CORAÇÃO

PROTEJA O SEU

Edição 009
Nov, 2020
Revista Viva Com Saúde

Revista Viva Com Saúde

Edição 009
Coração: proteja o seu

As doenças cardiovasculares são as que mais matam no mundo inteiro. Estima-

se em 18 milhões o número de óbitos por causa de doenças cardiovasculares
até o final deste ano.

No Brasil, o indicador do número de mortes criado pela Sociedade Brasileira

de Cardiologia (SBC) aponta que perto de 400 mil brasileiros irão morrer por
doenças do coração e da circulação em 2020.

É muito provável que você tenha algum familiar ou conhecido que seja portador
de doença cardiovascular ou que você mesmo seja uma dessas pessoas.

Sendo que as patologias do coração afetam cada vez mais gente, é importante
conhecer o que a ciência diz sobre essas disfunções e conhecer o que pode
comprometer o bom funcionamento do coração.

Você já deve ter ouvido ou lido inúmeras reportagens, artigos, profissionais de

saúde ou mesmo leigos dando conselhos sobre o que faz bem ou não ao coração.
O grande problema é que a maioria destas informações são mitos muito bem
estabelecidos e atrapalham uma verdadeira compreensão deste problema tão
grave.

Será que existem maneiras efetivas de prevenir as doenças cardiovasculares? É

possível impedir que quadros já instalados piorem e avancem? Quais os maiores
fatores de risco?

Estas e outras questões vitais serão respondidas na edição deste mês, afinal, o
coração e o sistema circulatório são absolutamente indispensáveis e queremos
que você saiba como protegê-los.

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Revista Viva Com Saúde
Dr. Dayan Siebra é um marco na Saúde
brasileira.
Médico há mais de 20 anos, cirurgião
vascular e um comunicador cativante,
hoje usa sua experiência e seu dom da
comunicação para ajudar as pessoas que
buscam a Saúde com uma linguagem
simples e acessível.
Depois de um ataque de pânico no vo-
lante que poderia ter causado um grave
acidente, foi hospitalizado às pressas e
internado na UTI.
Tendo tempo para refletir sobre a vida,
decidiu abandonar alguns empregos e
começar uma jornada em busca da Saúde.
Aos 35, tinha sobrepeso, sofria com in-
sônia, dores no corpo e ansiedade. Hoje,
mais de 10 anos depois, tem muito mais
energia e pelo menos 15 quilos a menos.
Pós-graduado em Medicina Ortomolecu-
lar, começou o seu trabalho de utilidade
pública no YouTube - que hoje conta com
mais de 4,8 milhões de assinantes do
Brasil e do mundo.
Apaixonado por pessoas, dedica boa
parte dos seus dias apenas para servir:
seja através do YouTube, do cuidado aos
alunos, e agora com sua nova revista.
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Seu objetivo com esta revista mensal é
apenas um: recomendações práticas para
melhorar sua saúde com a linguagem fá-
cil do Dr. Dayan e o devido embasamento
científico para te trazer segurança.
O intuito é servir como “pílulas de saúde”
mensais sobre: alimentos, suplementos
e nutrientes que não podem faltar na sua
vida, como se livrar de dores e outras do-
enças de forma natural, dicas sobre exercí-
cio físico, receitas poderosas e muito mais.
Todos os meses, os assinantes receberão
um conteúdo único e exclusivo sobre
soluções naturais para a saúde, com dire-
cionamentos práticos - na medida certa
- para melhorar a sua vida.
Nós não nascemos para envelhecer doentes
e mensalistas da indústria farmacêutica!
Portanto, seja bem-vinda, seja bem-vindo
à nossa nova forma de enxergar o mundo.
Viva com Saúde, viva com paixão!
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CONTEÚDO
Problemas cardiovasculares: A causa número Os indicadores de saúde cardíaca.................37
1 de mortes no mundo.....................................5
Colesterol.................................................................37
O sistema cardiovascular...................................6
Triglicérides.............................................................38
Quais os principais problemas que afetam o
O que você deve observar nos exames?.....39
coração e os vasos sanguíneos?.....................7
Glicemia sanguínea e insulina..........................40
O que está por trás dessa epidemia?............8
Homocisteína..........................................................40
Desfazendo os mitos...........................................8
Hemoglobina glicada .........................................40
Colesterol.................................................................9
Ferritina....................................................................40
A hipótese dieta-coração..................................10
Proteína c reativa .................................................41
O que você precisa entender sobre
colesterol..................................................................13 Pressão arterial......................................................42
Tipos de colesterol...............................................14 Coração partido? As emoções e a saúde
cardíaca.............................................................43
Estatinas...................................................................15
Suplementos especiais para a saúde do
O perigo das estatinas........................................16
coração..............................................................46
Gordura saturada..................................................18
Alho envelhecido..................................................47
As verdadeiras causas ....................................19
Astaxantina.............................................................48
Obesidade ........................................................20
Berberine.................................................................49
Açúcar e carboidratos refinados: os
D-ribose....................................................................50
verdadeiros vilões............................................21
Coenzima q10.........................................................50
Inflamação: a verdadeira causa das doenças
cardíacas............................................................23 Ômega-3..................................................................51
Alimentação......................................................24 Magnésio..................................................................51
Óleos ruins e excesso de ômega 6 ...............25 Vitamina k................................................................52
Gorduras trans.......................................................28 Estilo de vida....................................................53
Excesso de estresse.........................................29 Conclusão..........................................................55
Privação de sono..............................................32 Estudos e referências:.....................................56
Apneia do sono é fator de risco para
doenças cardíacas................................................33

Sedentarismo....................................................34

Pressão alta.......................................................36

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PROBLEMAS
CARDIOVASCULARES
A CAUSA NÚMERO 1 DE MORTES NO MUNDO
Já citamos que aproximadamente
18 milhões de pessoas terão suas
vidas ceifadas devido aos problemas
cardiovasculares, isso corresponde a mais
de 30% de todas as causa de morte, sendo
que 85% destas são devidas à ataques
cardíacos e AVC (derrame cerebral).
A Sociedade Brasileira de Cardiologia
estima que, ao final deste ano,
aproximadamente 400 mil brasileiros
terão morrido por doenças do coração e da
circulação: são mais de 1100 mortes por
dia, cerca de 46 por hora, 1 morte a cada 90
segundos.
As doenças cardiovasculares causam o
dobro de mortes do que as devidas a todos
os tipos de câncer juntos, 2.3 vezes mais
que as todas as causas externas (acidentes
e violência), 3 vezes mais que as doenças
respiratórias e 6.5 vezes mais que todas as
infecções incluindo a AIDS.
Durante a pandemia do novo coronavírus,
as mortes por doenças cardiovasculares
cresceram 31% no Brasil. Os dados
são de uma nova seção do Portal da
Transparência, desenvolvido pela
Associação Nacional dos Registradores
de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) em
parceria com a Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC).
O pior de tudo é que grande parte dessas
mortes poderiam ser evitadas com
cuidados simples de alimentação e estilo de
vida.
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O sistema cardiovascular

O sistema cardiovascular é formado pelo coração e por uma

imensa rede de vasos sanguíneos.

O coração é um órgão muscular responsável por bombear o

sangue incessantemente, que viaja pelos vasos sanguíneos
levando nutrientes e oxigênio para o corpo todo.

Os vasos sanguíneos constituem uma ampla rede de tubos,

como os canos que levam água, por onde circula o sangue,
estão distribuídos por todo o organismo. Existem três tipos de
vasos sanguíneos: as artérias, as veias e os vasos capilares.

As artérias são vasos por onde passa
o sangue que sai do coração, sendo
transportado para as outras partes do
corpo. A musculatura das artérias é
espessa, formada de tecido muscular
bastante elástico. Permite, dessa maneira,
que as paredes se contraiam e relaxem a
cada batimento cardíaco. As artérias se
ramificam e vão se tornando mais finas,
constituindo as arteríolas, que por sua
vez se ramificam ainda mais formando os
capilares.
As veias são vasos que transportam o
sangue das diversas partes do corpo de
volta para o coração. Sua parede é mais fina
que a das artérias e, portanto, o transporte
do sangue é mais lento. Assim, a pressão
do sangue no interior das veias é baixa,
o que dificulta o seu retorno ao coração.
A existência de válvulas nesses vasos, faz
com que o sangue se desloque sempre em
direção ao coração.
Os vasos capilares são ramificações
microscópicas de artérias e veias, suas
paredes são constituídas por uma camada
finíssima de células, o que permite a troca
de nutrientes, oxigênio e gás carbônico do
sangue para as células e vice-versa.
Os vasos capilares também formam uma
rede de comunicação entre as artérias e as
veias.
O coração bombeia mais de quatrocentos
litros de sangue por hora, através
do sistema vascular que possui
aproximadamente 96.000 quilômetros
de comprimento, mais de duas vezes a
circunferência da Terra!

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Quais os principais problemas
que afetam o coração e os vasos
sanguíneos?
O sistema cardiovascular está suscetível à:
• Formação de placas de ateroma, a
aterosclerose, que é o depósito de gordura
e colesterol na camada interior dos vasos
sanguíneos, que também contribui para
o acúmulo de cálcio. Estas placas causam
um estreitamento dos vasos (estenose)
que prejudica a circulação do sangue e a
oxigenação dos tecidos.
• Formação de coágulos que podem causar
um ataque cardíaco, derrame cerebral
(AVC) e embolia.
• Arritmias e fibrilação, que estão
relacionados com os impulsos nervosos
que coordenam os batimentos cardíacos.
• Enrijecimento dos vasos e alterações
na pressão sanguínea, resultando em
7
pressão alta, o que aumenta o risco de
complicações cardíacas e vasculares.
• Hipertensão (pressão interior excessiva
que o sangue exerce na parede interna das
artérias).
Ataques cardíacos e acidentes vasculares
cerebrais (AVC) são eventos agudos
causados principalmente por um bloqueio
que impede que o sangue flua para o
coração ou para o cérebro. A razão mais
comum para isso é o acúmulo de depósitos
de gordura nas paredes internas dos
vasos sanguíneos que irrigam o coração
ou o cérebro e a pressão alta. Os acidentes
vasculares cerebrais também podem ser
causados por uma hemorragia em vasos
sanguíneos do cérebro ou a partir de
coágulos de sangue.
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O que está por trás dessa epidemia?

Desfazendo os mitos

Antes de abordarmos as verdadeiras causas dos problemas cardiovasculares, vamos

esclarecer alguns equívocos que circundam o assunto.

As palavras que a gente mais escuta quando se trata de saúde do coração são
“colesterol” e “gordura”.

“Colesterol” é um daqueles termos que escutamos constantemente, mas que de fato

poucos compreendem o que é e qual seu o papel no organismo.

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Colesterol
De umas décadas para cá o colesterol tem
sido associado à doenças e problemas de
saúde. Escutamos tantas notícias ruins
sobre o colesterol que poucos sabem que
ele é de fato um “herói”, uma substância
vital e indispensável para a saúde.
O colesterol é um elemento básico em
nosso próprio organismo, sendo que
90% é produzido pelo nosso próprio
corpo e apenas 10% vem da alimentação.
É encontrado nas membranas celulares
e transportado no plasma sanguíneo de
todos os animais. É fundamental para a
síntese de hormônios muito importantes
como a pregnenolona, que por sua vez
é a precursora de hormônios como o
cortisol, progesterona, androstenediona,
testosterona, estradiol, estrona,
dihidrotestosterona, estriol.
Além disso, o colesterol forma os sais
biliares e atua como antioxidante,
protegendo tecidos e restaurando as
paredes arteriais.
9
O colesterol é crucial para a função
neurológica, pois participa na
formação da memória e na captação de
neurotransmissores no cérebro, inclusive
da serotonina, que define nosso humor
e bem-estar, está presente em grandes
quantidades na bainha de mielina,
uma “capa” de gordura que envolve
os neurônios e é essencial para sua
integridade.
Também é necessário para a produção
de vitamina D, um pró-hormônio
responsável por regular mais de 2000
funções do corpo, incluindo a imunidade,
o metabolismo de cálcio e a saúde do
cérebro.
Então, se o colesterol é tão importante
assim, o que aconteceu para que fosse
visto como uma grande ameaça ao
coração?
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A hipótese dieta-coração
Em um experimento feito no começo
de 1900, pesquisadores russos
“alimentaram” coelhos com dosagens
altíssimas colesterol e verificaram que
este colesterol se acumulava na parte
interna das artérias, causando as placas.
Porém, o coelho é um animal herbívoro,
que nunca ingere fontes de colesterol,
seu metabolismo de alimentos é muito
diferente do do corpo humano e esse
experimento simplesmente prova que
uma quantidade excessiva de colesterol
administrada artificialmente à coelhos
pode resultar em acúmulo de colesterol
em suas artérias.

Após essas primeiras sugestões de que

o colesterol estava associado à formação
de placas e portanto à doenças cardíacas,
um estudo feito em meados de 1950
mostrou uma associação entre consumo
de gordura e colesterol e os níveis de
doenças cardíacas em sete países. Este
estudo foi amplamente criticado, por
inúmeros motivos.

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Um dos motivos principais é que o autor
do estudo, Ancel Keys, simplesmente
selecionou os países que confirmariam
sua hipótese de que o alto consumo
de gorduras causaria doenças
cardiovasculares. Ancel Keys teve acesso
aos dados de 22 países, deste conjunto,
alguns mostravam alto consumo de
gorduras e baixo nível de doenças do
coração, outros países mostravam baixo
consumo de gorduras e altas taxas de
doenças do coração e alguns países - os
sete que ele selecionou - mostravam alto
consumo de gorduras e grande número
de doenças do coração. Resumindo: nada
pode ser concluído a partir destes dados,
é uma pesquisa sem valor científico.
Esta tese que se desenvolveu apoiada
nestas duas bases equivocadas ficou
conhecida como hipótese dieta-coração
ou hipótese lipídica, que propões que
a gordura, especialmente a saturada e
alimentos com colesterol são causadores
de doenças do coração. Naturalmente, de
acordo com esta tese pode-se concluir
que uma dieta de baixo teor de gordura e
colesterol seria benéfica para o coração.
Até 1956, os órgãos oficiais como a
AHA (American Heart Association) não
aceitavam a hipótese lipídica, chegando
inclusive a se posicionar afirmando:
“a alimentação anti-gordura e anti-
colesterol é não apenas fútil e ingênua,
mas traz consigo também riscos”.
Acontece que essa hipótese poderia
render muito lucro, tanto para a
indústria alimentícia quanto para a
indústria farmacêutica e assim, por
influência e intenso lobby da indústria,
após 1956 a postura da AHA mudou e
aderiu à perspectiva de que gorduras
saturadas e colesterol são prejudiciais
e estão relacionados à doenças
11
cardiovasculares, hipertensão e derrame,
devendo ser evitadas e substituídas
pelos óleos vegetais poli-insaturados.
A partir deste ponto a hipótese começou
a ser difundida massivamente não só
entre os médicos, mas nos diversos
veículos da mídia. No começo da
década de 1960, nos EUA, campanhas
e propagandas surgem solidificando
e espalhando a noção equivocada que
gordura saturada e produtos de origem
animal como ovos, manteiga, carnes,
queijos são prejudiciais à saúde e que
produtos recém inventados, como óleo
refinado de milho, margarina, leite
desnatado, cereais matinais eram as
escolhas certas e saudáveis.
Em 1977, foi publicado um relatório
“The Dietary Goals for the United States”
(Diretrizes Nutricionais Para os EUA),
apontando que as epidemias de doenças
cardiovasculares, câncer, hipertensão
e diabetes estavam relacionadas ao
consumo de carne, gordura saturada,
colesterol e açúcar. Este relatório
serviu de base para a famosa pirâmide
alimentar e as diretrizes recomendadas
mundialmente por órgão oficiais pelos
próximos 35 anos.
A indústria Alimentícia, com sua
produção excedente de grãos,
principalmente o milho, enxergou a
oportunidade única de faturar muito
e não perder nada de sua gigantesca
produção, inventou o óleo de milho,
a margarina e o milho em flocos, os
famosos cereais matinais. Até mesmo
a indústria dos laticínios que sairia
perdendo com a teoria, encontrou a
solução nas versões desnatadas e light
dos seus produtos, faturando ainda mais.
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A indústria farmacêutica começou
a trabalhar em medicamentos para
prevenir e tratar esta “terrível ameaça”
do colesterol alto – e encontrou uma
mina de ouro, pois mesmo com a
população seguindo as recomendações
dietéticas de baixa gordura e colesterol, o
colesterol alto nas pessoas iria continuar
existindo, já que a causa do colesterol
alto não está necessariamente no
colesterol alimentar ou nas gorduras
e os problemas cardiovasculares
continuariam a aumentar, já que os níveis
de colesterol não são os causadores
destes problemas.
É por isso que as estatinas, que são
os remédios produzidos para baixar
artificialmente o colesterol, são o
maior sucesso de vendas na história
da indústria farmacêutica. E assim o
que era apenas especulação advinda de
experimentos rudimentares e estudos
observacionais sem solidez foi ganhando
status de verdade científica.
Alimentos nutritivos e saborosos, como
ovos, queijos, carnes, manteiga e óleo
de coco passaram a ser eliminados
do cardápio de muito gente. Os níveis
de colesterol se tornaram fatores
constantes nas avaliações de saúde e os
níveis considerados altos, mesmo em
pessoas sentindo-se perfeitamente bem,
começaram a ser fontes de preocupação
e quadros para tratamento médico.
Porém, na atualidade as evidências
são irrefutáveis e esta hipótese de
que o colesterol, a gordura alimentar
e alimentos ricos colesterol causam
problemas cardíacos é insustentável.
12
A Organização Mundial de Saúde fez
um estudo chamado “Monitorando de
tendências e determinantes em doenças
cardiovasculares” onde comparou
os níveis de colesterol de diferentes
populações e a taxa de mortalidade por
causas cardiovasculares.
Neste estudo vemos populações como
dos aborígenes da Austrália, com
altíssimas taxas de mortes por doenças
cardíacas e os níveis mais baixos de
colesterol, enquanto que países como
a Suíça, apresentando um dos níveis
mais altos de colesterol do mundo,
com baixíssimas taxas de mortalidade
cardiovascular. Este e outros estudos
recentes mostraram total ausência
de correlação entre o colesterol e
doenças cardiovasculares.
Mas como modificar tudo isso?
Agora que os alimentos light já estão
solidificados no mercado, que as
estatinas vendem bilhões e que os
médicos já possuem todo o roteiro
decorado de tratamentos e prescrição?
A verdade é que grande parte dos
profissionais e dos órgãos oficiais
não modificam suas abordagens por
simples comodidade, desatualização
ou interesses financeiros. Não
querem arriscar perder tudo o que já
foi construído e que dá um retorno
financeiro garantido. Mas isto não é
ciência e nem um cuidado real com a
saúde, pelo contrário.
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O que você precisa entender sobre
colesterol
Conforme explicado, o colesterol é uma
substância vital para as células e para
inúmeros processos do metabolismo.
Mas existem diferentes partículas de
colesterol e diferentes qualidades
também.
É verdade que alguns subtipos de
colesterol podem se acumular nas
placas, mas temos que nos perguntar
porque esse depósito acontece. Parte
do colesterol que “gruda” na parede
das artérias está na verdade tentando
corrigir lesões e processos inflamatórios.
Ele não causa o problema. É como
um policial na cena do crime. Se uma
pessoa de outra cultura desconhecesse
completamente como a nossa sociedade
funciona e começasse a investigar a
causa de crimes poderia muito bem
chegar à conclusão de que policiais
causam crimes.
13
O raciocínio é simples: toda vez que um
crime ocorre e ela vai até o local para
investigar, encontra policiais no local.
Acontece que os policiais chegam depois
que o crime ocorre, para tentar resolver
o problema. Com o colesterol acontece
algo parecido: toda vez que ocorre
um “crime”, uma lesão, um ferimento
causado por algum “bandido” (veremos
quais são) o colesterol vai até lá para
tentar ajudar.
Mas quando isso acontece em excesso
essa placa começa a estreitar a passagem
do sangue e prejudicar a circulação.
Essa placa também pode se romper e
assim causar mais inflamação e coágulos,
que podem resultar em um ataque
cardíaco ou AVC. Por este motivo, em
casos específicos, pode ser aconselhável
diminuir os níveis de colesterol.
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Tipos de colesterol
As siglas LDL e HDL se referem a
lipoproteínas, que são responsáveis por
transportar o colesterol pela corrente
sanguínea.
Tanto o HDL quanto o LDL desempenham
funções importantes para a saúde.
O HDL, que ficou conhecido como
“colesterol bom”, transporta o colesterol
dos tecidos para o fígado, para ser reciclado
ou excretado, o HDL foi considerado
benéfico, já que está retirando o colesterol
do sangue.
O LDL, que ficou conhecido como
“colesterol ruim”, transporta o colesterol
fabricado no fígado para o resto do corpo
e diversos tecidos, por estar levando
colesterol produzido no fígado para o
sangue, o LDL ficou conhecido como
nocivo, mas não é bem assim.
Os dois são necessário, porém algumas
partículas do colesterol LDL se tornam
“grudentas” quando oxidadas e
“caramelizadas”, e a pergunta que devemos
fazer é: O que causa essa oxidação e
alteração nas partículas de LDL?
14
A alteração do LDL é decorrente
principalmente da hiperglicemia
sanguínea, causada pelo excesso de
açúcar e carboidratos, da atuação
de radicais livres e do excesso de
inflamação.
São estas partículas alteradas de colesterol
LDL, junto com os triglicerídeos que podem
se depositar nas artérias.
É preciso entender que existem diversos
fatores indicativos de problemas
cardiovasculares, o colesterol LDL alto
pode ou não ser um fator contribuinte
dependendo dos outros fatores.
Em algumas situações específicas podem
existir riscos relacionados ao colesterol
alto, mas pesquisas recentes apontam
que o colesterol mais elevado em idosos
previne o declínio das funções cerebrais
e melhora a memória e a cognição. O
colesterol baixo é que muitas vezes pode
significar problemas e riscos de saúde.
Veremos adiante os marcadores mais
importantes de riscos cardíacos e
parâmetros para que você entenda melhor
o que podem significar os valores que
aparecem no seu exame.
Revista Viva Com Saúde
Estatinas
Há décadas, baixar os níveis do
colesterol LDL têm sido o alvo de dietas e
medicamentos visando diminuir os riscos
de problemas cardiovasculares.
No entanto, não é isso que os estudos
científicos apontam. Com mais de meio
século de tentativas, nenhuma pesquisa
conseguiu mostrar qualquer benefício
consistente para esta abordagem. É
exatamente isso que revela uma revisão
sistemática publicada dia 04 de agosto
deste ano (2020), no BMJ Evidence
Based Medicine, que analisou os dados
disponíveis de todos os ensaios clínicos
randomizados.
Medicamentos para diminuir o colesterol
são prescritos para milhões de pessoas,
porém as doenças cardiovasculares
continuam a ser a principal causa de morte
em todo o mundo.
As famosas estatinas são os medicamentos
mais amplamente prescritos, alcançando
quase 1 trilhão de dólares em vendas
desde seu lançamento, seria este o
motivo de tamanha persistência de uma
teoria que parece sobreviver imune
às evidências contraditórias? Pois na
ciência, evidências contrárias geralmente
levam a uma mudança de paradigma ou
à modificação da teoria em questão, mas,
neste caso, as evidências continuam sendo
consistentemente ignoradas.
Entre 2002 e 2013, o uso de estatinas
nos EUA praticamente dobrou, os níveis
15
de colesterol da população caíram, mas
as mortes por doenças cardiovasculares
aumentaram.
Na Suécia, a recente utilização
generalizada e crescente de estatinas não
se correlacionou com qualquer redução
significativa no infarto agudo do miocárdio
ou mortalidade, enquanto na Bélgica
uma redução muito modesta nos eventos
cardiovasculares foi relatada entre 1999 e
2005, mas, curiosamente, essa redução se
deu principalmente em indivíduos idosos
que não tomaram estatinas.
Esses estudos populacionais sugerem que,
apesar do uso generalizado de estatinas,
não houve declínio concomitante no
risco de eventos cardiovasculares ou
mortalidade cardiovascular. Na verdade,
há evidências de que o uso de estatinas
pode levar a efeitos colaterais, como a
diminuição da coenzima Q10 no organismo,
que podem aumentar o risco de doenças
cardiovasculares.
Vale mencionar que existem alguns estudos
mostrando pequena redução de riscos
cardiovasculares pelo uso de estatinas,
mas nenhum desses estudos mostrou
que baixar o LDL foi o que causou essa
redução. As estatinas podem ter efeito
anticoagulante e anti-inflamatório e estes
dois fatores sim, possuem relação direta
com o risco cardiovascular.
Revista Viva Com Saúde

O PERIGO DAS ESTATINAS

Primeiramente deve ser dito que abaixar o colesterol artificialmente, sem necessidade
real, traz efeitos adversos ao organismo, pois como vimos o colesterol participa de
inúmeros processos vitais, nosso organismo necessita dele.

Dezenas de milhões de pessoas tomam estatinas, é preciso se conscientizar que existem

efeitos colaterais e riscos. As estatinas atuam inibindo o processo enzimático que resulta
no colesterol, mas que também resulta em outros processos benéficos para o organismo,
como a produção de coenzima Q10, que é uma substância muito importante para a
produção de energia nas células.

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OS EFEITOS COLATERAIS DAS

ESTATINAS INCLUEM:
• Diminuição de coenzima Q10 e menor produção de energia pelas mitocôndrias

• Dores musculares

• Aumento no risco de câncer

• Disfunções sexuais

• Problemas cardíacos

• Problemas cognitivos (dificuldade de aprendizado, diminuição da memória e outros

distúrbios)

• Diabetes

• Danos ao fígado

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Gordura saturada
Com a hipótese dieta-coração, alimentos
ricos em gorduras saturadas, como manteiga,
ovos, bacon e carnes passaram a ser temidos
e evitados. Isso se deve a crença de que as
gorduras engordam e entopem as artérias, o
que é completamente errado.
Gorduras são essenciais e do mesmo modo
que a ciência já refutou a tese do colesterol,
também já não restam dúvidas que as
gorduras naturais dos alimentos não apenas
não fazem mal, mas como são benéficas.
Em junho deste ano foi publicado um
artigo no Journal of the American College
of Cardiology admitindo que a gordura
saturada não causa um aumento nas doenças
cardiovasculares e que cortar a gordura
saturada da alimentação não reduz a taxa de
mortalidade.
O estudo ainda afirma - para a surpresa de
muita gente - que a gordura saturada faz
bem, apontando que 25% das pessoas que
com maior ingestão de gordura saturada
tiveram menor risco de acidente vascular
cerebral.
Também demonstra que os óleos
poliinsaturados, como os de milho, soja,
canola, girassol, popularmente vistos
como mais saudáveis, aumentam o risco
de doenças cardiovasculares.
Sim, é exatamente o oposto do que alguns
órgãos e instituições médicas desatualizadas
afirmam. De fato, este estudo aponta que para
menor mortalidade os óleos poliinsaturados
devem constituir apenas 5% do total das
gorduras ingeridas.
O artigo deixa claro que não existem
evidências para sustentar recomendações
18
que limitam o consumo de gorduras
saturadas e que as diferentes classes de
ácidos graxos saturados - de cadeia curta,
média, longa e muito longa - possuem
diferentes benefícios.
A gordura saturada está presente
predominantemente em alimentos de origem
animal, como carnes, laticínios, manteiga e
em alguns produtos de origem vegetal como a
manteiga de cacau, o óleo de coco e o óleo de
palma.
O preconceito de longa data contra os
alimentos ricos em gorduras saturadas
precisa ser superado. Os estudos não
deixam dúvidas e esta revisão recente
publicada no “Journal of the American
College of Cardiology” pode ser um passo
importante para que órgãos governamentais
e associações médicas passem a transmitir
conhecimento e recomendações mais de
acordo com os fatos e a ciência.
As gorduras são uma excelente fonte de
energia e ajudam na absorção de nutrientes,
como as vitaminas lipossolúveis (A, K, E e D)
e compostos benéficos dos alimentos.
Boas fontes de gorduras são: coco, abacate,
açaí, manteiga, nata, banha, óleo de coco,
azeite de oliva, amêndoas, castanhas, nozes,
dentre outras. Consulte a edição número 2
para uma lista completa.
Mas existem sim gorduras que fazem mal ao
coração: as gorduras trans hidrogenadas e
os óleos vegetais refinados. Achou estranho?
Sim, pois são exatamente os que alguns
órgãos e profissionais desatualizados
recomendam como óleos que fazem bem ao
coração.
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AS VERDADEIRAS
CAUSAS
Todos os problemas cardiovasculares têm
basicamente a mesma origem: inflamação e
degradação da parede interna das artérias,
que geram enrijecimento, lesões e a formação
de placas de ateroma.
A parede interior das artérias, que se chama
endotélio, fica em contato direto com o
sangue o tempo todo e consequentemente
sofre o impacto do que o nosso sangue
carrega: muito açúcar, muito radical livre,
toxinas, metais pesados, óleos inflamatórios…
diversos fatores podem ir causando lesões
no endotélio, esses fatores é que estão por
trás de praticamente todos os problemas
cardiovasculares.
Os principais fatores que agridem nossos
vasos sanguíneos e levam à formação da placa
que pode ir “entupindo” as artérias são:
19
• Obesidade
• Consumo excessivo de açúcar e
carboidratos, que causam aumento na
glicose sanguínea.
• O estresse, por aumentar a glicose no
sangue e o cortisol, que causa inflamação
e danos oxidativos.
• Óleos refinados ricos em ômega 6, que
causam um processo inflamatório que vai
agredindo a parede das artérias
• Hipertensão
• Toxinas e metais pesados
• Tabagismo
• Sedentarismo
• Radicais livres e estresse oxidativo
Revista Viva Com Saúde
Obesidade
O obeso tem maiores chances de
desenvolver todos os fatores de risco
para doenças cardiovasculares, como
hipertensão, resistência insulínica,
formação de placa de ateroma.
O coração também precisa trabalhar mais
por causa do peso extra, sendo que o obeso
apresenta mais casos de insuficiência
cardíaca e arritmia.
Não é uma questão estética, é uma questão
de saúde: não existe “gordinho” saudável.
A gordura corporal, ou tecido adiposo, é
um tecido inflamado, que libera mais de 35
citocinas, que são moléculas sinalizadores
de inflamação, e que causam lesão
endotelial (a parte interior das artérias).
Se você está acima do peso, você está
20
danificando seus vasos sanguíneos.
Mais de metade da população brasileira
está com sobrepeso e a obesidade é
a principal contribuidora de doenças
crônicas no mundo.
O sobrepeso e a obesidade estão
diretamente relacionados com dois
processos metabólicos causadores de
problemas cardiovasculares: a resistência
insulínica e a inflamação generalizada.
E o que causa a obesidade? Existem alguns
fatores contribuintes, mas o consumo
excessivo de açúcar e carboidratos
refinados é, sem dúvida, o principal.
Revista Viva Com Saúde
AÇÚCAR E CARBOIDRATOS
REFINADOS: OS VERDADEIROS
VILÕES
Em 1972, um cientista britânico chamado
John Yudkin deu o alarme de que o
açúcar - e não a gordura - seria o maior
perigo para a nossa saúde. Mas suas
descobertas foram ridicularizadas e sua
reputação arruinada, já que nesta época a
Indústria do açúcar detinha grande poder
no campo das “pesquisas científicas” e
foi justamente este poder que ajudou a
manter o colesterol e a gordura como os
“causadores” dos problemas do coração.
Atualmente, qualquer pesquisador ou
profissional sério de saúde conhece os
perigos do excesso de açúcar, mas ainda
pouco se fala de sua relação com doenças
cardiovasculares.
21
O açúcar atrapalha o bom funcionamento
do organismo de muitas maneiras.
Carboidratos, que são amidos (pães,
biscoitos, massas, arroz, cereais) e açúcar
se transformam em glicose no nosso
corpo e a glicose é uma molécula bastante
reativa, se liga facilmente à proteínas
e outros componentes, alterando suas
estruturas, essa reação química é chamada
de glicação.
A glicação ocorre, por exemplo, nas
proteínas do colágeno e elastina, que
fazem parte da parede interior das
artérias, causando enrijecimento e perda
de elasticidade, facilitando o aparecimento
de lesões e o aumento da pressão arterial.
Revista Viva Com Saúde
Além disso, amidos e açúcares refinados
podem aumentar a produção de radicais
livres e citocinas pró-inflamatórias.
Outros dois fatores diretamente
relacionados ao desenvolvimento de
processos degenerativos, como os
problemas cardiovasculares.
Para piorar, o consumo frequente
de carboidratos concentrados exige
grandes quantidades de insulina, que
é o hormônio responsável por retirar o
açúcar do sangue e levar para as células.
Quando a insulina está atuando, a ação
benéfica de outros hormônios que
contribuem para o equilíbrio do corpo é
diminuída.
O consumo frequente e excessivo de
açúcar e carboidratos leva ao quadro
de resistência insulínica, quando as
células do corpo já não respondem de
maneira adequada à insulina, causando
problemas diversos e podendo levar ao
diabetes tipo 2, este tema foi detalhado
na edição número 2.
Não é coincidência que a resistência
à insulina seja o transtorno mais
comum no mundo e a doença cardíaca
seja a causa de morte mais comum.
A resistência à insulina causa mudanças
patológicas na maneira com que
o coração e os vasos sanguíneos
funcionam, criando uma série de
problemas, que culminam em pressão
arterial elevada e esforço aumentado em
cada contração cardíaca.
Níveis elevados de insulina impulsionam
o crescimento de células cardíacas,
fazendo com que o miocárdio,
22
ou músculo cardíaco, torne-se
excessivamente espesso a ponto de
impedir o bombeamento adequado do
sangue nas câmaras cardíacas.
Alguns estudos demonstram de modo
claro que quanto mais alta a insulina
circulante, mais as células do músculo
cardíaco são comprometidas. Isso
ocorre através de inúmeros mecanismos
como depósitos de tecido gorduroso no
músculo cardíaco, formação de tecido
fibroso, além da função cardíaca se
prejudicar pela formação de ateromas
e de pressão alta, ambas resultantes da
resistência insulínica.
Resumindo, o excesso de açúcar e
carboidratos:
• Causa glicação que enrijece e causa
lesões no endotélio
• Contribui para a inflamação das
paredes arteriais
• Contribui para a resistência
insulínica, diabetes, tipo 2 e
hipertensão, todos fatores que
aumentam os problemas de coração.
• Aumenta os triglicérides (gordura)
no sangue, fator de risco para
cardiopatias
• Altera o colesterol LDL
• Causa alterações estruturais do
músculo cardíaco
• Estimula o ganho de gordura
corporal, que leva à um estado
inflamatório
Revista Viva Com Saúde

INFLAMAÇÃO: A
VERDADEIRA CAUSA DAS
DOENÇAS CARDÍACAS
A inflamação é um processo natural, uma
reação do sistema imune para combater
algum elemento estranho ou curar lesões e
ferimentos fazendo com que o organismo ou
a região afetada possa se recuperar.
Este processo geralmente dura algumas horas
ou dias, são respostas “agudas”, possuem
uma causa bem definida, começam, se
desenvolvem e terminam. A inflamação aguda
é pontual, benéfica e necessária.
são responsáveis pela maioria dos ataques
cardíacos e derrames.
Em 2017, uma pesquisa do Brigham and
Women’s Hospital in Boston verificou que
reduzir a inflamação, por si só, já reduz o
risco de doenças coronarianas.
Por este motivo, é importante avaliar os
níveis de Proteína C Reativa no sangue, que
apontam para processos inflamatórios.

O problema não é a inflamação em si, mas Inúmeros fatores da vida moderna

quando ela não cessa e torna-se crônica. contribuem para esta inflamação
generalizada, incluindo:
Segundo muitos estudos, esse processo
inflamatório silencioso (pois não apresenta • Má alimentação com excesso de açúcar,
sintomas definidos) e constante, pode óleos ruins, produtos refinados e
não ser notado durante anos e está na industrializados
raiz dos maiores problemas de saúde que
• Excesso de estresse
enfrentamos na atualidade.
• Falta de sono
A inflamação crônica desempenha um
papel fundamental no desenvolvimento • Poluentes ambientais
da aterosclerose - o acúmulo de placas de
gordura e colesterol dentro das artérias • Deficiência nutricionais
e o sistema imune através das moléculas
mensageiras chamadas citocinas atraem • Toxinas
células brancas do sangue para consumir
as partículas de colesterol e desse modo • Sedentarismo
romper a placa, que então se mistura com
• Obesidade
o sangue, formando um coágulo que pode
bloquear o fluxo sanguíneo. Esses coágulos

23
Revista Viva Com Saúde

ALIMENTAÇÃO
Além do açúcar e carboidratos refinados, existem outros elementos da alimentação
que afetam diretamente a saúde cardiovascular, o tipo de óleos e gorduras talvez seja
o mais importante.

24
Revista Viva Com Saúde
Óleos ruins e excesso de ômega 6
Um produto que faz parte da alimentação
diária de milhões e milhões de pessoas,
ainda recebe pouca atenção quando o
assunto é doenças crônicas e problemas
cardiovasculares: os óleos vegetais de
sementes, como milho, canola, soja,
girassol, dentre outros.
Contrariamente ao que muitos ainda
acreditam, estes óleos não são “amigos
do coração” e nem de qualquer parte do
organismo. De fato, não restam dúvidas
de que esses óleos estão causando sérios
problemas de saúde na população.
Existem inúmeros problemas com
o consumo destes óleos, que até o
início do século 20 nunca haviam sido
considerados como alimentos - mas sim
25
utilizados em indústrias de fazer sabão e
vernizes.
Estes óleos passaram a ser consumidos
em grandes quantidades justamente pela
condenação equivocada das gorduras
utilizadas tradicionalmente como a
manteiga na Índia e na Europa, a banha
de porco na Ásia e em diversas partes do
mundo, o óleo de coco nas regiões mais
tropicais.
Todas essas gorduras foram combatidas
com base em estudos mal feitos e
conclusões tendenciosas e os óleos
vegetais poliinsaturados refinados
passaram a ser a substituição “saudável”
para essas gorduras naturais e
tradicionais.
Revista Viva Com Saúde
Existem muitos problemas com esses
óleos:
• São altamente processados e
refinados quimicamente,
• São instáveis e se oxidam facilmente,
sendo fontes de radicais livres,
• São quase sempre provenientes
de monoculturas geneticamente
modificadas e cheias de agrotóxicos
• Quando aquecidos geram
subprodutos tóxicos.
• São ricos em ômega 6, e sua ingestão
desequilibra a proporção saudável
entre o ômega-6 e ômega-3, com
consequências significativas para a
nossa saúde.
Os componentes básicos que formam
a classe alimentar das gorduras são
os ácidos graxos. Existem diversos
tipos de ácidos graxos e dois deles são
considerados essenciais: o ômega 3 e o
ômega 6.
Esses ácidos graxos são assimilados
pelo corpo e passam a fazer parte das
membranas celulares e de inúmeros
processos no metabolismo, em especial,
atuam na sinalização de processos
inflamatórios.
O ômega 6 é pró-inflamatório e o
ômega 3 é anti-inflamatório, os dois são
importantes, mas é preciso haver uma
proporção equilibrada entre eles.
As principais fontes de ômega 6 são
sementes, cereais e leguminosas: milho,
soja, amendoim, sementes de girassol,
abóbora, dentre outras, praticamente
todas as sementes contém ômega 6 em
menor ou maior grau.
26
E as fontes de ômega 3? Aqui vale fazer
uma rápida distinção entre as fontes
vegetais e as animais. Existe ômega 3 em
sementes como linhaça e chia, o ácido
linolênico (ALA), mas este é um tipo que
o corpo precisa converter para as formas
que ele utiliza, conhecidas como DHA e
EPA.
Esse processo de conversão é muito
ineficiente e menos de 4% do ALA se
transforma em DHA e EPA, que são
as formas encontradas nos animais,
especialmente peixes e frutos do mar,
mas também em carnes e ovos.
Pesquisas antropológicas sugerem que
nossos ancestrais caçadores-coletores
consumiam gorduras ômega-6 e ômega-3
em uma proporção de aproximadamente
1:1.
Curiosamente, estes estudos também
mostram que os caçadores-coletores
estavam e estão, quando continuam
com suas dietas tradicionais, livres das
doenças inflamatórias modernas, como
doenças cardíacas, câncer e diabetes,
que são as principais causas de morte e
morbidade atualmente.
Com o advento dos óleos vegetais
industrializados houve uma mudança
acentuada na proporção de ácidos
graxos ômega 6 para o ômega 3 na
dieta.
Isso é fácil de entender, se você já comeu
milho ou soja, já percebeu que não
são alimentos especialmente oleosos,
portanto mesmo comendo quantidades
consideráveis desses alimentos sua
ingestão de ômega 6 não aumentaria
de forma dramática, mesmo sementes
como a de girassol ou o amendoim, que
são mais oleosas, não fornecem uma
quantidade exagerada quando você
Revista Viva Com Saúde
consome as sementes.
Hoje, através dos processos industriais
você consegue extrair esses óleos e é
muito fácil alterar esta proporção em
nossa alimentação moderna.
Ao mesmo tempo que o consumo de
ômega 6 aumentou exponencialmente,
o consumo de ômega 3 diminuiu,
tornando a proporção moderna
destes nutrientes extremamente
desequilibrada chegando à 25 partes de
ômega 6 para uma de ômega 3.
O ômega 6 é pró-inflamatório portanto
estimula processos inflamatórios no
corpo.
A relação entre a ingestão de ômega
6 e a mortalidade cardiovascular é
particularmente impressionante.
Vale mencionar neste contexto que o
ômega 6 aciona a coagulação, um fator
contribuinte adicional para o risco
de problemas cardiovasculares já que
os coágulos podem obstruir os vasos
sanguíneos causando ataques cardíacos
ou derrames.
Por outro lado, vários estudos clínicos
mostraram que a diminuição da
proporção ômega 6: 3 protege contra
doenças crônicas e degenerativas. Este
é um dos motivos da suplementação
com ômega 3 do óleo de peixe propiciar
tantos benefícios para a saúde
cardiovascular e cerebral.
Joseph Hibbeln, pesquisador do Instituto
Nacional de Saúde (NIH) que publicou
vários artigos sobre os ômegas 3 e 6, não
mediu palavras quando comentou sobre
o aumento da ingestão de n-6 em um
artigo recente:
“O aumento no consumo mundial
27
de ômega 6 ao longo do século
passado pode ser considerado um
grande experimento não controlado
que pode ter contribuído não só
para a mortalidade cardiovascular,
mas para distúrbios psíquicos e
sociais relacionados à depressão e
comportamentos agressivos.”
Tendo em vista a larga utilização de
óleos ricos em ômega 6 em produtos
industrializados e no preparo de
alimentos, uma atitude necessária
é diminuir consideravelmente o
consumo da maior parte dos produtos
industrializados e não utilizar esses
óleos para cozinhar, mas sim os óleos
tradicionais como a manteiga, óleo de
coco, azeite.
Por um lado devemos idealmente
eliminar ou diminuir ao máximo
o consumo de óleos vegetais
ultraprocessados e, simultaneamente,
devemos aumentar a ingestão de
ômega 3 através da alimentação e da
suplementação.
Não é necessário deixar de consumir
sementes ou qualquer alimento devido à
esse fator, mas sim os óleos.
Equilibrar essa equação é um fator
fundamental para recuperar a saúde e
viver com qualidade, para isso:
Substitua todos os óleos vegetais
refinados de cozinha por banha,
manteiga, azeite, óleo de coco e óleo de
palma.
Diminua significativamente o consumo
de produtos industrializados,
salgadinhos e frituras.
Consuma maior quantidade de boas
fontes de ômega 3 como sardinha, atum,
Revista Viva Com Saúde
Gorduras trans
A famosa gordura vegetal hidrogenada,
que contém a gordura trans é um dos
piores ingredientes da indústria, causa
inflamação, aumenta o LDL oxidado e
aumenta as chances de câncer, Alzheimer
e doenças do coração.
Como os órgãos reguladores já
reconheceram seus malefícios, exigem
que os produtos que contenham gordura
trans escrevam isso no rótulo, mas a
indústria conseguiu uma maneira de
driblar a legislação que permite que
quando o produto tem menos de 0,2
g por porção possa afirmar que é zero
trans. Então os fabricantes diminuíram
a porção para conseguir atingir essa
exigência e afirmar que não contém
gordura trans. Se nos ingredientes tiver
óleo vegetal, considere que tem gordura
trans e evite.
Este é um item largamente utilizado
e está presente em quase todos os
produtos do tipo bolachas, biscoitos,
bolos, salgadinhos, macarrão
instantâneo, sorvetes, etc.
A gordura vegetal é feita através
da hidrogenação de óleo vegetal de
sementes, este processo serve para
deixar ela cremosa e consistente,
parecendo a manteiga.
Quando a gordura vegetal recebe
corantes e aromatizantes é chamada de
margarina.
Você ainda evita manteiga e compra
margarina? Mude isso agora mesmo.
28
Revista Viva Com Saúde
Excesso de Estresse
Momentos de estresse são parte da
vida e até mesmo saudáveis quando
encarados com a atitude correta. O
problema ocorre quando o estresse é
frequente.
A maioria de nós estamos expostos a um
nível de estresse muito maior do que
deveríamos.
O sistema cardiovascular é um dos que
mais sofre com os impactos de tanto
estresse cotidiano. Por isso, cada vez
mais estudos são direcionados para
medir o quanto estressores colocam em
risco a saúde do coração.
Um levantamento de dados da Faculdade
de Medicina da Universidade de Harvard
(EUA) aponta os riscos de entupimento
de artérias devido ao estresse excessivo.
Situações estressantes desencadeiam
picos de produção dos glóbulos brancos,
responsáveis pela defesa do organismo.
O problema é que, em excesso, esses
glóbulos brancos congestionam as
artérias coronárias, dificultam o fluxo do
sangue na região e aumentam o risco de
coágulos.
Diante desses dados, alguns cientistas
estimam que pelo menos 15% dos casos
de infarto são oriundos das situações de
estresse excessivo.
Também um estudo conduzido na Suécia
com a participação de 136.637 pacientes
demonstrou que as reações severas
de estresse aumentavam em 64% o
risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares.
29
Revista Viva Com Saúde
Além disso, as altas doses de adrenalina
e noradrenalina provocam problemas
como aumento da pressão arterial,
espasmos das artérias do coração e
aceleração da frequência cardíaca.
Sendo assim, o gerenciamento do
estresse é um aspecto essencial para a
prevenção de doenças cardiovasculares.
O estresse crônico desregula os níveis
de cortisol, com inúmeras consequências
ruins para a saúde.
O cortisol desregulado:
• Aumenta o açúcar no sangue
• Enfraquece seu sistema imunológico
• Reduz sua capacidade de queimar
gordura
• Aumenta a gordura na barriga e no
fígado (esteatose hepática)
• Desregula a pressão arterial
• Contribui para doença cardiovascular
30
Estudos sugerem que os altos níveis
de cortisol do estresse de longo
prazo também podem aumentar os
triglicerídeos, açúcar no sangue e
pressão arterial. Esses são fatores de
risco comuns para doenças cardíacas.
Esse estresse também pode causar
alterações que promovem o acúmulo de
depósitos de placas nas artérias.
Mesmo o estresse mínimo pode
desencadear problemas cardíacos, como
fluxo de sangue insuficiente para o
músculo cardíaco. Esta é uma condição
em que o coração não recebe sangue
ou oxigênio suficiente. E o estresse de
longo prazo pode afetar a forma como o
sangue coagula. Isso torna o sangue mais
pegajoso e aumenta o risco de acidente
vascular cerebral.
Resumindo, o estresse pontual e
passageiro é natural e pode ser até
saudável, pois a partir dele nos tornamos
mais fortes e capazes de superar
situações desafiadoras.
Revista Viva Com Saúde
Já o estresse crônico não é um estado
natural e como boa parte desse tipo de
estresse provém do âmbito mental e
emocional, é de extrema importância
buscar métodos de auto-conhecimento,
meditação, relaxamento e se dedicar a
aprimorar sua inteligência emocional.
A edição número 3 que trata da
ansiedade traz ótimas dicas para
gerenciar o estresse e melhorar sua vida
emocional.
O estresse psicológico contribui para
a doença cardiovascular em vários
estágios, incluindo o desenvolvimento
de longo prazo de doença cardíaca
coronária e o desencadeamento agudo
de eventos cardíacos.
Perturbações de processos inflamatórios,
do sistema nervoso e da composição
do sangue são provavelmente os
mecanismos pelos quais o estresse
psicológico de curto prazo desencadeia
infarto agudo do miocárdio
O estresse crônico no trabalho e na vida especificamente a inflamação das
privada está associado a um aumento
de 40-50% na ocorrência de doença
coronariana em estudos observacionais.
Indicadores de elevado estresse de longo entre o aumento da atividade amigdalar
prazo, como isolamento social e estresse e mais inflamação arterial. Pessoas que
relacionado ao trabalho, estão associados se classificaram como mais estressadas
a mau prognóstico entre pacientes com
doença coronariana estabelecida.
Uma pesquisa da Universidade de
Harvard sugere que o estresse pode ser
um fator de risco tão importante quanto
fumar ou pressão alta. A pesquisa foi
composta por dois estudos, um estudo
maior, composto por 293 pessoas,
analisou imagens cerebrais e mostrou
que sob estresse, a amígdala (uma área
do cérebro que lida com o estresse e
emoções) sinaliza para a medula óssea
para produzir glóbulos brancos extras.
Isso, por sua vez, causa a inflamação das
artérias. Já sabemos que a inflamação
está envolvida no processo que leva a
ataques cardíacos, angina e derrames.
Quando você passa por estresse, a
amígdala envia um sinal de socorro ao
hipotálamo, que então o comunica ao
resto do corpo para que esteja pronto
para lutar ou fugir.
No primeiro (maior) estudo, os
pesquisadores descobriram que a
ligação entre a atividade na amígdala e
eventos cardíacos posteriores e derrame
foi devido ao aumento da atividade
da medula óssea (sistema imune) e
inflamação arterial.
O segundo (menor) estudo examinou
artérias e a atividade da amígdala
em pessoas altamente estressadas e,
novamente, encontrou uma associação
também foram mais propensas a ter
níveis mais elevados de atividade na
amígdala.
Esses processos já haviam sido
mostrados em ratos e agora também em
humanos.
31
Revista Viva Com Saúde
Privação de sono
Dormir é vital e indispensável para
a saúde como um todo e um sono de
qualidade pode ser particularmente
importante para pessoas que já
apresentam fatores de risco para
doenças cardíacas.
Um estudo de 2019 publicado no Journal
of the American Heart Association
descobriu que as pessoas que tinham
pressão alta ou diabetes tipo 2 dobraram
o risco de morte prematura por doença
cardíaca ou derrame se dormissem
menos de seis horas por noite.
Segundo a Associação Brasileira de Sono,
cerca de 73 milhões de pessoas do país
sofrem com algum distúrbio para dormir
e 60% dos brasileiros dormem menos de
7 horas por noite.
Segundo OMS, distúrbios de sono afetam
40% dos brasileiros e 45% da população
mundial.
A insônia - incapacidade de adormecer
ou continuar dormindo - ocorre em até
15% da população dos Estados Unidos.
De acordo com o The American College
of Cardiology, até 44% das pessoas
com problemas cardíacos sofrem de
insônia. Um estudo taiwanês de 2015
publicado na revista Psychosomatic
Medicine descobriu que pessoas com
insônia tinham mais que o dobro do
risco de ataque cardíaco e derrame do
que a população em geral. A insônia
está aumenta o risco de pressão alta e
inflamação.
Pessoas que dormem menos de seis
horas por noite tendem a ter mais riscos
cardiovasculares do que aquelas que
dormem mais, incluindo:
• Pressão arterial elevada.
• Açúcar elevado no sangue (o que
pode levar ao diabetes).
• Mais inflamação.
• Obesidade.
• Sistema imune desregulado.
• Estresse oxidativo (radicais livres que
degradam tecidos do corpo)
32
Revista Viva Com Saúde
Apneia do sono é fator de risco para
doenças cardíacas
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é
uma condição na qual a respiração
para involuntariamente por breves
períodos de tempo durante o sono.
Normalmente, o ar flui suavemente
da boca e do nariz para os pulmões o
tempo todo. Períodos em que as paradas
respiratórias são chamadas de apneia ou
episódios apneicos. O fluxo de ar para
porque o espaço das vias aéreas na área
da garganta é muito estreito. O ronco é
característico da apneia obstrutiva do
sono. O ronco é causado pelo fluxo de ar
que atravessa o espaço estreitado das
vias aéreas. A apneia pode atrapalhar
muito, pois essas interrupções na
respiração impedem os estágios mais
profundos do sono.
A apneia obstrutiva do sono, que
ocorre em 22% dos homens e 17%
das mulheres nos EUA e está associada
a hipertensão, doença arterial
coronariana e acidente vascular
cerebral. Por exemplo, é encontrado em
47% a 83% das pessoas com doenças
cardiovasculares e 35% das pessoas com
pressão alta.
Pessoas com apneia do sono costumam
ter baixos níveis de oxigênio no sangue,
porque não respiram corretamente. Por
causa disso, o coração se esforça para
bombear mais sangue para distribuir
oxigênio por todo o corpo, elevando a
pressão arterial e aumentando o risco de
doenças cardíacas. A apneia do sono não
tratada pode aumentar a probabilidade
morte por doenças cardiovasculares em
até 5 vezes.
33
Revista Viva Com Saúde
Sedentarismo
Em um editorial conjunto de 2017 sobre
doenças cardíacas, os pesquisadores,
após avaliar as evidências acumuladas
nas últimas décadas, concluíram que as
gorduras saturadas e a carne vermelha
não são realmente ameaças à nossa
saúde cardiovascular, mas que um
verdadeiro inimigo é o sedentarismo.
Os 11 autores concluíram que a doença
cardíaca é uma doença multifatorial e
não pode ser corrigida simplesmente
modificando a alimentação, mas que
poderíamos causar uma grande redução
nas doenças cardíacas caminhando pelo
menos 150 minutos por semana - ou 22
minutos por dia.
O CDC norte americano (Centro para
Controle de Doenças) diz a mesma
34
coisa e afirma que uma das atitudes
preventivas de maior importância é
caminhar pelo menos 22 minutos por
dia.
Os exercícios aeróbicos promovem a
melhora da circulação e tornando as
artérias mais eficientes para levar o
sangue para os mais diversos órgãos do
organismo.
Os exercícios também são muito
eficientes para o controle da pressão
arterial.
Um estudo da Universidade de São Paulo
(USP), publicado na revista Autophagy,
ajuda a elucidar parte dos mecanismos
pelos quais o exercício aeróbico protege
o coração doente.
Revista Viva Com Saúde
A pesquisa demonstrou que o treinamento
aeróbico facilita a remoção de mitocôndrias
disfuncionais nas células cardíacas. As
mitocôndrias são as organelas responsáveis
por produzir energia para as células. A
remoção e renovação dessas organelas
promove um aumento na oferta de ATP
(adenosina trifosfato, molécula que
armazena energia para a célula) e reduz
a produção de moléculas tóxicas, como os
radicais livres de oxigênio e os aldeídos
reativos, que em excesso danificam as
estruturas celulares.
Em um experimento com ratos, os
cientistas, através da falta de irrigação
sanguínea causaram um infarto, com a
morte imediata de aproximadamente 30%
das células cardíacas. Após um mês, o
animal já apresenta sinais de insuficiência
no órgão.
Ao analisar o tecido do coração doente
por meio de microscopia eletrônica,
capaz de aumentar a imagem em até 3
mil vezes, os pesquisadores notaram que
nas células havia uma grande quantidade
de mitocôndrias de tamanho reduzido e
aglomeradas – algo que não foi observado
no coração de animais sadios.
As organelas estavam se acumulando
porque o sistema de remoção não estava
funcionando e, quando os animais foram
colocados para se exercitar, essas organelas
disfuncionais desapareceram. O exercício
restaurou o processo de remoção das
mitocôndrias cardíacas disfuncionais.
O treinamento dos animais teve início
quatro semanas após a indução do infarto,
quando eles já apresentavam sinais de
insuficiência. Os roedores eram colocados
em uma esteira para correr a uma
intensidade considerada moderada (70%
da capacidade máxima de corrida), durante
60 minutos, uma vez ao dia, cinco vezes por
semana, por oito semanas.
35
Ao final, os resultados eram comparados
com o de animais com insuficiência que
permaneceram sedentários pelo mesmo
período e também com o de animais sadios
(que não tiveram infarto induzido) e
sedentários (controle).
No animal doente que permaneceu
sedentário, a função cardíaca ao longo das
oito semanas caiu 30%, enquanto no grupo
treinado ela aumentou 40% em relação à
condição pré-treino. No fim, portanto, a
diferença na função cardíaca nesses dois
grupos foi de 70%.
Enquanto o coração dos ratos doentes
sedentários estava em média 18% maior
que o grupo-controle, o dos animais
treinados aumentou apenas 5%.
O exercício físico também induz um
aumento no tamanho do coração, mas
relacionado ao ganho de função. Já a
dilatação causada pela insuficiência
cardíaca, que ocorre no sedentarismo, está
relacionada à perda de função no órgão.
Já o nível de ATP dos animais doentes
sedentários foi 50% menor que o do grupo-
controle, enquanto nos animais treinados
foi equivalente ao do coração saudável.
Os resultados deste estudo mostram que
a atividade física não só previne como
também reverte os danos causados pela
insuficiência cardíaca.
A musculação também previne e controla
os fatores de risco cardiovasculares. Com
o ganho de força e de massa muscular,
o coração sofre menor sobrecarga com
esforços do dia a dia, a glicose sanguínea
fica mais equilibrada e os triglicérides
sanguíneos diminuem.
Pessoas que praticam musculação
regularmente apresentam um menor risco
cardiovascular para todas as faixas etárias.
Revista Viva Com Saúde
Pressão Alta
A pressão alta é uma condição cada
vez mais comum e que muitas vezes
não é dada a devida atenção, pois
representa uma grande ameaça para
a saúde, especialmente do sistema
cardiovascular, tanto que a hipertensão
é a responsável direta por metade de
todas as mortes causadas por doenças
cardiovasculares e já afeta 26% da
população mundial.
Hipertensão arterial é considerada
uma doença crônica em que a
pressão sanguínea nas artérias se
encontra constantemente elevada,
digo “considerada” pois ela pode ser
um indicativo, uma manifestação de
outros desequilíbrios e não uma doença
propriamente dita.
A hipertensão é uma ameaça silenciosa,
ou seja, não apresenta sintomas claros,
no entanto, aumenta o risco de inúmeros
problemas graves, especialmente
ataques cardíacos e derrames cerebrais
(AVC).
36
Com o tempo, a pressão alta não tratada
pode desencadear problemas cardíacos
e complicações relacionadas , como
ataque cardíaco , derrame cerebral e
insuficiência cardíaca .
O último levantamento feito pela
Sociedade Brasileira de Hipertensão
mostrou que a pressão alta é responsável
por:
40% dos casos de infarto;
80% dos casos de Acidente Vascular
Cerebral;
25% dos casos de insuficiência renal
grave
A edição número 5 oferece um
conhecimento valioso sobre a prevenção
e os tratamentos naturais para a
hipertensão.
Revista Viva Com Saúde

OS INDICADORES DE
SAÚDE CARDÍACA

Colesterol
O nível total de colesterol não é um
indicador de risco de doenças cardíacas.

É importante notar que, em geral, um

valor alto de colesterol total (de acordo
com os valores mais aceitos) não é motivo
de preocupação, podendo até mesmo
apontar boa saúde (dependendo dos outros
elementos), e valores muito baixos podem
indicar problemas.

De fato, a quantidade de triglicérides e a

relações entre os esses níveis indicam a
qualidade do LDL e fornecem informações
mais importantes sobre a saúde, portanto,
um dos principais fatores de risco são os
triglicérides altos.

37
Revista Viva Com Saúde

Triglicérides

Os triglicérides (ou triglicerídeos)

são produzidos no fígado em
resposta principalmente ao
consumo de carboidratos e
quando em excesso começam a
se depositar na forma de tecido
adiposo e podem ser depositados
nas artérias.

Triglicérides altos são uma

indicação clara de que algo não está
bem e que mudanças precisam ser
feitas.

38
Revista Viva Com Saúde

O QUE VOCÊ DEVE OBSERVAR

NOS EXAMES?

nível bom de hdl: 60 a 80 mg/dl

nível bom de ldl: menor 100 mg/dl (níveis um pouco mais altos podem ser ok,
dependendo dos outros indicadores)

triglicérides: maior que 70 e menor que 100 (muito bom), menor que 70 (excelente)

Uma boa maneira de avaliar sua saúde cardíaca é através de uma proporção
entre o HDL e os triglicérides.

Valor dos triglicérides dividido pelo valor do HDL (Triglicerídeos / HDL)

menor que 2,5 (risco baixo)

entre 2,5 e 5 (Risco médio)

Acima de 5 (Risco alto)

Por exemplo, se você apresenta 150 mg/dL e um HDL de 50 mg/dL, o resultado é 3.

39
Revista Viva Com Saúde
Glicemia sanguínea
e Insulina
Conforme vimos, uma glicemia alta é
prejudicial à saúde dos vasos sanguíneos
e do coração.
Valores ideais:
Glicose Jejum: abaixo de 90 ng/dl
Insulina Jejum: Abaixo de 6 ng/dl
Homocisteína
É um aminoácido encontrado no
plasma do sangue, e tem relação com o
surgimento de doenças cardiovasculares
como AVC, doença coronariana ou
infarto.
Isso acontece porque com os níveis
elevados, a homocisteína pode causar
alterações nos vasos sanguíneos.
Os valores de referência são:
Entre 15 e 30 µmol/L - Risco baixo de
doença cardiovascular;
Entre 30 e 100 µmol/L - Risco
intermediário de doença
cardiovascular;
Acima de 100 µmol/L - Risco elevado
de doença cardiovascular;
40
Hemoglobina
glicada
A hemoglobina glicada também é um
indicador de saúde geral e de saúde
cardíaca, quanto maior os índices,
maiores as chances de danos ao
endotélio.
Valor ideal: abaixo de 5,2 ng/dl
Ferritina
A ferritina é uma proteína produzida
pelo fígado, que armazena o ferro
dentro das células do organismo.
Por isso que o exame de ferritina sérica
é um método bastante utilizado para
avaliar níveis de ferro no organismo,
mas os níveis de ferritina também
podem aumentar devido à inflamação
e por isso, níveis altos podem
ser indicativos de maior risco de
problemas cardiovasculares.
Normalmente, nas pessoas saudáveis, a
quantidade média de ferritina sérica é
de 16 a 300 ng/mL em homens e de 4 a
161 ng/mL em mulheres.
Revista Viva Com Saúde
Proteína C reativa
A PCR é uma proteína plasmática
sintetizada no fígado que funciona como
um marcador sensível e dinâmico de
inflamação – por exemplo, na presença
de citocinas (moléculas inflamatórias),
como as interleucinas, sua concentração
na circulação pode aumentar até 10
mil vezes durante a resposta aguda do
organismo a uma infecção.
Os valores podem estar altos por
inflamações pontuais, como uma
infecção na garganta, ou pode indicar
uma inflamação crônica silenciosa o que
aumenta o risco de inúmeras doenças,
incluindo as cardiovasculares.
Essa proteína praticamente inexiste na
circulação de pessoas saudáveis.
A dosagem de PCR ultrassensível
41
foi desenvolvida em 1990 e passou
a detectar concentrações séricas de
PCR abaixo dos valores normais dos
testes prévios. Atualmente, em alguns
laboratórios, basta solicitar a PCR que
o exame já é realizado pelo método
ultrassensível.
Interpretação
- Baixo risco: <1,0 mg/L ou <0,1 mg/
dL.
- Médio risco: de 1,0 a 3,0 mg/L ou de
0,1 a 0,3 mg/dL.
- Alto risco: >3,0 mgv/L ou >0,3 mg/
dL.
- Muito alto risco: ≥10,0 mg/L ou ≥1,0
mg/dL.
Revista Viva Com Saúde
Pressão arterial
Pressão sistólica : é indicada pelo
primeiro número. Indica a pressão
nas artérias quando o coração bate e
bombeia sangue.
Pressão diastólica : é indicada pelo
segundo número. É a leitura da pressão
nas artérias entre as batidas do coração.
Cinco categorias definem leituras de
pressão arterial para adultos:
Saudável: Uma leitura saudável da
pressão arterial é inferior a 120/80
milímetros de mercúrio (mm Hg).
Elevada: O número sistólico está entre
120 e 129 mm Hg, e o número diastólico
é menor que 80 mm Hg.
Hipertensão no estágio 1: o número
42
sistólico está entre 130 e 139 mm Hg,
ou o número diastólico está entre 80 e
89 mm Hg.
Hipertensão no estágio 2: o número
sistólico é de 140 mm Hg ou superior,
ou o número diastólico é de 90 mm Hg
ou superior.
Crise hipertensiva: o número sistólico
é superior a 180 mm Hg ou o número
diastólico é superior a 120 mm Hg. A
pressão sanguínea nesta faixa requer
atenção médica urgente.
As leituras de pressão arterial são
diferentes para crianças e adolescentes
e os valores ideais nestes casos são
apontados pelo médico.
Revista Viva Com Saúde

CORAÇÃO PARTIDO? AS
EMOÇÕES E A SAÚDE
CARDÍACA

Todos nós já experimentamos a influência direta das emoções nas batidas

do coração. Em situações de ansiedade, medo, raiva ou de paixão e alegria, a
frequência cardíaca se altera imediatamente. Em casos de muita intensidade pode
até resultar em um infarte, existem relatos de ataques cardíacos de pessoas que
ganharam na loteria, em comemorações de jogos esportivos, em queda da bolsa de
valores.

43
Revista Viva Com Saúde
As emoções estão diretamente
relacionadas com uma estrutura do
cérebro chamada de amígdala - uma
parte em forma de azeitona no fundo do
córtex emocional. Quando a amígdala
fica hiperativa, o risco de ter um ataque
cardíaco ou derrame nos próximos três
a cinco anos é muito maior.
Os cardiologistas sempre souberam em
algum nível que há uma conexão entre
emoções e doenças cardíacas, mas hoje
temos dados científicos demonstrando a
ligação de uma forma muito direta.
Por exemplo, é comum na ocorrência
do falecimento de um dos cônjuges de
casais que estão juntos por décadas,
​​
que o outro faleça em apenas alguns
meses, dias e, em alguns casos, até horas
depois. Eles morreram de “coração
partido”. Quando se está deprimido,
o coração fica sob um grau bastante
severo de tensão. Pessoas deprimidas
são mais propensas a desenvolver
doenças cardíacas.
Os cardiologistas japoneses estudaram
44
extensivamente essa relação deram
o nome Takotsubo ou “Síndrome do
Coração Partido” aos danos repentinos
causados ao coração em eventos de
estresse. O nome “takotsubo” vem de
uma palavra em japonês para um tipo
de armadilha de polvos, devido ao
formato em que se dispõe o ventrículo
esquerdo na doença.
A “Síndrome do Coração Partido”
ocorre quando alguém está sob grave
sofrimento emocional, como ao ouvir
sobre a morte de um parente, as artérias
coronárias podem entrar em espasmo e
pode haver diminuição do suprimento
de sangue para o coração, que pode não
se contrair da maneira que deveria.
Os hormônios do estresse,
principalmente a norepinefrina, podem
inundar a circulação. Isso predispõe
o coração a distúrbios rítmicos, que
podem ser fatais. Hoje, a cardiomiopatia
do estresse é reconhecida como
causa de insuficiência cardíaca aguda,
arritmias ventriculares letais e rotura
(ruptura) cardíaca.
Revista Viva Com Saúde
Quando são tirados raios-X do coração
em pessoas que repentinamente ouviram
más notícias, a câmara principal do
coração (ventrículo esquerdo) inflou e
parece inchada como um peixe. Esta é
uma base patológica da “Síndrome do
Coração Partido”.
Quando os médicos registram
eletrocardiogramas do coração sob
esse tipo de estresse, pode parecer um
ataque cardíaco. Na verdade, o músculo
cardíaco sofreu fisicamente com o golpe
emocional das más notícias.
Pessoas com qualquer tipo de doença
cardíaca, quando sujeitas à emoções
fortes, como raiva e medo, podem ter
seus ritmos cardíacos afetados de forma
grave e até fatal. Expressões como
“morrer de raiva” “morrer de medo”
e “morrer de susto ” não são apenas
figuras de linguagem, são possibilidades
fisiológicas.
O estresse pode ter um grande efeito no
seu coração, mesmo se você não tiver
uma doença cardíaca. Mesmo em pessoas
sem doenças cardíacas anteriores, a
depressão grave dobra o risco de morte
por causas relacionadas ao coração.
É importante controlar sua preocupação
e estresse, não apenas porque você
se sentirá melhor, mas porque menos
preocupação significa menos estresse
para seu coração. Por todas as razões
descritas acima, uma nova abordagem
baseada na emoção para a saúde do
coração, chamada psicologia cardíaca,
está recebendo cada vez mais interesse.
Se você luta contra o estresse, raiva,
ansiedade, preocupação, depressão ou
problemas de auto-estima, converse com
45
seu médico ou com um cardiologista,
se tiver um. Uma consulta com um
psiquiatra ou psicólogo pode ser muito
útil. Juntos, vocês podem explorar qual
terapia pode proteger melhor seu estado
psicológico, seu cérebro e seu coração.
Se por um lado, emoções negativas e
sofrimento podem causar tamanho
dano ao coração, por outro, emoções
positivas e felicidade podem beneficiar o
funcionamento cardiovascular.
Podemos influenciar positivamente
a relação cérebro-coração por meio
de exercícios, meditação, técnicas de
relaxamento e terapias diversas. Assim
como a depressão pode afetar seu
coração, pessoas mais felizes tendem a
viver mais e ter menos ocorrências de
doenças cardíacas.
Um aspecto muito importante é
manter o equilíbrio entre vida pessoal
e profissional. Mesmo que você
adore trabalhar e tenha um trabalho
interessante e desafiador, chega um
momento em que é preciso desligar,
ir para casa e relaxar, passar tempo
com a família e amigos, e certificar-se
de que tem um tempo de descanso, de
relaxamento.
Estamos apenas “arranhando a
superfície” sobre o papel que as emoções
desempenham na saúde do coração. Mas,
à medida que a ciência avança, fica mais
claro que o impacto de longo prazo pode
se estender para o resto de nossas vidas.
A edição número 3 fornece muitas
ferramentas e informações para o
cultivo da saúde emocional, bem-estar e
felicidade.
Revista Viva Com Saúde

SUPLEMENTOS
ESPECIAIS PARA A
SAÚDE DO CORAÇÃO
Já está claro que os problemas do Os suplementos são uma ferramenta
coração tem como raiz processos adicional que complementam a boa
inflamatórios e de danos oxidativos e nutrição e fornecem proteção extra
a melhor maneira de prevenir esses ou efeitos terapêuticos específicos
problemas é evitar os principais que podem ajudar a reverter danos já
agressores já mencionados e colocar em ocorridos e evitar futuros.
prática os cuidados apresentados nesta
edição. Selecionamos os mais eficazes e
estudados pela ciência.
A alimentação saudável e boas práticas
de estilo de vida reduzem os processos
inflamatórios e oxidativos e portanto
evitam o aparecimento de lesões e
placas.

46
Revista Viva Com Saúde
Alho Envelhecido
Pouco conhecido e muito importante
para quem já tem algum grau de
formação de placa e outros problemas
cardiovasculares.
Esse tipo de alho é feito através de um
processo de desidratação e maturação
controlada, o que potencializa em mais
de quatro vezes os compostos que trazem
seus inúmeros benefícios.
Pode reduzir e parar o acúmulo de placas
nas artérias, é um dos raros elementos
que consegue comprovadamente fazer
isso.
Reduz a pressão arterial, em estudos,
reduziu 11.5 milímetros de mercúrio
na pressão sistólica e 6.5 milímetros na
pressão diastólica
Diminui a inflamação
Melhora a microbiota intestinal
Melhora o perfil lipídico
Reduz os triglicerídeos
Tem efeito protetor das paredes interiores
das artérias, melhorando a função
endotelial
Um estudo utilizando 1 grama por dia
de extrato de alho envelhecido, que
47
acompanhou os participantes por um ano,
foi mostrado a redução progressiva na
calcificação das artérias.
Em outro estudo, 55 pacientes de idades
entre 40 e 75 anos, diagnosticados com
síndrome metabólica, foram submetidos
à triagem para medir o volume total da
placa coronária, bem como placa com alta
concentração de cálcio, não calcificada e
placa de baixa atenuação. A triagem foi
realizada utilizando Cardiac Computed
Tomography Angiography (CCTA), uma
tecnologia de imagem não-invasiva que
mede com precisão os depósitos de cálcio
e acúmulo de placas nas artérias.
Após a avaliação, os participantes
receberam um placebo ou uma dose
de 2.400 miligramas de extrato de alho
envelhecido todos os dias. A triagem
de acompanhamento, realizada um ano
após a triagem inicial, descobriu que
aqueles que tinham tomado o suplemento
apresentaram uma redução do acúmulo
total de placa em 80%.
A dosagem é de 500 mg até 2.500 mg por
dia. Não tem nenhum efeito colateral ou
toxicidade.
Revista Viva Com Saúde
Astaxantina
A Astaxantina é um pigmento
avermelhado, sintetizado por uma
microalga marinha.
Esta microalga serve de alimento
para algumas espécies marítimas, e é
justamente por se alimentar dela que
o salmão selvagem adquire aquela cor
vermelho alaranjada, assim como o
camarão e outros frutos do mar.
A astaxantina tem potencial
antioxidante 65 vezes maior do que a da
vitamina C e 200 vezes maior do que os
polifenois.
Da família dos carotenoides, a
Astaxantina é 54 vezes mais potente do
que o betacaroteno.
Os estudos mostram que além da
proteção antioxidante, reduz a
inflamação, aumenta o óxido nítrico,
que ajuda a dilatar os vasos sanguíneos,
melhorando o funcionamento do
sistema circulatório e diminuindo a
pressão.
A astaxantina diminui os níveis
da proteína C reativa, que é um
marcador indicativo de problemas
cardiovasculares.
Doses entre de 4 à 16 mg por dia
48
Revista Viva Com Saúde
Berberine
É um composto ativo presente em
diversas plantas utilizadas nas
medicinas milenares chinesa e indiana.
A berberine diminui a glicose e a
insulina, diminui a inflamação, diminui
o estresse oxidativo.
Em pacientes com insuficiência
cardíaca, a dose de 1 grama aumentou a
capacidade funcional do coração.
A berberine também demonstrou
ajuda na estabilização dos batimentos
cardíacos, sendo benéfica em casos de
arritmia e taquicardia.
Também ajuda a diminuir a pressão,
os triglicérides e tem função
antiplaquetária, que protege contra
coágulos.
A dosagem do extrato é entre 500 e
1.500 mg
49
Revista Viva Com Saúde

D-ribose Coenzima Q10

Este pode trazer benefícios O coração é um órgão com um grande

especificamente para a saúde do
coração, pois é capaz de promover o
aumento da função ventricular, ou seja,
aumenta bombeamento do sangue do
coração para o resto do corpo.
O que a D-ribose faz é oferecer
energia imediata para o coração, isso
é especialmente interessante em
casos em que falta oxigenação para o
músculo cardíaco e em casos que ele
está funcionando abaixo do normal,
pela dificuldade em produzir energia.
Por isso a D-Ribose é bastante utilizada
na recuperação pós-cirurgias cardíacas,
na redução do estresse do miocárdio
após atividades intensas e na
recuperação do miocárdio pós-infarto.
Após um infarto por exemplo há uma
queda brusca nos níveis de ATP no
miocárdio. Sem ATP o músculo não tem
energia para se recuperar e continuar
trabalhando, ou seja, bombeando
sangue para o corpo. A D-ribose
fornece os níveis de energia
número de mitocôndrias e precisa
de grande quantidade de energia
de forma constante. A coenzima
Q10 auxilia a produção de energia
pelas mitocôndrias e facilita o bom
funcionamento do coração.
Uma deficiência de Q10 afeta
negativamente seu coração tanto
quanto uma deficiência de cálcio afeta
os ossos.
A coenzima Q10 está aprovada no
Japão desde 1974 como medicamento
de prescrição para insuficiência
cardíaca.
As estatinas diminuem a Q10 no
organismo, por este motivo qualquer
um que tome estatinas deve
suplementar com 100 mg de coenzima
Q10 por dia.
Dosagem de 100 a 300 mg por dia,
tomar de manhã e de tarde.

necessários para que o miocárdio

continue trabalhando, pois ela é
capaz de aumentar os níveis de ATP
rapidamente.

Para as pessoas que apresentam

disfunções no coração, a D-Ribose
aumenta a reserva de energia cardíaca
e auxilia na restauração da função
diastólica cardíaca normal.

A dose usual é de 5 gramas, mas em

casos como de recuperação de cirurgias
ou de infarto, pode ser de 10 ou 15
gramas.

50
Revista Viva Com Saúde
Ômega-3
De acordo com uma revisão de 2019,
a suplementação com ômega 3 levou a
uma redução de 28% no risco de ataques
cardíacos, 50% na redução do risco de
morte por ataque cardíaco e em uma
redução de 17% no risco de eventos
coronarianos totais.
Magnésio
Este mineral é essencial para um batimento
cardíaco saudável
Ele equilibra naturalmente a atuação
do cálcio, que é essencial para gerar as
contrações cardíacas.
Quando o cálcio entra nas células do
músculo cardíaco, ele estimula a contração
das fibras musculares. O magnésio
neutraliza esse efeito, ajudando essas
células a relaxar.
Este movimento de cálcio e magnésio
através das células do coração mantém um
batimento cardíaco saudável.
51
Suplementos de óleo de peixe mostraram
reduzir os triglicerídeos no sangue,
melhorar a função arterial e diminuir a
pressão arterial
Em média, a dosagem utilizada foi de 1000
mg de ômega 3 EPA e DHA. Tomar junto das
refeições.
Quando os níveis de magnésio estão baixos,
o cálcio pode superestimular as células
do músculo cardíaco. Um sintoma comum
disso é um batimento cardíaco rápido e /
ou irregular, que pode ser fatal.
Além do mais, a bomba de sódio-
potássio, uma enzima que gera impulsos
elétricos, requer magnésio para funcionar
corretamente.
Dosagem 250 mg de magnésio glicina
(tomar de noite) ou dimalato (tomar de
dia).
Revista Viva Com Saúde

Vitamina K

A vitamina K, especialmente a K2, possui a soja, o nattô, por isso a suplementação é

importante função de impedir o depósito bastante indicada.
de cálcio nas artérias. As folhas verdes
são boas fontes de vitamina K, mas a dieta Sugestão: Vitamina K2 (mk7) 250 mcg +
moderna é muito pobre em vitamina K2, 2.000 UI de vitamina D3. Tomar junto do
a forma mais importante para a saúde almoço.
cardiovascular, encontrada em carnes de
órgãos como o fígado e no fermentado de

52
Revista Viva Com Saúde

ESTILO DE VIDA

A alimentação e o estilo de vida são a base para a saúde plena.

Busque incluir na sua dieta:

Uma grande variedade de vegetais e folhas verdes.

Boas gorduras como azeite de oliva, abacate, cacau, peixes, castanhas, nozes e
amêndoas.

Bebidas e alimentos ricos em antioxidantes como chá verde, frutinhas vermelhas,

temperos, frutas cítricas.

Para uma compreensão aprofundada da dieta ideal para a saúde cardiovascular, leia a
edição número 2.

53
Revista Viva Com Saúde

Inclua também no seu dia-dia:
Exposição moderada ao sol
Sono adequado
Gerenciamento do estresse,
Boas companhias
Exercícios físicos variados, incluindo
de fortalecimento muscular e
atividades leves como caminhadas,
jardinagem, yoga, tai chi.
Além disso, evite os elementos que mais
prejudicam a saúde cardiovascular:
Açúcar e Carboidratos refinados
Industrializados, óleos processados e
gorduras trans
Excesso de ômega 6
Privação do sono e sono de qualidade
ruim
Sedentarismo

Criatividade e lazer Obesidade e sobrepeso

Positividade e espiritualidade Estresse crônico

Contato com a natureza. Negatividade, preocupação constante,

ansiedade, depressão

Tabagismo

54
Revista Viva Com Saúde

CONCLUSÃO
Com tanta informação distorcida e equivocada conseguimos entender melhor porque
a abordagem convencional não está conseguindo bons resultados em prevenir e tratar
problemas cardiovasculares.

O que é realmente efetivo para cuidar deste sistema vital foi reunido nesta edição
para que você possa cuidar melhor do seu coração e, se necessário, dialogar com seu
profissional de saúde, fazendo melhores escolhas com o conhecimento correto.

55
Revista Viva Com Saúde
ESTUDOS E REFERÊNCIAS:
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The Dynamics of Oxidized LDL during
Atherogenesis
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High dietary omega-6 polyunsaturated fat-
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Health effects of trans fatty acids | The American
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Effects of coconut oil, butter, and safflower oil on
lipids and lipoproteins in persons with modera-
tely elevated cholesterol levels
Stress related disorders and risk of cardiovascu-
lar disease: population based, sibling controlled
cohort study
Stress and cardiovascular disease
Relation between resting amygdalar activity and
cardiovascular events: a longitudinal and cohort
study
Psychological Stress and Cardiovascular Disease
Welcome to the UCSD Statin Effects Study
Exercise reestablishes autophagic flux and mito-
chondrial quality control in heart failure
Stress Cardiomyopathy | Annual Review of Medi-
cine
Sedentary Behaviors Increase Risk of Cardiovas-
cular Disease Mortality in Men
Short- and long-term health consequences of
sleep disruption
Sleep and Hypertension
Exercise: The ultimate treatment to all ailments?
Managing your emotions can save your heart -
Harvard Health Blog
Insulin Resistance and Heart Failure: Molecular
Mechanisms
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Saturated Fats and Health: A Reassessment and
Proposal for Food-Based Recommendations
Happiness & health | News
Exercise reestablishes autophagic flux and mito-
chondrial quality control in heart failure
Sleep duration predicts cardiovascular outcomes:
a systematic review and meta-analysis of pros-
pective studies
More People Walk to Better Health | VitalSigns
Saturated fat does not clog the arteries: coronary
heart disease is a chronic inflammatory condition,
the risk of which can be effectively reduced from
healthy lifestyle interventions
Magnesium: nature’s physiologic calcium blocker
Magnesium basics
Hypomagnesemia and cardiovascular system
Modulation of the Na,K-ATPase by Magnesium
Ions
Coenzyme Q10 supplementation reduces oxidati-
ve stress and increases antioxidant enzyme activi-
ty in patients with coronary artery disease
Effect of coenzyme Q10 administration on endo-
thelial function and extracellular superoxide dis-
mutase in patients with ischaemic heart disease:
a double-blind, randomized controlled study
https://journal.houstonmethodist.org/article-
-full-text/1088/recent-clinical-trials-shed-new-
-light-on-the-cardiovascular-benefits-of-omega-
-3-fatty-acids/
https://journal.houstonmethodist.org/article-
-full-text/1090/coenzyme-q10/
Omega-3 Supplements and Cardiovascular Disea-
ses
The role of magnesium in hypertension and car-
diovascular disease
Astaxanthin: A Potential Therapeutic Agent in
Cardiovascular Disease
Effects of 3-Month Astaxanthin Supplementation
on Cardiac Function in Heart Failure Patients with
Left Ventricular Systolic Dysfunction-A Pilot Study
Astaxanthin in Cardiovascular Health and Disease
The Effect of Kyolic Aged Garlic Extract on Gut
Microbiota, Inflammation, and Cardiovascular
Markers in Hypertensives: The GarGIC Trial
Aged Garlic Extract, a Modulator of Cardiovas-
cular Risk Factors: A Dose-Finding Study on the
Effects of AGE on Platelet Functions
Homocysteine-Lowering Action Is Another Po-
tential Cardiovascular Protective Factor of Aged
Garlic Extract
Aged garlic extract enhances production of nitric
oxide
Effect of the Aged Garlic Extract on Cardiovascu-
lar Function in Metabolic Syndrome Rats
Allicin in garlic protects against coronary endo-
thelial dysfunction and right heart hypertrophy in
pulmonary hypertensive rats | American Journal
of Physiology-Heart and Circulatory Physiology
Allicin improves carotid artery intima‑media
thickness in coronary artery disease patients with
hyperhomocysteinemia
Potential Clinical Benefits of D-ribose in Ischemic
Cardiovascular Disease
The benefits of ribose in cardiovascular disease
D-ribose, a metabolic substrate for congestive
heart failure
D-Ribose as a supplement for cardiac energy
metabolism
D‐Ribose improves diastolic function and quality
of life in congestive heart failure patients: a pros-
pective feasibility study
Study progress of berberine for treating cardio-
vascular disease
Cardiovascular and metabolic effects of Berberine
Berberine in Cardiovascular and Metabolic Disea-
ses: From Mechanisms to Therapeutics