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Garantias especiais
Garantias pessoais
Nesta categoria vamos encontrar o património de um outro sujeito que vai servir de reforço à
garantia do crédito, ou seja, de garantia dos direitos do credor relativamente à exigência do
crédito.
Fiança
Vem prevista nos termos do art.627º do CC. Trata-se de um reforço quantitativo no sentido em
que além do património do devedor encontraremos o património do fiador (devedor
acessório). O fiador responde nos mesmos termos do devedor, não lhe podem ser impostas
condições mais exigentes e nem todo o seu património se pode oferecer. Porque tal como em
relação ao devedor pode haver limitação relativamente aos bens do fiador.
Outro aspeto que representa o corolário da acessoriedade ocorre a propósito da forma exigida
relativamente à constituição de fiança e isto vem previsto nos termos do art.628º do CC.
Estamos aqui a falar de fianças convencionais mas podem existir fianças legais, em que a lei
impõe a existência de um fiador. Apesar de as fianças convencionais serem por acordo das
partes, não tem necessariamente que ser constituída por acordo com o devedor, como se diz
nos termos do art.628º, nº2. Se o devedor não quiser acionar a fiança ele tem de cumprir a
obrigação.
Ainda em relação à acessoriedade, isto representa que não pode haver condições mais
onerosas para o fiador, tal como decorre do art.631º do CC. Apesar de existir uma
dependência não quer dizer que o âmbito desta obrigação acessória seja absolutamente
equivalente ao âmbito da obrigação principal, pode ser um conteúdo mais restrito.
Se houver garantias reais, vamos recorrer ao art.639º que limita esta possibilidade. Mas
existem várias condições: tem que ser uma hipoteca que vai onerar um terceiro e não um bem
do devedor. E por outro lado, tem que ser contemporânea da fiança ou anterior, porque se for
posterior o fiador não pode exigir que a execução comece por esse bem em vez de começar
pelo seu património.
Ela é subsidiaria porque intervém em segunda linha e de certa forma tem semelhanças com a
obrigações solidárias.
Quando existe um direito real de garantia o credor é pago preferencialmente do valor de certa
coisa ou mesmo dessa coisa face a outros credores, quer esses credores sejam comuns, quer
sejam credores com garantias reais que tenham menos peso do que a sua garantia.
O nosso credor tem a possibilidade de através do exercício do seu direito de, no fundo,
prevalecer ou fazer prevalecer a sua posição face aos outros credores, é uma posição
privilegiada. E é por isso que quando analisamos esta matéria no âmbito da garantia das
obrigações o art.604º refere a existência de causas legítimas, e no fundo a existência de
credores comuns e credores privilegiados.
Segundo oart.604º se não houver causas legítimas, os credores, caso não existam bens são
pagos rateadamente, ou seja, nenhum deles pode invocar uma razão pela qual o seu crédito
prevalece. Não é assim se existirem causas legitima de preferência. Estas são causas em que os
sujeitos (os credores) são titulares de direitos reais de garantia. No nº2 temos as causas
legítimas de preferência.
Consignação de rendimentos
É uma figura que já foi mais importante do que é atualmente, baseia-se numa figura chamada
anticrese e o legislador começa por referir a sua noção no art.656º. Existem regras especiais
para que terceiros percebam que os rendimentos estão a ser entregues ao credor. Quem vai
beneficiar a título final vai ser o credor, que entretanto vai sendo pago por força da entrega
desses bens.
Esta especial exigência vem consagrada no art.660º. O nº2 deste artigo diz-nos que a
consignação está sujeita a registo, apesar de não ser muitas vezes um registo constitutivo.
A consignação pode ser voluntária ou judicial, o juiz pode também impor a consignação nos
termos do art.658º.
Penhor
No art. 666º do CC vem consagrada a sua noção. Temos aqui sempre aquela prevalência que é
dada pela titularidade de um direito real de garantia. A prevalência neste caso sob os demais
credores ocorre relativamente ao valor de certa coisa móvel ou ao valor dos créditos, ou a
direitos que não sejam suscetíveis de hipoteca. As coisas móveis suscetíveis de hipoteca são
apenas os bens móveis sujeitos a registo, ou seja, os veículos, aeronaves e os navios. Apenas
estes estão excluídos do penhor porque são suscetíveis de hipoteca.
Hipoteca
O art.686º consagra a noção de hipoteca. Tal como para o penhor, o que está aqui em causa é
o direito que o credor tem de em preferência relativamente aos outros credores poder ser
pago pelo valor de certa coisa imóvel ou coisas equiparadas.
O art.686º refere o que pode ser hipotecado e dá uma espécie de abertura para que o
legislador possa decidir se uma coisa é penhorada ou hipotecada. Nos termos, do nº1, alínea f)
do art.686º pode haver aqui uma vontade do legislador de criar uma hipoteca relativamente a
uma coisa móvel.
A hipoteca tem que ser registada sob pena de não produzir efeitos mesmo em relação às
partes. Aqui o registo tem natureza constitutiva e não tem aquela função de mera publicitação
do atos, por força do art.687º.
Pacto comissório – art.694º. Se o devedor não cumprir, o credor pode ficar com a coisa. Este
pacto foi proibido. Uma das razoes foi a proteção do devedor que pode estar numa situação
mais debilitada e que poderia ser forçada a aderir a esta situação que o prejudicaria. Por outro
lado, o legislador também quer que a execução dos bens passe pela via judicial, isto é, que não
seja, por mera convenção que se vá afastar a situação. Também temos que acautelar a posição
dos outros credores, isto levaria a que os outros credores a ficar sem nada uma vez que o bem
passa imediatamente para as mãos de um credor em especial. Por isso considera-se nulo o
pacto comissório.
Tem-se entendido que o pacto marciano é uma restrição a esta situação de nulidade, esse
pacto consiste numa convenção em que o credor faz sua a coisa onerada mas paga a diferença
relativamente ao débito. Ele paga este valor à data do incumprimento porque pode acontecer
que a coisa tenha valorizado e seria injusto pensar apenas no valor à data da celebração do
contrato e à da constituição do crédito.
O art.704º menciona as situações de hipotecas legais, elas resultam imediatamente da lei sem
dependência da vontade das partes. Art.705º - credores que têm uma hipoteca legal. O
próprio legislador, nestes casos, faz com que brote uma hipoteca. Aqui a hipoteca não resulta
de acordo das partes, não resulta de decisão do juiz mas sim da própria lei.
Na hipoteca voluntária, a sua particularidade é que pode ser constituída por declaração
unilateral, nos termos do art.712º. Quanto à forma, o art.714º é a regra normal quanto aos
bens imóveis.
Privilégios creditórios
A sua noção consta do art.733º do CC. Aqui é a lei de diretamente atribui esse privilégio a essa
preferência sem necessidade de registo porque à partida há um conhecimento direto por
parte dos credores.
Quanto ao art.736º - isto significa que, imaginando que há uma execução contra os bens de
um determinado sujeito, quando se faz a graduação dos créditos vão surgir estes sujeitos, por
exemplo, o Estado e as autarquias locais.
Ou também no caso de privilégios mobiliários especiais (art.738º), este prevalecem no sentido
em que são totalmente tutelados, independentemente de registo.
Art.743º e 744º - aqui é o legislador que se protege porque entende que é um credor
privilegiado e portanto é colocado em primeiro lugar.