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MANUAL DE

CARDIOVERSÃO
ELÉTRICA
NO PRONTO-SOCORRO
"Este produto é destinado exclusivamente a profissionais da área da saúde. O exercício de atividades regidas pelos conselhos
profissionais de saúde sem a devida habilitação constitui uma atividade ilegal"

Filipe Ferreira Lemos Bruno Freitas Lage


Medicina UFMG Medicina UFMG
Cardiologia
ÍNDICE
04
INDICAÇÕES

07
CONTRAINDICAÇÕES

08
CUIDADOS GERAIS

09
ANALGESIA E SEDAÇÃO

12
TÉCNICA DA CARDIOVERSÃO

15
AJUSTE DA CARGA

17
CUIDADOS PÓS-CARDIOVERSÃO
INDICAÇÕES

PRINCIPAIS INDICAÇÕES
Taquiarritmias instáveis

O passo principal no tratamento de taquiarritmias é estabelecer se a arritmia é


instável ou estável.

CRITÉRIOS DE INSTABILIDADE

Hipotensão arterial
Choque
Dor precordial
Dispneia
Alteração do sensório
Baixo débito cardíaco e má perfusão
Edema agudo de pulmão

As taquiarritmias instáveis (mas com pulso) devem ser prontamente revertidas


com CARDIOVERSÃO ELÉTRICA SINCRONIZADA.

Se a arritmia não acarreta sinais de instabilidade ao paciente, ou seja,


taquiarritmia estável, a cardioversão elétrica não está indicada como primeira
opção de tratamento. Nesses casos, medicações antiarritmicas podem ser
tentadas.

Porém, se o paciente apresenta parada cardiorrespiratória com ritmo de


fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular (TV), ele deve ser
submetido à DESFIBRILAÇÃO (choque não sincronizado) imediatamente.

Torsades de pointes é um tipo de taquiarritmia ventricular polimórfica que se


associa a pior prognóstico e também deve ser abordada com DESFIBRILAÇÃO.

4
INDICAÇÕES

CARDIOVERSÃO ELÉTRICA SINCRONIZADA X


DESFIBRILAÇÃO

O procedimento de cardioversão consiste em aplicar uma corrente elétrica


sobre o tórax do paciente, por meio das pás de um aparelho cardioversor. Esta
corrente elétrica despolariza todo o miocárdio, permitindo que células de maior
automatismo, como as do nó sinusal, reassumam o ritmo cardíaco normal.

Tal procedimento costuma ser menos eficaz nas taquiarritmias desencadeadas


por automatismo aumentado, uma vez que tais células podem voltar a assumir o
ritmo após a cardioversão.

MAS O QUE DIFERENCIA A CARDIOVERSÃO ELÉTRICA SINCRONIZADA (CVE)


DA DESFIBRILAÇÃO ?

O sincronismo !

Na CVE sincronizada ocorre sincronismo do choque com os complexos QRS do


paciente, com objetivo de:
Evitar o chamado fenômeno R sobre T, que ocorre quando o choque é
aplicado sobre a onda T e parte das fibras ventriculares está repolarizada e
outra parte não. Isto permite maior chance fibrilação ventricular.
Aumentar a eficácia da CVE, já que o melhor momento para se despolarizar o
músculo cardíaco é quando grande parte dele já está despolarizando-se
espontaneamente.

5
INDICAÇÕES

BOTÃO DE SINCRONIZAR

6
CONTRAINDICAÇÕES

RELATIVAS

Taquiarritmias de curta duração repetitivas.


Hipertireoidismo: pacientes descompensado possuem maior chance de
recorrência do quadro. Procure compensar seu paciente antes, em caso de
cardioversão eletiva.
Taquicardia atrial multifocal
Intoxicação digitálica: diante da suspeita de intoxicação digitálica em
pacientes com FA ou flutter, a cardioversão eletiva deve ser evitada.

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CUIDADOS
GERAIS

MONITORIZAÇÃO
Todo paciente que será submetido a uma cardioversão elétrica estar
monitorizado. Dados como pressão arterial, frequência cardíaca, oximetria de
pulso e frequência respiratória devem ser aferidos continuamente.

ACESSO VENOSO
Pelo menos 2 acessos venosos periféricos de bom calibre devem ser puncionados para
administração das medicações envolvidas e se necessário, utilizados em casos de
intercorrências durante o procedimento.

CARRINHO DE PARADA
Equipamento para atendimento de parada cardiorrespiratória deve estar prontamente
disponível para uso, caso necessário.

MATERIAL DE VIA AÉREA


Equipamentos para intubação orotraqueal e oxigênio devem ser providenciados
para caso seu uso emergencial seja exigido.

REMOÇÃO DE PRÓTESES DENTÁRIAS


Caso o ocorra necessidade de intubação orotraqueal o paciente já estar sem suas
próteses.

8
ANALGESIA
E SEDAÇÃO

IMPORTÂNCIA
A mesma corrente que despolariza o miocárdio também despolariza toda a
musculatura esquelética do tórax compreendida neste trajeto, podendo causar
dor e desconforto ao paciente.

ANALGESIA
Pode ser realizada com morfina ou fentanil

COMO FAZER:

- Morfina (10mg/mL) - diluir 1 ampola em 9ml de ABD e fazer 2ml da solução.

ou

- Fentanil (50mcg/mL) - fazer 2 mL

SEDAÇÃO
Opções:
Propofol
Midazolam
Etomidato

Veja as particularidades de cada droga na próxima página.

Escolha uma das opções acima

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ANALGESIA
E SEDAÇÃO

ETOMIDATO
2mg/mL - ampola com 10mL
Após realizar pré-medicação com 2ml de fentanil, aguardar 2 min
Fazer EV na dose de 20mg (10mL - 1 ampola) em bolus
Possui efeito muito rápido
Não acarreta depressão cardiovascular ou broncoespasmo
Efeito hipnótico
Não possui ação analgésica ou amnésica, devido a isso se faz necessário a
pré-medicação com fentanil.

PROPOFOL
Ampolas de 10mg/mL ou de 20mg/mL
Dose: 30-50mg EV
Ação rápida.
Hipnótico e amnésico.
Não possui ação analgésica.
Pode causar hipotensão.
Raramente causa broncoespasmo.

MIDAZOLAM

Ampolas com 5mg/mL


Dose: 3-5mg em bolus. Doses extras podem ser necessárias até obter
sedação desejada.
Possui indução rápida, porém efeito prolongado, que pode ser parcialmente
revertido com flumazenil.
Hipnótico e amnéstico.
Não possui efeito analgésico.

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TÉCNICA DA
CARDIOVERSÃO

PASSO 1
Checar equipamentos de monitorização, carrinho de parada cardiorrespiratória e
material de intubação.

PASSO 2
Limpesa do local de aplicação das pás. Em alguns casos a tricotomia pode ser
necessária para melhorar a condução elétrica.

PASSO 3

Aplicar o gel condutor nas pás do cardioversor.

PASSO 4

Sincronizar o aparelho.
Você pode verificar o sincronismo no monitor, já que os cardioversores marcam
no traçado de eletrocardiograma o QRS.
Além disso, alguns aparelhos sinalizam na tela que o botão de SINCRONIZAR foi
acionado.

Lembrar que caso ocorra necessidade de novo choque, é necessário


dessincronizar o choque. O sincronismo pode ser desligado automaticamente
devido a possibilidade (embora pequena) de que o paciente evolua com
fibrilação ventricular e demanda uma desfibrilação.

PASSO 5
Sedar o paciente com algum dos esquemas mostrados anteriormente.

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TÉCNICA DA
CARDIOVERSÃO

PASSO 6
Posicionar as pás no tórax do paciente

Pá esterno à direita:
Abaixo da clavícula
Não colocar em cima do esterno

Pá ápice:
Posiciona-la junto ao Apex cordis
Linha axilar esquerda

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TÉCNICA DA
CARDIOVERSÃO

PASSO 6
Em pacientes em que o posicionamento habitual demonstrado anteriormente
não seja possível, pode-se adotar a posição frente e trás com o paciente em
decúbito lateral direito.

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TÉCNICA DA
CARDIOVERSÃO

ATENÇÃO
Nos pacientes portadores de marca-passo, faça uma linha imaginária entre o
gerador e a extremidade do eletrodo localizado no ventrículo direito. Se esta
linha possuir a mesma direção da linha traçada entre as pás do cardioversor,
posicione as pás em outra localização.

Posição das pás

O gerador do marcapasso geralmente é blindado e resiste a choque de até 300 J,


porém o eletrodo torna-se o caminho de menor resistência à passagem da
corrente, podendo não resistir a tais níveis de energia.
Além disso, uma forte carga de energia fluindo pelo eletrodo e concentrada em um
único ponto do coração pode causar lesão cardíaca e perda do comando do marca-
passo. 14
AJUSTE DE
CARGA

SELEÇÃO DA ENERGIA DO CHOQUE


QRS estreito + ritmo regular: 50-100 J nos aparelhos monofásico ou bifásico.
QRS estreito + ritmo irregular: 120-200 J no bifásico ou 200 J no monofásico.
QRS largo + ritmo regular: 100 J no monofásico ou bifásico.
QRS largo + ritmo irregular: carga de desfibrilação - NÃO SINCRONIZAR.

Flutter atrial: iniciar com 50 J


TPSV: iniciar com 50 J
FA (fibrilação atrial): iniciar com 120-200 J do bifásico e 200 J do monofásico
TV monocórdica: inicar com 100 J do monofásico ou bifásico
TV polimórfica: DESFIBRILAÇÃO

15
PRESSIONAR
AS PÁS

PASSO 7
Com a carga a ser utilizada já definida, pressione as pás junto à pele do paciente.
Solicite o afastamento de todos ao redor. Nenhum integrante da equipe deve
estar encostado no paciente ou na maca.

PASSO 8

Anuncie o choque
Aguarde o carregamento da carga - essa ativação pode ser feita apertando os
botões de carga nas pás ou no monitor.

PASSO 9

Dispare o choque
Visualize no monitor a reversão ou não da arritmia.
Esteja preparado para a possibilidade (embora rara) de o paciente evoluir com
fibrilação ventricular.
Caso isso ocorra, dispare imediatamente um novo choque de 360 J não
sincronizado.

Se a taquiarritmia persistir, deve-se aumentar a energia do choque e apertar


novamente o botão SINCRONIZAR antes de novo disparo.

Energias escalonadas:
100 -> 150 -> 200 J (bifásico)
100 -> 200 -> 300 -> 360 J (monofásico)

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CUIDADOS PÓS
CARDIOVERSÃO

MONITORIZAÇÃO
Observar o paciente
Suporte ventilatório
Checar o nível de consciência

ANTIARRÍTMICOS
Considerar o uso de antiarritmicos para evitar recorrência da arritmia.

POSSÍVEIS EFEITOS ADVERSOS


São raros, mas podem ocorrer.
Pausas sinusais, extrassistoles ventriculares e ritmo juncional pode surgir
transitoriamente após a retomada do ritmo sinusal .

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