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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DO TRABALHO DA

04ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO – ZONA SUL.

Processo nº: 1001661-37.2023.5.02.0704

ROLDÃO AUTO SERVIÇO COMÉRCIO DE


ALIMENTO S/A, já qualificada nos autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em
epígrafe, que lhe move IRANEIDE CAVALCANTE DE OLIVEIRA PINHEIRO, por seus
advogados que esta subscrevem, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, apresentar sua CONTESTAÇÃO, pelas razões de fato e de direito, a
seguir expostas:

PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES

REQUER QUE TODAS AS NOTIFICAÇÕES E/OU


PUBLICAÇÕES SEJAM FEITAS EXCLUSIVAMENTE EM NOME DO PATRONO IGOR
HENRY BICUDO, OAB/SP Nº. 222.546, NOS TERMOS DO PARÁGRAFO 5º, DO
ARTIGO 272 DO CPC, APLICADO SUBSIDIARIAMENTE, E DA SÚMULA Nº 427 DO C.
TST, SOB PENA DE NULIDADE.

DA IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO

A presente ação deverá ser julgada


improcedente, eis que a Reclamante encontra-se desprovido de qualquer amparo
jurídico e suporte fático que o assegure em suas pretensões, tudo como se verá
adiante ou no transcorrer da regular instrução processual.

Destarte, em fiel observância ao princípio do


contraditório e da ampla defesa (art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal c/c o
artigo 302, primeira parte, do Código de Processo Civil), a ser utilizado de forma
subsidiária nesta Justiça Especializada, “ex vi” do artigo 769 do Texto Consolidado,
a reclamada refuta todas as alegações contidas na peça de ingresso, bem como
passa a demonstrar a total improcedência da ação.
PRELIMINARMENTE

DA CONTESTACÃO E DOCUMENTOS PROTOCOLADOS NA FORMA DE SIGILO

A Reclamada, neste ato, requer seja mantido o


sigilo da presente contestação e de seus documentos, sendo retirado apenas
quando da efetiva realização da audiência designada por esse Ilustríssimo Juízo,
restando assegurado à Reclamada o efetivo contraditório e a ampla defesa na
presente demanda, nos termos do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal.

Tal requerimento se funda na Resolução Nº 120


do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, de 21 de fevereiro de 2013, em seu
artigo 13, abaixo reproduzido:

"art. 13. O caput do art. 22 da Resolução CSJT nº


94, de 23 de março de 2012, passa a vigorar
com a seguinte redação: "Art. 22. Os advogados
devidamente credenciados deverão encaminhar
eletronicamente as contestações e documentos,
com opção de sigilo, quando for o caso, até
antes da realização da audiência, sem prescindir
de sua presença àquele ato processual. (...)"

Destarte, entende a Reclamada pela


manutenção do sigilo da contestação e dos documentos em qualquer hipótese de
redesignação da audiência, bem como em caso de arquivamento da ação,
renúncia, desistência da ação ou transação entre as partes.

DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

A Reclamada argúi a prescrição dos direitos


postulados que antecedem a 05 (cinco) anos contados da propositura da ação, em
conformidade com o estabelecido no art. 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal,
combinado com o artigo 11, inciso I, da CLT e Súmula 308 do TST.

Desta forma, ajuizada a presente reclamação em


13.11.2023, restam prescritos os direitos postulados anteriormente à 13.11.2018.
BREVE SÍNTESE DA INICIAL

A Reclamante pleiteia:

- Nulidade de Pedido de Demissão


- Horas Extras + Feriados
- Supressão de intervalo intrajornada
- Multa CCT
- Refeição comercial
- Danos Morais
- Honorários Sucumbenciais
- Justiça Gratuita

As pretensões da Reclamante não deverão


prosperar, conforme restará exaustivamente comprovado a seguir e ao final da
instrução processual.

DOS FATOS

DO CONTRATO DE TRABALHO

A Reclamante foi admitida em 08/08/2016 para


exercer a função de Atendente de Sac, em dezembro de 2018 passou a exercer a
função de Fiscal de Caixa.

O último salário da Reclamante foi o valor de R$


1.672,81 (um mil seiscentos e setenta e dois reais e oitenta e um centavos).

Na data de 01/07/2022, a Reclamante PEDIU


DEMISSÃO DE SUAS FUNÇÕES, ocasião em foram regularmente pagos todos os
valores devidos à título verbas rescisórias, conforme TRCT anexo, não havendo
que se falar em condenação neste sentido.

Expostos os fatos, adentraremos nas questões


de direito.

MÉRITO

DO PEDIDO DE DEMISSÃO – INEXISTÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO


Requer a Reclamante a nulidade do pedido de
demissão, por ele formulado e entregue à Reclamada, para que tenha direito à
percepção de valores a título de verbas rescisórias.

Para tanto, justifica que a reclamada não


cumpria com suas obrigações contratuais, e que, portanto, foi coagido.

SEM QUALQUER RAZÃO!

Primeiramente, insta lembrar que a rescisão


contratual se deu por iniciativa da Reclamante, conforme confesso na própria
exordial.

Oportuno aviltar que JAMAIS houve qualquer


ameaça ou intimidação para a Reclamante efetivar seu pedido de demissão, do
contrário, a Reclamada sempre persistiu para a reclamante trabalhar de modo
correto a fim de manter o contrato ativo.

Sendo assim, a Reclamada refuta totalmente a


alegação da Reclamante, no sentido de que foi coagida .

Logo, por qualquer ângulo que se analise


JAMAIS poderia a Reclamada acolher a nulidade do pedido de demissão almejado
pela reclamante.

Ainda por amor ao debate, temos de ressaltar,


que a coação é uma das modalidades de vício de consentimento, nos termos do
inciso II do artigo 171 do Código Civil de 2002, que assim dispõe:

“Art. 171. Além dos casos expressamente


declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
II - por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores;”

O supramencionado artigo de lei, estabelece,


em seu inciso II, que são anuláveis, além dos casos expressamente previstos na
legislação em vigor, o negócio jurídico resultante de erro, dolo, coação, estado de
perigo, lesão ou fraude contra credores. O erro encontra-se conceituada no artigo
139 do Novo Código Civil, “in verbis”:

“Art. 139. O erro é substancial quando:


I - interessa à natureza do negócio, ao objeto
principal da declaração, ou a alguma das
qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade
essencial da pessoa a quem se refira a
declaração de vontade, desde que tenha influído
nesta de modo relevante;”

Neste sentido, segue jurisprudência:

"RESCISÃO CONTRATUAL. NULIDADE. Não


havendo comprovação da existência de vício na
manifestação de vontade do empregado, tem-se
por válida a resilição contratual de iniciativa do
empregado. Recurso conhecido e parcialmente
provido.(TRT – ROPS 0325/01, 10ªReg., Ac. 1ª T.,
Relator Juiz José Ribamar O. Lima Júnior,
14.03.01 – data do julgamento)"

Pela distribuição do ônus da prova, podemos


concluir que, nos termos do artigo 818 do Texto Consolidado c/c inciso I do artigo
412 do Código de Processo Civil, a ser usado de forma subsidiária, compete,
exclusivamente, aa reclamante fazer prova da existência de vício de
consentimento, no caso a coação, apto a influenciar ou determinar o ato de
vontade relativo a rescisão contratual.

Neste sentido, segue Jurisprudência:

"NULIDADE DO PEDIDO DE DEMISSÃO. ÔNUS DA


PROVA DA RECLAMANTE. Havendo pedido de
demissão assinado pelo trabalhador, é dele o
ônus de provar a existência de vícios de
consentimento, o que não se coaduna ao caso
em tela. Assim, reputa-se válido referido
documento. Acórdão: 20121363435 Turma: 17
Data Julg.: 27/11/2012 Data Pub.: 05/12/2012
Processo: 20120046485 Relator: SORAYA
GALASSI LAMBERT” Grifamos e negritamos.

Fato é que a Reclamante não estava satisfeita


com a política da empresa, razão pela qual, PEDIU DEMISSÃO por sua LIVRE E
ESPONTÂNEA VONTADE sem o acontecimento de qualquer dos vagos motivos
arrolados na inicial.

Convém ressaltar que a a Reclamada se esforça


ao máximo para manter seus colaboradores, lhe proporcionando um ambiente de
trabalho agradável e confortável, para que assim conquiste a fidelidade de seus
funcionários e estes se sintam bem em laborar na empresa.

Ora, mediante o pedido feito de próprio punho


pela Reclamante há confissão, a qual constitui prova robusta da inexistência de
qualquer vício de consentimento sofrido pela reclamante e, não havendo ela se
desincumbido de seu ônus probatório, não há que se falar em nulidade do pedido
de demissão, sendo a improcedência, medida que se impõe.

Saliente-se que a Reclamante é pessoa


alfabetizada e plenamente capaz de exercer seus direitos e obrigações perante à
sociedade.

Todavia, a Reclamante busca na verdade a sua


auto vitimização tentando incessantemente receber verbas que sabe não lhe ser
devidas, utilizando de alegações apócrifas e totalmente descabida para convencer
este Juízo que não existia motivos para a dispensa praticada, sendo que diante da
vasta documentação, bem como o decorrer da audiência de instrução.

Ante o exposto, é imperioso seja julgado


improcedente o pedido de nulidade do pedido de demissão, por ser esta medida
de justiça.

DAS VERBAS RESCISÓRIAS PAGAS NO PEDIDO DE DEMISSÃO

A Reclamante pediu demissão em 01/07/2022, e


não mais prestou seus serviços a partir desta data, deixando de cumprir seu aviso
prévio, conforme consta da carta.

Deste modo, nos termos do art 487, §2º, nada é


devido em favor da Reclamante à titulo de aviso prévio.

Importante mencionar que, não tendo cumprido


o aviso prévio em favor da Reclamada, devido o desconto de referida rubrica.

Neste sentido:
“PEDIDO DE DEMISSÃO. AUSÊNCIA DE AVISO
PRÉVIO PELO EMPREGADO. Nos exatos termos
do artigo 487, parágrafo segundo, da CLT, a
falta de aviso prévio por parte do empregado dá
ao empregador o direito de descontar os salários
correspondentes ao prazo respectivo, pelo que
regular o desconto da verba no acerto
rescisório.¨ (Processo Nº RO-3338-
11.2011.5.03.0091 - Processo Nº RO-3338/2011-
091-03-00.0 - 3ª Reg. - 2ª Turma - Relator Des.
Sebastiao Geraldo de Oliveira - DEJT-MG
05.02.3013, pag. 101).”

De igual forma, nada a deferir quanto ao saldo


de salário, décimo terceiro e férias eis que devidamente pagos em TRCT.

Abaixo, segue evidência da correta apuração das


verbas:

Outrossim, a Reclamante não demonstrou, de


modo específico e claro, a existência de diferenças em seu favor. Alegou uma
lesão a seu direito, entretanto, não a provou.

Neste diapasão, tem-se que “a prova das


alegações incumbe à parte que as fizer” à luz do disposto no artigo 818 do Texto
Consolidado e do inciso I do artigo 373 do Código de Processo Civil, utilizado de
forma subsidiária nesta Justiça Especializada, razão pela qual não há que se falar
no pagamento de quaisquer diferenças a título de verbas rescisórias.

No que tange aos depósitos do FGTS,


inicialmente é importante ressaltar que os valores foram mensalmente recolhidos
de forma escorreita. A Reclamante não indicou, sequer por amostragem,
eventuais diferenças devidas, ônus que lhe competia.
No tocante à liberação do FGTS acrescido da
indenização de 40%, o pedido é manifestadamente improcedente, face ao tipo de
rescisão que se operou, qual seja: pedido de demissão.

Ainda, sobre a liberação de guias para


habilitação no Seguro Desemprego ou indenização substitutiva, importante
pontuar que o Seguro-Desemprego é um benefício integrante da seguridade
social, garantido pelo art. 7º dos Direitos Sociais da Constituição Federal, e tem
por finalidade promover a assistência financeira temporária ao trabalhador
desempregado, em virtude de uma dispensa sem justa causa.

Assim, depreende-se que o Seguro-


Desemprego é um benefício devido ao trabalhador que não tenha gerado motivos
para sua própria demissão e que seja surpreendido com esta, o que não é o caso
dos autos.

Por fim, insta ressaltar, que o pedido de


demissão, retira, não apenas o direito ao levantamento do FGTS, acrescido da
indenização de 40%, mas também, o direito à obtenção do Seguro-Desemprego,
sendo a improcedência do pedido a medida que se impõe.

Diante de todo o exposto, requer seja julgado


improcedente o pedido de pagamento de verbas rescisórias, FGTS e multa de 40%
e seguro desemprego.

Pela improcedência.

DA MULTA DO ARTIGO 467 e 477 DA CLT

Resta especificamente impugnado o pedido de


multa do artigo 467 e 477 da Consolidação das Leis do Trabalho, declinado na
inicial, pois inexistem parcelas incontroversas no presente feito ou mesmo
restaram inadimplidas as verbas rescisórias (zeradas).

A multa prevista no artigo 467 e 477 do Texto


Consolidado é inaplicável ao caso "sub judice", haja vista que as verbas pleiteadas
pela Reclamante nesta reclamatória configuram-se totalmente controversas, à
vista dos argumentos defensivos traçados na presente peça contestatória, bem
como da prova documental ora acostada, razão pela qual resta especificamente
impugnado referido pedido.

Assim, havendo controvérsia acerca dos títulos


postulados, não há que se falar em multa por falta de pagamento ou por eventual
atraso.

Não há que se falar, portanto, na aplicação da


multa prevista no artigo 467 ou 477 da Consolidação das Leis do Trabalho, razão
pela qual, deve ser julgado improcedente o pedido.

DAS HORAS EXTRAS/PAUSAS/DOMINGOS E FERIADOS

A Reclamante foi contratada para exercer suas


atividades de Atendente de Sac, em dezembro de 2018 passou a exercer a
função de Fiscal de Caixa, laborando em jornada de 44 horas semanais em
escala 6x1, sendo que, durante seu contrato de trabalho laborou em diversos
horários, sendo seu primeiro horário das 14:00min às 22:20min, sempre
gozando de 1 hora diária de intervalo para refeição e descanso.

Dentro dos limites permitidos por lei e pela


Convenção Coletiva aplicados à categoria da Reclamante, o horário efetivamente
trabalhado era devidamente anotado nos cartões de ponto anexos.

Verifica-se ainda, contrariando a jornada de


labor apontada na exordial, que todas as vezes que a Obreira laborou de forma
extraordinária, o horário foi devidamente anotado.

Assim, os horários efetivamente trabalhados,


incluindo os minutos que eventualmente chegava mais cedo ou saia mais tarde,
pela Reclamante foram corretamente anotados, podendo esta realidade ser
verificada com os documentos anexos, notadamente, controles de jornada.

Contrapondo os relatos da exordial, insta


ponderar que durante todo o pacto laboral, nas oportunidades que o Obreira foi
convidada a cumprir horas extras, foi devidamente remunerada para tanto.

Tais assertivas são facilmente verificadas por


meios dos contracheques anexados aos autos.
Portanto, nas ocasiões em que laborou em
jornada extraordinária, sempre lhe eram pagas horas extras, de forma correta, à
porcentagem de 60% (sessenta por cento), e 100% (cem por cento), consoante
holerites anexos.

Vale dizer, que quando a escala da Reclamante


coincidia com feriados, este recebia o adicional de horas extras correspondentes,
ou tinha o crédito pelas horas laboradas em dobro lançados em banco de horas.

Analisando os cartões de pontos, verifica-se que,


embora a Reclamante trabalhasse em escala de seis por um, a folga era fixa, sendo
que o descanso semanal sempre recaia aos domingos.

Diante da correta anotação do cartão de ponto


na entrada e saída, e devido a utilização de SREP (Sistema de Registro Eletrônico
de Ponto), por parte da Reclamante, requer a reclamada a inversão do ônus da
prova quanto a hora extra, visto que em conformidade com a Portaria nº 1510 de
21.08.2009, ao fornecer o registro de ponto aos colaboradores, inclusive à
Reclamante, este tem condições de verificar e demonstrar que há incorreções no
pagamento das horas extras.

O ônus da prova é da Reclamante que tem o


dever de juntar aos autos todos os comprovantes fornecidos pela reclamada, para
que sejam demonstradas as irregularidades entre o documento fornecido pelo
equipamento e o cartão de ponto acostado aos autos.

Desta feita, pertence, exclusivamente, aa


Reclamante, o ônus probatório no que tange ao fato constitutivo de seu direito,
por força do artigo 818 do Texto Consolidado e do inciso I do artigo 333 do Código
de Processo Civil, a ser usado de forma subsidiária nesta Justiça Especializada, por
força do artigo 769 do Texto Consolidado. Neste sentido, segue entendimento
jurisprudencial, vejamos:

“DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS. JORNADA


SUPLEMENTAR ANOTADA NOS CARTÕES DE
PONTO E EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO DE
HORAS EXTRAS NOS RECIBOS DE PAGAMENTO.
ÔNUS DA PROVA PERTENCE AO EMPREGADO. Se
a jornada suplementar está anotada nos cartões
de ponto e os recibos de pagamento consignam
o pagamento de horas extras, cabe ao
empregado demonstrar, ainda que por mera
amostragem, a existência de diferenças não
pagas pelo empregador, porquanto é seu o ônus
da prova quanto ao fato constitutivo de seu
direito (CLT: artigo 818, combinada com o CPC:
artigo 333, I) ” (TRT 2ª Região. RO. 3ª Turma.
Acórdão 20100030526. Relatora Mércia
Tomazinho. P.: 09.02.2010).

Ademais, tendo a Reclamada juntado a esta


peça contestatória os controles de ponto, cabe a Reclamante o ônus de
comprovar suas infundadas alegações, devem tais horas extras ser apontadas e
comprovadas pela Reclamante.

Com efeito, não basta apenas alegar, é


necessário produzir efetivas provas das alegações. Neste sentido, vale citar o
brocardo jurídico: Allegare nihil, et allegatum non probare, paria sunt.

Assim, todos os horários extraordinários


efetivamente trabalhados pela Reclamante foram corretamente anotados por
este e devidamente pagos ou compensados pela Reclamada conforme descrito na
Convenção Coletiva aplicada ao caso em tela e Acordo Individual de Compensação
assinado pela Reclamante, podendo esta realidade ser verificada com os
documentos anexos, notadamente, controles de jornada e holerites.

Impugnam-se os percentuais e valores


apresentados, pois não correspondem a realidade, e sem qualquer fundamento
ou comprovação.

Cautelarmente, a Reclamada aduz que, na


eventualidade deste r. Juízo entender sejam devidas horas extras, deverá ser
observada a Súmula nº 85, do C. TST, sendo certo que todas as horas previstas
contratualmente e trabalhadas, foram integralmente pagas.
Logo, conforme exposto, improcedem o pedido
de horas extras e reflexos nas demais verbas, pelos próprios argumentos
apresentados.

DA VALIDADE DA PACTUAÇÃO INDIVIDUAL DE COMPENSAÇÃO - BANCO DE HORAS

Cabe destacar que restou expressamente


consignado no contrato de trabalho firmado entre as partes, a possibilidade de
compensação de jornada.

Não o bastante, foi firmado o ACORDO


INDIVIDUAL DE COMPENSAÇÃO que segue anexo.

Portanto, tendo em vista a regularidade do


Acordo Individual firmado, não há o que de falar em horas extraordinárias tendo
em vista a inexistência de saldo credor para tal.

Ademais, insta salientar que o banco de horas


era praticado de forma escorreita, sendo que as compensações eram constantes,
realidade que pode ser facilmente verificada por meio dos controles de jornada
anexo.

Pela improcedência.

DAS HORAS EXTRAS PELO INTERVALO INTRAJORNADA

Conforme informado anteriormente, a


Reclamante sempre gozou 1 hora diária de intervalo intrajornada.

Em relação à pretensão de recebimento de


uma hora extra ou quaisquer minutos a mais que os devidos por dia em razão
do intervalo não merecem prosperar, uma vez que a Reclamante sempre gozou
dos descansos previstos na nossa legislação, consoante jornada de labor de
cada período e prevista para cada escala.

Cabe ainda ressaltar a primorosa mudança


dos preceitos na concessão de eventual pagamento do intervalo intrajornada,
eis que devido apenas e tão somente a diferença do período suprido:
Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja
duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a
concessão de um intervalo para repouso ou
alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma)
hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo
em contrário, não poderá exceder de 2 (duas)
horas.
§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o
trabalho, será, entretanto, obrigatório um
intervalo de 15 (quinze) minutos quando a
duração ultrapassar 4 (quatro) horas.
§ 4º. A não concessão ou a concessão parcial do
intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
alimentação, a empregados urbanos e rurais,
implica o pagamento, de natureza indenizatória,
apenas do período suprimido, com acréscimo de
50% (cinquenta por cento) sobre o valor da
remuneração da hora normal de trabalho.

Outrossim, o labor extraordinário de forma


esporádica, não possui o condão de descaracterizar os horários de repouso e
alimentação, e nem tampouco confere a Reclamante o direito à remuneração
prevista no art. 71, parágrafo 1º, da CLT.

A Reclamada cumpre integralmente a legislação


que determina a implantação de Relógio DIMEP, fornecendo registro de horário
individual a todos os seus empregados, documento este que deveria ter sido
juntado pela Reclamante, juntamente com a exordial, comprovando
efetivamente o horário por ela laborado.

Desta forma, cabe tão somente a apresentação


dos documentos fornecidos pela empresa e a confrontação com os
comprovantes de pagamento, já que é fornecido a Reclamante o comprovante de
relógio de ponto – Dimep, o que lhe proporcionava o controle de seu horário de
trabalho e do intervalo, inclusive, prova que precluiu.

Por essa razão, inexistindo qualquer supressão


do intervalo intrajornada, espera seja o pedido de pagamento do período do
horário suprimido, julgado improcedente.
Em face do exposto, não há amparo legal e
jurídico para legitimar a pretensão da obreira.

Pela improcedência.
VALE REFEIÇÃO

Requer a Reclamante a condenação em


pagamento de Refeição Comercial, no importe de R$ 45,00, ou, alternativamente,
no importe de 32,00.

Primeiro, temos que ressaltar que a convenção


correta é a Sincovaga de forma que qualquer pedido embasado em convenção
diversa deve ser de plano rechaçado.

Outrossim, a Reclamada fornece refeição


comercial à todos os seus colaboradores, em refeitório próprio dentro da unidade,
de forma que não há que se falar em indenização da refeição.

Pela improcedência.

MULTA CCT

A Reclamante pleiteia o pagamento de multa


normativa por descumprimento de cláusulas previstas na Convenção Coletiva da
categoria.

Com relação ao suposto descumprimento das


cláusulas que versam sobre a Jornada de Trabalho, importante frisar que como
fartamente combatido, não há que se falar em Horas Extraordinárias.

Ademais, conforme se infere dos cartões de


ponto e holerites anexos, nas raras oportunidades em que a Reclamante
extrapolou sua jornada contratual de trabalho, recebeu os valores
correspondentes de maneira correta.

Com relação à clausula que trata da refeição


comercial, como demonstrado, a Reclamante sempre gozou de refeição fornecida
pela Reclamada em refeitório próprio, não havendo que se falar em indenização
da Refeição.

Além disso, não há que se falar em


cumulatividade da multa.

Deste modo, requer a improcedência do pedido.

DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL

Na vã explanação, alega a parte Reclamante, em


síntese, fazer jus à indenização a título de dano moral, sob alegação de que foi
humilhada e perseguida pelas Sra. Débora.

Ora Excelência, tais rogativas além de


inoportunas, beiram a má-fé, posto que jamais houveram as situações descritas,
como deseja fazer crer a Reclamante.

Tais aduções são completamente infundadas,


razão pela qual restam todas as alegações absolutamente impugnadas neste
mister!

No que concerne às humilhações e perseguição


sofridas pelas Sra. Débora, impugna-se.

Jamais foi chamado de “burra ou


incompetente”.

Jamais a Reclamada permitiria tamanho


desrespeito vindo de qualquer um de seus prepostos.

A empresa possui canal de ética para denuncias


de qualquer circunstancia que gere insatisfação dos colaboradores, sendo que
jamais houve qualquer relato vindo da Reclamante.

Como se vê, a narrativa enfadonha da


Reclamante acerca dos motivos ensejadores de indenização por danos morais
sequer merece atenção, porquanto são completamente infundados e desprovidos
de veracidade, não podendo prevalecer, posto que a Reclamada não praticou
qualquer ato que desse ensejo a nenhum dano moral, beirando a má-fé. Vejamos.

Desta forma, impugna a reclamada às alegações


da Reclamante, pois desprovidas de veracidade.

A Reclamada é uma empresa séria, a qual zela


pelo bem estar de seus colaboradores, não sendo tolerado, pois, qualquer
conduta abusiva por parte de qualquer um de seus prepostos.

É certo que a Reclamante não sofreu nenhum


constrangimento à sua honra ou moral, que ensejasse ingressar com a presente
demanda judicial. A Reclamante apenas tenta dar alguma dramaticidade aos fatos
narrados e, assim, sustentar sua aventura jurídica.

A Reclamante jamais foi insultada ou ofendida


com palavras de cunho depreciativo, também nunca foi excessivamente cobrada
por resultados.

Insta pontuar que o cumprimento de metas é


demasiadamente favorável à própria Reclamante, que auferia prêmios por isso,
como uma forma de incentivo, não havendo que se falar em perseguição.

O dano moral exige prova cabal e convincente


da violação à imagem, a honra ou moral da vítima.

Assim, não merece prosperar a assertiva da


Reclamante, pois, que para haver a configuração de dano moral, é preciso dano e
nexo de causalidade.

Ao contrário do que pretende fazer crer a


Reclamante, a Reclamada não praticou qualquer conduta ofensiva a sua honra
objetiva ou subjetiva, tendo-a tratado sempre com dignidade e respeito.

Ademais, cumpre ressaltar que todos os


colaboradores têm livre acesso ao RH da empresa.

Ressalta-se ainda, que a Reclamada só teve


conhecimento de tais alegações quando da notificação da presente reclamatória,
não tendo anteriormente conhecimento dos fatos narrados, sendo certo que se
de fato tais humilhações e ofensas houvessem ocorrido, por certo a Reclamada
teria tido imediato conhecimento, uma vez que no departamento existem diversas
equipes laborando em baias com diversos outros coordenadores e supervisores.

Ademais, prova das alegações incumbe a


Reclamante. Não há como a Reclamada se defender de circunstâncias que jamais
ocorreram dentro do interior da empresa, sendo mais uma alegação fundada ao
insucesso. Vejamos.

Impende repisar que não existe prova de que a


Reclamante tenha tido sua moral abalada ou que ainda, a Reclamada tenha
concorrido para o evento danoso, o que se admite apenas para argumentar.

De acordo com o artigo 186 do Código Civil


quatro são os pressupostos da responsabilidade civil, quais sejam: ação ou
omissão, culpa ou dolo, relação de causalidade e o dano experimentado pela
vítima. Entretanto, nada provou ou comprovou a Reclamante, neste sentido.

Isto posto, ausente a conduta, elemento


necessário para a caracterização do direito à indenização, desnecessário perquirir
a existência de dano e de nexo de causalidade entre eles, o que impõe a
improcedência da demanda, neste particular.

No mais, verifica-se que a reclamante não


demonstra em momento algum ter sofrido qualquer sequela à sua moral,
imagem, honra, vida privada, por ações da Reclamada, requisito este
indispensável para o deferimento do pleito de indenização por danos morais.

Ou seja, não basta alegar a ocorrência de dano


moral para configurar a responsabilidade pelo mesmo, deve também haver a
prova incontestável de que o comportamento, supostamente reprovável do
agente causador, contribuiu de alguma forma para a sua caracterização, o que não
ocorreu no caso em tela.

A Reclamante não comprovou ter sido vítima de


exposição pública vexatória, quer à sua honra, quer à sua imagem.
Apenas por amor ao debate, convém lembrar
que os mais triviais aborrecimentos não podem justificar indenização por dano
moral, para que não haja enriquecimento sem causa, o que é vedado pelo
ordenamento pátrio.

Frise-se ainda que nos termos do artigo 818 da


Consolidação das Leis do Trabalho, compete ao Autor comprovar o suposto dano
sofrido, ônus do qual, não se desincumbiu satisfatoriamente.

Neste sentido, segue julgado do E. TRT da 4ª


Região:

“DANO MORAL. ATO ILÍCITO. ÔNUS DA PROVA.


Incumbe ao autor o ônus de comprovar a prática
do ato ilícito, por se tratar de fato constitutivo
de seu direito, na medida em que consiste em
requisito para configuração da responsabilidade
de reparação do dano moral. (...). RO
11730720115040012; RS 0001173-
07.2011.5.04.0012; Relator(a): JOÃO BATISTA DE
MATOS DANDA; Julgamento: 23/08/2012; Órgão
Julgador: 12ª Vara do Trabalho de Porto Alegre.”

Portanto, ausentes tais preceitos, impugna as


alegações de aviltamento à honra da Reclamante.

Desta feita não há que se falar em indenização


por danos morais.

Pela improcedência.

DO QUANTUM DEBEATUR PELO DANO MORAL

Na remota hipótese de ser comprovada


eventual conduta da Reclamada capaz de configurar o dano moral, o que não se
admite apenas por amor ao debate, é de se observar a nítida a pretensão de
enriquecimento ilícito da autora.
A quantia arbitrada não pode se constituir em
ganho fácil, despropositado, desarrazoado, já que deve ter certo parâmetro, certa
proporcionalidade.

Esse arbitramento, conforme Maria Helena Diniz


deve-se pautar em dois critérios: um de ordem subjetiva, pelo qual o juiz deverá
examinar a posição social ou política do ofendido e do ofensor, a intensidade do
animus leadere (ânimo de ofender) determinado pela culpa ou dolo; e outro de
ordem objetiva, como a situação econômica do ofensor e do ofendido, o risco
criado com a ação ou omissão, a gravidade e a repercussão da ofensa.

"Na avaliação do dano moral o órgão judicante


deverá estabelecer uma reparação equitativa,
baseada na culpa do agente, na extensão do
prejuízo causado e na capacidade econômica do
responsável." (in DINIZ, Maria Helena. Curso de
Direito Civil brasileiro. Vol. 7, pg. 93. 17ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2003).

Ao fixar o quanto a indenizar imperiosa que


sejam consideradas as máximas da experiência, tendo por parâmetro o homem
médio, porque em se tratando de dano moral a mesma ação ou omissão pode
atingir de forma diversa cada pessoa.

Deve-se ponderar o teor de cada bem jurídico


tutelado, pois a morte provocada de alguém querido, a honra, o bem-estar, a
liberdade, o sossego etc. têm pesos diferentes. Para isso, importante se faz o
estudo dos reflexos pessoais e sociais, a possibilidade de reparação (material e
psicológica) e a possibilidade de superação do desconforto, a duração dos efeitos.

Importante critério a ser observado na


reparação do dano é a situação econômica, política e social dos envolvidos, vítima
e ofensor. Porém, não deve a compensação do dano moral aumentar
vultuosamente o patrimônio do ofendido – e, consequentemente, diminuir
bruscamente o patrimônio do ofensor, sob o risco de se incorrer em
enriquecimento sem causa. É até contrário aos ditames morais enriquecer à custa
de um sofrimento, de uma dor, de uma perda.
Dessa maneira, a quantificação da compensação
pelo dano moral deverá ser obtida com justeza, moderação, razoabilidade e bom
senso, na proporção da culpa, da gravidade da ofensa e das particularidades do
caso sub judice, conforme estabelecido no art. 944 do Código Civil.

DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS

Impugna a Reclamada eventual expedição de


ofícios aos órgãos competentes, pois inexistentes quaisquer irregularidades nas
suas relações com a Reclamante.

Ademais, esta Especializada é órgão julgador,


não fiscalizador bem como, e apenas “ad argumentandum” eventual infração à
legislação trabalhista por até equivocada interpretação ou omissão passível de
integral suprimento por decisão judicial não ensejam expedição de ofícios a
autoridades administrativas, para o fim de aplicação de sanções cabíveis.

DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAS

Os honorários constituem direito do advogado e


têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da
legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência
parcial.

Igualmente, considerando o quanto alegado em


Contestação, e em consonância com a prova documental e testemunhal que será
oportunamente apresentada, roga a Reclamada pelo pagamento dos honorários
sucumbências a ser liquidado pela parte vencida, nos exatos termos da lei Lei
13.467/2017 que sobrepôs o artigo 791-A a Consolidação das Leis do Trabalho:

Art. 791 - Ao advogado, ainda que atue em


causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze
por cento) sobre o valor que resultar da
liquidação da sentença, do proveito econômico
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre
o valor atualizado da causa.
§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita,
desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar
a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de
exigibilidade e somente poderão ser executadas
se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em
julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de
insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se,
passado esse prazo, tais obrigações do
beneficiário.

Assim, requer o arbitramento dos honorários


sucumbênciais devidos pela parte perdedora ao advogado da parte vencedora.

DA JUSTIÇA GRATUITA

A Reclamante não é merecedora da Justiça


Gratuita, uma vez que não comprova efetivamente o estado de miserabilidade
alegado na inicial, devendo suportar as custas do processo, inclusive no que tange
aos honorários periciais.

Ademais, é de se ver que a Reclamante não


preencheu os requisitos das leis que regulam a concessão do benefício da Justiça
Gratuita (1.060/50 e 5.584/70), não juntando atestado do Ministério do Trabalho
e da Previdência Social ou declaração da autoridade policial da circunscrição na
qual situe-se sua residência (§ 2º e 3º, do art. 14, da Lei nº 5.584/70), de maneira
a provar sua situação econômica.

Finalmente, não obstante encontra-se


empregado, a Reclamante não se encontra assistida por advogado do sindicato da
categoria a que pertence, ao contrário, contratou advogado particular para o
patrocínio da presente demanda, demonstrando com isso sua capacidade
financeira para suportar os custos da presente ação.

“TRT2 – 006611 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA –


GRATUITA. JUSTIÇA DO TRABALHO.
INDISPENSABILIDADE DA ASSISTÊNCIA SINDICAL.
A representatividade processual pelo sindicato
da categoria profissional é delimitadora da
possibilidade de concessão da benesse insculpida
na Lei nº 1.060/50, no âmbito do Judiciário
Trabalhista. Exegese da regra do artigo 5º, LXXIV,
da Constituição Federal, que prevê a assistência
jurídica integral, pelo Estado, àqueles aptos a
usufruir dos benefícios da gratuidade da justiça,
e do disposto no artigo 14 da Lei nº 5.584/70. Ao
exercer livremente a opção de contratar
advogado particular, despe-se, o necessitado, da
prerrogativa que lhe garante a legislação
comentada, não podendo mais valer-se desta
condição, ainda que eventualmente forneça
declaração comprobatória de fragilidade
econômica. Decisão: por unanimidade de votos,
rejeitar a preliminar argüida em contraminuta;
por maioria de votos, vencido o Sr. Juiz Luiz
Carlos Gomes Godoi, negar provimento ao
agravo. (Agravo de Instrumento nº 44062 (Ac.
20030045392), 2ª Turma do TRT da 2ª Região,
Relª. Mariângela de Campos Argento Muraro. j.
06.02.2003, DOE 25.02.2003)”.

Frise-se, pois, que o ônus probatório compete a


quem faz as alegações, nos termos do artigo 818 do Texto Consolidado, bem
como do inciso I do artigo 333, do Código de Processo Civil, a ser usado de forma
subsidiária por esta Justiça Especializada.

Desta forma, o pedido deve ser julgado


improcedente e, ao contrário do que pleiteia a Reclamante, é ele quem deve arcar
com o ônus das custas processuais, inclusive, no concernente ao pagamento de
honorários periciais prévios.

DOS RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

A Reclamada honrou com todas as obrigações


trabalhistas e fiscais, desde o contrato de trabalho firmado com a Reclamante, em
nenhum momento deixou de recolher as devidas verbas e fazer os devidos
abatimentos previdenciários e fiscais.

Cabe ressaltar que os recolhimentos


previdenciários e fiscais decorrem de imperativo legal, sendo correto afirmar que
os preceitos de ordem pública suplantam os interesses dos particulares.

Existem leis prevendo expressamente as


retenções previdenciárias e fiscais de responsabilidade tanto do empregado
quanto do empregador. Dessa maneira, a legislação pertinente ao recolhimento
previdenciário previsto nos artigos 43 e 44, da Lei nº 8.212/91, com a nova
redação dada pela Lei nº 8.620/93, donde se depreende, claramente, ser do autor
a responsabilidade por aludido recolhimento.

No que concerne ao Imposto de Renda, a


transferência da responsabilidade viola os artigos 46 da Lei nº 8.541/92, 45 do
Código Tributário Nacional, 12 da Lei nº 7.713/88.

Como se sabe, a retenção do Imposto de Renda


na fonte decorre do aludido artigo 46 da Lei nº 8.541 de 23.11.92, que consagra o
regime de caixa, evidenciado, inclusive, no Provimento nº 01/96 da Corregedoria
do Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

O artigo 45 do CTN, por sua vez, estabelece que


a lei possa atribuir à fonte pagadora da renda a condição de responsável pela
retenção e pagamento do imposto, que é o que faz a Lei nº 8.541/92.

O desconto do imposto de renda, nos termos do


aludido artigo 46 da Lei nº 8.541/92, incide sobre os rendimentos do trabalho
assalariado pagos em cumprimento da decisão judicial.

Logo, o fato gerador surge no ato do pagamento


ou, como explicita a Lei, “no momento em que, por qualquer forma, o rendimento
se torne disponível para o beneficiário”.

Desta forma, resta claro a impossibilidade de


transferência das referidas obrigações fiscais e tributárias como requer a
Reclamante, sendo certo que cada contribuinte deve se responsabilizar pela sua
quota parte, nos termos da legislação vigente, sendo a improcedência medida que
se impõe.
Desse modo, não se faz necessário a expedição
de ofícios ao Ministério do Trabalho, à DRT e a Receita Federal, sendo que o
contrato de trabalho fora formalizado de acordo com a Consolidação das Leis do
Trabalho e com todas as normas extravagantes pertinentes à área trabalhista,
previdenciária e de Segurança do Trabalho.

Ademais, em relação aos encargos fiscais e


previdenciários, em eventual condenação, requer que os valores sejam
descontados nos termos dos Provimentos 01/93 e 01/96 da Corregedoria Geral da
Justiça do Trabalho – TST; os juros de mora e correção monetária nos moldes da
Lei 8.177/91, artigo 39, combinado com o artigo 459, parágrafo único, da CLT, e
do Decreto – Lei nº75/66; retenção na fonte das parcelas devidas pelo empregado
ao INSS e IR, calculadas sobre o valor bruto da condenação, para o recolhimento
ao órgão competente, a teor do disposto nas Leis 8.620/93 e 8541/92, Súmulas
368 e 381, do C. TST.

DA COMPENSAÇÃO – AD CAUTELAM

Como medida de extrema cautela, invoca a


Reclamada em seu favor, a teor do contido no artigo 767 da Consolidação das Leis
do Trabalho c/c o disposto na Súmula n.º 48 do Colendo Tribunal Superior do
Trabalho, o instituto da Compensação (art. 368 e seguintes do Código Civil),
requerendo que esse MM. Juízo se digne determinar a compensação de todos os
valores já pagos aa Reclamante sob o mesmo título, caso seja deferida qualquer
verba ao mesmo, a fim de se evitar a configuração inadmissível do
enriquecimento ilícito.

LIMITAÇÃO DE CONDENAÇÃO

Caso sejam deferidas quaisquer verbas aa


Reclamante, o que se admite apenas por amor à causa, tais condenações devem
ficar restritas ao quantum declinado em exordial, sob pena de ser efetuado
julgamento extra petita, nesta lide.

DO PEDIDO
Requer sejam todos os pedidos formulados pela
Reclamante JULGADOS TOTALMENTE IMPROCEDENTES, de forma a condená-la no
pagamento das custas e demais despesas processuais cabíveis, tudo nos termos
da fundamentação.

Caso alguma verba seja deferida a Reclamante,


o que se admite apenas por amor à causa, pede-se a aplicação da compensação
de verbas já pagas sob o mesmo título, devendo os valores serem apurados em
liquidação da sentença.

Protesta provar o alegado por todos os meios de


prova em direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal da
Reclamante (Súmula 74, do C. TST), juntada de documentos, oitiva de
testemunhas e perícias.

Por fim, requer que todas as publicações do


presente feito sejam realizadas em nome do advogado Dr. Igor Henry Bicudo,
OAB/SP 222.546, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo,31 de janeiro de 2024.

IGOR HENRY BICUDO


OAB/SP Nº 222.546

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