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Prefácio Índice

A utilização de produtos químicos no tratamento de plantas, frutos e flores gera


alguma preocupação naqueles que põem mãos à obra e cultivam o seu próprio jar-
dim ou horta. Contudo, haverá alternativa aos produtos químicos? O que fazer se as CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 10
maçãs ganharem bicho, se notar que as suas sementeiras estão a ser devoradas Renunciar aos produtos Atrair os inimigos
por lesmas e se as couves que planta com tanta dedicação cedo ficam infestadas químicos 7 naturais das pragas 129
de lagartas?
CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 11
A agricultura biológica impõe-se mais do que nunca numa altura em que muitas As plantas ornamentais 19 Lutar contra as ervas daninhas 145
pessoas se preocupam não só com a qualidade dos produtos que consomem, como
também com o meio ambiente. Para todos os que dispõem de um terreno onde
CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 12
cultivam frutos e legumes para consumo próprio ou que cuidam do seu próprio
jardim onde gostam de ver crescer plantas e flores sãs, impunha-se um guia prático
O relvado 29 Melhorar o solo 155
que indicasse como é possível fazê-lo sem recorrer a produtos químicos.
CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 13
Ao longo de anos, a associação de consumidores Which? realizou testes e estudos Os legumes 37 Fazer o composto 177
experimentais em hortas e jardins britânicos, e desse trabalho resultou um conhe-
cimento aprofundado de como é possível ter hortas e jardins sãos sem o recurso CAPÍTULO 5 CAPÍTULO 14
a produtos nocivos para o ambiente e para a saúde dos consumidores. Esta edi- Os frutos 55 Alimentar as plantas 189
ção, revista e atualizada com a colaboração da Agrobio – Associação Portuguesa de
Agricultura Biológica, contém muitos conselhos úteis sobre a forma de lutar contra
CAPÍTULO 6 CAPÍTULO 15
as pragas, as doenças e as ervas daninhas, além de explicar como cultivar árvo-
A estufa 71 Comprar plantas sãs 199
res de fruto, flores, legumes, arbustos e plantas de estufa recorrendo à agricultura
biológica. Ensina a atrair os inimigos naturais das pragas e a evitar a utilização
de pesticidas mesmo quando os frutos e os legumes já se encontram atacados. CAPÍTULO 7 CAPÍTULO 16
Lutar contra as doenças 87 Plantas sem problemas 207
As informações simples e úteis que apresentamos neste livro poderão beneficiar
não só a sua horta e o seu jardim, mas todo o meio ambiente. CAPÍTULO 8
As pragas 95 CONTACTOS ÚTEIS 218

CAPÍTULO 9
Insetos amigos e inimigos 119 ÍNDICE REMISSIVO 219
GUIA VERDE DAS HORTAS E DOS JARDINS AS PRAGAS 8
Piolhos-cinzentos das couves

bastante eficaz contra os nemátodos- •  Mantenha o jardim, a horta e o pomar


-da-batata e da cebola e contra um convenientemente limpos. Após a
grande número de doenças. colheita, apanhe os restos de plantas
e queime-os, se contiverem vestígios
•  Estimule os predadores naturais, de doenças ou de pragas. Apanhe e
como os pássaros insetívoros, os ouri- deite fora todos os frutos afetados (por
ços, as rãs e os insetos predadores. Estes exemplo, as peras com lagartas ou as
apresentam um papel muito importante ameixas com vestígios de hoplocampas,
na luta contra as pragas; pode atraí-los que tenham caído prematuramente).
para o seu jardim de várias maneiras: Elimine as ervas daninhas e apanhe
através de comida, abrigos e plantas aro- as folhas caídas, pois podem servir
máticas e/ou melíferas. de alimento e abrigo às pragas.

Se for capaz de aceitar alguns estragos nas plantas, poderá controlar


a maioria das pragas sem ter de recorrer ao uso de pesticidas.
Combater as pragas sem usar
Neste capítulo, explicamos como evitar as pragas e como agir produtos químicos
se as plantas forem atingidas.

Existem muitos insetos suscetíveis de ——escolha variedades mais resisten- Existem várias medidas ao seu alcance material bastante leve, com o qual se
atacar a maioria dos jardins. No entanto, tes: consulte os catálogos de sementes que permitem evitar que as pragas des- podem cobrir os legumes após a semen-
o seu desenvolvimento é travado pelos e de árvores de fruto. truam as plantas. teira e até à colheita. De início, a cober-
inimigos naturais (auxiliares) e pelas tura serve para proteger os legumes da
condições climáticas. No entanto, a jar- geada e acelerar o processo de cresci-
dinagem pode alterar este equilíbrio e Reduzir o número Barreiras mento (tal como acontece com o plás-
abrir caminho às pragas. Para evitar tal de pragas tico perfurado), mas, como deixa passar
situação, mantenha as plantas vigorosas As barreiras físicas, que impedem as pra- a luz e a água, não é necessário retirá-la.
e sãs, ou seja, menos sensíveis às doen- Há várias medidas que podem ser toma- gas de atingir as plantas, são particular- Protege os legumes contra algumas pra-
ças, seguindo os seguintes conselhos: das para reduzir o número de pragas. mente eficazes, mas, para isso, é neces- gas, como pulgões, lagartas-da-couve e
——escolha plantas adaptadas ao solo sário conhecer o seu modo de vida. moscas-da-couve e da cenoura. Também
e ao microclima local; •  No outono, cave a terra, para expor Por exemplo, se souber que a mosca- pode ser utilizada para proteger os
——melhore a estrutura e a fertilidade as pragas hibernantes aos pássaros e à -da-cenoura não voa muito alto quando arbustos frutíferos, as árvores de fruto
do solo, assim como a respetiva capaci- geada. Esta medida é útil, sobretudo, procura as raízes para nelas depositar os em latadas e as sementeiras de flores
dade de retenção de água, enterrando para eliminar as roscas, as lesmas, as ovos, concluirá que basta colocar uma nas alturas em que se encontram mais
matérias orgânicas. Começando a cres- larvas de alfinete e a mosca-da-cenoura. cerca com 45-80 centímetros de altura fragilizados (ou seja, quando os botões
cer bem, as plantas resistem melhor em volta do canteiro das cenouras para ou frutos estão em formação ou quando
às pragas; •  Colha os legumes-raiz o mais cedo evitar este inseto. Analisemos alguns começam a nascer as primeiras folhas).
——cultive as plantas mais frágeis em possível, para evitar estragos nas raízes tipos de barreiras.
vasos abrigados. As alfaces, as cou- (provocados, por exemplo, pela mosca- Garrafas de plástico
ves, o milho-doce e as flores anuais, -da-cenoura ou pelas lesmas). Cobertura de rede fibrosa As garrafas de plástico cortadas são
por exemplo, resistem melhor às pra- ou manta térmica bastante eficazes contra as lesmas
gas se forem transplantadas, em vez •  Faça rotação de culturas (veja as Este tipo de cobertura é constituído por (veja a página 102) e protegem as semen-
de semeadas no local; páginas 39 e seguintes). Este método é fibras sintéticas tecidas. Trata-se de um teiras das roscas. A parte de cima de

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Utilize partes de garrafas Cola Faixas de cola
Semear a confusão de plástico com, pelo menos, Uma faixa de cola especial em volta do podem impedir as
10 cm de altura, para afastar lagartas de subir às
tronco das árvores de fruto ou outras
Alguns dizem que é possível afastar os as lesmas árvores de fruto
(a mais ou menos 1,2 m do solo) impe-
pulgões dos legumes jovens, colocando
de as traças-de-inverno (Operophtera
uma folha de alumínio entre as filas.
Assim, os insetos só verão um reflexo brumata) fêmeas (sem asas) de trepar às
de céu, ficarão confusos e não pousa- árvores e de aí porem os ovos. Como estas
rão. Não se sabe se este método é real- saem de casulos instalados no solo no
mente eficaz, mas não deixa de ser uma outono ou na primavera, coloque a faixa
boa ideia para os que desejem fazer de cola no mês de outubro. Esta proteção
novas experiências. também pode ser utilizada contra outras
pragas que não tenham asas, como, por predadores (veja a partir da página 131),
exemplo, as formigas, que protegem os a luta será muito facilitada.
Barreiras com 45-80 cm de altura, feitas de
pulgões (veja a caixa da página 104). Para
rede mosquiteira, podem evitar os estragos
uma garrafa também pode servir de causados pela mosca-da-cenoura lutar contra as álticas que atacam os goi-
miniestufa para uma pequena planta, vos ou as jovens plantas de couve, pode Eliminação manual
ao mesmo tempo que a protege contra utilizar-se uma tábua com cola, que se
as pragas que vivem no solo. agita perto das plantas e onde, ao saltar, Apesar de não parecer uma ideia muito
as álticas ficarão presas. agradável, os pulgões podem ser elimi-
Película plástica nados passando a mão, simplesmente,
Uma película plástica ou uma rede mos- pelas folhas e pelos rebentos. Tam-
quiteira também podem servir de bar- Consociações bém se podem retirar as cochonilhas
reira contra os insetos que voam baixo com a ajuda da unha do polegar. Resu-
(como a mosca-da-cenoura, por exem- Ouvem-se muitas ideias discutíveis mindo: com um pouco de paciência, e
plo). Além disso, podem ser usadas sobre a capacidade que algumas plan- se a ideia não o repugnar, pode retirar à
cúpulas de plástico e de arame sólido tas teriam de afastar as pragas. Por mão todos os insetos que se desloquem
para proteger as plantas de maiores exemplo, diz-se que as chagas, quando lentamente.
dimensões, como as plantas herbáceas Pedaços de tapete para cobertura do solo, enroladas nas macieiras, afastam os
vivazes, no momento em que nascem os colocados à volta das plantas de couve, impedem pulgões-lanígeros; e que plantar cebo-
que a mosca-da-couve deposite os ovos
novos rebentos, na primavera. las perto das cenouras repele a mosca-
-da-cenoura. Algumas destas consocia-
Tapete para cobertura do solo ções (associações de culturas) podem
Cortado em quadrados de 15 por 15 cen- ter parecido eficazes, por terem sido
tímetros e colocado na base das plantas, realizadas numa altura em que as pra-
As pragas
protege as couves das moscas-da-couve, gas estavam inativas ou quase. Mas esta maiores podem
que põem ovos nos pés das plantas. suposta eficácia não se verificou durante ser eliminadas
Também favorece as carochas, que gos- testes controlados. à mão
tam de se abrigar debaixo dos materiais As culturas consociadas têm, no
colocados sobre o terreno e que se ali- entanto, algumas vantagens. Na rea-
mentam de outras pragas do solo. lidade, cultivando toda uma série de Armadilhas
plantas misturadas e evitando as filas Diversas armadilhas (por exemplo, usar
Cartão ondulado separadas, complica-se o trabalho das cascas de laranja contra as lesmas) são
Colocar cartão ondulado em volta das pragas e retarda-se a sua passagem pouco eficazes, porque têm um impacto
macieiras, no final do verão, serve para capturadas e queimadas, para evitar de planta em planta. Além disso, se muito limitado.
atrair as lagartas de bichado-da-fruta. que a colheita de maçãs do ano seguinte puder introduzir, nestas combinações No entanto, as armadilhas de aroma
Assim, estas podem ser facilmente seja infestada pelo bichado. de culturas, flores que atraiam insetos contra o bichado-da-fruta são bastante

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eficazes. Utiliza-se uma imitação sinté- Em maio, pendure armadilhas para o bichado inferior, que é amarelo-clara ou cor de Arion hortensis
tica da substância odorífera utilizada nas pereiras e nas macieiras laranja. Devora toda a espécie de plan-
pelas fêmeas para atrair os machos tas, tanto à superfície como sob o solo,
(feromona). Estes acabam por ficar agar- e constitui uma verdadeira praga para
rados a uma superfície pegajosa, antes as batatas.
de conseguirem acasalar.
Uma boa estratégia: se decidir substi- •  A Arion distinctus tem o mesmo tama-
tuir um relvado por um canteiro de flo- nho, mas é, normalmente, cinzenta com
res ou uma horta, comece por plantar algumas estrias laterais. A cor da parte
batatas nesse terreno. Estas atrairão as inferior é muito semelhante à da espécie
larvas de alfinete e outras pragas que precedente.
costumam atacar os relvados. Passado
um mês, poderá arrancar as plantas da •  A Arion rufus, que pode medir
batata e destruí-las, juntamente com as plantas de jardim, já referimos a 20 centímetros, possui diversas cores:
as pragas. existência de uma bactéria (Bacillus negra, cinzenta, avermelhada, ama-
thuringiensis) cujos esporos, depois rela ou mesmo branca (uma forma de
de misturados com água e pulveriza- albinismo). Quando jovem (medindo
Tratamento biológico dos, matam as lagartas (veja também a 2,5 centímetros, no máximo), tem sem-
página 108). Também pode aplicar o seu pre cor de palha e uns característicos
É possível comprar predadores que o próprio tratamento biológico: por exem- tentáculos negros. Não é muito vulgar e
ajudarão na luta contra as pragas de plo, colocando joaninhas sobre plantas não costuma provocar grandes estragos,
estufa (veja as páginas 79 e 80). Para infestadas de pulgões. apesar de, devido ao seu tamanho, um
exemplar adulto ser capaz de destruir
numerosas plantas.

•  A Deroceras reticulatum é uma espécie


Deroceras reticulatum Arion fascinatus
Combater os caracóis e as lesmas
bastante comum. É mais pequena do
que a precedente (mais ou menos quatro
centímetros) e pode ser esbranquiçada,
castanho-clara ou cinzenta, quase sem- bolbos, os legumes-raiz e os tubérculos
Os caracóis e as lesmas lucram com o determinadas regiões e quase ausen- pre com algumas manchas castanhas. das batatas.
esforço dos jardineiros para criar condi- tes noutras. Vive durante grande parte do tempo à
ções ideais de crescimento e de sobrevi- superfície e danifica as plantas junto ao •  As espécies Cepaea nemoralis e Cepaea
vência. A proteção contra a seca, o gelo •  Regra geral, em Portugal existem solo. Quando a apertamos, liberta uma hortensis têm uma casca com cerca de
e o vento é benéfica para as plantas, mais caracóis do que lesmas e aqueles, substância branca e pegajosa, pare- 2,5 centímetros de diâmetro, muito fácil
mas, infelizmente, também é boa para felizmente, causam menos problemas. cida com giz, que permite reconhecê-la de reconhecer devido às estrias concên-
os gastrópodes. Só algumas espécies provocam danos facilmente. tricas alternadas. No entanto, a Cepaea
realmente graves e o seu campo de ação hortensis pode não ter tais estrias. A cor
restringe-se, quase sempre, aos terrenos •  Os caracóis do tipo Milax vivem, nor- das cascas, com ou sem estrias, é muito
Conheça os inimigos calcários, já que precisam de calcário malmente, debaixo da terra. Reconhe- variada.
para formar a casca. cem-se por possuírem uma crista de
Nem todas as lesmas são inimigas pele ao longo do dorso. Costumam ser
das hortas e dos jardins. Só algumas •  Entre as lesmas, a Arion hortensis, que castanhos ou então negros, e as espé- O que pode fazer
espécies vivem nas proximidades pode medir quatro centímetros, é a que cies de maior porte chegam a medir
e os atacam. Além disso, algumas causa mais estragos. É negro-azulada, sete centímetros. Como vivem debaixo Mesmo que a ação de lesmas e cara-
espécies são muito numerosas em mas reconhece-se, sobretudo, pela parte da terra, danificam, sobretudo, os cóis faça alguns estragos, a maioria

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das plantas mais vigorosas estará fora Barreiras de plástico seriam atraídas pelo cheiro da cer- Outras armadilhas
de perigo. Eis alguns conselhos. Garrafas de plástico cortadas são uma veja e afogar-se-iam. No entanto, um Existem outros métodos, como as meta-
proteção individual bastante eficaz para teste efetuado pela organização de des de cascas de toranja, que não pre-
Trabalhos no jardim as sementes e plantas jovens. Devem ser consumidores já citada mostrou que judicam os insetos úteis, mas também
Apanhe regularmente as folhas mortas cortadas com uma altura de cerca de este método só permite capturar, não permitem capturar uma quanti-
e outros restos de vegetais. Não deixe dez centímetros e enterradas no solo a em média, oito lesmas por semana. dade aceitável de lesmas. Para que se
abandonados pelo jardim vasos ou uma profundidade de 2,5 centímetros. Ora, num jardim médio existem entre notassem melhorias consideráveis seria
pedras, pois são suscetíveis de servir de Podem ser retiradas quando a planta 20 e 30 lesmas por metro quadrado. necessário espalhar metades de cascas
abrigo às lesmas e de lhes proporcionar estiver suficientemente vigorosa. Tenha Mais grave ainda: as armadilhas cujos de toranja por todo o jardim...
sombra durante o dia. cuidado para não deixar nenhuma rebordos ficam ao nível do solo podem
Também pode tentar expor as lesmas, lesma presa dentro da garrafa, quando atrair mais animais úteis do que les- Cobertura do solo
os caracóis e os respetivos ovos à geada a colocar. mas. No teste referido, os copos de com cascas de árvores
ou à seca. Para isso, cave a terra, quando cerveja continham, além de lesmas, Foram efetuados testes que mostraram
houver previsão de geada ou ventos 16 minhocas, quatro aranhas, 34 ara- que este método aumentava os estragos
secos. Ao fazê-lo, também os expõe aos Métodos de luta nhiços e uma centopeia! causados pelas lesmas.
pássaros. pouco eficazes
Remédios tradicionais
As lesmas têm uma pele sensível e não
Em último recurso
Combater os pulgões
gostam nada de determinadas super-
fícies. Por isso, pensou-se que elas
Se a sua horta ou o seu jardim for
talvez se mantivessem afastadas se
infestado por lesmas ou por cara-
cóis, é muito provável que pense na fossem colocados materiais como cin-
possibilidade de utilizar um veneno zas, cascas de ovos pulverizadas, areia Um dos maiores problemas dos pulgões
especial. Se o fizer, lembre-se de grossa ou cal em volta das plantas mais tem que ver com o facto de eles se repro-
que é preferível não utilizar produ- frágeis. E, de facto, isso é verdade, mas duzirem a grande velocidade.
tos que contenham metiocarbe ou o problema é que esses produtos per-
metaldeído, pois também podem dem a sua eficácia logo que começa
matar outros animais dentro da a chover. Que problemas?
cadeia alimentar. Além disso, alguns testes efetuados por
Prefira as armadilhas à base de fos-
uma organização britânica de defesa Quando presentes em grande número,
fato férrico, que são autorizadas em
agricultura biológica. dos consumidores mostraram que as os pulgões podem causar deformações
lesmas conseguiam abrir caminho atra- e diminuir o ritmo de crescimento
vés da areia grossa e da cal, mesmo das plantas. Podem destruir as flores
depois de esses materiais terem sido antes da eclosão e impedir que os fru-
renovados. Por outro lado, não con- tos se desenvolvam. Algumas espécies formam, juntamente com a melada que
Plantas resistentes vém pôr a cal muito perto das plantas, podem mesmo causar o deperecimento segregam, uma camada pegajosa sobre
Nalguns casos, é possível reduzir os porque pode queimá-las; e se o solo for da planta, por interrupção do f luxo as folhas. Por sua vez, a melada provoca
estragos, cultivando plantas ou varie- pouco ácido, a cal pode aumentar o de seiva. o desenvolvimento da fumagina, o que
dades de plantas mais resistentes. Por pH e comprometer o desenvolvimento leva a que as folhas recebam menos luz
exemplo: das batatas para conservar, a das plantas. Para se proteger do mau tempo e dos ini- e que a aparência da planta fique ainda
variedade “Désirée” é a mais sensível e, migos, os pulgões levam a que a folha- mais alterada.
por isso, deve ser evitada. Outra medida Armadilhas com cerveja gem fique crispada e enrolada, o que
a tomar consiste em colher as batatas Há quem aconselhe a fazer armadilhas prejudica a aparência da planta. Cada Os pulgões alimentam-se de seiva e
logo que possível. Quanto a outras plan- contra as lesmas enterrando recipien- pulgão muda de pele quatro vezes, antes algumas espécies propagam vírus de
tas, consulte o seu fornecedor. tes meio cheios de cerveja. As lesmas de chegar à fase adulta. As peles mortas planta em planta. Os sintomas típicos

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das viroses são: marmoreado e man- de serem podadas com muita frequên- acontece com a Weigelia. Para esco- Pulgões-cinzentos da macieira
chas amarelas sobre as folhas e f lo- cia e se utilizar o menos possível a lher variedades de alface resistentes,
res. Mesmo as pequenas colónias de farinha de sangue (ou outros produ- veja a página seguinte.
pulgões, quando portadoras de vírus, tos similares) nos frutos e nas plantas
podem causar danos graves às plantas. ornamentais.
Uma observação atenta e regular das À lupa
plantas permite atuar sobre os primei- •  As colónias de pulgões são atraídas
ros focos de infestação, o que é deter- por plantas isoladas e por monocultu- Existem algumas espécies de pulgões
minante para o sucesso do controlo ras. As plantações mistas estão menos que só atacam certo tipo de plantas.
da praga. sujeitas aos ataques. Assim, é possível Alguns constituem verdadeiras pra-
que as rosas escapem ao pior, se forem gas, enquanto outros nem vale a pena
plantadas em canteiros mistos em vez combatê-los.
Pulgões e formigas de serem plantadas isoladamente.
Plantas ornamentais
As formigas negras ou vermelhas pro- •  Os membros da família das rosas são
curam a melada segregada pelos pul- particularmente sensíveis aos pulgões. •  Faia
gões. Em troca, protegem-nos agres- As macieiras, as cerejeiras, as perei- Pulgões compridos, verde-escuros e laní-
sivamente das joaninhas e de outros ras, as ameixeiras, as framboeseiras e geros, que podem deformar gravemente
inimigos naturais. Se constatar este Pulgões-lanígeros
os morangueiros também fazem parte os novos rebentos de sebes de faias.
fenómeno nas suas roseiras e árvores
ou nos arbustos, aplique uma faixa de desta família. Se possível, inspecione
cola (especial) em volta do pé da planta, regularmente as plantas em risco, •  Coníferas (sobretudo pinheiros,
para afastar as formigas. sobretudo nos pontos de crescimento e larícios e epíceas) é ainda mais grave se a planta estiver
No entanto, convém ter em conta que por baixo das folhas. As pequenas coló- Pequenos pulgões escuros que podem pouco desenvolvida.
esta medida só é eficaz com plantas nias podem ser eliminadas à mão, pres- provocar uma queda considerável de
isoladas e que não se encontrem perto sionando com o polegar e o indicador. folhas, em abril e maio, e prejudicar o •  Plantas trepadeiras
de nenhum muro ou nenhuma vedação. Também pode ser útil pulverizar com aspeto das plantas, cobrindo-as com (sobretudo a madressilva)
uma calda de sabão de potássio, em caso uma camada cerosa. As folhas e os botões ficam cobertos por
de infestação ligeira. colónias de pulgões verde-azulados, que
•  Bolbos podem causar deformações e reduzir
Tratamento •  Geralmente, os pulgões dos legumes Pulgões brancos que atacam os bolbos a floração na primavera e no verão.
hibernam nas árvores ou nos arbustos das tulipas e impedem o desenvolvi-
•  Se os estragos não forem graves, mais mais próximos, onde se torna difícil mento de novos rebentos. Hibernam nas •  Arbustos
vale não fazer nada e deixar agir as atingi-los. Por isso, plante os legumes folhas escamosas. A maioria dos arbustos e árvores, sobre-
joaninhas, os sirfídeos, as crisopas, os tão cedo quanto possível, para que tudo as cerejeiras ornamentais, os
mosquitos predadores, os pássaros, as tenham tempo de se desenvolver e de •  Plantas em vasos e de estufa folhados e os cotoneásteres, pode ser
aranhas e os fungos, pois todos atacam resistir aos ataques de pulgões. Cobrir os Podem ser atacadas por diferentes espé- atingida. Geralmente, os estragos só são
os pulgões (veja a página 130, para saber legumes com uma rede fibrosa também cies de pragas. Algumas travam o cres- graves no caso de plantas jovens.
como os atrair). pode evitar estragos graves. cimento das plantas ou deformam-nas e
propagam as viroses. Legumes
•  Os pulgões preferem os rebentos •  Se possível, cultive variedades
jovens e tenros, como os que resul- resistentes. A Philadelphus coronarius •  Rosas •  Feijões
tam de podas radicais ou da utilização “Variegatus” e a Weigelia florida “Varie- Grandes pulgões-verdes ou rosados, que Os caules jovens são infestados por
excessiva de adubos azotados. Por- gata” são arbustos folhosos muito se desenvolvem em colónias, a partir de pulgões-negros, sobretudo em junho e
tanto, pode reduzir bastante a possibi- semelhantes; no entanto, enquanto maio e até ao final do verão, sobre os julho. As plantas sobrevivem, mesmo
lidade de ocorrência destes problemas a Philadelphus pode ser facilmente rebentos e botões. Estes deformam-se e sem tratamento, mas o crescimento
se escolher plantas que não precisem infestada por pulgões, o mesmo não o crescimento é prejudicado. O problema é travado e a colheita fraca. Retirar os

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pontos de crescimento, após a floração, ao início do verão. Podem danificar as Combater as lagartas
pode ajudar a limitar os estragos. flores e os frutos, reduzindo assim as
colheitas. As espécies castanho-viole-
•  Variedades de couve (exceto nabos) tas, cobertas por uma camada branca e As lagartas alimentam-se, essencial- Bucéfala
Grandes quantidades de pulgões fari- cerosa, hibernam na casca, colonizam mente, de plantas silvestres, de forma Ataca as roseiras, as árvores e os arbus-
nhentos, que podem deformar e enru- zonas danificadas e são responsáveis que as plantas cultivadas não costumam tos, em agosto e setembro. Os estragos
gar as folhas, acabando por matar as pelo aparecimento de galhas nodosas e ser muito afetadas. Só uma pequena podem ser consideravelmente graves,
plantas, sobretudo com tempo quente e de rebentos verticais demasiado vigo- minoria se alimenta de plantas cultiva- mas, regra geral, limitam-se a alguns
seco. Elimine as plantas de couve velhas, rosos. Podem ser combatidas, esfre- das, acabando por dar má reputação à ramos. Depositam alguns ovos, em
sobre as quais hibernam. gando as zonas afetadas com álcool espécie. Se excetuarmos a lagarta-da- julho, na parte inferior das folhas. Cons-
etílico. -couve e a mosca-da-groselha, as espé- troem o casulo no solo, no outono. Para
•  Cenouras cies que constituem uma verdadeira se livrar das lagartas, retire-as com a
Pequenos pulgões-verdes que descolo- •  Cerejeiras praga para as hortas e os jardins são lar- mão e coloque-as
ram e deformam as folhas em maio e Pulgões castanho-escuros que infes- vas de borboletas noturnas. As lagartas sobre plantas
junho, além de propagarem vírus. tam as folhas novas, na primavera, e que danificam gravemente flores, arbus- silvestres.
podem destruir as árvores jovens, se tos e árvores figuram nestas duas pági-
•  Alfaces não forem tratadas. Os pulgões-verdes nas (veja os capítulos 4 e 5 para as lagar-
Pulgões brilhantes, de cor verde-clara, que hibernam sobre os troncos fazem tas que atacam os legumes e os frutos).
verde-vivo ou laranja, que atacam as enrolar as folhas quando estas começam As outras lagartas que se encontram nas
alfaces das hortas em maio e junho e a desenvolver-se, na primavera. hortas e nos jardins são mais ou menos
as das estufas noutras alturas do ano. inofensivas.
Geralmente, os estragos são superfi- •  Ameixeiras
ciais, apesar de as viroses tenderem a Pequenos pulgões acastanhados, que Nóctuas
propagar-se. As raízes também podem hibernam sobre as ameixeiras e podem Atacam numerosas plantas, incluindo
ser infestadas por pulgões-brancos e causar um sério enrolamento das folhas, os crisântemos de estufa ou de interior.
cerosos, de julho a setembro. Um ataque na primavera, além de transmitirem As lagartas, verdes ou castanhas, ali-
intenso pode levar, inclusive, à morte uma virose. Os pulgões farinhentos (lon- mentam-se durante a noite e abrigam-
da planta. gos e verde-azulados) vivem em grandes -se debaixo das folhas durante o dia. Euproctis chrysorrhoea
quantidades nas folhas, entre junho e Costumam pôr pequenos montículos de
•  Batatas agosto. Causam poucos estragos, mas cinquenta a cem ovos sobre as folhas.
Grandes pulgões-verdes ou rosados, a melada e a fumagina prejudicam o Esmague as lagartas ou pulverize com
muito ativos, que aparecem a partir de aspeto das árvores. Bacillus thuringiensis, se os estragos
abril, sobretudo com tempo quente e forem graves.
seco. Deformam as folhas. Há espécies •  Groselheiras-de-cachos
verdes, mais pequenas, que propagam Pulgões amarelo-claros ou verdes
os vírus e são mais difíceis de distinguir. que causam lepras nos rebordos das
Se possível, aplique um tratamento. folhas, mas não são verdadeiramente
prejudiciais.

Árvores e arbustos •  Framboeseiras


frutíferos Grandes pulgões amarelo-esverdeados Ataca muitas árvores e muitos arbus-
e brilhantes e pequenos pulgões cin- tos, como o pilriteiro, as cerejeiras, as
•  Macieiras zento-esverdeados e pulverulentos, que roseiras e as amoras-silvestres. Podem
Pequenos pulgões-verdes, cinzentos provocam o enrolamento das folhas e constituir colónias muito numerosas, ao
ou rosados que aparecem na prima- transmitem um vírus. Cultive varieda- ponto de conseguirem desfolhar com-
vera e colonizam os novos rebentos até des resistentes. pletamente uma árvore ou um arbusto.

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GUIA VERDE DAS HORTAS E DOS JARDINS AS PRAGAS 8
Cobrem o seu território com uma teia (pequenos orifícios feitos por larvas Lagartas-da-groselheira
sedosa e podem causar uma reação Lutar contra as lagartas brancas). Combater as ervas daninhas Atacam as groselheiras-espim e de
cutânea bastante dolorosa quando lhes pode ser eficaz, pois estas lagartas rara- cachos e outras árvores e arbustos,
tocamos. Constroem pequenas “tendas” É relativamente fácil lutar contra a mente põem ovos em solo nu. sobretudo de abril a junho. As lagar-
maioria das lagartas, seja retirando-as
de teia para hibernar e alimentam-se tas hibernam e começam a alimentar-
à mão seja efetuando pulverizações
das novas folhas na primavera, antes com Bacillus thuringiensis. Hiponomeuta -se no princípio
de se abrigarem em casulos de seda, Esta bactéria é vendida em forma de pó Ataca o pilriteiro, o ligustro e outros da pr i mavera.
em junho e julho. seco, que se dissolve como um produto arbustos. Faz grandes buracos nas árvo- Quando estão su-
Retire e destrua os casulos ou as lagar- de pulverização clássico. Os inseticidas res das sebes, que fecha com a ajuda ficientemente ali-
tas enquanto hibernam. As lagartas vegetais (à base de piretro, azadirac- de teias. Efetue uma pulverização com mentadas, trans-
mais jovens podem ser destruídas tina, rotenona ou outros indicados para Bacillus thuringiensis. for ma m-se em
com uma pulverização de Bacillus agricultura biológica) também são efi- crisálidas (pupas).
thuringiensis. cazes contra a maioria das lagartas. Bombicídeos A borboleta adul-
Atacam diversas árvores de fruto, rosei- ta aparece de
Torcedora-das-folhas ras e muitos outros arbustos e outras julho a agosto. Os
As torcedoras-das-folhas atacam nume- árvores. As lagartas costumam apare- ovos são deposi-
rosos arbustos, além de plantas de vasos Noctuídeos cer na primavera e cobrir os ramos com tados individual-
e de estufa. Podem depositar até cerca Fazem parte de uma grande família de “tendas” de teia. Depositam entre cem mente ou em pe-
de duzentos ovos, todos em fila, sobre borboletas noturnas, cujos membros se e duzentos ovos, em agosto e setembro, quenos grupos,
as folhas. Alimentam-se das extremida- caracterizam por terem asas anterio- em espirais, sobre os ramos frondosos. na parte infe-
des de rebentos, botões e flores. Enro- res de cor pálida. As lagartas vivem no Retire os ovos e destrua-os. Efetue uma rior das folhas.
lam as folhas em fios de seda, daí o seu solo e alimentam-se, durante a noite, de pulverização de Bacillus thuringiensis na Elimine-as à mão
nome. Encontram-se durante todo o ano sementes e folhas, de maio a setembro. primavera e no início do verão. ou então efetue
em estufas aquecidas. Procure manchas Cavar a terra durante o inverno pode uma pulveriza-
castanhas sobre as folhas, causadas constituir uma medida útil. Proteja as ção com Bacillus
pelas lagartas, que se alimentam da face plantas individualmente, com peda- thuringiensis.
inferior. Para as exterminar, esmague as ços de garrafas de plástico enterrados
lagartas ou efetue uma pulverização com no solo a 2,5 centímetros Geometrídeos
Bacillus thuringiensis. de profundidade. Tam- Atacam árvores, arbustos e plantas
bém pode semear herbáceas, entre maio e agosto.
cedo ou fazer as Os ovos são co-
sementeiras loc ados em
em vasos. casulos fixa-
dos às plan-
tas, no inte-
rior dos quais
as f ê me a s
hibernam.
Não toque
nas lagartas,
pois os pelos
contêm uma
substância
Hepialídeos irritante. Des-
As lagartas alimentam-se de raízes, bol- trua os casu-
bos e tubérculos de numerosas plantas los e os ovos.

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