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Direito Processual Civil II

Professor Leonardo Vieira

Aula 06

Títulos Executivos Extrajudiciais

CONTINUAÇÃO DA AULA PASSADA

e. O contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;

São os direitos reais de garantia, acessórios a uma obrigação principal. O bem sobre o qual a garantia recai fica afetado ao pagamento do débito e se houver excussão, o credor terá direito de preferência a levantar o
produto.

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A penhora é direito real de garantia, acessório, dependente de tradição, recaindo sobre coisa móvel, requer alienabilidade do objeto, sendo o bem empenhado obrigatoriamente de propriedade do devedor, não
admitindo pacto comissório, constitui-se direito real uno e indivisível, além de ser temporário. Exemplo: se um indivíduo está devendo o banco, ele coloca alguns bens, equivalente ao valor que está devendo como
uma forma de seguro. Esse objeto fica penhorado no banco até que você pague a dívida no prazo correto, quando esse prazo se excede esse bem é liberado.

O atributo real do direito relacionado á hipoteca se evidencia com a inscrição do ato consultivo no Registro de Imóveis da circunscrição onde se situa a coisa dada em garantia. Só inscrita torna-se patente o direito
real de garantia, com todos os seus efeitos. Exemplo: Aquele que tenha garantido o seu crédito através de hipoteca, sempre que o devedor não pague a dívida, deverá demandá-lo judicialmente para que seja
vendido o bem hipotecado, assim se obtendo o dinheiro para liquidar a dívida.

Na anticrese, o credor, ao reter um imóvel do devedor, percebe os seus frutos para conseguir a soma em dinheiro emprestada, imputando na dívida e até o seu resgate, as importâncias que for recebendo. Consiste
em direito real sob imóvel alheio, no qual o credor obtém a posse da coisa visando captar os frutos e imputá-los no pagamento da dívida, juros e capital, sendo ainda permitido estipular que os frutos sejam na
totalidade percebidos à conta de juros. Como exemplo deste direito temos o imóvel locado, que quem passa a receber o valor do aluguel é o credor até que cesse a dívida.

O que se executa não é o direito real, mas a dívida garantida por ele. É título executivo o documento que contém obrigação de pagar dívida líquida, quando garantida por hipoteca, penhora ou anticrese.

A caução real é aquela em que um bem é afetado ao pagamento da dívida, para que, em futura excussão, o produto sirva prioritariamente para pagar o credor beneficiário. Insere-se na categoria dos direitos reais
de garantia, como a hipoteca, o penhor e a anticrese.

A caução fidejussória é a que decorre da fiança, que poderá ser legal, judicial ou convencional. A fiança é sempre um contrato acessório e terá a mesma natureza do contrato principal. Se ela é dada como garantia
de uma obrigação consubstanciada em título executivo extrajudicial, também terá essa natureza. Por exemplo: a dada em contrato escrito de locação será título extrajudicial. Já se o contrato garantido não tem força
executiva, a fiança também não poderá ter.

f. O contrato de seguro de vida em caso de morte;

O contrato de seguro de vida é aquele em que o segurador comprometese a, em caso de falecimento do segurado, pagar determinada indenização ao beneficiário por ele instituído.

A inicial da execução deve vir instruída com a apólice de seguro ou bilhete de seguro com o comprovante do falecimento do segurado. A jurisprudência já se manifestou a possibilidade de execução através de outros
documentos que comprovem a relação securitária, como os boletos comprovando o pagamento das parcelas do prêmio.

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Os contratos de seguro de acidentes pessoais não são mais títulos executivos, excluídos que foram do rol. Exemplo: acidente de trânsito em que o bem segurado sofre diversas avarias.

g. O crédito decorrente de foro e laudêmio;

Ainda que não mais seja permitida a constituição de novas enfiteuses (privada ou pública), proibidas pelo art. 2.038, do CC de 2002, as anteriores persistem.

Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de
janeiro de 1916, e leis posteriores.

No regime de enfiteuse, o senhorio (proprietário) transfere a posse direta do bem para o enfiteuta, a quem se confere todos os direitos inerentes ao domínio, podendo usufruir, gozar e dispor do bem.

Foro é a renda anual que o enfiteuta deve pagar ao proprietário do imóvel. (Taxa de Foro é de 0,6%).

Laudêmio é o valor devido pelo alienante ao senhorio direto, sempre que se realizar a transferência do domínio útil, por venda ou dação em pagamento. (Laudêmio da União é de 5%; Laudêmio
Urbano ou particular é de 2,5%)

h. O crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

O contrato escrito de locação é título executivo extrajudicial. Bastam as assinaturas do locador e do locatário, não sendo necessárias duas testemunhas. A locação é contrato de forma livre, e pode ser celebrada até
verbalmente, mas só o contrato escrito terá força executiva.

É irrelevante a duração, e a natureza da locação, sendo necessário apenas que o bem locado seja imóvel. O dispositivo, permite que, tendo o contrato por título, se executem também os encargos acessórios, como
taxas e despesas de condomínio.

Entre as despesas acessórias, que podem ser exigidas do locatário, pela via executiva, estão as de fornecimento de água e esgoto, energia elétrica e o IPTU.

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As despesas condominiais também podem ser incluídas na execução contra o locatário. É preciso fazer uma distinção: as extraordinárias são devidas pelo locador (art. 22, X, da Lei n. 8.245/91) e as ordinárias pelo
locatário (art. 23, XII).

É comum que, nos contratos de locação, seja fixada multa para a hipótese de inadimplência. Há dois tipos de multa: a moratória, cláusula penal para a hipótese de atraso no pagamento de aluguel; e a
compensatória, normalmente fixada em um valor correspondente a certo número de alugueres, e que serve para compensar os prejuízos advindos da infração contratual.

Somente a multa moratória pode ser objeto de execução. A compensatória só pode ser cobrada em processo de conhecimento, já que pode ser modificada pelo juiz, na forma do art. 413, do CC. Por essa razão,
falta-lhe liquidez.

Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

Se o contrato de locação for garantido por fiança, a execução poderá ser dirigida também contra o fiador. Mas só poderá ser dirigida exclusivamente contra ele, se tiver havido renúncia ao benefício de ordem.

i. A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

A certidão de dívida ativa é formada unilateralmente pela Fazenda Pública a partir do termo de inscrição da dívida servindo de base para embasar a execução fiscal ( somente este título de crédito é processado sob
este rito). Conforme art. 202, CTN e art. 2o, §§ 5o e 6o da Lei n. 6.830/80.

Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:

I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;

II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;

III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado;

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IV - a data em que foi inscrita;

V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.

Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui
normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

j. O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;

Quando documentalmente comprovadas, as despesas condominiais, previstas em Convenção de Condomínio ou aprovadas em Assembleia Geral, são títulos executivos.

Se não houver prova documental, exigem prévio processo de conhecimento para a constituição de titulo executivo.

O título é oponível contra quem ocupa o imóvel, independente de se tratar proprietário, locatário ou outro tipo de possuidor, uma vez que se trata de obrigação ligada a posse do imóvel.

l. A certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;

A atividade notarial é regida pelo Direito Público, e os atos praticados pelos notários são dotados de presunção de veracidade e legitimidade. O valor do título, para tornar-se executivo, deve estar de acordo com as
tabelas de custas e emolumentos fixados em lei (Lei Federal n.º 10.169/2000).

m. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

Entre os títulos executivos extrajudiciais previstos por outras leis, destaca-se o contrato de honorários advocatícios, mencionado no art. 24, da Lei n. 8.906/94. Eles não se confundem com os honorários da
sucumbência, fixados na sentença, e que serão objeto de execução judicial, nos mesmos autos.

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Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata,
concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.

São aqueles que o advogado e seu cliente tenham convencionado em contrato, que indicará o montante.

Para que haja força executiva, não é preciso que venha firmado por duas testemunhas, nem que obedeça à formalidade especial, mas é indispensável que indique o quantum debeatur.

Se este não for estabelecido no contrato, ou se depender de cálculos outros, que não os meramente aritméticos, será preciso que o advogado ajuíze, em face do cliente, uma ação de arbitramento ou cobrança.

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