – p.ex um novo devedor assume a obrigação para com o credor,
permanecendo o devedor vinculado.
Extinção de direitos
A extinção de um direito tem lugar quando um direito deixa de existir na esfera jurídica de
uma pessoa. Quebra-se a relação de pertinência entre um direito e a pessoa do seu titular.
A extinção de direitos é objetiva se o direito desaparece, deixando de existir para o seu titular
ou para qualquer outra pessoa. Nesta hipótese não há sucessão, transmissão ou aquisição
derivada translativa de direitos. É o que acontece se há destruição do objeto do direito, se há
abandono de um móvel, se um direito de crédito é exercido e cobrado ou se extingue por
prescrição, etc.
A prescrição e a caducidade acarretam a extinção de direitos quando estes não são exercidos
durante certo tempo.
Segundo o critério formal afirmando que quando um direito deva ser exercido durante certo
prazo se aplicam as regras da caducidade, salvo se a lei se referir expressamente à prescrição
(art.298, nº2).
Diferenças:
Admitem-se estipulações convencionais sobre a caducidade (art.330), o mesmo não
acontecendo a respeito do regime da prescrição, o qual é inderrogável (art.300);
A caducidade é apreciada oficiosamente pelo tribunal (art.333), diversamente do que sucede
com a prescrição, que tem de ser invocada, não podendo o tribunal supri-la, de oficio (art.303);
Por ultimo, a caducidade só é impedida, em principio, pela pratica do facto (art.331), enquanto
que a prescrição e interrompe pela citação ou notificação judicial de qualquer ato que
exprime, direta ou indiretamente, a intenção de exercer o direito, tendo-se, igualmente, por
interrompida, cinco dias depois de requerida a citação ou notificação, se estas não tiverem
sido feitas por causa não imputável ao requerente (art.323);
A prescrição extintiva, possam embora não lhe ser totalmente estranhas razões de justiça, é
um instituto endereçado fundamentalmente à realização de objetivos de conveniência ou
oportunidade. Diversamente da caducidade, a prescrição arranca também, da ponderação de
uma inércia negligente do titular do direito em exercita-lo, o que faz presumir uma renuncia
ou, pelo menos, o torna indigno da tutela do Direito.
Embora a prescrição – tal como a caducidade – vise desde logo satisfazer a necessidade social
de segurança jurídica e certeza dos direitos, e, assim, proteger o interesse do sujeito passivo,
essa proteçao é dispensada atendendo também ao desinteresse, à inércia negligente do titular
do direito em exercita-lo. Há, portanto, uma inércia do titular do direito, que se conjuga com o
interesse objetivo numa adapataçao da situação de direito à situação facto.