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(*) Que os alimentos sejam o teu remédio; e o remédio, os teus alimentos (tradução livre).
Mas há que distinguir entre quem é guloso e quem aprecia a boa cozi- Índice
nha. “Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és”: o homem com o apetite
agradavelmente satisfeito é, muitas vezes, visto como mais sociável e
mais inclinado para compreender os outros do que aquele que se priva
dos prazeres da boa mesa. Contudo, um bom garfo não é um garfo Capítulo 1 O sódio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
grande… nem um prato a transbordar. A alimentação deve, mais que O ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
O equilíbrio energético O potássio . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
tudo, ser equilibrada, de modo a evitar as carências nutricionais e a pro-
porcionar o maior bem-estar físico possível. O magnésio . . . . . . . . . . . . . . . . 61
O nosso metabolismo . . . . . . . 15
As necessidades energéticas . . . . . . . 17 A água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Por outro lado, os novos modos de vida, originados por importantes Porque precisamos de energia? . . . . . 19
modificações operadas em diversos níveis, como os progressos técni- A cafeína . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Onde está a energia? . . . . . . . . . . . 22
cos da indústria alimentar, um mercado global que nos permite obter Boa para a saúde? . . . . . . . . . . . . . 66
muitos e variados alimentos em todas as épocas do ano e a preocupação
com a boa forma física, suscitam questões cada vez mais pertinentes a
Capítulo 2
que este livro também procura responder. Capítulo 3
O equilíbrio alimentar Preparar refeições
Atingir o equilíbrio . . . . . . . . . . . . 27 saudáveis
As proteínas . . . . . . . . . . . . . 28
O balanço energético diário . . . 73
Os aminoácidos . . . . . . . . . . . . . 29
A importância da alimentação . . . . . 29 O pequeno-almoço . . . . . . . . . . . . 75
As quantidades ideais . . . . . . . . . . 31 O almoço e o jantar . . . . . . . . . . . . 76
O equilíbrio energético
O equilíbrio energético 15
Por exemplo, uma pera (veja o exemplo na página seguinte) possui alguns
hidratos de carbono mas é pobre em proteínas e gordura, apresentando
cerca de 42,4 quilocalorias por cada cem gramas. Já uma peça de carne
de vaca é pobre em hidratos de carbono, mas possui proteína e gordura,
totalizando mais do quádruplo de quilocalorias por cem gramas.
O nosso metabolismo
Quando a energia ingerida iguala a energia despendida, o indivíduo
está em equilíbrio energético e mantém o seu peso. Contudo, quando
a energia fornecida ao organismo não é suficiente para satisfazer as
suas necessidades, devido, por exemplo, a um jejum voluntário, o corpo
perde peso e orienta o seu metabolismo de base para uma melhor pou-
pança, utilizando diferentemente os nutrientes disponíveis e limitando
a sua atividade.
esta flexibilidade natural tem limites e, depois de um certo tempo, sur- As necessidades energéticas
gem sinais de alarme, como, por exemplo, a sensação de fome e, se a
situação se mantiver, manifestações clínicas de carências alimentares. É consensual que para calcular o gasto energético devem ser tidos em
Quando acontece o inverso, ou seja, quando a energia ingerida é supe- conta, primeiro que tudo, fatores como o sexo, a idade, o peso e a altura.
rior à energia despendida, o organismo, não tendo por si só capacidade Contudo, para se perceber quais as necessidades energéticas adequadas
para aumentar o seu metabolismo, acumula o excesso de energia sob a cada indivíduo, os cálculos não podem ficar por aqui.
a forma de gordura, conduzindo ao aumento de peso e de volume de
massa corporal. ■■ A Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
e a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõem que o gasto energé-
tico em repouso seja multiplicado por um fator de correção, que consi-
dera a atividade física e eventuais necessidades energéticas adicionais
Composição e valor energético (por cada cem gramas) associadas a situações concretas, como a gravidez, o aleitamento ou um
período de stresse ou de doença).
Valor energético:
42,4 kcal (*) GASTO ENERGÉTICO EM REPOUSO (kcal/dia)
Gorduras (0,4 g)
Proteínas Hidratos de
Idade (anos) Homens Mulheres
(0,3 g) carbono (9,4 g) Até aos 3 60,9 × P – 54 61 × P – 51
Dos 3 aos 10 22,7 × P + 495 22,5 × P + 499
Dos 10 aos 18 17,5 × P + 651 12,2 × P + 746
Dos 18 aos 30 15,3 × P + 679 14,7 × P + 496
Água
Dos 30 aos 60 11,6 × P + 879 8,7 × P + 829
(85,1 g)
Mais de 60 13,5 × P + 487 10,5 × P + 596
Fonte: Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
Água e Organização Mundial da Saúde (OMS).
(67,4 g)
Legenda:
Gorduras kcal/dia = quilocalorias por dia;
Proteínas (9,8 g) P = peso, em quilos.
21,7 g)
FATORES DE CORREÇÃO
Valor energético: 175 kcal (*) SEGUNDO A ATIVIDADE FÍSICA
Nível de Fator de Nível de Fator de
Sexo Sexo
atividade atividade (FA) atividade atividade (FA)
(*) Para estes resultados, tivemos em conta que tanto um grama de proteínas como Muito ligeiro 1,3 Muito ligeiro 1,3
um grama de hidratos de carbono produz quatro quilocalorias; um grama de lípidos Ligeiro 1,6 Ligeiro 1,5
produz nove quilocalorias. Homens Moderado 1,7 Mulheres Moderado 1,6
Intenso 2,1 Intenso 1,9
(9,4 g × 4 kcal) + (0,4 g × 9 kcal) + (0,3 g × 4 kcal) = 42,4 kcal
(0 g × 4 kcal) + (9,8 g × 9 kcal) + (21,7 g × 4 kcal) = 175 kcal Muito Intenso 2,4 Muito Intenso 2,2
Fonte: Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
Legenda: g = gramas; kcal = quilocalorias. e Organização Mundial da Saúde (OMS).
18 O essencial sobre alimentação saudável O equilíbrio energético 19
■■ A energia serve para assegurar o nosso metabolismo de base, que deter- energético total; num indivíduo sedentário, pode representar muito
mina, de certa forma, a nossa sobrevivência. O metabolismo é o conjunto pouco. Veja o exemplo atrás.
das transformações químicas e físico-químicas que se dão em todos os
tecidos do organismo e, em particular, o processo de degradação e de Como podemos observar, a atividade física tem um grande impacto no
transformação dos alimentos em nutrientes (elementos simples direta- nosso gasto energético. Em média, consumimos cerca de duas quilo-
mente assimiláveis pelas células). O metabolismo de base propriamente calorias por minuto, enquanto acordados, com uma atividade ligeira,
dito é representado pelo consumo energético do organismo em repouso, e quatro a seis quilocalorias, por minuto, em caso de atividade intensa.
em jejum, a uma temperatura compreendida entre 18ºC e 20ºC. Mas é preciso não esquecer que há grandes diferenças entre os homens
As nossas necessidades energéticas de base representam, em média, e as mulheres e em cada um de nós individualmente, tendo em conta
cerca de 1400 quilocalorias por dia, porque consumimos, também as diferentes atividades e as fases da vida.
em média, em repouso total, cerca de uma quilocaloria por minuto.
Mas, como referimos, essas necessidades variam de acordo com o sexo,
a idade, o estado de saúde e a atividade física.
Os gastos energéticos por hora de atividade
Atividades
■■ Apesar de essa necessidade não ser evidente em países de clima tem-
perado, como o nosso, a energia tem também um papel importante na Dormir
Repousar deitado
manutenção da temperatura do corpo. Independentemente do clima
Repousar sentado
e da temperatura exterior, a energia assegura que o nosso organismo
Ler em voz baixa
se mantém a uma temperatura constante de cerca de 37ºC. Varrer
Tricotar, coser
■■ A energia é essencial ao crescimento, ou seja, à construção de novos teci- Ler em voz alta
dos, no decurso da gravidez, durante a infância e na adolescência, Escrever
por exemplo. Cantar
Passar a ferro, lavar louça
■■ Finalmente, assegura a atividade e, especialmente, o trabalho muscular. Pintura, bricolage
Ginástica moderada
Evidentemente, esta é a função que pode consumir mais energia, sendo
Marcha lenta (4 km/h)
a componente mais variável do gasto energético. Por exemplo, no caso Bricolage (madeira/ferro)
de pessoas ativas, pode corresponder a 50 por cento ou mais do gasto Ginástica/halteres
Marcha rápida (6 km/h)
Subir escadas
Trabalho intenso
Bicicleta
SEDENTÁRIA OU ATIVA: DESCUBRA AS DIFERENÇAS (*)
Exercício árduo
Mulher: 45 anos, 60 kg, 1,65 m de altura – sedentária Serrar madeira
Gasto energético = 1802,6 kcal/dia Natação, ténis
Escalada
Mulher: 45 anos, 60 kg, 1,65 m de altura – muito ativa Correr (8,5 km/h)
Gasto energético = 2595 kcal por dia Esqui, futebol, ballet
Luta
(*) Cálculos feitos com base na fórmula do Institute of Medicine. 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Dispêndio calórico/hora
22 O essencial sobre alimentação saudável O equilíbrio energético 23
A forma mais simples de verificar se estamos a consumir a energia necessidades energéticas globais. Abaixo do limiar mínimo recomen-
necessária ou correspondente às nossas necessidades é através da manu- dado, surgem as doenças de carência; acima do limite superior, podem
tenção do nosso peso ao longo do tempo. ocorrer doenças crónicas relacionadas com o excesso.
ATENÇÃO