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AO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ________

________ , ________ , ________ , inscrito no CPF sob nº


________ , ________ , residente e domiciliado na
________ , ________ , ________ , ________ ,
________ , vem à presença de Vossa Excelência, por
meio do seu Advogado, infra assinado, ajuizar

AÇÃO ANULATÓRIA

em face de ________ , pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob nº ________ , ________ , com sede
na ________ , ________ , ________ , na Cidade de
________ , ________ , ________ , pelos motivos e fatos
que passa a expor.

DOS FATOS

Em ________ , o primeiro Réu firmou contrato com o segundo


Réu para a compra e venda de ________ , conforme docs em anexo.

Ocorre que referido contrato é nulo, pois ________ Portanto, tem-


se por necessário o reconhecimento da nulidade do negócio jurídico, uma vez
que foi simulado, razão pela qual busca por intervenção judiciária.

DA NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

O Código Civil dispõe expressamente sobre os requisitos de

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validade do negócio jurídico, prevendo a nulidade nos seguintes caos:

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for
ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere
essencial para a sua validade;

Assim, considerando estarmos diante de um processo legal que


não foi observado, tem-se por necessária a declaração de nulidade do ato
jurídico e todos os seus efeitos, como leciona a doutrina:

"O negócio nulo não pode produzir nenhum efeito jurídico.


Caso tenha produzido efeitos no mundo fático, o
reconhecimento judicial dessa nulidade retira esses
efeitos, pois esse reconhecimento tem eficáciaex tunc,
isto é, retroativa, retroagindo à data da celebração do
negócio nulo. Pronunciada a nulidade as coisas voltam ao
estado anterior, como se não tivesse sido celebrado o
negócio ou ato nulo." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY,
Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed.
Editora RT, 2017. Versão ebook, Art. 166).

Nulidade que resta evidenciada pelos fundamentos a seguir.

DO ERRO - VÍCIO DE CONSENTIMENTO

Trata-se de ato impugnado cometido em manifesto vício de


consentimento, uma vez que o autor foi induzido em erro ao assinar referidos
documentos, entendendo tratar-se de simples ________ .

Nitidamente o autor não teve orientações suficientemente claras

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sobre os efeitos daquela formalização, utilizando-se o réu da baixa instrução do
autor para induzi-lo a assinar referido termo.

A doutrina ao conceituar o "erro" aduz exatamente a situação


aplicável ao presente caso:

Erro. Noção inexata ou falsa que temos de uma coisa; a


falta de concordância entre a vontade interna e a
vontade-declarada. Caso em que a parte alegava que
prestara o seu assentimento a um ato declarado como de
seu interesse quando em realidade operava em seu
prejuízo (RT 182/156). (NERY JUNIOR, Nelson. NERY,
Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed.
Editora RT, 2017. Versão ebook, Art. 138)

Evidentemente que diante de uma situação tão grave em que o


autor estava passando, não seria racional o autor abrir mão de seus direitos.

Assim, tratando-se de inequívoco vício de consentimento, deve


ser reconhecida a nulidade do termo firmado, conforme precedentes sobre o
tema:

APELAÇÃO CÍVEL. MANDATOS. ANULAÇÃO DE


ACORDO. POSSIBILIDADE NO CASO CONCRETO.
DEMONSTRAÇÃO CABAL DE VÍCIO DE
CONSENTIMENTO. (...). No mérito, vai mantida a
sentença de parcial procedência prolatada, ao efeito de
anular o acordo em questão, retornando-se ao status
quo ante, ou seja, no cumprimento de sentença, dada
a manifesta existência de vícios de consentimento.
Por fim, quanto aos honorários advocatícios, o art. 85,
§2º, do CPC, estabelece que os honorários serão fixados
em um patamar mínimo e máximo de respectivamente
10% e 20% sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,

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sobre aquele atribuído à causa e, somente se este ou seu
proveito econômico for muito baixo (TJRS, Apelação
70079265633, Relator(a): Deborah Coleto Assumpção de
Moraes, Décima Sexta Câmara Cível, Julgado em:
13/12/2018, Publicado em: 17/12/2018)
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RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. ANULAÇÃO


DO PEDIDO DE DEMISSÃO. VÍCIO DE
CONSENTIMENTO COMPROVADO. Provada a
existência de vício de consentimento claramente
manifestada no momento em que a obreira pediu
demissão, é devida a anulação do referido ato, com o
pagamento das verbas típicas da dispensa imotivada.
Recurso Ordinário da reclamante conhecido e
parcialmente provido. (...) Recurso ordinário conhecido e
não provido. (TRT-11 00021124620165110002, Relator:
LAIRTO JOSE VELOSO, Gabinete do Desembargador
Lairto Jose Veloso. Julgado 30.11.2017, #53978327)

Como prova do alegado, indica testemunhas que acompanharam


todo o processo, bem como, junta os e-mails evidenciando ________

Assim, provado o vício de consentimento, tem-se por necessária o


reconhecimento da nulidade do ato que ________ .

DA SIMULAÇÃO

Conforme narrado, a declaração de vontade materializada no ato


jurídico, ora impugnado, exprime aparentemente um negócio jurídico, mas as
partes não efetuaram negócio algum.

A maior evidência desta simulação fica consubstanciado no fato


de que ________

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Trata-se de pacto firmado entre os demandados com a nítida
intenção de fraudar ação futura que iria comprometer parte do seu patrimônio,
configurando contrato simulado, nos termos do Art. 167 do Código Civil:

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas


subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância
e na forma.
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas
diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou
cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou
pós-datados.

Assim, considerando que a situação fática se encaixa


perfeitamente no inciso I do §1º, tem-se por necessária a nulidade do contrato.

Arnaldo Rizzardo ao disciplinar sobre o tema, esclarece sobre a


configuração de contrato simulado:

"a) É declaração bilateral da vontade, tratada com a outra


parte, ou com a pessoa a quem ela se destina. Importa o
conhecimento da vontade pela pessoa, vontade ignorada
por terceiros.

b) Não corresponde à intenção das partes, as quais


disfarçam seu pensamento. (...)

c) É feita no sentido de iludir terceiros. Os ajustes


aparentam ser positivos e certos, mas formam negócios
jurídicos fantasiosos, imaginários, não queridos pelos
interessados,(...)." (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 16ª
ed. Forense, 2017. Kindle edition, pos. 1636)

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Ao lecionar sobre a matéria, Nelson Nery Jr. destaca sobre a
gravidade de tal ato:

"A simulação não é vício do consentimento, como o erro,


o dolo ou a coação. A simulação é defeito da declaração
de vontade que pode ser qualificado como vício social.
Isto é, é vício que tutela a confiança nas declarações
de vontade. Assim sendo, tem maior gravidade que
esses outros vícios negociais atrás citados, os quais
têm por natureza a tutela de interesses particulares. A
simulação tutela interesses sociais, inclusive públicos, na
higidez das declarações. Muito mais que o erro, o dolo, a
coação, a simulação implica a tutela de interesse de
terceiros (muitas vezes a simulação interfere em
interesses contratuais de terceiros)." (NERY JUNIOR,
Nelson. Código civil comentado. 2ª ed. Ed. Revista dos
Tribunais, 2017. Ebook edition. Art. 167)

Trata-se, portanto, de contrato simulado, devendo ser


considerado nulo, nos termos do Art. 167 do Código Civil, conforme já
destacado pelo Superior Tribunal de Justiça:

"Há simulação quando, com intuito de ludibriar


terceiros, o negócio jurídico é celebrado para garantir
direitos a pessoas diversas daquelas às quais
realmente se conferem ou transmitem." (STJ, 3.ª T.,
REsp 1195615-TO, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva).

No mesmo sentido, são os precedentes recentes nos tribunais:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO ANULATÓRIA DE


NEGÓCIO JURÍDICO. COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS
ENTRE ASCENDENTES E DESCENDENTE.
SIMULAÇÃO. (...). Caracteriza manifesta hipótese de
simulação o contrato denominado de compra e venda

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quando a verdadeira motivação e vontade das partes
reside na transferência gratuita de imóveis ao
filho/comprador, por assumir o compromisso de
cuidar dos idosos pais/vendedores até o fim de seus
dias, prática infelizmente comum em algumas regiões
do país. Esse "costume" mostra-se pernicioso ao sistema
jurídico não só por revelar a perfídia das partes em
relação aos seus reais interesses, com consequências
jurídicas severas (nulidade absoluta dos negócios
praticados), mas também porque subverte princípios
universais que preconizam os deveres mútuos de
cuidado, assistência, amor e respeito entre pais e filhos,
de forma espontânea e graciosa, traduzindo-se a
dissimulada doação privilegiada de bens ao filho cuidador
dos pais idosos (compensação financeira) como
indesejável mercantilização de deveres geracionais antes
morais do que legais. (TJ-SC - AC:
00011226020118240053 Quilombo 0001122-
60.2011.8.24.0053, Relator: Luiz Felipe Schuch, Data de
Julgamento: 19/02/2018, Câmara Especial Regional de
Chapecó, #53978327)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REIVINDICATÓRIA-


CONTRATO DE COMPRA E VENDA SIMULADO-
DECLARAÇÃO DE NULIDADE- IMPROCEDÊNCIA DA
REIVINDICATÓRIA - (...) - Verificada a existência de
simulação impõe-se a declaração de nulidade do negócio
jurídico correspondente. Hipótese em que as partes
simularam contrato de compra e venda para evitar
que a ex-companheira do vendedor pudesse pleitear
possível parte que lhe cabia. (TJ-MG - AC:
10319110000431001 MG, Relator: Tiago Pinto, Câmaras
Cíveis / 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
18/08/2017, #13978327)

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ARRESTO DE BENS MÓVEIS. CONTRATO DE
COMPRA E VENDA. NEGÓCIO SIMULADO. As
circunstâncias do caso concreto e os elementos de prova
evidenciam que o restaurante demandado na ação
principal, em razão de sua iminente insolvência, simulou,
em conluio com a terceira embargante, o contrato de
compra e venda de bens móveis em questão, com a
finalidade de frustrar a futura execução por parte de
seus empregados, que foram dispensados sem o devido
pagamento de verbas rescisórias, por ocasião do
encerramento de suas atividades, impondo-se a
manutenção da decisão de origem, que negou provimento
aos embargos de terceiro, mantendo o arresto dos bens
móveis na ação principal. (TRT-4 - AP:
00211283220165040373, Data de Julgamento:
06/11/2017, Seção Especializada em Execução,
#43978327)

Razões pelas quais evidenciam a simulação do negócio jurídico,


devendo conduzir à sua imediata nulidade.

DA INCAPACIDADE DA PARTE

Conforme relatado, o contrato foi firmado em ________ , data em


que ________ já era acometido por incapacidade oriunda de ________ ,
conforme ________ que junta em anexo.

Para validade do negócio jurídico, nos termos do Art. 104 do


Código Civil, exige-se:

I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

No entanto, tais requisitos não foram observados, culminando na

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sua nulidade.

A incapacidade da parte era de total conhecimento do Réu que


________ de ciência, demonstrando a má fé em aproveitar-se da situação de
incapacidade.

Considerando, portanto, a manifesta incapacidade da parte


contratante, tem-se pena necessária declaração de nulidade do negócio
jurídico firmado, conforme precedentes sobre o tema:

EMENTA: APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO DE ANULAÇÃO


DE NEGÓCIO JURÍDICO - CONTRATO BANCÁRIO -
AGENTE INCAPAZ - NEGÓCIO NULO - DEVOLUÇÃO
SIMPLES - REPETIÇÃO DO INDÉBITO - MÁ-FÉ NÃO
COMPROVADA- SENTENÇA MANTIDA. 1. A validade do
negócio jurídico requer a presença de agente capaz,
objeto lícito, possível, determinado ou determinável e
forma prescrita ou não defesa em lei. 2. Ausente a
capacidade da parte contratante, há que se declarar
inválido o negócio jurídico. 3. A repetição em dobro do
indébito, prevista no art. 42, parágrafo único, do CDC,
pressupõe tanto a existência de pagamento indevido
quanto a má-fé do credor" (Resp 1.199.273-SP). 4.
Sentença mantida. (TJ-MG - AC: 10701140324339001
MG, Relator: José Américo Martins da Costa, Data de
Julgamento: 24/01/2019, Data de Publicação: 01/02/2019,
#83978327)

No caso de analfabetirmo, o Código Civil dispôs alguns requisitos


de validade, quais sejam:

Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando


qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o
instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por
duas testemunhas.

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Assim, não observados tais critérios, a nulidade é medida qeu se
impõe, conforme precedentes sobre o tema:

DUPLA APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS MORAIS.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO QUE A AUTORA
ASSEGURA NÃO TER FIRMADO. JULGAMENTO
ANTECIPADO DA LIDE. PRELIMINAR DE
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA REJEITADA.
REQUISITOS PARA VALIDADE DO CONTRATO
FIRMADO POR ANALFABETA. CONTRATO QUE NÃO
OBSERVOU AS FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE
DECRETADA. RECEBIMENTO DO VALOR DO
EMPRÉSTIMO PELO AUTOR. REPETIÇÃO DE
INDÉBITO INDEVIDA. DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO. 1. A autora ingressou com a demanda
após ser surpreendida com a realização de descontos
mensais em seus proventos de aposentadoria
decorrentes de empréstimo consignado no valor de R$
1.019,70, que assegura não ter contraído. 2. A condição
de analfabeta não retira da autora sua capacidade de
firmar contratos desde que observados certos
requisitos previstos em lei, como a assinatura a rogo
e a subscrição de duas testemunhas, conforme
interpretação analógica do art. 595 do Código Civil,
como forma de conferir validade ao negócio jurídico.
3. No contrato de empréstimo acostado pelo banco
Recorrido, embora conste a digital supostamente aposta
pela Demandante, bem como a assinatura de
testemunhas, verifico que não foi apresentada procuração
pública que comprovasse o mandato firmado entre a
Recorrente e aqueles que assinaram o contrato na
qualidade de representantes. 4.Nesse contexto, observa-
se a ausência de um dos requisitos de validade do
negócio jurídico, qual seja, a forma prescrita em lei (inc. III

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do art. 104 c/c inc. IV do art. 166, ambos do Código Civil),
uma vez que não foi respeitada a solenidade exigida por
lei. 5. É de se reconhecer a falha na prestação de serviço
com o fito de declarar a nulidade do contrato firmado entre
as partes. 6. Considerando que o Banco realizou a
transferência dos valores para a conta corrente da Autora,
não há que se falar em repetição de indébito,
compensando-se os valores percebidos por esta e as
quantias descontadas pelo Banco. 7. (...). (TJ-PE - APL:
4933379 PE, Relator: Sílvio Neves Baptista Filho, Data de
Julgamento: 12/12/2018, 1ª Câmara Regional de Caruaru
- 1ª Turma, Data de Publicação: 19/12/2018, #83978327)

Motivos que devem conduzir à procedência da demanda.

DA SIMULAÇÃO

Conforme narrado, a declaração de vontade materializada no ato


jurídico, ora impugnado, exprime aparentemente um negócio jurídico, mas as
partes não efetuaram negócio algum.

A maior evidência desta simulação fica consubstanciado no fato


de que ________

Trata-se de pacto firmado entre os demandados com a nítida


intenção de fraudar ação futura que iria comprometer parte do seu patrimônio,
configurando contrato simulado, nos termos do Art. 167 do Código Civil:

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas


subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância
e na forma.
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas
diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
transmitem;

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II - contiverem declaração, confissão, condição ou
cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou
pós-datados.

Assim, considerando que a situação fática se encaixa


perfeitamente no inciso I do §1º, tem-se por necessária a nulidade do contrato.

Arnaldo Rizzardo ao disciplinar sobre o tema, esclarece sobre a


configuração de contrato simulado:

"a) É declaração bilateral da vontade, tratada com a outra


parte, ou com a pessoa a quem ela se destina. Importa o
conhecimento da vontade pela pessoa, vontade ignorada
por terceiros.

b) Não corresponde à intenção das partes, as quais


disfarçam seu pensamento. (...)

c) É feita no sentido de iludir terceiros. Os ajustes


aparentam ser positivos e certos, mas formam negócios
jurídicos fantasiosos, imaginários, não queridos pelos
interessados,(...)." (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 16ª
ed. Forense, 2017. Kindle edition, pos. 1636)

Ao lecionar sobre a matéria, Nelson Nery Jr. destaca sobre a


gravidade de tal ato:

"A simulação não é vício do consentimento, como o erro,


o dolo ou a coação. A simulação é defeito da declaração
de vontade que pode ser qualificado como vício social.
Isto é, é vício que tutela a confiança nas declarações
de vontade. Assim sendo, tem maior gravidade que
esses outros vícios negociais atrás citados, os quais
têm por natureza a tutela de interesses particulares. A

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simulação tutela interesses sociais, inclusive públicos, na
higidez das declarações. Muito mais que o erro, o dolo, a
coação, a simulação implica a tutela de interesse de
terceiros (muitas vezes a simulação interfere em
interesses contratuais de terceiros)." (NERY JUNIOR,
Nelson. Código civil comentado. 2ª ed. Ed. Revista dos
Tribunais, 2017. Ebook edition. Art. 167)

Trata-se, portanto, de contrato simulado, devendo ser


considerado nulo, nos termos do Art. 167 do Código Civil, conforme já
destacado pelo Superior Tribunal de Justiça:

"Há simulação quando, com intuito de ludibriar


terceiros, o negócio jurídico é celebrado para garantir
direitos a pessoas diversas daquelas às quais
realmente se conferem ou transmitem." (STJ, 3.ª T.,
REsp 1195615-TO, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva).

No mesmo sentido, são os precedentes recentes nos tribunais:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO ANULATÓRIA DE


NEGÓCIO JURÍDICO. COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS
ENTRE ASCENDENTES E DESCENDENTE.
SIMULAÇÃO. (...). Caracteriza manifesta hipótese de
simulação o contrato denominado de compra e venda
quando a verdadeira motivação e vontade das partes
reside na transferência gratuita de imóveis ao
filho/comprador, por assumir o compromisso de
cuidar dos idosos pais/vendedores até o fim de seus
dias, prática infelizmente comum em algumas regiões
do país. Esse "costume" mostra-se pernicioso ao sistema
jurídico não só por revelar a perfídia das partes em
relação aos seus reais interesses, com consequências
jurídicas severas (nulidade absoluta dos negócios
praticados), mas também porque subverte princípios

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universais que preconizam os deveres mútuos de
cuidado, assistência, amor e respeito entre pais e filhos,
de forma espontânea e graciosa, traduzindo-se a
dissimulada doação privilegiada de bens ao filho cuidador
dos pais idosos (compensação financeira) como
indesejável mercantilização de deveres geracionais antes
morais do que legais. (TJ-SC - AC:
00011226020118240053 Quilombo 0001122-
60.2011.8.24.0053, Relator: Luiz Felipe Schuch, Data de
Julgamento: 19/02/2018, Câmara Especial Regional de
Chapecó, #63978327)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REIVINDICATÓRIA-


CONTRATO DE COMPRA E VENDA SIMULADO-
DECLARAÇÃO DE NULIDADE- IMPROCEDÊNCIA DA
REIVINDICATÓRIA - (...) - Verificada a existência de
simulação impõe-se a declaração de nulidade do negócio
jurídico correspondente. Hipótese em que as partes
simularam contrato de compra e venda para evitar
que a ex-companheira do vendedor pudesse pleitear
possível parte que lhe cabia. (TJ-MG - AC:
10319110000431001 MG, Relator: Tiago Pinto, Câmaras
Cíveis / 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
18/08/2017, #63978327)

ARRESTO DE BENS MÓVEIS. CONTRATO DE


COMPRA E VENDA. NEGÓCIO SIMULADO. As
circunstâncias do caso concreto e os elementos de prova
evidenciam que o restaurante demandado na ação
principal, em razão de sua iminente insolvência, simulou,
em conluio com a terceira embargante, o contrato de
compra e venda de bens móveis em questão, com a
finalidade de frustrar a futura execução por parte de
seus empregados, que foram dispensados sem o devido
pagamento de verbas rescisórias, por ocasião do

#3978327 Wed Mar 9 22:06:09 2022


encerramento de suas atividades, impondo-se a
manutenção da decisão de origem, que negou provimento
aos embargos de terceiro, mantendo o arresto dos bens
móveis na ação principal. (TRT-4 - AP:
00211283220165040373, Data de Julgamento:
06/11/2017, Seção Especializada em Execução,
#33978327)

Razões pelas quais evidenciam a simulação do negócio jurídico,


devendo conduzir à sua imediata nulidade.

DA NULIDADE DA VENDA

A transmissão de bens do ascendente ao descendente, se


onerosa, deverá obedecer ao mandamento contido no Código Civil:

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a


descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem
consentido.

Para validade do negócio jurídico, o consentimento do cônjuge e


dos demais descendentes deve ser expresso, por escrito, declarando a sua
ciência e concordância com a venda e as condições previstas no contrato ou
escritura.

Portanto, manifestamente ilegal a compra e venda perpetrada


pelas partes, culminando na sua anulabilidade, conforme assevera doutrina
especializada no tema:

"Anulabilidade do ato. A venda que se celebra em


desobediência ao que está prescrito neste artigo
padece do vício de anulabilidade, conforme
expressamente previsto em lei, no contexto do sistema
(CC 171 caput). Diante da clareza do texto, está afastada

#3978327 Wed Mar 9 22:06:09 2022


a polêmica doutrinal surgida na vigência do sistema
anterior, sobre ser, nessa hipótese, o ato nulo ou
anulável." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de
Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora RT,
2017. Versão ebook, Art. 496)

Ou seja, diante da ausência de autorização dos demais herdeiros,


tem-se pela anulabilidade da compra e venda, conforme precedentes sobre o
tema:

VENDA DE BENS ENTRE ASCENDENTE E


DESCENDENTE, DESTITUÍDA DO CONSENTIMENTO
DOS DEMAIS HERDEIROS. ÔNUS QUE COMPETIA
AOS REQUERIDOS. INTELIGÊNCIA DO ART. 373, II,
DO CPC. A alienação de bens entre ascendente e
descendente, sem a anuência dos demais
descendentes, desde o regime originário do Código Civil
de 1916 (art. 1132), é ato jurídico anulável, sendo
consolidado de modo expresso no Código Civil de
2002 - art. 496. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS
RECURSAIS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação Cível n. 0500277-80.2012.8.24.0070, de
Taió, rel. Des. José Agenor de Aragão, Quarta Câmara de
Direito Civil, j. 22-08-2019)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO


ESPECIFICADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE
DE NEGÓCIO JURÍDICO. VENDA REALIZADA ENTRE
ASCENDENTE E DESCENDENTE. AUSÊNCIA DE
CONSENTIMENTO DOS OUTROS DESCENDENTES.
ARTIGO 496 DO CÓDIGO CIVIL/2002. 1. Nos termos do
artigo 496 do Código Civil, é anulável a venda
realizada entre ascendente e descendente, salvo se os
outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido . 2. Caso

#3978327 Wed Mar 9 22:06:09 2022


concreto em que o genitor da autora, antes de falecer,
alienou quotas de empresa da qual era sócio em favor de
outra filha, o que, inegavelmente, representou prejuízo à
autora, uma vez que implicou a redução da herança à
qual concorreria na sucessão. A alegação da ré de que,
no momento da celebração do negócio jurídico,
desconhecia da existência da autora não é suficiente para
validar o negócio jurídico. Recurso de apelação
desprovido. (TJRS, Apelação 70078704160, Relator(a):
Umberto Guaspari Sudbrack, Décima Segunda Câmara
Cível, Julgado em: 14/03/2019, Publicado em:
19/03/2019, #63978327)

Portanto, sem anuência ou concordância dos demais herdeiros,


requer a anulabilidade do ato.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será


concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo."

No presente caso tais requisitos são perfeitamente


caracterizados, vejamos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada diante da


demonstração inequívoca de que ________ .

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para


aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há


racionalidade em obrigar o autor a esperar o tempo
necessário à produção da provas dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se

#3978327 Wed Mar 9 22:06:09 2022


desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à
prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente o
beneficia." (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de
Urgência e Tutela da Evidência. Editora RT, 2017. p.284)

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pela ________ , ou


seja, tal circunstância confere grave risco de perecimento do resultado útil do
processo, conforme leciona Humberto Theodoro Júnior:

"um risco que corre o processo principal de não ser


útil ao interesse demonstrado pela parte", em razão do
"periculum in mora", risco esse que deve ser
objetivamente apurável, sendo que e a plausibilidade do
direito substancial consubstancia-se no direito "invocado
por quem pretenda segurança, ou seja, o "fumus boni
iuris" (in Curso de Direito Processual Civil, 2016. I. p.
366).

Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO caracteriza


conduta irreversível, não conferindo nenhum dano ao réu .

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado


receio de dano irreparável, sendo imprescindível a ________ , nos termos do
Art. 300 do CPC.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente atualmente é ________ , tendo sob sua


responsabilidade a manutenção de sua família, razão pela qual não poderia
arcar com as despesas processuais.

Ademais, em razão da pandemia, após a política de


distanciamento social imposta pelo Decreto ________ nº ________ (em
anexo), o requerente teve o seu contrato de trabalho reduzido, com redução do
seu salário em ________ , agravando drasticamente sua situação econômica.

#3978327 Wed Mar 9 22:06:09 2022


Desta forma, mesmo que seus rendimentos sejam superiores ao
que motiva o deferimento da gratuidade de justiça, neste momento excepcional
de redução da sua remuneração, o autor se encontra em completo descontrole
de suas contas, em evidente endividamento.

Como prova, junta em anexo ao presente pedido ________ .

Para tal benefício o autor junta declaração de hipossuficiência e


comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das
custas judicias sem comprometer sua subsistência, conforme clara redação do
Art. 99 Código de Processo Civil de 2015.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser


formulado na petição inicial, na contestação, na petição
para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte


na instância, o pedido poderá ser formulado por petição
simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá
seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver


nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a
comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de


insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei,
faz jus o Requerente ao benefício da gratuidade de justiça:

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AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE
SEGURANÇA - JUSTIÇA GRATUITA - Assistência
Judiciária indeferida - Inexistência de elementos nos
autos a indicar que o impetrante tem condições de
suportar o pagamento das custas e despesas
processuais sem comprometer o sustento próprio e
familiar, presumindo-se como verdadeira a afirmação
de hipossuficiência formulada nos autos principais -
Decisão reformada - Recurso provido. (TJSP; Agravo de
Instrumento 2083920-71.2019.8.26.0000; Relator (a):
Maria Laura Tavares; Órgão Julgador: 5ª Câmara de
Direito Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes
- 6ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento:
23/05/2019; Data de Registro: 23/05/2019

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do


requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas,
despesas processuais e honorários advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme
destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de


necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar ou
faturamento máximos. É possível que uma pessoa
natural, mesmo com bom renda mensal, seja merecedora
do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é
proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez.
A gratuidade judiciária é um dos mecanismos de
viabilização do acesso à justiça; não se pode exigir
que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que
comprometer significativamente sua renda, ou tenha
que se desfazer de seus bens, liquidando-os para
angariar recursos e custear o processo." (DIDIER JR.
Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da
Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60)

#3978327 Wed Mar 9 22:06:09 2022


"Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário
que a parte seja pobre ou necessitada para que possa
beneficiar-se da gratuidade da justiça. Basta que não
tenha recursos suficientes para pagar as custas, as
despesas e os honorários do processo. Mesmo que a
pessoa tenha patrimônio suficiente, se estes bens não
têm liquidez para adimplir com essas despesas, há direito
à gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART,
Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de
Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais,
2017. Vers. ebook. Art. 98)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição


Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça
ao requerente.

DOS REQUERIMENTOS

Por todo o exposto, REQUER:

1. Seja dada a devida prioridade no trâmite processual, por se tratar de


causa que envolve idoso;

2. A citação do Réu para responder, querendo;

3. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a


testemunhal.

DOS PEDIDOS

1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código


de Processo Civil;

2. A concessão do pedido liminar para ________ .

#3978327 Wed Mar 9 22:06:09 2022


3. A total procedência da ação para que seja declarado nulo o negócio
jurídico firmado, qual seja o contrato ________ , com imediata
determinação de que seja ________ .

4. A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos


parâmetros previstos no art. 85, §2º do CPC.

Por fim, manifesta o interesse na audiência conciliatória, nos termos do Art.


319, inc. VII do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ ________

Nestes termos, pede deferimento.

________ , ________ .

________

ROL DE TESTEMUNHAS

1. ________

ANEXOS

1. Comprovante de renda

2. Declaração de hipossuficiência

3. Documentos de identidade do Autor

4. RG

5. CPF

6. Comprovante de Residência

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7. Procuração

8. Custas processuais

9. Provas da ocorrência

10. Provas da tentativa de solução direto com o réu

11. Provas da negativa de solução

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