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Índice CAPÍTULO 5

Os elementos essenciais
da gestão do tempo
Organize-se!113
Trabalhe de forma eficaz
e eficiente 114
Aprenda a delegar 118
Porquê este livro? 7 As mulheres no mercado de trabalho 37 Para onde vai o tempo? 74 Modere o uso do telemóvel 119
Faça um registo do tempo 74
Nunca é tarde para começar 38 Trabalhe quando e onde Ergonomia no local de trabalho 120
CAPÍTULO 1 for mais produtivo 76
Da cabana à sala de reuniões Seja gestor de si próprio 40 Melhore a produtividade 77 Poluição sonora 122

Impor a ordem  11 A solução está no planeamento 79 Evitar as interrupções 123


A nossa “caixa de ferramentas” 11 CAPÍTULO 3 Use uma agenda 79
O ritmo acelerado da vida 12 A necessidade de mudar Organize uma lista de tarefas 80 Domine a internet 125
Desenvolvimento do trabalho a distância 13 Adapte-se82
A dinâmica do processo 42 Gerir as reuniões 126
Estratégias para sobreviver Estímulos desencadeadores 43 Manter a calma
num mundo em mudança 13 A negação do problema 44 em momentos de crise 83 Gerir a sua chefia 129
Caminhar em direção à mudança 44 Uma relação de adulto
Conhecimentos ao longo da vida 17 Entender o problema 45 Simplificar85 para adulto 130
Se a tentativa não for bem-sucedida 48 Aprenda a dizer “não” 85 Faça uma proposta sólida 131
O preço das escolhas 18 Liberte-se da bagagem 48 Desenvolva a capacidade de negociação 88
Preparar a mudança e agir 51 Ultrapasse a timidez 90 Pensar fora da caixa 131
Viver com autonomia 20 Além do brainstorming132
O centro de controlo 20 Manter a mudança 53 Sobre o acompanhamento personalizado 92 Deixe as tarefas no trabalho 136
Estar consciente do que se quer 21

CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 6 CAPÍTULO 8


CAPÍTULO 2 As prioridades Aumentar o tempo A gestão do tempo
Gestão do tempo para todos e a família
Recupere a vida 56 Fadiga: um problema comum 96
Stresse com conta peso e medida 24 Vença a fadiga 100 O horário familiar 138
O stresse laboral 26 Defina objetivos 58
O burnout27 A sua declaração de missão 60 A importância do exercício físico 105 Criar rituais  140
Outras abordagens 61
Trabalhadores compulsivos 29 Meditação e relaxamento 106 As expectativas dos seus filhos 141
Porquê o trabalho compulsivo? 31 Compreender as suas motivações 62 Meditação106
Os sintomas do trabalho compulsivo 32 O que é para si o sucesso profissional? 62 Relaxamento107 Acabar com o supérfluo 142
Em que perfil se enquadra? 64
Gastar, gastar, gastar 33 Três chaves para o poder 64 Progresso ou retrocesso? 144
As compras compulsivas 34 CAPÍTULO 7
Quando é preciso ajuda 34 O quadro geral 68 Gerir o tempo no trabalho As novas dependências 145
Avalie as suas competências 68
Lidar com o excesso de informação 37 Tome aquela decisão 70 Produtividade e stresse 112 Você é um bom modelo? 145
Introdução

CAPÍTULO 9
50 ideias para simplificar a vida Porquê este livro?
Gestão financeira 148
Se está a ler este guia é porque, de alguma forma, pretende aprender estra-
Vida familiar 156 tégias para melhor gerir o seu tempo de modo a sentir que tem, de facto,
“tempo para tudo”. Pois bem, a primeira coisa que queremos dizer-lhe é que
Espiritualidade160 não é obrigado a ter tempo para tudo, mas que tem, sim, de ter tempo para
o que para si é mais importante em cada uma das áreas da sua vida (pessoal,
familiar, social e profissional). A segunda ideia que pretendemos transmitir-lhe
Anexo: fontes consultadas 165 é que escolher onde investir o seu tempo, quais as atividades ou os assuntos
que deve priorizar e como conciliar as diversas exigências que lhe são feitas
nem sempre é uma tarefa fácil. Mas nós ajudamos.
Índice remissivo 171
A tecnologia avança a um ritmo cada vez mais alucinante. Há 30 anos, quantas
pessoas usavam a internet? Quantas tinham telemóvel? Como comunicávamos?
Como eram as nossas redes sociais?

Atualmente, os recursos tecnológicos fazem parte da nossa vida, sendo difícil


imaginarmo-nos a viver sem eles. Mas são, também, um pau de dois bicos.
Permitem-nos, sem dúvida, realizar mais tarefas num menor tempo, contribu-
indo para, a nível profissional, aumentar a nossa produtividade e eficiência; a
nível pessoal, geram mais tempo para dedicarmos a atividades pessoais, fami-
liares e sociais; e, a ambos os níveis, potenciam formas de nos relacionarmos,
mesmo à distância. Contudo, também contribuem para que vivamos num
ritmo mais acelerado, com mais exigências e que lhes dispensemos tempo.

A verdade é esta: com os avanços tecnológicos torna-se cada vez mais difícil
“desligar” ao longo do dia, reservando tempo só para nós. Mas, paralela-
mente, a tecnologia oferece-nos mais opções de escolha. Esta multiplicidade
(à partida, um aspeto positivo dos tempos modernos) acaba, muitas vezes,
por se transformar numa exigência adicional, consumindo-nos tempo e con-
tribuindo para que desviemos a nossa atenção de assuntos importantes. Ao
fazê-lo, poderemos deparar-nos com falta de tempo para realizar determina-
das tarefas, responder a exigências e concretizar objetivos que consideramos
prioritários, contribuindo, assim, para aumentar o stresse e a insatisfação. Em
suma, apesar de os avanços tecnológicos nos facilitarem a vida, estes também
requerem da nossa parte uma maior capacidade de gestão da sua utilização
e de conciliação com as nossas prioridades.

Torna-se, assim, evidente a necessidade de se encontrar um equilíbrio entre o


tempo que despendemos na nossa vida profissional, familiar, social e pessoal.
Num mundo em constante mudança e com crescentes exigências, conseguirmos

7
Tempo para tudo

manter-nos (física e mentalmente) saudáveis e satisfeitos é cada vez mais um


desafio. Requer uma definição clara dos nossos valores e prioridades como
forma de melhor decidirmos como gerir o nosso tempo. Este guia pretende ser
uma ferramenta útil para o ajudar neste propósito, conciliando as exigências
Capítulo 8
nas diversas áreas da vida com vista a alcançar um maior nível de satisfação
e de bem-estar.

O diagrama abaixo mostra como o livro está organizado, permitindo uma

A gestão
Da cabana
do tempo
à sala
consulta em função do tema que pretende explorar. No final de cada capítulo,
explore as caixas onde resumimos as ideias principais que deve reter.

NUM PISCAR DE OLHOS…


de
e areuniões
família
O trabalho e a vida no mundo atual
(caps. 1 e 2)

Lidar com a mudança


e pô-la em prática
(cap. 3)

Decidir o que se deseja da vida:


prioridades, atitudes e valores
(cap. 4)

Elementos essenciais da organização


do tempo e da vida
(cap. 5)

Cuidar de si
(cap. 6)

Gerir o tempo no emprego Gerir o tempo em casa


(cap. 7) (cap. 8)

Simplificar a sua vida


(cap. 9)

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Tempo para tudo A gestão do tempo e a família

Estudos recentes revelam que quase quatro em cada dez pessoas consideram
que o horário de trabalho não se adapta aos compromissos familiares, pessoais
ou sociais. São sobretudo as famílias com crianças menores de 15 anos quem
tem mais dificuldade em adequar os horários de trabalho aos compromissos SARA
de natureza familiar, pessoal e social. E são exatamente os adultos entre Sara tinha uma vida centrada na sua carreira profissional. Era mãe solteira e geria uma
os 25 e os 44 anos (etapa do curso de vida em que os constrangimentos de empresa. Casou-se e, um ano depois, geria a empresa juntamente com o marido. Ao
natureza familiar tendem a colocar-se com particular relevância) os que mais fim de sete anos, Sara e o marido tinham de cuidar de seis crianças, contando com os
dificuldade revelam ter para tirar uma ou duas horas durante o horário de anteriores filhos dele.
trabalho para tratar de assuntos pessoais ou familiares. “Apercebi-me do quanto perdia das vidas dos meus filhos por causa do trabalho e tomei a
decisão de deixar de trabalhar e voltar para casa”, diz. “Para poder fazê-lo, tive de contratar
alguém que preenchesse o meu lugar e, por isso, abdiquei de 80% dos meus rendimentos.”
É evidente que a maioria das pessoas gostaria de passar mais tempo em
“Sabia que as coisas em casa tinham de mudar, mas não sabia bem como. Vivemos
ambiente familiar. E, a este nível, as técnicas de gestão do tempo não se numa casa com cerca de 300 metros quadrados, com um pequeno terreno. Estava deter-
destinam apenas a permitir-lhes passar mais horas em casa, mas também a minada a manter estas condições”, lembra. “Comecei por andar literalmente de divisão
melhorar a qualidade do tempo passado em família. Refletir sobre a forma em divisão, à procura de uma forma de gerir melhor a casa. Decidi que podia fazê-lo
como gere esta parte do dia contribuirá para aumentar a qualidade dos de uma forma diferente, para que a minha família não sofresse devido à diminuição do
tempos livres. ordenado. Só precisávamos de mudar o modo como fazíamos as coisas.” A Sara come-
çou pela cozinha e repensou tudo, desde a culinária à limpeza. “Reduzimos a conta da
Com o desenvolvimento das novas tecnologias, entram novos dados na equa- mercearia em dois terços. Aprendi a cultivar legumes, a fazer conservas com a comida,
ção: segundo números da Marktest, o tempo dedicado às redes sociais pelas a usar as sobras”, diz. “Nada é desperdiçado, nem sequer o lixo orgânico, que é em
famílias portuguesas era, já em 2016, em média, de cerca de 81 minutos por grande parte aproveitado como adubo para o jardim.” Começou também a comprar
quase todas as roupas em segunda mão e a passá-las de irmão para irmão. Olhando de
dia, sendo que os jovens entre os 15 e os 24 anos chegavam a gastar mais de
uma forma crítica, “aprendeu a esperar pelas coisas”.
duas horas a utilizar estas plataformas. A atualização do estudo com dados
A Sara conseguiu transmitir esta nova forma de vida à sua família. “O meu marido e
recolhidos em 2018 revelava outra evolução: aceder às redes sociais não era os rapazes mais velhos estavam dispostos a mudar, porque a minha presença em casa
um ato isolado; 60% dos utilizadores faziam-no enquanto viam televisão. fazia uma diferença muito grande”, diz. “Os meus filhos preferiam ter-me aqui do que
beneficiar de um rendimento mais elevado.”
Significa isto que será necessário “desligar-se” do mundo exterior para “Esta mudança não foi fácil”, admite. “Mas, na vida, com dedicação e consistência, tudo
ganhar tempo? Talvez não seja realista pensá-lo desta maneira. Neste capí- pode ser alcançado.” Por exemplo, foi-lhe difícil deixar de ser “o patrão e alguém muito ocu-
tulo dedicamo-nos, sim, a sugerir pequenas alterações que acreditamos que pado e sempre em conversas adultas", para passar a estar em casa, sem se "sentir ‘impor-
podem potenciar a maneira como gere o tempo com a família. tante’ e perder todo o contacto com os adultos“. Era uma mudança de estilo de vida que eu
queria fazer, mas que era difícil”, reconhece. “Porém, agora sinto que não há dinheiro no
mundo que me faça voltar ao meu emprego. Sei que fiz o melhor para a minha vida.”
Esta mudança radical na vida da Sara trouxe-lhe mais felicidade. “Antigamente, achava
que era feliz, mas não me sentia realizada. Agora, já não vivo para trabalhar”, afirma.
“Quando o telemóvel toca porque há uma emergência na escola, o meu primeiro pensa-

O horário familiar mento não é ‘Ups... hoje tenho uma reunião, deixa-me ver quem é que pode tratar disto
por mim.’ As minhas prioridades limitam-se ao meu bem-estar e ao da minha família.”

A história que apresentamos na página seguinte mostra como, em algumas


circunstâncias, é possível uma pessoa libertar-se do rebuliço da vida e aumen- Atualmente, muitas crianças participam em numerosas atividades extracur-
tar a quantidade e a qualidade do tempo passado com a família. Mas implica riculares, levando a que os pais tenham de ajustar os seus compromissos
esforço. No seu caso, talvez não seja necessário uma mudança tão radical aos deles. Convém anotar estas atividades à vista de todos. Isto ajudará toda
como a de Sara. Mas haverá, com certeza, coisas que pode experimentar. a família a saber quem faz o quê e a ver quando e se há sobreposição dos
Uma das medidas mais simples passa por fazer um horário familiar. diversos compromissos. Além disso, analisando o horário, poderá descobrir

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Tempo para tudo A gestão do tempo e a família

que, afinal, podem passar mais tempo juntos. Pare um pouco, faça a análise rituais permitem-nos estreitar laços e abrandar o ritmo de um mundo
e pergunte a si próprio e aos seus filhos se querem realmente fazer todas as frenético que nos consome. Registe quanto tempo dedica diariamente à
atividades extracurriculares em que estão envolvidos. refeição em família e avalie se esse tempo vos permite uma convivência
satisfatória. Caso contrário, planeie novos hábitos de convívio segundo a
Lembra-se da ideia do custo de oportunidade (veja a página 19)? Se quer vontade de todos.
passar mais tempo com a família, o custo de oportunidade pode ser eliminar
alguma das atividades extracurriculares. Equacionar as coisas desta forma, E porque não tentar recuperar alguns dos rituais das épocas festivas e tentar
em conjunto com os seus filhos, levará a que compreendam desde cedo o apreciá-los de forma menos apressada? Não tem de ser algo complicado
custo de oportunidade relacionado com o tempo, ensinando-os a geri-lo ou dispendioso. Apenas terá de pensar em formas de tornar mais espe-
melhor à medida que crescem. Aproveite para repensar também as suas ciais estas datas, o que pode significar apenas passar mais tempo com os
próprias atividades de tempos livres. seus familiares mais próximos. Por exemplo, pode organizar uma noite de
jogos. Há quanto tempo não desafia alguém para uma tarde com um jogo
Por outras palavras, tem de planear o tempo passado com a família da de tabuleiro, perguntas de cultura geral, cartas ou uma partida de xadrez?
mesma forma que planeia o tempo no trabalho. Isto não significa necessa-
riamente comprometer a espontaneidade! Pode, claro, reservar um período E se, em vez de comprar as decorações de Natal, as fizer em família? Pode,
de “descontração familiar” e decidir no último minuto o que vão fazer. por exemplo, aproveitar um passeio para recolher pinhas e decorá-las em
casa. Sobretudo as crianças irão certamente adorar, e todos ganharão uma
Anotar o tempo passado com a família é uma forma excelente de avaliar se a peça decorativa original. Na Páscoa, também pode organizar uma caça aos
sua vida está de acordo com os seus valores e filosofia pessoais. Experimente ovos. Uma vez mais, seja criativo e envolva a família nestes rituais. Pode
registar durante uma ou duas semanas as atividades realizadas em família, também recuperar uma tradição familiar que possa ser transmitida à pró-
avaliando o grau de satisfação e de utilidade das mesmas numa escala de xima geração e às seguintes. Pense se havia alguma coisa que os seus pais
1 a 3 (em que 1 é nada; 2 é pouco e 3 é muito). Convidar todos os elementos ou avós fizessem de que gostasse especialmente e que seja possível fazer
da família a fazer esta avaliação poderá inclusive ser divertido. Levará even- agora com os seus filhos ou familiares.
tualmente à conclusão de que uma determinada atividade pode ser útil e
não particularmente satisfatória ou o contrário. O objetivo deste exercício A nível conjugal, é importante também criar rituais. Por exemplo, pode
é eliminar as atividades que não são satisfatórias nem úteis. definir um dia da semana para fazer um programa a dois e decidir que a
proposta para essa saída será organizada, à vez, de forma alternada, por
cada um dos membros do casal. Considere também a hipótese de ter um
passatempo que possam partilhar, como, por exemplo, aprender a dançar
ou, até, melhorar as competências na cozinha.

Criar rituais
Ao passar mais tempo com a família, poderá recuperar alguns rituais que
o ritmo acelerado de vida possa ter eliminado. Mesmo as festas religiosas,
como o Natal e a Páscoa (tradicionalmente dedicadas à família), perderam
As expectativas dos seus filhos
algo devido ao frenesim típico destas datas. Todos os anos, inúmeras pessoas
queixam-se do consumismo exagerado associado ao Natal, mas quantas Muitas vezes, as expectativas dos filhos causam nos pais uma grande pressão
fazem alguma coisa para contrariar isso? difícil de gerir. Alguns pais podem sentir-se culpados se não conseguirem
satisfazer todos os desejos das crianças ou comprar tudo o que eles pedem.
Até os rituais do dia-a-dia, como jantar em família, jogar, brincar, ler, tocar Uma forma de gerir esta culpabilidade é pensar que muitas destas necessida-
música, visitar amigos ou familiares, parecem estar a desaparecer. Estes des e expectativas estão condicionadas pela publicidade que alicia as crianças

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Tempo para tudo A gestão do tempo e a família

e os próprios pais para coisas de que não precisam ou das quais não tiram Se respondeu afirmativamente à maioria destas questões, tem provavelmente
qualquer benefício real ou duradouro. uma tendência para acumular objetos de que não necessita. Livrar-se deles pode
ser uma tarefa difícil; por isso, comece por tentar fazer uma arrumação geral.
Não é fácil ultrapassar esta tendência consumista. Pode tentar simplesmente Talvez até consiga poupar algum dinheiro. Quantas vezes já comprou algo
explicar aos seus filhos porque é que o dinheiro não chega para tudo. Experi- que veio a descobrir ter na despensa ou na garagem? As coisas supérfluas
mente usar a ideia do custo de oportunidade descrita no capítulo 1. Normal- acrescentam realmente muito pouco à sua vida e ofuscam as que são real-
mente, mesmo as crianças relativamente jovens conseguem compreender que mente importantes, além de que cuidar delas consome tempo. Há 200 anos,
comprar um brinquedo ou um equipamento eletrónico caro ou fazer mais uma Thoreau referiu: “Tinha três pedras calcárias em cima da secretária, mas
atividade extraescolar pode implicar abdicar de outra coisa de que gostem. fiquei horrorizado ao perceber que tinha de lhes limpar o pó todos os dias...
e atirei-as pela janela, repugnado.”
Pode também tentar reduzir o número de horas que passam em frente ao
televisor ou agarrados ao telemóvel. Encoraje a família a manter a atividade
física, organizando passeios ou incentivando a prática desportiva individual
ou em grupo. AS CRIANÇAS E O CONSUMO
E lembre-se: não há nada de errado em querer comprar brinquedos ou jogos Eis algumas estratégias que pode tentar pôr em prática para melhor gerir as expectativas
para as crianças. No entanto, os melhores presentes não vêm em caixas ou dos seus filhos face ao consumo.
sacos de compras. Se puder, dê-lhes o melhor: a sua companhia. • Encoraje-os a fazer os seus próprios cartões e presentes de aniversário para oferecer no
Dia da Mãe, no Dia do Pai, na Páscoa, no Natal, etc. Terão mais significado para quem os
recebe e ajudarão as crianças a compreender que não é preciso gastar dinheiro para fazer
as pessoas felizes. Será também uma boa forma de promover a criatividade.
• Evite fazer promessas que não possa cumprir. É demasiado fácil dizer “sim” quando os
seus filhos lhe pedem para comprar um brinquedo ou um equipamento novo. É claro que

Acabar com o supérfluo pode fazer-lhes uma surpresa de vez em quando (e, se conseguir reduzir a despesa das
pequenas coisas que lhe pedem regularmente, até pode ser um presente especial).
• Estabeleça limites financeiros para os seus filhos. Encoraje-os a poupar parte das suas
mesadas. Assim, compreenderão que não podem ter tudo o que querem, quando querem.
As coisas supérfluas dificultam a vida e são uma perda de tempo. Contudo, Isto também poderá ensiná-los a dar valor à poupança e à necessidade de, por vezes, ter
muitas pessoas vivem rodeadas de objetos de que, muitas vezes, já não gostam de se esperar para conseguir o que se quer. Inicialmente, pode ter de suportar alguns
amuos, sobretudo se os seus filhos estão habituados a que ceda facilmente aos seus capri-
ou que já não têm utilidade. Responda às seguintes questões e avalie se tem
chos, mas rapidamente verá mudanças.
dificuldades em dispensar coisas acessórias:
• Deixe que sejam os seus filhos a comprar (com a sua própria semanada ou mesada) aquela
—— guarda revistas antigas e papéis que nunca voltou a consultar? última novidade que tanto querem. Isso levará a que compreendam a ideia do custo de opor-
—— armazena com frequência a publicidade que lhe põem no correio? tunidade, uma vez que perderão a hipótese de gastar o dinheiro noutra coisa qualquer.
—— a sua garagem parece um ferro-velho? • Ajude-os a compreender a diferença entre o que se quer, o que se necessita e o que é
—— guarda o vestuário que deixa de servir aos seus filhos? um luxo.
—— tem um guarda-fatos cheio de roupas que já não usa há vários anos? •Compense-os monetariamente quando fizerem algumas tarefas extras. Por um lado,
—— desconfia que os seus armários da cozinha tenham comida fora de prazo? conseguirá mais algum tempo para si, por outro, isso irá permitir-lhes ganhar um pouco
—— possui vários pequenos eletrodomésticos que nunca usa? mais de dinheiro para alguma coisa que queiram comprar. Também é uma forma de lhes
—— os seus armários e gavetas têm coisas e produtos que não usa há mais de ensinar a ideia do custo de oportunidade que referimos atrás.
•Se tiver de organizar uma festa, experimente fazer regressar alguns jogos tradicionais.
um ano?
Passar algum tempo com os seus filhos a planear e a preparar uma festa é tão ou mais
—— tem uma gaveta (que destina à "tralha") cheia de chaves velhas, ímanes,
importante do que a comemoração em si. De facto, algumas festas parecem ter como único
cupões, menus de comida para fora e objetos de metal ou plástico de aspeto objetivo impressionar os outros pais, em vez de proporcionarem um divertimento às crianças.
estranho que parecem ter aparecido não se sabe bem de onde?

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Tempo para tudo A gestão do tempo e a família

Ao livrar-se do que é supérfluo, conseguirá encontrar mais depressa as coisas


de que necessita. Além disso, a casa irá parecer maior. Escolha o destino a
dar a esses objetos: lixo, reciclagem, doação, venda. Se tem dúvidas quanto a
As novas dependências
desfazer-se de alguma coisa, guarde-a numa caixa. Se após um ano não sentiu
necessidade de usar qualquer objeto que tenha guardado aí, deite fora a caixa. Graças à tecnologia moderna, a forma como trabalhamos, como passamos os
tempos livres e como nos relacionamos parece estar a alterar-se. Relativamente
à internet, são cada vez mais as pessoas que navegam pela autoestrada da
informação, mas muitas não conseguem encontrar o caminho de saída ou
forma de parar. Para muitos, a dependência é tal que os utilizadores podem

Progresso ou retrocesso? experimentar sintomas de privação, caso se vejam subitamente privados do


acesso a redes sociais e afastados dos seus hábitos de navegação na internet.

Além de fazer perder muito tempo, a dependência da internet pode levar a


Muitos estudos mostram que passamos tanto tempo a executar as tarefas conflitos conjugais, insucesso escolar ou profissional, dívidas e/ou isolamento
domésticas como os nossos antepassados. A razão é simples. Por exemplo, social. Se acha que pode haver um problema de dependência da internet por
antigamente, as pessoas tinham menos roupa, e as nossas avós e mães reser- parte de algum elemento da família, pode promover uma pequena reunião
vavam apenas um dia por semana para tratar dela. Agora, embora a máquina familiar, por exemplo, e sugerir períodos em que o uso do smartphone é
permita lavar a roupa mais depressa, também há mais roupa para lavar. mais ou menos “interdito” (uma opção é propor que, à chegada a casa,
Consequentemente, usamos mais energia (além de mais água e mais deter- todos os elementos da família coloquem os seus telemóveis num determi-
gente), o que, além de nos consumir mais tempo, prejudica mais o ambiente. nado local, de onde os equipamentos só devem ser retirados por motivos
de força maior). Isto permitirá que, pelo menos em teoria, diminuam as
Cada vez mais mulheres trabalham fora de casa. Contudo, ainda são elas que hipóteses de uma conversa em família ser interrompida por notificações
fazem a maior parte do trabalho doméstico. Dados recentes do Instituto Nacio- para chats ou de algum elemento ser tentado a consultar um post recente
nal de Estatística revelam que, em média, as mulheres ainda investem quase o durante as refeições. Claro que isto não funcionará em todas as casas e,
dobro do tempo dos homens nos afazeres da casa. Dividir as responsabilidades se considerar que pode estar perante um problema grave, pondere procurar
de forma equitativa entre o casal, atribuir aos filhos determinadas obrigações ajuda psicológica (veja a página 92) ou fale com o seu médico assistente.
ou investir nos serviços de uma empresa de limpezas são algumas hipóteses
de diminuir uma eventual assimetria na realização das tarefas domésticas. Para perceber melhor como utiliza as tecnologias em geral e o telemóvel
Experimente elaborar uma lista com tudo o que é preciso fazer com recor- em particular, pode, por exemplo, registar o tempo que passa online. Há
rência (por exemplo, diária ou semanalmente) e faça por responsabilizar já aplicações que permitem fazê-lo de forma automática. Mais uma vez,
cada elemento da família pela sua fatia do bolo. Este pode inclusive ser um recorde-se do conceito de "custo de oportunidade". Enquanto "escolhe" usar
exercício divertido com os mais novos, que terão bem definidas as respon- a internet, não estará a perder a hipótese de fazer outra coisa?
sabilidades em casa.

Analise a lista com um olhar crítico e seja perspicaz. Confecionar uma porção
mais generosa de uma refeição que possa ser mantida no frigorífico permite-
-lhe poupar o tempo que gastaria a cozinhar no dia seguinte. Também pode
guardar no congelador sacos com legumes já lavados e cortados que servirão
para, com rapidez, preparar um estufado ou uma sopa.
Você é um bom modelo?
Além disso, considerando a decoração da casa, tente optar por uma que não Os seus pais ou educadores foram (e são) modelos para si, para o bem e para
exija muitos cuidados. Demasiados tapetes, almofadas, bibelôs ou outros o mal. Do mesmo modo, você é um modelo para as crianças que tem a seu
elementos decorativos que acumulem sujidade e pó não poderão ser evitados? cuidado.

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