Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fiança (Civil).
Conceito, características, espécies, requisitos, efeitos e extinção da fiança.
A fiança é uma espécie de contrato através do qual uma pessoa, o fiador, garante com seu
patrimônio a satisfação de um credor, caso o devedor principal, aquele que contraiu a dívida, não a
solva em seu vencimento.
Pode-se concluir, portanto, que estamos diante de uma garantia fidejussória, ou seja, de natureza
pessoal lastreada pela confiança existente entre as partes, nesse sentido, embora seja o patrimônio
do terceiro que garanta o pagamento do débito, ela se difere da garantia real, que vincula
determinado bem de propriedade do devedor ao cumprimento da obrigação.
Por garantir a execução de um contrato principal, a fiança tem natureza jurídica de contrato
acessório e subsidiário, dependendo e seguindo a sorte do contrato principal, sendo que sua
execução ficará subordinada ao não pagamento do contrato principal pelo devedor. Em decorrência
desta característica, uma vez sendo declarada a nulidade do contrato principal a fiança desaparecerá,
a não ser que esta nulidade decorra da incapacidade pessoal do devedor, salvo nos casos de mútuo
feito à menor.
Em decorrência de seu caráter acessório, seu valor pode ser inferior e em condições menos onerosas
às da obrigação assegurada, não podendo, porém, em hipótese alguma, ultrapassar o valor desta,
uma vez que o acessório não pode superar o principal, sendo que, caso o acessório ultrapasse o
valor do principal, não se anula toda a fiança, mas somente o excesso, fazendo com que se reduza
ao montante da obrigação afiançada.
Geralmente, pela fiança institui-se a obrigação subsidiária entre as partes (fiador e afiançado), mas
conforme prevê o artigo 828, inciso II, do Código Civil, esta responsabilidade pode ser
convencionada como sendo solidária.
É um contrato unilateral pois só gera obrigações ao fiador, desde que intimado a cumpri-la, e é
solene, pois só será considerado se feito nos moldes da lei, ou seja, na forma escrita, por
instrumento público ou particular, no próprio corpo do contrato principal ou em apartado.
Em regra, considera-se contrato gratuito, pois a ajuda prestada pelo fiador ao afiançado não visa
nenhuma contraprestação pecuniária, no entanto pode ser oneroso, quando o afiançado remunera o
fiador pela fiança prestada, como no caso dos bancos, por exemplo. Ainda, por ser um contrato
benéfico não se pode falar de interpretação extensiva, segundo norma dos artigos 114 e 819 do
Código Civil. Diante do exposto, resta defeso que, por analogia, se amplie as obrigações do fiador,
tanto no tocante à sua extensão como em relação à sua duração.
Por fim, é um contrato personalíssimo, também contemplado como intuitu personae, posto que se
firma com base na confiança que o fiador merece.
Portanto, são características da fiança:
ser uma garantia fidejussória;
possuir caráter acessório e subsidiário;
ser contrato unilateral e solene;
via de regra, ser gratuito;
e, por fim, ser contrato benéfico e personalíssimo.
Espécies
receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lha exigir o
dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto".
Como exemplo de fiança judicial, podemos citar o artigo 925, do Código de Processo Civil, o qual
expõe que "se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou
reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação, responder por
perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução sob pena de ser
depositada a coisa litigiosa".
Requisitos
Efeitos
Caso o credor, ao executar tal dívida, demonstre-se negligente, poderá o fiador regularizar o
andamento do feito a fim de liberar-se da responsabilidade. Conforme regula o artigo 835, do CC,
por meio de ação declaratória, "o fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem
limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança,
durante sessenta dias após a notificação do credor".
Extinção
A fiança poderá ser extinta por todas as causas que extinguem os contratos em geral, assim como
por atos praticados pelo credor, conforme determina o artigo 838, do CC.
A redação deste artigo institui que "o fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado: I - se, sem
consentimento seu, o credor conceder moratória ao devedor; II - se, por fato do credor, for
impossível a sub-rogação nos seus direitos e preferências; III - se o credor, em pagamento da dívida,
aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que
depois venha a perdê-lo por evicção". A enumeração legal é taxativa.
Prevê o artigo 836, do CC, por sua vez, que "a obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a
responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode
ultrapassar as forças da herança". Dispõe, ainda, o artigo 839, do CC, que se por negligência do
credor, após ter o fiador requerido o benefício de ordem, o devedor principal tornar-se insolvente,
seus bens não responderão por tal débito, ficando, por consequência, exonerado do encargo. Para
ocorrer tal exoneração, deve-se demonstrar que, ao tempo da penhora, os bens nomeados eram
suficientes para a satisfação da dívida.
Por fim, de acordo com o disposto no artigo 77, do Código de Processo Civil, "é admissível o
chamamento ao processo: I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; II - dos outros fiadores,
quando para a ação for citado apenas um deles; III - de todos os devedores solidários, quando o
credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum".
Referência bibliográfica
GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses jurídicas - Direito das Obrigações - Parte Especial (Contratos).
Volume 6, Tomo I. São Paulo: Editora Saraiva, 2007.