Você está na página 1de 10

EXMO.

SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 4º JUIZADO CIVEL DA


COMARCA DE CUIABÁ –MT.

PROCESSO Nº 100386528.2023.8.11.0001
REQUERENTE: YAMORE CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO.
REQUERIDO: JOEL DAS NEVES CONCEICAO

JOEL DAS NEVES CONCEIÇÃO, brasileiro, casado, autônomo,


portador da Cédula Identidade RG nº 11155671 SSP - MT, CPF 804.750.271-
91, residente e domiciliado na rua 17, n°05, quadra 33, bairro Residencial
Salvador C. Marques, Cuiabá – MT, nos autos do processo em epígrafe, que
move contra AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO por
intermédio de seu advogado legalmente constituído, com escritório profissional
situado na Avenida V-2, nº 1921, sala 02, quadra 10, bairro Nova Esperança,
CEP 7808-563, Cuiabá-MT, onde recebe notificações e intimações, atendendo
aos termos do art. 42 § 2º da Lei 9.099/95, apresentar:

CONTRARRAZÕES DO RECURSO INOMINADO

interposto pela Recorrida, requerendo se digne V. Exª receber e fazer


subir à superior instância, para reapreciação da matéria, aduzindo razões
fático-jurídicas das quais o teor as faz em apartado, que se fazem necessárias
pelo não provimento do presente recurso Inominado interposto.

Nestes Termos,
Pede deferimento.
Cuiabá - MT, 16/06/2023.
Diego Knopp Fonseca
OAB/MT nº 16997
EGRÉGIATURMA RECURSAL

CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO

PROCESSO Nº 100386528.2023.8.11.0001
REQUERENTE: AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
REQUERIDO: JOEL DAS NEVES CONCEICAO

Colenda turma,
Ínclitos Julgadores,

A sentença proferida no juízo a quo deve ser mantida, pois a matéria foi
examinada em sintonia com as provas constantes dos autos e fundamentada
com as normas legais aplicáveis.

1- DA TEMPESTIVIDADE
De acordo com o disposto no art. 42, § 2º, da Lei nº 9.099/95, as
Contrarrazões ao Recurso Inominado deverá ser respondido no prazo de 10
dias a contar da intimação do recorrido. Assim sendo, considerando que o
Recorrido ainda não foi intimado para responder o recurso da ré, verifica-se
que as contrarrazões são tempestivas.

2- RESUMO DOS FATOS:

O Recorrido propôs a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, em
face da Recorrente pelo motivo da negativação indevida de seu CPF no
SERASA, face um contrato, nº 00000020035069457000.
Com a defesa a parte recorrida ficara sabendo que se tratava de um
financiamento de veículo e que a recorrente negativou o CPF do recorrido por
falta de pagamento das prestações de tal financiamento.
Na impugnação e em manifestações a parte recorrida provou que estava
em dias com as prestações do financiamento formalizado pelo contrato nº
00000020035069457000 e que não existia nenhum motivo da recorrente
negativar o CPF do recorrido.
A sentença veio procedente aos apelos formulados pelo recorrido,
atribuindo o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil) reias de danos morais, senão
vejamos:

(…)

“No mérito, a alegação da parte autora versa sobre


inclusão indevida de seu nome nos órgãos de proteção ao
crédito, argumentando desconhecer qualquer dívida com a
reclamada, sustentando que as parcelas do financiamento estão
quitadas.

Conforme histórico de pagamento juntado na


contestação (id 112900258) a parcela que originou a negativação,
com vencimento em setembro/2022 está quitada.

De análise detida aos autos verifico que a Reclamada não


logrou êxito em comprovar suas alegações, sendo assim,
comprovado o pagamento da parcela ora questionada não há se
falar em inadimplência do Reclamante.

Portanto, resta evidente que há, nestes casos, falha na


prestação do serviço, pois não é admissível que a empresa não
zele pela qualidade do serviço fornecido ao consumidor. Assim,
assumem o risco da atividade que desempenham o que torna
desnecessário discutir possível omissão ou culpa uma vez que
se trata de relação consumerista

A parte recorrente inconformada ingressou com recurso


inominado com o intuito de descaracterizar o dano moral.

(…)
Dispositivo.
Posto isso, com fundamento no art. 487, inciso I, do CPC, JULGO
PROCEDENTES os pedidos formulados por JOEL DAS NEVES
CONCEICAO em face de AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO S.A, para:
1) Confirmar a liminar do id. 108597135, para exclusão do some do
Reclamante da Serasa referente ao débito no valor de 25.123,28 (vinte e
cinco mil, cento e vinte e três reais e vinte e oito centavos) com data de
inclusão no dia 17/outubro/2022.
2) CONDENAR a Reclamada ao pagamento de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais) a título de danos morais, corrigida monetariamente pelo (IGP-M), a
partir da prolação desta sentença (Súmula 362, STJ) bem como, acrescidos
de juros simples de 1% ao mês, contados a partir da citação.

Após a brilhante sentença, a parte recorrente


opôs embargos de declaração com o intuito de ver
sanada a obscuridade, omissão ou contradição,
entretanto, restou negado o seu apelo.
Insatisfeita a recorrente opôs o recurso inominado com o fito de ver
reformada a brilhante sentença, com alegações de que o recorrido realizou
contrato de financiamento junto com a recorrente, sendo assim, devida a
inclusão do CPF do autor junto aos órgão de proteção de crédito.
A recorrida tenta no presente recurso provar um vinculo contractual,
porém, em impugnação e manifestações a parte recorrida reconhece o
presente contrato, porém desconhece os motivos da restrição, haja vista que
está em dias com as parcelas do financiamento sob contrato de nº
00000020035069457000.
Desta forma, o que se vê com o presente recurso é apenas um
inconformismo com a decisão, pois, está provado nos autos que a
recorrente não logrou êxito em provar os motivos da restrição indevida.
Ditto isto, não restará dúvidas à este juízo de segunda instância que a
decisão do juízo a quo fora justa e equânime, uma vez que pode-se perceber
que houve a correta apreciação das questões de fato e de direito.

3- DO MÉRITO
Merece ser mantida em todos os seus termos a respeitável sentença
uma vez que o recorrente ofendeu norma preexistente; causou dano ao
recorrido; e assim existindo o nexo de casualidade entre um e outro como
poderá observa a seguir.

3.1 DA INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS – RESTRIÇÃO


CADASTRADA DE MANEIRA LEGITMA – CONTRATO DEVIDAMENTE
FORMALIZADO.

Nobre julgador, a reclamada alega que ao recorrido não faz jus a


compensação por danos morais pois entende que não agiu de forma ilícita e
sim que apenas exerceu o seu “direito” de cobrar valores não pagos oriundos
de um contrato sob nº 00000020035069457000, ou seja, alega que tal situação
não passa de mero aborrecimento.
Embora a reclamada alegue a ausência de danos morais, tal argumento
não deve ser acatado a bem do direito e da justiça.
Como bem relatado acima, o recorrido reconheceu o presente contrato,
porém provou nos autos que ESTÁ EM DIAS com todas as prestações
alegadas pela recorrente.
Nota-se ainda que, no teor do recurso da recorrente, há a confissão de
que o contrato está em dias, senão vejamos:
“Neste prisma, não há que se falar em fraude
de contrato, bem como inscrição indevida, pois de
acordo com a tela abaixo, as parcelas estão sendo
pagas em atraso, com juros.Vide página 4 do
recurso da reclamada.
Diferentemente do que se alega a recorrente, o recorrido passou por
grande frustação, fora humilhado na frente de comércio local pois se viu como
“caloteiro”, teve seu crediário negado, como não ficar abalado
psicologicamente? Como não se falar em dano moral.
Veja nobre julgador que se trata de uma única negativação em seu
nome, não é o mau pagador como quer crer a recorrente.
Assim sendo, com base nas provas até agora produzidas nos autos e
pela carência de conteúdo probatório por parte da recorrente, que sequer
demonstrou o atraso das parcelas do financiamento, a figura do dano moral no
exato montante proferido em sentença se mostra valor justo , até mesmo pelo
caráter pedagógico e educativo do instituto, não prejudicando a reclamada,
tendo em vista ser empresa de grande porte possuindo meios para coibir tal
prática.
Ademais Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à
indenização por dano material ou moral decorrente da violação de direitos
fundamentais, tais como a intimidade, a vida privada e a honra das pessoas:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;
Outrossim, o art. 186 e o art. 927, do Código Civil de 2002, assim
estabelecem:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts.
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.”
Também, o Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a
integridade moral dos consumidores:
Art. 6º - São direitos básicos do
consumidor:
VI – a efetiva prevenção e reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos.
Diante do exposto, a Recorrente deveria proceder com informações
claras e precisas, o que não aconteceu, vindo o Recorrido ser surpreendido
com a informação da negativação e cobranças indevidas.
Insta mencionar que a Indenização por dano moral além do caráter
compensatório para aquele que sofreu o dano, possui cunho condenatório e
principalmente PEDAGÓGICO para o causador do ato lesivo.
O Notável Mestre Sérgio Cavalieri Filho, em sua Obra Programa de
Reponsabilidade Civil A Editora Malheiros, explana sobre a fixação do dano
moral:
"Tenho entendido que, na solução dessa
questão, cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica
do razoável, em busca da concepção ético-
jurídica dominante na sociedade. Deve tomar por
paradigma o cidadão que se coloca a igual
distância do homem frio, insensível, e o homem
de extremada sensibilidade."
"Em conclusão, não há valores fixos, nem
tabelas preestabelecidas, para o arbitramento do
dano moral. Essa tarefa cabe ao juiz no exame de
cada caso concretos atendendo para os
princípios aqui enunciados e% principalmente,
para o seu bom senso pratico e a justa medida
das coisas."
Neste quadrante, o Ilustre Arnaldo Mannitt, em sua Obra Perdas e
Danos, Editora Aide —1' Edição (páginas 108 e 109) salienta que:
"Para Yussef Said Cahali, o dano moral é
indenizável claro e definitivamente, tanto quanto
o dano patrimonial. Dizer-se que repugna à moral
reparar-se a dor alheia com o dinheiro, é
deslocar a questão, pois não se está
pretendendo vender um bem moral, mas
simplesmente se está sustentando que esse bem
como todos os outros deve ser respeitado.
Quando a vítima reclama a reparação pecuniária
do dano moral não pede um preço para a sua
dor, mas apenas que se lhe outorgue um meio de
atenuar em parte as conseqüências da lesão
jurídica. Por outro lado, mais imoral seria ainda
proclamar-se a total Indenidade do causador do
dano."
Sobre o assunto, transcrevemos as palavras de Luis Cláudio Silva:
‘`... É fundamental que os paradigmas, a
serem burilados pelos tribunais, observem a
dimensão coletiva das relações de consumo.
Nesse labor, a análise da conduta do réu terá
importância crucial, mais até do que a própria
repercussão da ofensa na esfera subjetiva do
consumidor (...). Ao apreciar pedido de
indenização por danos morais, no território das
relações de consumo, o magistrado deve pensar
não só no caso concreto, mas também nos
efeitos que a decisão produzirá em um raio muito
maior (...). Mesmo que o dano moral
propriamente dito não tenha sido tão saliente
sob o aspecto subjetivo, o fornecedor muitas
vezes merecerá indenização rigorosa, para que
restem desestimuladas lesões idênticas contra
um número indeterminado de vitimas."
Nas palavras do Professor Arnoldo Wald, in Curso de Direito Civil
Brasileiro, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989, p. 407:
“Dano é a lesão sofrida por uma pessoa no
seu patrimônio ou na sua integridade física,
constituindo, pois uma lesão causada a um bem
jurídico, que pode ser material ou imaterial. O
dano moral é causado a alguém num dos seus
direitos de personalidade, sendo possível à a
cumulação da responsabilidade pelo dano
material e pelo dano moral”. (grifo nosso)
O dano foi causado pela conduta da Recorrente, causa única e exclusiva
do abalo moral experimentado pelo Recorrido, que possui direito líquido e certo
quanto aos danos morais.
Dessa sorte não restam dúvidas que a situação em tela gera transtornos
ao Recorrido que ultrapassam o mero aborrecimento, quando não há boa fé
por parte da Recorrente (art. 4º da lei 8.078/90) devendo ser aplicado o
disposto no art. 6º, VI, do CDC, que prevê como direito básico do consumidor,
a prevenção e a efetiva reparação pelos danos morais sofridos, desse modo,
basta apenas a existência do dano e do nexo causal.
Art. 6º São direitos básicos do
consumidor:
IV – a proteção contra a publicidade
enganosa e abusiva, métodos comerciais
coercitivos e desleais, bem como contra práticas
e cláusulas abusivas ou impostas no
fornecimento de produtos e serviços
VI - a efetiva prevenção e reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
O código de Defesa do Consumidor no seu art. 20, protege a integridade
dos consumidores
Art. 20. O fornecedor de serviços responde
pelos vícios de qualidade que os tornem
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o
valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade com as indicações constantes da
oferta ou mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha:
§ 2º São impróprios os serviços que se
mostrem inadequados para os fins que
razoavelmente deles se esperam, bem como
aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.
Neste sentido, estabelece o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor
que:
Art. 14. O fornecedor de serviços
responde, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.
Impossível não reconhecer que ouve dano moral a ser pago, tampouco
merece melhor sorte o recurso da Recorrente.
Portando, requer seja mantida a R. Sentença e condene a
Recorrente ao cumprimento da sentença de piso, haja vista, não há
qualquer dúvida quanto à correção do valor da condenação da mesma, ao
pagamento dos danos morais, já que a indenização não foi fixada em
patamar exagerado.

4- DA CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA EM CASO DE


MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO

A recorrente requer a aplicação da súmula 362 do STJ, afirmando que a


correção e os juros devem incidir a partir do arbitramento da sentença. Ocorre
que, senão vejamos.
EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA -
ABERTURA IRREGULAR DE CADASTROS DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO - DANO MORAL -
ADEQUAÇÃO - REDUÇÃO - CORREÇÃO
MONETÁRIA -SÚMULA 362 DO STJ - JUROS DE
MORA - SÚMULA 54 DO STJ. A abertura irregular de
cadastros de proteção ao crédito enseja uma adequada
reparação pecuniária por dano moral, e como assim restou
arbitrada, não carece de redução. "A correção monetária
do valor da indenização do dano moral incide desde a data
do arbitramento. Os juros moratórios fluem a partir do
evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual." (TJ-MG - AC: 10024142139591001 MG,
Relator: Saldanha da Fonseca, Data de Julgamento:
25/01/0016, Data de Publicação: 04/02/2016)

Posto isto, clamamos a esta corte, que mantenha a brilhante decisão do


juízo a quo, que determinou a aplicação dos juros de mora de 1% a.m., a
partir do evento disponibilização da negativação – 17/10/2022 - e
correção monetária a partir da data do arbitramento da senteça
(súmula 362 do STJ).

DOS PEDIDOS:

Por todo o exposto, requer o Recorrido por seus próprios e justos


fundamentos, quais sejam:

a) A manutenção da R. Sentença na condenação da Requerente no


valor de R$5.000,00 (cinco mil) reais à indenização para reparação dos danos
morais, com as devidos juros e correções monetárias fundamentados em
sentença.
b) a condenação da Requerente em 20% de honorários de
sucumbência, face que na data do Recorrente ao protocolizar tal recurso, já
estava ciente de que não havia nenhuma negativação junto aos cadastros de
“maus pagadores”, violando assim, um dos Princípios mais importantes de
acordo com o Novo CPC, qual seja, o princípio da Boa-fé.
c) Aplicação de multa de 1% sobre o valor da ação para a
recorrente, nos moldes do artigo 538 CPC, tendo em vista que o presente
recurso vilumbram de caratér protelatório, afinal qual razões dos
presentes recursos sendo fato incontestável o dever de indenizar o
recorrido com base em todo o feito.
JUSTIÇA!
Nestes termos,
P. Deferimento.
Cuiabá – MT 15/06/2023
Diego Knopp Fonseca
OAB/MT nº 16997

Você também pode gostar