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Neuropsicopedagoga, Neuroeducadora
Fundamentos do Behaviorismo
Iniciando os trabalhos
Marcos do desenvolvimento
Construção de vínculos
Avaliação do comportamento
PEI/ PDI
Currículos
Reforçadores e reforçamentos
Estratégias de ensino
Contato visual
Sentar-se
Aguardar/ Esperar
Imitação
Linguagem receptiva
Linguagem expressiva
Pré-acadêmicas
Referências Bibliográficas
Introdução
ABA não é técnica e não é método, é uma ciência. Com conteúdo extenso, cheio de estratégias
de compreensão e intervenção voltadas ao comportamento humano, validadas empiricamente.
ABA refere-se ao termo em inglês Applied Behavior Analysis e traduzido para o português como
Análise do Comportamento Aplicada.
As intervenções em ABA foram e são realizadas em contexto de pesquisa e ciência. Esses estudos
dão suporte a essa prática, por isso, vem sendo muito utilizada, especialmente no tratamento
de pessoas com autismo, mas também pode ser utilizada em outros transtornos, como o TDAH,
transtorno de comunicação, dentre outros.
A intervenção é feita de maneira estruturada, com foco nos comportamentos alvo (que serão
descritos em capítulos posteriores) de intervenção, o que estão ligados, a maior parte de dos
diagnósticos, à linguagem e comportamentos inadequados. A Terapia ABA, no momento da
intervenção trabalhará com esses comportamentos alvo da criança. Por isso é importante a
realização da entrevista (anamneses) com a família e as avaliações que forem consideradas
importantes para que sejam observados quais comportamentos devem ser trabalhados e
estimulados e quais comportamentos inadequados devem ser modificados ou extintos.
Como já mencionado, ABA não é específico para ser trabalhado só com crianças com TEA, mas
quando falamos sobre esse transtorno, estamos diante de um diagnóstico baseado em déficits
e excessos comportamentais, por exemplo, dificuldade na comunicação e nas interações sociais.
Mas podemos também ter excessos comportamentais, que podem ser desenvolvidos,
diminuídos ou até extintos.
Fundamentos do Behaviorismo
Para podermos chegar a ciência que conhecemos como Análise do comportamento Aplicada,
temos que retornar na linha do tempo para compreendermos os marcos científicos que
ocorreram, e assim, entendermos conceitos, aplicações. Então, vamos lá!
Tudo começou com o surgimento do Behaviorismo, que é a filosofia que sustenta, que
fundamenta a análise do comportamento aplicada.
Em 1913, John Watson publicou um manifesto Behaviorista, pois ele queria transformar essa
filosofia em ciência e para ser ciência dentro da psicologia era necessário que pudesse ser
observável, medido, quantificado. E precisava também de um objeto de estudo, o
comportamento.
Por que ele queria isso? Porque naquela época vivia-se um período de consolidação da ciência,
pois ela surgiu como uma nova forma de explicar os fenômenos da natureza, que antes eram
explicados pelo senso comum, pela igreja. Por isso via-se uma dificuldade muito grande, pois ao
se falar em ciência precisa-se validá-la.
Positivismo: O comportamento era algo externo ao homem, como algo que já está lá,
cabendo ao homem reconhecê-lo de modo neutro, sem interferências (religiosas,
subjetivas). O conhecimento está na natureza e cabe ao homem pesquisa-lo e
reconhece-lo como seu habitat sem influências (conceito que posteriormente vem
abaixo, pois não há neutralidade). Ao final do século passado a ciência deu mais ênfase
a obtenção de dados, medidas, experimentos. Influenciado pela Psicologia de Watson:
“Por que não fazemos daquilo que podemos observar o campo de estudo da
Psicologia?” Por isso, o objeto de estudo do Behaviorismo é o comportamento.
Funcionalismo: Corrente que se preocupava com o processo, como o organismo
funcionava no ambiente, mas não havia uma preocupação com o organismo em si, mas
só em como ele funcionava.
Psicologia animal (Pavlov) – Comportamento Reflexo: Inspiração de Watson, modelo,
comportamento respondente. Watson não possuía um modelo, um método, somente a
ideia. A partir de Pavlov, ele começa a visualizar e organizar em como colocará em
prática essa ideia. Ivan Pavlov (1849-1936), fisiologista e médico russo, criou a Teoria
dos reflexos condicionados.
A partir desse experimento de Pavlov, surgem alguns conceitos que são importantes:
Influenciado pelo Behaviorismo de Watson, em seus estudos utilizava ratos e pombos. Sua obra
foi extensa, sólida, com base em muito estudo experimental, onde analisou que exixtia ordem
e regularidade no comportamento. Assim, nasce o Behaviorismo Radical, pois ele acreditava que
todo fazer humano é comportamento e que o comportamento é a raiz de tudo. Esse radical vem
da ideia de raiz, ele também considerava o pensamento como comportamento (diferente de
Watson), ou seja, TUDO é comportamento. Enquanto Watson no Behaviorismo metodológico
fazia essa separação e considerava o pensamento como algo que não era passível de
observação.
Realizou obras importantes: Ciência e comportamento humano, que é uma leitura importante
para compreender comportamento operantes verbais.
S–R–C
Fonte: Elaborado pela autora, baseado na obra MOREIRA, 2019, pg. 147
Em um nível de análise mais amplo, o condicionamento operante ajuda a entender quem somos.
Se partirmos do pressuposto que somos frutos de nossas experiências, consequências das
nossas ações. Para trabalharmos a aprendizagem, mudança de comportamento é importante a
compreensão desse conceito, pois ele estará presente na aplicação ABA.
Toda contingência é seguida por uma consequência, que pode ter efeito sobre a futura resposta.
Se a criança emitir a mesma resposta, significa que foi reforçada, se não emite, significa que
aquilo foi aversivo ou desmotivador (punição)
Um comportamento só existe porque ele é reforçado. E esse reforço é essencial para o ensino
de habilidades (habilidades básicas: manter o olhar, imitar, falar, seguir, instruções, ...)
Tipos de reforçamento:
Positivo Negativo
É o acréscimo de estímulo ao ambiente É a retirada do estímulo ao ambiente
Lovaas é reconhecido como o maior representante das aplicações de ABA para o TEA, e
influenciou muitas pessoas a estudarem e pesquisarem sobre a análise do comportamento
aplicada no decorrer de sua vida. Ele presenciou a aplicação dos princípios ABA a diversas
pessoas quando estava na Universidade de Washington. Após três anos, em 1961, foi lecionar
na Universidade da Califórnia, Los Angeles, onde ficou até encerrar sua carreira.
Mas apesar de estudos e pesquisas realizadas, de ressaltar sobre o reforço positivo, empregou
a prática de métodos aversivos como parte das intervenções. Pois em uma entrevista, dada em
1965, deixa claro que muitos de seus tratamentos fez uso de punição. O que ao final da década
de 1980, já existiam estudos mais avançados em ABA, onde Lovaas diz não mais utilizar essas
práticas, defendendo novamente o uso do reforçamento durante a intervenção. O que deve ser
utilizado dentro dos princípios do processo terapêutico na ABA.
Outra pessoa importante dentro da linha do tempo da ABA é Gina Green, ela se envolveu em
muitas pesquisas, foi em busca de tratamentos de qualidade, desenvolveu leis e políticas
públicas baseadas em evidências científicas. Hoje é professora na Universidade de San Diego,
faz consultoria e ajudou a fundar a Association of Professional Behavior Analyst (Diretora
executiva).
ABA é uma ciência baseada em evidências, onde “um esforço para melhorar o processo de
tomada de decisões em contextos aplicados ao se articular explicitamente o papel central de
evidências nas decisões e, desta forma, melhorar os resultados” (SLOCUM et al., 2014). A
importância das práticas baseadas em evidência advém da noção de que os profissionais
possuem a responsabilidade ética de tomar decisões que aumentem as chances de os resultados
serem efetivos para seus clientes (BACB, 2014; DETRICH, 2015).
Dessa forma ABA busca ampliar comportamentos úteis e desejáveis, ao mesmo tempo em que
diminui aqueles que são prejudiciais e interferem no processo de aprendizado da criança. A
terapia é aplicada de maneira intensiva e a criança deve ser assistida pela terapeuta em sessões
individuais, pois deve ser adaptada às necessidades de cada criança.
O terapeuta ABA observa o comportamento da criança e analisa-o para assim criar estratégias
para modificar aspectos desfavoráveis do comportamento.
Isso pois, de acordo com Vasconcelos, a ABA parte do princípio de que todo comportamento
tem um antecedente e uma consequência. A natureza da consequência de um dado
comportamento pode interferir na chance daquele comportamento se repetir. Por isso, uma das
estratégias utilizadas pelo terapeuta seria o reforço positivo.
As sessões podem durar de 2 a 4 horas por dia e idealmente devem ocorrer cinco dias por
semana enquanto no modelo original de Lovaas, 40h por semana de terapia.
A aplicação do método pode ser realizada por inúmeros profissionais, terapeutas, médicos,
psicólogos, fonoaudiólogos, professores e a aplicação pela família pode contribuir e otimizar os
resultados, mas precisa de orientação e supervisão de profissionais que tenham experiência no
processo.
É importante destacar que para uma intervenção ser considera ABA, em termos práticos e
“simples”, o que precisa acontecer é:
A intervenção deve ser realizada por uma equipe terapêutica, que precisa de planejamento e
supervisão. Eles ensinam, basicamente, habilidades para melhorar o desenvolvimento da
criança.
Aplicador: Atua de forma a aplicar os conceitos ABA, acompanhar alunos nas escolas ou
de forma domiciliar, desenvolvendo habilidades de estimulação de independência e
autonomia. Atua intervindo e acompanhando o paciente, em qualquer tipo de contexto.
Não há regulamentação da profissão, mas é uma profissão real e pode ser exercida
Analista do comportamento ou terapeuta ABA: Cursos de pós-graduação. São bastante
acadêmicos, dão base teórica necessária as intervenções
Supervisor ABA: Cursos de mestrado e doutorado em análise do comportamento, pois
será um profissional de alta complexidade.
A quantidade de crianças com TEA, por exemplo, é maior que o número de profissionais
capacitados
O custo financeiro é alto, em função das quantidades de horas semanais de terapia
A maioria das escolas ainda não buscou se qualificar no tema relacionado as questões
comportamentais
Entrevista (anamnese)
Avaliação comportamental inicial
Seleção de objetivos
Elaboração de programas
Intervenção propriamente dita com avaliação constante.
Iniciando os trabalhos
Para iniciarmos nosso trabalho precisamos entender que não seja trocada ou invertida a ordem
de cada passo que daremos em busca do auxílio para o desenvolvimento da criança que está
conosco, seja ela paciente, aluno, filho. Pois para sabermos o que vamos trabalhar precisamos
avaliar, e esse é o segredo para termos uma intervenção de qualidade
Quando observamos atrasos, podemos assim estimular atividades que trabalhem essas
habilidades, que crianças sem atraso realizaram, normalmente, com facilidade.
Acolhimento
Informação de qualidade
Relação de confiança
Empatia
Aceitação incondicional
Apresentação do plano de trabalho
Coletar informações
"A família pode ajudar muito o(a) terapeuta ABA, fornecendo informações precisas sobre o
comportamento da criança e aplicando os preceitos da técnica explanados nas sessões de
orientação com o(a) terapeuta".
Construção de vínculos
O segundo passo ainda não será a avaliação. Antes precisamos criar vínculos para que a criança
nos conheça e realize tanto a avaliação quanto a intervenção de forma satisfatória gostando de
estar conosco e se desenvolvendo.
Então, nesse primeiro contato com ela iremos fazer coisas que ela gosta ( essa informação já foi
coletada com a entrevista com os familiares). Pois para criar vínculos precisa parear com coisas,
brincadeiras, objetos que a criança goste, assim cria-se estímulo, reforçamento e aumenta-se a
motivação das realizações das atividades e da presença do profissional. Seguir o interesse da
criança irá fortalecer o vínculo.
Pois se ela não gosta do local, das pessoas das atividades, pode parear como algo aversivo, o
que irá dificultar o andamento dos passos e alongar o início da avaliação.
Avaliação do comportamento
Agora sim chegou o momento de iniciar a avaliação!
Inventário Portage: Crianças entre 0 e 6 anos. Avaliações em diferentes áreas, protocolo muito
bom, muito completo. Avalia cinco áreas. Pode ser aplicado por profissionais da saúde e
educação. Específico para crianças de 0 a 6 anos e avalia cinco áreas:
Socialização
Cognição
Linguagem
Autocuidado
Desenvolvimento motor
ABLLS-R: Geralmente utilizado com crianças maiores, avalia áreas acadêmicas, linguagem,
escrita. É um instrumento de avaliação, serve como guia curricular ao elencar habilidades
básicas de comunicação e de aprendizagem. No total, são 544 habilidades que se dividem entre
25 áreas, como interação social, autoajuda e habilidades motoras, por exemplo. Todas elas são
esperadas para crianças em idade pré-escolar com desenvolvimento típico. A versão original foi
lançada pela primeira vez em 1998 pela Behavior Analysts, Inc. e foi desenvolvida por James W.
Partington, Ph.D., BCBA-D e Mark L. Sundberg, Ph.D, BCBA-D. Foi revisado em 2006 por
Partington. A versão revisada incorpora muitos novos itens de tarefas e fornece uma sequência
mais específica na ordem de desenvolvimento dos itens nas várias áreas de habilidade.
Mudanças significativas foram feitas na versão revisada da seção de imitação vocal com a
contribuição de Denise Senick-Pirri, SLP-CCC. Melhorias adicionais foram feitas para incorporar
itens associados a habilidades de interação social, imitação motora e outras habilidades de
atenção conjunta, e para garantir o uso fluente de habilidades estabelecidas. Não tem
padronização brasileira.
Essencial for living: Geralmente utilizado para pessoas com TEA nível 3
M-chat-R: É uma escala bastante utilizada no Brasil (Rede Pública de Saúde, SUS). Ele é uma
escala de triagem, para que os pais possam encaminhar seus filhos aos especialistas. Nela
existem três riscos definidos:
Cars: Escala para identificar o espectro autista, foi criada baseada nas definições de Rutter, Ritvo
e Freeman. Que avaliam três pontos principais:
Desenvolvimento social
Distúrbio da linguagem e habilidades cognitivas
Início precoce do transtorno, antes de 30 meses de idade
ADI-R: É uma escala considerada de alto padrão na avaliação do autismo. A análise é realizada
em conjunto com os pais, e tem como objetivo ter o maior número de detalhes sobre o
comportamento da criança. A versão atual pode ser realizada com crianças a partir de 18 meses
até a fase adulta. A escala possui um questionário com 93 questões, que são perguntadas
diretamente aos pais. Existem quatro áreas analisadas nessa avaliação:
Linguagem e comunicação
Interação social recíproca
Comportamentos repetitivos ou estereotipados.
Humor e comportamentos anormais não específicos
ADOS-2: Também considerada uma escala padrão para avaliação do autismo. Ela é estruturada
e padronizada utilizando ferramentas de comunicação com interações sociais e jogos, ou o uso
criativo de diversos objetos para as crianças que estão sendo observadas. Esse protocolo pode
ser aplicado em crianças a partir de 3 anos, mas pode ser avaliar adultos. O principal objetivo é
observar características que tem relação como DSM-V, conforme as áreas de interação social,
comunicação social, linguagem, comportamentos repetitivos e/ou estereotipias. Através de um
roteiro, o profissional indica oito tarefas para o paciente. O tempo de duração é de
aproximadamente 30 minutos, e a variação do jogo será de acordo com a faixa etária e/ou
desenvolvimento do paciente. A classificação é a seguinte:
É um teste de alto valor financeiro, podendo chegar a 4 mil euros e não existe em uma versão
brasileira. Em português somente português de Portugal, ou em espanhol. Tanto o teste ADOS
ou ADOS-2 quanto ADIR não são permitidos no Brasil pelo Conselho Federal de Psicologia,
somente em casos de pesquisa, e ou autorizados no SATEPSI, pois não há padronização em nossa
população brasileira e não são vendidos no Brasil
Importante:
É melhor dominar um protocolo e aplicá-lo muito bem, dentro da área que irá atuar
Pode ser utilizado mais de um protocolo, que se associem
Devolutivas devem ser dadas em até 60 dias, com plano de intervenção pronto.
Contando o primeiro contato. Válido por um ano e revisado a cada seis meses.
Planejamento das intervenções
Metas de longo prazo
Metas de curto prazo (passo a passo para se chegar as metas de longo prazo
Estratégias de generalização (envolvem a família, a escola)
Lições
Esvanecimento de ajuda (retirada de ajuda)
Critérios para a aprendizagem
Folha de registro
Pensar em um objetivo que seja necessário para alcançar essas habilidades e deve ser
escrito pensando que se a criança conseguir todas essas estimulações e reforçadores
seria nota dez, perfeito!
Ela deve ser realista, não se pode traçar um objetivo que não será alcançado
Mensurável, que ser possa analisar, quantificar, medir
Dividir os objetivos em áreas (programas), dentro da carga horária entre 15h e 40h
semanais.
Normalmente são usados esses dois formatos no trabalho com a maioria das crianças. Também
são utilizadas:
dicas físicas, verbais ou visuais para ajudar a criança a ter sucesso nas tarefas de ensino
faz-se uso de itens preferidos (brinquedos, por exemplo) para reforçar essas respostas
e garantir que elas vão aumentar de frequência no repertório do paciente.
Podemos começar com o ensino de repertórios que são pré-requisitos da fala, no entanto, o
trabalho é individualizado e personalizado. Se uma criança, já chega para avaliação com
respostas de falante, pedindo e nomeando coisas, por exemplo, vamos elaborar um plano de
ensino para ampliar essas habilidades, para que elas sejam as mais próximas do repertório de
uma criança neurotípica da mesma faixa etária. Assim, trabalhamos com diversos
comportamentos de acordo com a avaliação feita de cada criança. Os dados são coletados
continuamente para avaliar o procedimento e o comportamento alvo da intervenção ou precisa
de ambientes mais controlados.
Objetivos do PEI:
Deve abranger objetivos de curto, médio e longo prazo, com as devidas estratégias
Deve conter dados da história de vida da criança, avaliações, capacidades, interesses,
dificuldades de habilidades do indivíduo que foi avaliado
Deve ter linguagem acessível a todos que forem atuar com a criança, para que os
objetivos sejam entendidos e trabalhados da mesma forma
A partir do PEI é que o programa ABA é estabelecido e elaborado de forma adequada
Deve ser avaliado a cada semestre e deve conter o nome de todos os profissionais
envolvidos.
Identificação
Dados familiares
Informação escolar
Avaliação geral
Âmbito familiar - Características do ambiente familiar, Convívio familiar,
Condições do ambiente para a aprendizagem escolar
Âmbito escolar – Em relação à cultura e a filosofia da escola, em relação a
organização da escola, em relação aos recursos humanos, em relação as
atitudes frente ao aluno, em relação ao professor da sala de aula regular
Avaliação do aluno
Condição geral de saúde
Necessidades educacionais especiais do aluno
Desenvolvimento do aluno – Função cognitiva (memória, raciocínio lógico,
linguagem), função motora (desenvolvimento e capacidade), função pessoal e
social (área, emocional, afetiva e social)
O comportamento funciona
O comportamento afeta o ambiente
O ensino toma lugar do comportamento anterior
E ela possibilita:
Mas como saber qual comportamento deve ser trabalhado? Utilizaremos todas as informações
coletadas através de entrevistas, observações e também, para isso utilizaremos a avaliação
funcional.
Comportamento Função
Sensorial Se coça porque foi picado, chora porque sente dor
Tangível Função de obter itens, algo, ter ganho
Fuga Se comporta de uma determinada forma para sair de algum local,
para fugir
Atenção Comportamento está sendo reforçado ou mantido pela atenção de
alguém
Elaborado pela autora
Registrando podemos visualizar e avaliar melhor esses comportamentos, por isso é importante
o preenchimento da folha ABC (antecedente – behavior – consequente)
Existem instrumentos padronizados que podem ser utilizados para que essa triagem seja feita.
Um desses instrumentos é a FAST (Ferramenta de triagem de análise funcional), composta por
16 questões, com respostas SIM, NÂO ou não sabe N/A. Ao final realiza-se o Score.
Pois para MATOS (1999), “[...] um comportamento estranho jamais é dito “patológico”, pelo
analista do comportamento; se ele ocorre é porque de alguma maneira ele é funcional, tem um
valor de sobrevivência”
Currículo
É possível desenhar um currículo comportamental, mostrando o que e como ensinar, levando
em conta que a execução de um comportamento complexo, como por exemplo, desenhar,
envolve uma série de outros comportamentos simples, como olhar, imitar, seguir instruções,
pegar o giz e desenhar. Isto é denominado de fragmentação da tarefa. Abaixo segue um exemplo
de fragmentação da tarefa:
Como os currículos são individuais, cada família deve desenvolver junto a profissionais (Analistas
do comportamento) as atividades e devem entrar como fragmentação de tarefa, respeitando a
peculiaridade de cada indivíduo. Os currículos são compostos por vários programas, que devem
descrever, o procedimento de ensino e após deve ser registrado o desempenho da criança
(BAGAIOLO; GUILHARDI; ROMANO, 2011).
Dentro dos currículos existem programas que serão utilizados conforme a necessidade. Como
por exemplo:
Fonte: Lear (2004, pg. 7)
Segundo LEAR (2004, pag. 4-5) cada currículo possui um programa com conteúdo programático,
com uma organização específica:
Autocuidado
Desenhar, colorir.
Copiar, escrever.
Cortar, amarrar.
Usar o teclado, usar o mouse.
Correr, andar, pular, balançar.
Usar equipamentos (bolas, raquetes etc.).
Social
Responde a saudações.
Responde perguntas sociais (ex. “Como vai você?”, “Qual é o seu nome?”).
Imita colegas.
Inicia brincadeiras com colegas.
Interage verbalmente com colegas (comenta, pergunta, oferece
ajuda). Responde às propostas dos amigos.
Linguagem/Comunicação
Brincar
Acadêmica (e Pré-acadêmica)
Habilidades de imitação.
Identificação de números e letras.
Leitura – palavra inteira e fônica.
Soletração.
Habilidades de matemática e números.
Habilidades de uso do computador.
Habilidades escolares – participa de um grupo, espera a vez, recita em uníssono.
Relembrando dicas e acrescentando mais
Mantenha as coisas simples: Não queira fazer algo que a criança não possua repertório
ou não prenda seu interesse. Pois ela perderá rapidamente a motivação e isso causará
frustração. Comece com o simples e vá deixando com o passar do tempo mais complexo.
Pequenas doses de reforço, podem ajudar que a criança saia de sua zona de conforto e
conquiste mais autonomia
Dê a criança motivos para que ela queira se comunicar. Nem tudo deve estar disponível
a todo tempo
A partir dessa observação é mais fácil estabelecer se esse comportamento está em déficit ou se
ele ocorre em excesso. E como realizar essa observação:
Reforçadores e reforçamentos
Para encontrarmos reforçadores ideais, é preciso realizar a avaliação de preferências. Dessa
forma associaremos todos os reforçadores sociais, que se tornarão reforçadores em potencial.
Lembra da aula sobre o passo a passo para a avaliação, há uma entrevista com os
familiares e uma das questões levantadas na coleta de informações era sobre o que a
criança gosta, quais são suas preferências (primeira forma de se descobrir sobre
reforçadores)
Observar a criança também te trará informações sobre suas preferências, dê uma
atenção voltada só para a criança.
Deixe a criança escolher. Dê duas opções e peça que ela escolha uma, a que achar mais
interessante (escolha forçada). Ou mostre uma caixa com muitos reforçadores e peça
que ela pegue só um (testagem)
Dê um reforçador por vez e veja o que ela mais gostou ou deu mais resultado.
Prós e contras
O que é o reforço:
O reforçador deve sempre estar associado a uma fala, um “soquinho”, um “hi five”
Seja você mesmo o reforço positivo. Se você se liga a criança e ela gosta de você, aquele
momento será reforçador, pois ela gostará de ter aquele momento com você.
O ambiente também deve ser motivador, se o momento de aplicação for divertido o
local da aplicação será alegre e motivador
Passe de um reforçamento contínuo para um reforçamento intermitente
Quando a recompensa for contínua, a recompensa deve ser dada imediatamente, que
quer dizer agora, nesse momento
Mude o grau de reforçamento de acordo com o nível de realização
A criança fez certo de primeira: Grande festa!
A criança realizou a atividade com dica: Recebe o reforçamento, mas é menor
A criança requer ajuda total, recebe apenas um reforçador verbal
A entonação da voz deve vir conforme a mensagem
Seja consistente com a forma de reforçar a criança
Sempre ao início de novo programa ou criança nova, reforce mais
Seja específico ao que está reforçando
Monitore a eficácia dos reforçadores e varie-os
Tenha sempre muitos reforçadores
Reforce a criança também em seu ambiente natural
Não se realiza nenhum tipo de punição dentro da Análise do Comportamento
Aplicada, nem positivo, nem negativo, em ABA usa-se somente o reforço!
Tenta-se extrair o maior aprendizado possível enquanto a criança está motivada.
Quando se pensa em reforçador, ele sempre estará pareado ao elogio! Segue abaixo
uma lista que utiliza a fala (elogio) em conjunto ao reforçador
Esta lista foi desenvolvida em janeiro de 2005 por participantes da Comunidade Virtual autismo no Brasil. A versão original, em
inglês, “98 Ways to say very good” foi desenvolvida principalmente por pais, num projeto em conjunto da Canadian Child Day Care
Federation e a Canadian Associaton of Toy Libraries and Parent Resouurce Centres. Baseado na obra de LEAR, K. (2004, pg. 37)
Para sabermos qual o melhor reforçador devemos saber as preferências que a criança tem e
essas preferências podem ser descobertas através de medida direta ou indireta.
Direta: Realizada por meio de observação direta, assim como na avaliação funcional
Indireta: Realizada através de check list ou questionários.
Existem vários protocolos para a avaliação de preferências, aqui vamos mostrar dois:
E deixa-se a criança ficar com objeto por 20”. A partir daí retira-se o objeto e peça para
que ela escolha outro objeto. E continua até que os objetos acabem.
Estratégias de ensino
Modelagem, modelação e vídeomodelação
Exemplo: Ensinar a uma criança não verbal a pedir utilizando comunicação alternativa (figuras
ou aplicativo).
Passos:
A cada passo, é importante que a criança seja reforçada. Em alguns momentos será necessário
um reforço diferencial (a cada etapa concluída se dará um reforço diferente para a nova etapa)
para que a modelagem (aprendizagem de um novo comportamento) aconteça.
Modelação é a aprendizagem a partir de um modelo (aprendizagem social): Ele seá mais eficaz
se o modelo apresentar semelhanças com o aprendiz. Pré-requisitos para a modelação:
Ensino por tentativas discretas (DTT – Em inglês para Discrete Trial Training) É uma metodologia
de ensino, tem configuração estruturada, comandada pelo professor, e evidencia-se em uma
forma de ensinar novas habilidades, dividindo sequências complicadas de aprendizagem em
pequenos (discretos) passos (separados) ensinados um de cada vez durante várias tentativas,
junto com o reforçamento positivo (premiação) e o grau de ajuda que necessário para que o
objetivo seja alcançado (SILVA, 2019). Não é sinônimo de ABA, mas está dentro de uma
estratégia de ensino de ABA. Produz resultados e efetivos e possui evidências científicas.
Componentes do PRT:
Pode ser aplicado em crianças menores, porém será aplicado em conjunto com o modelo
Denver.
Uma criança pega uma bola no consultório terapêutico, a criança adora bola ( e a terapeuta sabe
disso, pois fez uma entrevista e uma avaliação de preferências e de reforçadores com a criança).
A terapeuta pega a bola e pergunta:” você quer brincar de bola?” Aqui surge a apresentação de
oportunidade de resposta, e a criança responde “Quer brincar de bola!” (emissão da resposta).
Então a terapeuta pega a bola e joga para ele (consequência), é um reforçador natural, pois é
algo que já está no contexto, não precisa dar um outro reforçador, se a bola já reforça
Hierarquia de dicas, generalização, hierarquia de dicas é uma estratégia onde as dicas são
retiradas gradualmente. Começa-se com dicas intrusivas (pegar na mão, apontar junto) e depois
dicas mais leves (apontar). Dessa forma impedimos que a criança cometa erros e se desmotive,
pois a aprendizagem sem erros é uma premissa da ABA. E como isso acontece? Cria-se um
contexto para que a aprendizagem aconteça com o mínimo de erros, planeja-se uma forma em
que o erro não ocorra, que seja altamente favorável ao acerto, que a criança acerte (por isso as
dicas são importantes). Pois a dicas irão proporcionar essa aprendizagem sem erro, mas para
que isso aconteça, essas dicas também precisam ser planejadas (Como tudo em ABA!), para que
eu tenha controle das variáveis e que as respostas estão ocorrendo devido ao estímulo
antecedente em conjunto com o estímulo extra que eu estou apresentando.
Físicas:
Gestuais
Verbais
E deve ir da mais intrusiva para a mais complexa (para que ela crie autonomia):
Ajuda total (física – com a ajuda das mãos, e verbal – falo o que vou fazer ou o que ela
deve saber)
Ajuda parcial (só colocar a mão da criança em cima do objeto)
Dica gestual (só aponto para o objeto)
Sem dica
O modelo que será utilizado deve conter: O nome do programa, o objetivo, os procedimentos,
as etapas ou fases, nível de ajuda e a data e início e conclusão.
Contato visual
Objetivo: Ensinar a habilidade de conservar o contato visual que auxiliará a interação
social e desenvolvimento de outras habilidades mais complexas, como a imitação e o
seguimento de instruções.
Procedimento:
Escolha um bom reforçador
Chame a criança pelo nome
A resposta aguardada é que ela olhe para você
Reforce de imediato a resposta correta
Dê ajuda em caso de necessidade
Passa-se de fase a cada dois blocos de respostas totalmente independentes
Critério de aquisição após realizar contato visual com mais de uma pessoa,
compartilhando a atenção
Sentar-se
Após o término do programa é interessante que se continue o ensino ainda por 3 a 6 meses,
com a manutenção, estimulando a criança, com identificação dos familiares, com figuras e
objetos, com situações do cotidiano (GOMES, 2015)
Como planejar: 100% de acertos em 3 registros, critérios de aprendizagem (protocolo ABC),
imitar em outros locais (generalização), começar gradualmente, não forçar a criança, usar
reforçadores, dicas e ajudas, estratégia (modelagem, naturalista) e registro.
Habilidades sociais
Habilidades cognitivas
Habilidades funcionais
AT- AcompanhanteTerapêutico
Um fato que muitas vezes acontece é o momento da melhora, onde os pais, decidem por si só
que a criança não necessita mais do tratamento. O que ocasiona um declínio no
desenvolvimento do indivíduo. E o desenvolvimento da criança e sua qualidade de ida são muito
importantes e para que isso aconteça, precisamos de continuidade. Os pais querem resultados
rápidos, sei que cansam tantas terapias, tantas horas por dia, por semana, mas elas são
necessárias.
Livro: Passo a passo, seu caminho – Guia Livro: Guia VB-MAPP – Programa de
curricular para o ensino de habilidades Avaliação e colocação de marcos do
básicas comportamento verbal, nível 1, 2 e 3
Autor: WINDHOTZ, Margarida H. Autor: LIMA, Ronaldo.
Editora: Editora Edicon, 2016. Editora: Casa do Neuropsicopedagogo, 201
Livro: PROTEA-R – Sistema de Avaliação da Livro: Manual do Inventário Portage
Suspeita de Transtorno do Espectro Autista. Operacionalizado: Avaliação do
Autor: BOSA, Cleonice Alves; SALLES, Jerusa desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos.
Fumagalli de Autor: WILLIAMS, Lúcia C. de A.; AIELLO, Ana
Editora: Vetor Editora, 2018 Lúcia R.
Editora: Juruá Editora, 2022
Segue abaixo um drive da Fabi @materiaisadaptadosfabi, ela é mãe de uma criança com TEA e
criou essas atividades DE FORMA GRATUITA no instagram, para ajudar outras famílias,
professores que também precisem. A comercialização desse material é PROIBIDA.
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Referências Bibliográficas
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Sites consultados
https://www.terapiaaba.com.br/
https://institutoneurosaber.com.br/