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RESIDENTES DE PSIQUIATRIA CIAPS ADAUTO BOTELHO SES-MT - ano 2022

ORGANIZAÇÃO DA ABORDAGEM
Toda abordagem deve ser baseada em princípios Lei 10.216 de 06 de Abril de 2001 (no Brasil).
As leis de Saúde Mental prevêem que qualquer procedimento realizado no paciente acometido de
transtorno mental deve ser realizado no melhor interesse deste indivíduo.
Resolução nº. 1.598/2000, do Conselho Federal de Medicina, a indicação e prescrição de contenção
física ao paciente psiquiátrico é realizada pelo médico.
OBJETIVOS:
- Assistência rápida e qualificada aos pacientes;
- Tratar adequadamente os casos;
- Evitar permanência do paciente na unidade e/ou internação.
ESTRATÉGIAS NA ABORDAGEM:
- Desescalonamento verbal: utilizar-se sempre de um tom de voz baixo e de ritmo lento na fala,
trazendo tranquilidade, o que provoca uma reação semelhante no indivíduo agitado;
- Validação: afirmações empáticas podem deixar a pessoa agitada mais à vontade, quando as
declarações são feitas em um contexto de preocupação genuína. Há uma
vinculação de aceitação das respostas emocionais do outro, sem julgamento. Essa técnica fomenta a
comunicação, vinculação e confiança. Assim, os conflitos e as emoções fortes reduzem-se, e abre-se a
possibilidade de diálogo.
- Não confronto: o profissional não deve debater, ou julgar, ou dizer que a pessoa está errada ou que
o que está sentindo “é coisa da cabeça dela”.

CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PSIQUIÁTRICA


VERMELHO Intoxicação/ abstinência de drogas com alteração
de comportamento;
Comportamento violento;
Tentativa de suicídio e/ou homicídio;
Agitação extrema.

AMARELO Intoxicação/ abstinência de drogas sem alteração


de comportamento;
Comportamentos bizarros;
Agitação menos intensa;
Hostilidade;
Sinais e sintomas de pânico/ ansiedade;
Potencialmente agressivo;
Atitudes homicidas.

VERDE Distúrbios situacionais;


Insônia;
Intoxicação por álcool e drogas;
Inquietação.

AZUL Demais condições como questões sobre


receitas/medicamentos.

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1) AGRESSIVIDADE

AGRESSIVIDADE

Comportamento que inflige danos físicos ou morais à pessoa com transtorno mental e/ou a
demais pessoas;

na qual ocorre o aumento da excitabilidade, inquietação, irritabilidade, atividade


motora e verbal SINAIS DE AGRESSIVIDADE:
exagerada, inapropriada e repetitiva.
- Atitude
O curso provocativa,
é flutuante, desconfiada, hostil;
com modificações rápidas.
- Discurso ameaçador, conteúdo agressivo;

- Atividade motora (agitação, inquietação);

- Linguagem corporal (postura tensa e rígida);

- Punhos cerrados; musculatura tensa; evitação de contato visual

ou olhar penetrante; autoagressão.

Como conduzir o paciente agressivo ?

4 PASSOS PRINCIPAIS

1. GARANTA
2. PROTEÇÃO DO
PROTEÇÃO DA 3. CONDUTA IMEDIATA 4. PLANEJAMENTO
PACIENTE TERAPÊUTICO
EQUIPE
Estabeleça via de comunicação -Restrição do espaço- Plano de ação:
- CHAME A SEGURANÇA
- permaneça calmo, SEPARE O PACIENTE AGITADO contenção química e mecânica
- CHAME A EQUIPE
DOS DEMAIS com apoio multiprofissional
- olhar breve,
-PREPARE OS MATERIAIS
- CHAME A - use gestos e linguagem
- MANTENHA A DISTÂNCIA positivos,
DE 1 BRAÇO E MEIO DO APÓS ESTABILIZAÇÃO DA
PACIENTE (REFERÊNCIA: - afirmações simples concretas AGRESSIVIDADE
BRAÇO DO PACIENTE.) e objetivas,
DAR SEQUÊNCIA AO
OBRIGATÓRIO: - tom de voz leve de apoio com ACOLHIMENTO, ANAMNESE,
discurso normal, EXAME FÍSICO E PSÍQUICO,
EQUIPE TREINADA 24 hrs; EXAMES COMPLEMENTARES E
- dirija-se ao paciente pelo ABORDAGEM
MONITOR nome, MULTIDISCIPLINAR E
MULTIPARAMÉTRICO; ENCAMINHAMENTO PARA
escuta aberta e ativa.
TERMOMETRO; SEGUIMENTO AMBULATORIAL.

APARELHO GLICEMIA
CAPILAR;

PASTA COM ESCALAS E


AVALIAÇÕES;

ADESIVOS PARA
IDENTIFICAÇÃO GRAVIDADE;

FAIXAS E ACESSÓRIOS PARA


CONTENÇÃO; 2
FICHA PARA RELATO.
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CONTENÇÃO QUÍMICA SE FALHA ASSOCIAR CONTENÇÃO MECÂNICA


ASSOCIAR ASS

Uso de medicamentos para auxiliar no


controle de sintomas associados a uma Utilização de qualquer dispositivo físico,
condição psicológica ou psiquiátrica mecânico colocado adjacente ao corpo do
subjacente. paciente para evitar deslocamento.

INDICAÇÃO:
1) Agitação psicomotora
severa,
Monoterapia Combinados 2) Violência,
3) Risco de suicídio,
4) Estado confusional
agudo,
5) Risco de fuga.
- Haldol 5mg/ml+
Midazolam
15mg/3ml (IM);
- Haldol 5mg/ml- Equipe ideal deve conter ao menos 5
30/30min (IM) ; até - Hadol 5mg/ml+
pessoas.
que os sintomas Prometazina 50 mg/
estejam controlados 2ml (IM); Cada profissional da equipe deve ficar
(Máx. 30 mg -6 responsável por imobilizar um membro
ampolas por dia). específico e a quinta pessoa é responsável
por dialogar com o paciente de forma
clara e objetiva no momento da
- Midazolam abordagem.
5mg/5ml e
15mg/3ml (IM); dose
de 2 a 15 mg. pode TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO:
ser repetido em Em dois pontos (somente MMSS);
30min Em quatro pontos (MMSS e MMII);
(Max.0,35mg/kg). Em cinco pontos (MMSS, MMII e TORAX);
Faixa de contenção no leito.
*Consultar demais
Lençol de contenção;
drogas na tabela
abaixo.
FIXAÇÃO DA CONTENÇÃO*

O QUE NÃO FAZER !

· MEDICAR EM EXCESSO; -Monitoramento com aferição de sinais


vitais 15-30 minutos;
· MEDICAR E NÃO MONITORAR;
-Retirar assim que TRANQUILIZAÇÃO;
-Preencher formulário justificar
· MANTER CONTENÇÃO LONGOS PERÍODOS;· NÃO RESPEITAR TEMPO
DE ÍNICIO DAS MEDICAÇÕES; prontuário.

· NÃO HIDRATAR; NUNCA REALIZE:


- OBSTRUÇÃO DE NARIZ E/OU BOCA,
· UTILIZAR ANTIPSICÓTICO POR VIA INTRAVENOSO. RESTRIÇAO PROLONGADA, SEDAÇÃO SEM
SUPERVISÃO.
Não se deve administrar DIAZEPAM via IM, devido sua COMPROMETER A PERFUSÃO SANGUÍNEA COM
absorção errática! COMPRESSÕES EXAGERADAS
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IMAGEM ILUSTRATIVA DO POSICIONAMENTO NA CONTENÇÃO MECÂNICA

TÉCNICA DE FIXAÇÃO DAS CONTENÇÕES


Com o paciente colocado no leito em decúbito dorsal horizontal, aplica-se a faixa sobre o membro a
ser contido com o furo central voltado para fora;
Passa-se uma das pontas da faixa pelo furo central, envolvendo o membro;
Ajusta-se o comprimento das pontas para que fiquem isométricas e ao mesmo tempo aplica-se
pressão sobre o membro para que a contenção não fique frouxa. Deve-se deixar um a dois dedos de
folga para evitar garroteamento;
Dá-se um nó na faixa próximo ao membro que será contido;
Enrola-se a faixa (forma de trança) até quase a outra extremidade, para dar maior firmeza e
resistência e para que tenha seu comprimento diminuído;
Amarra-se a faixa no leito. Evitar amarrá-la na grade lateral, ou seja, em áreas móveis da maca.
CUIDADOS ESPECIAIS:
*CRIANÇAS – PREFERIR MEDIDAS NÃO MEDICAMENTOSAS, COMO O DIÁLOGO. AJUSTAR DOSE PELO
PESO.
MAIOR CHANCE EFEITOS COLATERAIS.
*EPILEPSIA – ANTIPSICOTICOS PODEM REDUZIR LIMIAR CONVULSIVO.
*IDOSOS – ATENÇÃO AS DOSES.RISCO DE QUEDAS OU SEDAÇÃO EXCESSIVA.
OBS: Haldol 2,5mg IM/IV (ou oral)
*GESTANTES – PREFERÊNCIA PELO HALDOL EM MONOTERAPIA. LATERALIZAR PARA EVITAR
BRONCOASPIRAÇÃO E MELHORAR RETORNO VENOSO.
OBS: 1. Haldol 5mg/ml(IM) 2. Haldol 5mg/ml+ Clorpromazina 25mg/5ml(IM)
*RETARDO MENTAL – RISCO DE EFEITO PARADOXAL OU ACATISIA.
*INTOXICAÇÃO ALCOOLICA – EVITAR BENZODIAZEPNICOS OU OUTRAS MEDICAÇÕES COM PERFIL DE
SEDAÇÃO VISTO O ALCOOL JÁ SER SEDATIVO- PREFERÊNCIA HALDOL 5mg 1 ml (IM) REPETIR EM 40
MINUTOS SE NECESSÁRIO.
EFEITOS COLATERAIS DAS MEDICAÇÕES
Distonia Aguda- Sinal de Impregnação neuroléptica:
CONDUTA:
Biperideno 5mg/ml IM podendo-se repetir essa dose de 30/30min até o alívio dos sintomas,
não devendo ser aplicados mas que 20mg (4 ampolas) em 24 horas.
Ou
Prometazina 25mg/ml 1 Ampola (IM) não exceder 100mg/dia e suspender os antipsicóticos.

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*RELAÇÃO DAS MEDICAÇÕES E DOSES MAIS UTILIZADAS NA EMERGÊNCIA NA


AGITAÇÃO PSICOMOTORA.
MEDICAÇÃO EMERGÊNCIA AGRESSIVIDADE
VIA ORAL
Dose inicial Tempo ação Repetir Dose Máx. -mg
-mg
Risperidona 2 1hr 2hr 6
Olanzapina 10 6hr 2hr 20
Haloperidol 5 30-60min 15min 20
Levomepromazina 25 1-3hr 8-12h 600
Clorpromazina 25 1-4hr 6-12h 600
Quetiapina 25 1-2hr 12hr 800
Clonazepam 0.5 1-3hr 12hr 6
Diazepam 5 30-90 min 2hr 40
MEDICAÇÃO EMERGÊNCIA AGRESSIVIDADE
VIA ENDOVENOSA (UTILIZAR MONITORIZAÇÃO MULTIPARÂMETROS)
Dose inicial Tempo ação Repetir Dose Máx. -mg
-mg
Diazepam 10 Imediato 5-10min 30
MEDICAÇÃO EMERGÊNCIA AGRESSIVIDADE
VIA INTRAMUSCULAR
Dose inicial Tempo ação Repetir Dose Máx. -mg
-mg
Haloperidol 5 30-60min 15min 30
Lorazepam 2 20-30min 2h 12

Prometazina 25 30-90 min 6/6h 50

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2) TENTANTIVA DE SUÍCIDIO

SUICÍDIO

Comportamento multifatorial, resultado de uma complexa interação de fatores biológicos e


psicológicos; sendo o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do
indivíduo provocando o ato deliberado executado pelo próprio indivíduo suja intenção é a
morte.

FATORES DE RISCO:

- Gênero Masculino, Idade entre 15-30 e acima 75 anos, sem filhos, portadores de
doenças psiquiátricas ( depressão, transtorno bipolar, transtorno de
personalidade, esquizofrenia e etc.) moradores de áreas urbanas,
desempregados, aposentados, isolados, solteiros ou separados, populações
indígenas, moradores de rua, perdas recentes, personalidade
impulsiva/agressiva/instável, vítima de abuso física ou sexual na infância, história
familiar, portadores de doenças orgânicas incapacitantes ou crônicas, dores
crônicas.

Como conduzir uma tentativa de suícidio ?

ACOLHIMENTO

ANAMNESE + EXAME PSÍQUICO

IDENTIFICAR OS 3 “S”

- SEM SUPORTE

- SEM SAÍDA

-SEM FIM

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO

BAIXO MÉDIO ALTO

Interesse e concordância com


tratamento ; Suporte de família e
outros cuidadores ; Sem ideação 6
suicida e sem plano.
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ACOLHIMENTO E INTERNAÇÃO
AVALIAR SITUAÇÃO IMEDIATA

ENCAMINHAMENTO APÓS TENTATIVA DE SUICÍDIO


ACOLHIMENTO E SUPORTE CONCRETIZADA
PARA AMBULATÓRIO

Cuidados básicos iniciais da emergência (ABCDE)

Avaliação clínica: exame físico, ênfase em exame ocular, sinais vitais, estado mental e tônus
muscular.

Terapêutica Inicial + Avaliar necessidade de transferência para unidade de terapia intensiva


*Administrar antagonistas/antídotos em caso de intoxicação por substâncias + Prevenção de absorção da toxina
pelo TGI ( avaliar lavagem gástrica/ uso de carvão ativado).

Identificar a existência de ideação/planejamento suicida atual; verificar tentativas anteriores; Identificar


fatores de risco e fatores protetores; caracterizar o suporte social; Identificar a existência de
diagnóstico psiquiátrico de base;

Tratamento psicofarmacológico e psicoterapia

* Sendo obrigatório internação em casos de alto risco e suporte familiar fragilizado.

• DOENÇAinternação
Sendo obrigatório DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
em casos IMEDIATA
de alto risco e suporte familiar fragilizado.
(deve ser realizada em até 24hrs)

PÓSVENÇÃO DO SUICÍDIO: inclui habilidades e estratégias para cuidar de si mesmo ou ajudar outra
pessoa a se curar após a experiencia de pensamentos suicidas, tentativas ou morte. Plano de ação deve
ser criado para o paciente e para os familiares.

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SENTIMENTOS COMUNS DA MENTE SUICIDA


AMBIVALÊNCIA: o desejo de viver e o desejo de morrer batalham em uma gangorra nos
suicidas. Há grande urgência em sair da dor de viver, mas há desejo de viver. Necessitando do
acolhimento.
IMPULSIVIDADE: o impulso é transitório em crises. Necessitando da empatia para acalmar a
crise.
RIGIDEZ: não são capazes de perceber outras maneiras de sair ou enfrentar o problema.
Distorção cognitiva que o emocional impõe. Necessitando de uma incessante abordagem
multidisciplinar.
PERGUNTAS QUE FACILITAM O PROFISSIONAL DA SAÚDE NA ABORDAGEM
VOCÊ TEM ENFRENTADO TANTAS DIFICULDADES, QUE EM ALGUNS MOMENTOS VOCÊ
IMAGINA QUE SERIA MELHOR MORRER?
AS COISAS ESTÃO TÃO RUINS PARA VOCÊ, QUE VOCÊ TEM DESEJADO ESTAR MORTO?
TEM OBTIDO PRAZER NAS COISAS QUE TEM REALIZADO?
SENTE-SE ÚTIL NA VIDA QUE ESTA LEVANDO?
SENTE QUE SUA VIDA PERDEU SENTIDO?
TEM ESPERANÇA DE QUE AS COISAS VÃO MELHORAR?
PENSOU QUE SERIA MELHOR MORRER?
TEM PENSAMENTO DE COLOCAR FIM NA PRÓPRIA VIDA?
PENSOU EM COMO SE MATARIA? JÁ FEZ ALGUM PREPARATIVO?
VOCÊ TEM PÍLULAS, ARMA, INSETICIDA OU OUTROS MEIOS? SÃO DISPONÍVEIS?
PENSOU EM COMO SE MATARIA? JÁ FEZ ALGUM PREPARATIVO?
PONTOS IMPORTANTES NA ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
MÉTODO:
- MÉTODOS VIOLENTOS: enforcamento, queda de altura, mutilação, disparo, arma branca.
- MÉTODOS NÃO VIOLENTOS: intoxicação por drogas, inalação de gases tóxicos
GRAVIDADADE:
- Grau de impulsividade, planejamento, danos, possibilidade de escape da tentativa.
INDICAÇÕES FORMAIS DE INTERNAÇÃO
- Ideação suicida com planejamento sem suporte;
- Verbalização de plano suicida;
-Sem ideação suicida no momento, mas com fatores de risco e sem suporte;
- Suporte de família e outros cuidadores não suficiente para a proteção do paciente em
ideação suicida;
- Tentativa de suicido e/ou história de várias tentativa de suicídio recente.
PREVENÇÃO
A META É MELHORAR OS SERVIÇOS DE SAÚDE E DESENVOLVER MAIS INTERVENÇÕES
EFETIVAS PARA O GRUPO DOS PACIENTES DE RISCO POR MEIO DO APOIO DOS TRÊS NÍVEIS DE
ATENÇÃO Á SAÚDE.

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3) ABUSO DE SUBSTÂNCIAS

Síndrome de Abstinência Alcóolica

A cessação da ingestão crônica de álcool ou sua redução pode levar ao aparecimento


de um conjunto de sinais e sintomas de desconforto definidos como Síndrome de
Abstinência do Álcool (SAA). Esta é geralmente classificada em nível I e II conforme a
gravidade. Sendo que os casos leves a moderados podem ser manejados
ambulatorialmente.

SAA nível I: Tratamento


ambulatorial

Sintomas Tratamento
 Orientado no tempo e espaço; • Repouso relativo em ambiente calmo e com
 Juízo crítico preservado; mínimo de estimulação audiovisual;
 Ansiedade leve; • Dieta leve;
 Agitação psicomotora discreta; • Hidratação adequada;
 Tremores finos de extremidades; • Corrigir alterações eletrolíticas quando
 Sudorese leve; estiverem presentes;
 Náuseas; • Reposição de tiamina 300 mg/IM nos primeiros
 Sem complicações clínicas ou 7 dias. Depois desse período manter a mesma
psiquiátricas. dose de Tiamina via oral/dia
• Utilização de benzodiazepínicos em pacientes
com sintomas mais intensos. Diazepam (ou outro
benzodiazepínico em dose equivalente) 20 a 40
mg/dia VO ou Lorazepam (para idosos ou
hepatopatas) 4 a 8 mg/dia VO

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SAA nível II: Internação


Hospitalar

ambulatorial

Sintomas Tratamento
 Desorientado no tempo e espaço; • Repouso absoluto
 Juízo crítico prejudicado, ideação • Monitoramento da glicemia, eletrólitos e
delirante; hidratação ;
 Alucinações auditivas, visuais, táteis; • Monitoramento dos sintomas de hora em hora
 Ansiedade intensa; pela CIWA-Ar (até sedação leve);
 Agitação psicomotora grave; • Dieta leve assistida ou jejum;
 Tremores grosseiros de extremidades; • Reposição de tiamina 300 mg/IM nos primeiros
 Sudorese intensa; 7 dias; depois desse período mante-la Via oral.
 Vômitos; • Utilização de benzodiazepínicos até atingir
 Complicações clínicas ou psiquiátricas. sedação leve;
• Somar as doses totais das primeiras 24 horas.
Nos dias seguintes fazer retirada de 25% da dose
anterior até dose segura para ser administrada
em casa ;
• Na alta, seguem os mesmos procedimentos do
tratamento da SAA nível I.
Obs: Em casos de difícil controle com essas medicações, o uso de Carbamazepina e Fenobarbital
pode ser indicado.

Complicações:
Convulsão: Surgem de 6-48 h após interrupção ou redução do consumo. É
importante excluir outras causas. Manejo: Diazepam 10 mg EV em bólus. Nesse
caso o uso de Fenitoína é contraindicado pelo risco de recorrência.

Fenômenos alucinatórios (Delirium tremens) - Haloperidol 5mg IM ou VO por 7


dias.

Síndrome de Wernicke-Korsakoff: É a sobreposição de uma encefalopatia aguda


(Wernicke) a um quadro de demência crônico ao uso de álcool (Korsakoff). A
encefalopatia aguda é caracterizada por uma ataxia, confusão mental e
oftalmoplegia ( nistagmo horizontal e paralisia orbital frontal). Manejo: Tiamina
500 mg + SF 100 ML EV – infundir em 30 min (por 3 dias, SN repetir por mais 3
dias), seguido de 300 mg IM por 5 dias e após progredir com a dose VO.

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O que não fazer


“ambulatorial

a) Administrar glicose antes da aplicação da Tiamina IM; Nos casos de intoxicação alcoólica
em pacientes usuários crônicos de álcool, a administração de Tiamina IM 30 minutos antes
da infusão de glicose também deve ser realizada.

b) Hidratar indiscriminadamente;

c) Administrar Clorpromazina ou Hidantoína;

d)Administrar Diazepam por via IM ou associado ao sorofisiológico/glicosado. Fazer em 02


minutos a fim de evitar o risco de parada respiratória.

Benzodiazepínicos

Benzodiazepínicos possuem grande margem de segurança mesmo quando utilizados em


dosagens excessivas. A proporção de dose fatal para dose terapêutica é de cerca de 200 para
1.

Quando ocorrem sem a presença de outras substâncias costumam transcorrer sem maiores
adversidades. Intoxicações por benzodiazepínicos estão associadas a tentativas de suicídio e
mesmo em doses altas os sintomas mais prevalentes costumam ser leve depressão dos sinais
vitais, sonolência, ataxia, lentificação, podendo apresentar algum grau de confusão.

Sintomas de intoxicação e tratamentos indicados


Paciente consciente, menos de 6 horas da Induzir vômitos
utilização

Paciente comatoso, menos de 6 horas da Lavagem gástrica com carvão ativado


utilização
Pacientes com PaO2 menor que 60 mmHg ou Intubação endotraqueal
oximetria de pulso menor que 90%
O próprio estado comatoso Flumazenil – 0,3-2 mg EV (Realizar ECG antes)

Situações em que o flumazenil está contraindicado

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VERUso de antidepressivos tricíclicos, aminofilina Desenvolvimento de convulsões


ou cocaínaMELHO
Uso de hidrato de cloral e carbamazepina Desenvolvimento de arritmias cardíacas
Quadro prévio de uso prolongado de Desenvolvimento de síndrome de abstinência
benzodiazepínicos (com agitação, vômitos e crises convulsivas)

Atenção!!

Não realizar técnicas de diurese forçada ou diálise. Essas condutas não


reduzem o tempo de intoxicação por não acelerarem a eliminação dos
benzodiazepínicos (GAUDREAULT et al., 1991).

Síndrome de abstinência de benzodiazepínicos

Após 4 a 6 semanas de uso contínuo da medicação os sintomas de abstinência já


podem ser experimentados. Estes variam de acordo com a medicação utilizada (sua
potência e meia-vida), suas doses (quanto maiores, mais intensos os sintomas) e a
velocidade de retirada (quanto mais abrupta a retirada ou diminuição da dose, mais
chance de se sentir intensamente a falta da substância). O tratamento
medicamentoso é realizado com a oferta da dose habitual que o paciente utiliza e
posterior redução.

Redução gradativa de benzodiazepínicos


VERMELHOTempo de uso da medicação Intervalos
Menos de 6 semanas Dose reduzida em 3 estágios com intervalos
de 7 a 10 dias de duração
De 6 semanas a 6 meses Dose reduzida em 3 estágios com intervalos
de 10 a 20 dias
Superior a 6 meses Doses reduzida em 3 estágios com intervalos
de 6 a 8 semanas

Intoxicação por opioides

As intoxicações leves e moderadas geralmente não buscam auxílio médico; as graves


podem ser intencionais (investigar tentativa de suicídio) ou acidentais
(principalmente durante as recaídas). Os sintomas podem estar de acordo com o grau
de intoxicação. Nas mais leves, os indivíduos podem apresentar ímpeto, com humor
eufórico ou disfórico. Doses mais altas produzem apatia, sensação de calor e rubor
facial, prejuízos na atenção, no juízo e na memória, sonolência, coceira, sensação de
analgesia, constipação, contrição pupilar. Sintomas mais graves podem ser
percebidos com depressão respiratória, hipotensão, perda de reflexos, apneia,
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sedação e coma.
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Manejo da intoxicação por opioides

Situações nas quais não há gravidade, não serão necessários tratamentos específicos. Dar maior
atenção aos opioides de meia-vida longa. Manter paciente em observação de 24 a 48 horas.

• Estabelecer suporte ventilatório adequado

• Corrigir hipotensão

• Manejo de edema pulmonar

• Verificação de temperatura corpórea, se febre, investigar


quadros infecciosos
• Coma e depressão respiratória – Uso do naloxona 0,8 mg
IV/IM. Repetir o dobro da dose caso não haja resposta em 15
minutos. Sem resposta fazer 3,2 mg/IV aguardando mais 15
minutos. (Máx. 10 mg)

• Revisar o diagnóstico de intoxicação de opioides caso não


responda a essas dosagens (com sinais como agitação,
midríase, melhora do nível de consciência e do padrão
respiratório)

• Pacientes dependentes de opioides tentar doses mais baixas


de naloxona, usar doses mais baixas para evitar abstinência
grave.
• Convulsões provocadas pelo uso de meperidina são
revertidas com naloxona.

Síndrome de abstinência de opióides

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Ocorre após 6 a 24 horas do último uso, seja por parada do consumo ou por redução
importante da quantidade consumida. Os sintomas mais comumente vistos são fissura
pela substância, lacrimejamentos, bocejos, espirros, coriza, dores e câimbras
musculares, náuseas e vômitos, câimbras abdominais, diarreia, midríase, piloereção,
calafrios, taquicardia, hipertensão e sono agitado.
Manejo da síndrome de abstinência de opióides

O tratamento é feito através da substituição do opioide que era abusado por um opioide
agonista de longa duração como a metadona. Doses iniciais, de 10 mg, podem ser dadas de 4
em 4 horas avaliando a evolução do paciente (aumentar a dose até remissão dos sintomas); Para
a manutenção, doses entre 20 a 30 mg/dia apresenta bons resultados; porém, doses maiores
como 60 a 75mg/dia aumentam ainda mais a chance de adesão e reduzem a possibilidade de
recaídas. (Dose máx. 120 mg).

Outras Substâncias Psicoativas

Substância Intoxicação Abstinência


Maconha  Taquicardia/ HAS – Melhorar o padrão de sono,
Propanolol reduzir a irritabilidade e/ou
 FA – Digoxina outras intervenções
 Ansiedade – BZD sintomáticas necessárias.
 Psicose – Haloperidol ou
olanzapina
 Coma - Flumazenil
Alucinógeno Apoio e tranquilização, tratar a Aparentemente não
sintomatologia física ou psíquica ocorrem sintomas.
com intervenções específicas
conforme necessidade.
Anfetamina Não existem antídotos específicos Os cuidados ficam em torno
para esse tipo de intoxicação. dos sintomas ansiosos,
Oferecer suporte e alívio dos possíveis sintomas
sintomas. psicóticos e depressivos e
 Monitorização contínua avaliação da existência de
por no mínimo 6 horas; ideação suicida.
 Resfriamento e hidratação
SN
Inalantes  Alívio dos sintomas Alívio dos sintomas.
 Atentar-se ao risco de
arritimias
 Evitar o uso de
benzodiazepínicos para
não potencializar o efeito
depressor

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4) EFEITOS ADVERSOS GRAVES DOS PSICOFÁRMACOS

EFEITOS ADVERSOS ANTIPSICÓTICOS


SINTOMAS QUADRO CLÍNICO CONDUTA
ACATISIA Inquietação motora com uma Redução da dose do
vontade irresistível de mover-se e antipsicótico;
uma incapacidade de ficar parado. Adicionar benzodiazepínico
(lorazepam 0,5mg 2x dia -
máx 10mg).
Betabloqueador podem ser
utilizados (propranolol 10mg
2 x dia - máx 60 mg).
PARKISONISMO Tremor parkisonismo (tremor Redução da dose da
amplo rítmico, repouso afetando medicação, se necessário
membros, cabeça, boca e língua); utilizar antiparkisonianos.
rigidez muscular (rigidez em roda Biperideno 2-6mg/dia
dentada ou rigidez contínua); utilizado como
acinesia (redução das expressões anticolinérgico.
faciais, nos gestos, na fala e
movimentos corporais).
DISTONIA AGUDA Contrações musculares Instituir anticolinérgico por
involuntárias, breves ou via intramuscular com
prolongadas, que resultam em biperideno 2mg 30/30min,
movimentos e posturas anormais – máx. 8mg. Se quadro leve
torcicolo, protusão da língua, pode dar preferência para
epistótono, crise oculogírica. via oral.
SÍNDROME SEROTONINÉRGICA Taquicardia, hipertensão, clônus, Retirada dos fármacos
hiper-reflexia, tremor, náuseas, precipitantes, suporte
vômitos, midríase, aumento do clínico, hidratação e controle
peristaltismo, dor abdominal, dos eletrólitos. Conter
agitação, diaforese. agitação com
benzodiazepínico. Se
necessários
anticonvulsivantes e anti-
hipertensivos pode ser
utilizados.
SD NEUROLÉPTICA MALIGNA Hipertensão e instabilidade Descontinuar medicação,
autômica, taquicardia, taquipneia, reposição de líquidos e
hipertermia, sialorreia, diaforose, correção de eletrólitos,
estupor, mutismo, coma, estabilizar sinais vitais,
bradirreflexia, rigidez muscular. avaliar o nível de CPK. A
alcalinização da urina pode
ser necessário para evitar
insuficiência renal.
Pode ser utilizado para
controle da agitação
amantadina 200-400 mg/dia

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ou bromocriptina 2,5 mg 3 x
dia.
Controle da temperatura
com dantrolene a 2,5mg/dia.
*carecem evidencias sobre a
eficácia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
QUEVEDO, João, Ricardo Schimdt, Flávio Kapczinski e cols. Emergências Psiquiátricas. Editora Artmed,
2008

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, Coord. de Urgência e Emergência. Proposta de Regulação da Porta de


Entrada das Unidades de Urgência e Emergência de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMSA, 2002.

DEL-BEM, Cristina Marta et al. Emergências psiquiátricas: manejo de agitação psicomotora e avaliação de
risco suicida. Medicina (Ribeirão Preto), v. 50, n. 1, p. 98-112, 2017.

RIBEIRO, Diego Rislei et al. EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA. Revista
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