Você está na página 1de 47

ABA

Análise do Comportamento Aplicada

Ministrado por Karina Fonseca

Psicóloga (CRP 01-8987), Psicopedagoga

Neuropsicopedagoga, Neuroeducadora

Ello Cursos Psicologia – 2022


"Se eles não aprendem do jeito que a gente ensina, nós ensinamos do jeito que eles
aprendem" (Ivar Lovaas)
Sumário
Introdução

Autismo, o que é, sinais, diagnóstico

Fundamentos do Behaviorismo

Fundamentos filosóficos da análise do comportamento- Behaviorismo radical

Conceitos e princípios da análise do comportamento aplicada

O que é a Análise do Comportamento Aplicada – ABA

Quem pode aplicar ABA e o que ele faz

Sete critérios básicos

Iniciando os trabalhos

Marcos do desenvolvimento

Entrevista com os familiares (anamnese)

Construção de vínculos

Avaliação do comportamento

Planejamento das intervenções

PEI/ PDI

Relembrando o que foi estudado até aqui

Aplicação Escala FAST

Organizando o momento da aplicação, iniciando a prática

Elaboração de programas ABA

Currículos

Reforçadores e reforçamentos

Descobrindo as preferências da pessoa

Folha de preferências/ RAISD

Estratégias de ensino

Modelagem, modelação e videomodelação

Ensino por tentativas discretas

Estratégias de ensino naturalísticas ou Ensino incidental

Hierarquia de dicas, generalização

Ensino de habilidades básicas

Contato visual
Sentar-se

Aguardar/ Esperar

Imitação

Linguagem receptiva

Linguagem expressiva

Pré-acadêmicas

Programas (como montar)

Aplicando ABA na escola, função do AT- Acompanhante terapêutico

Orientação ao receber uma família

Direitos e deveres da família (contrato)

Dicas de livros e materiais

Referências Bibliográficas
Introdução
ABA não é técnica e não é método, é uma ciência. Com conteúdo extenso, cheio de estratégias
de compreensão e intervenção voltadas ao comportamento humano, validadas empiricamente.

ABA refere-se ao termo em inglês Applied Behavior Analysis e traduzido para o português como
Análise do Comportamento Aplicada.

As intervenções em ABA foram e são realizadas em contexto de pesquisa e ciência. Esses estudos
dão suporte a essa prática, por isso, vem sendo muito utilizada, especialmente no tratamento
de pessoas com autismo, mas também pode ser utilizada em outros transtornos, como o TDAH,
transtorno de comunicação, dentre outros.

No decorrer de mais de 50 anos de pesquisas científicas, controladas e confiáveis, foram


estudados diversos princípios básicos que influenciam o comportamento humano. Por exemplo,
diferentes tipos de consequências aumentam ou diminuem a probabilidade de comportamentos
ocorrerem no futuro ou diferentes tipos de condições antecedentes, motivadoras ou não,
aumentam ou diminuem as chances de determinados comportamentos ocorrerem.

Um dos principais processos comportamentais estudados pela Análise do Comportamento,


como um todo, é a aprendizagem que também será estudado nesse curso.

A intervenção é feita de maneira estruturada, com foco nos comportamentos alvo (que serão
descritos em capítulos posteriores) de intervenção, o que estão ligados, a maior parte de dos
diagnósticos, à linguagem e comportamentos inadequados. A Terapia ABA, no momento da
intervenção trabalhará com esses comportamentos alvo da criança. Por isso é importante a
realização da entrevista (anamneses) com a família e as avaliações que forem consideradas
importantes para que sejam observados quais comportamentos devem ser trabalhados e
estimulados e quais comportamentos inadequados devem ser modificados ou extintos.

Como já mencionado, ABA não é específico para ser trabalhado só com crianças com TEA, mas
quando falamos sobre esse transtorno, estamos diante de um diagnóstico baseado em déficits
e excessos comportamentais, por exemplo, dificuldade na comunicação e nas interações sociais.
Mas podemos também ter excessos comportamentais, que podem ser desenvolvidos,
diminuídos ou até extintos.

Assim, a partir de agora vamos mergulhar no mundo da Análise do Comportamento Aplicada e


adquirir mais conhecimento em como auxiliar crianças com TEA e seus familiares a outras
crianças que possuam transtornos que necessitem dessa abordagem de forma correta com seus
devidos conceitos, teorias e práticas!

Autismo, o que é, sinais, diagnóstico


Apesar de já termos mencionado que ABA não é utilizado somente com crianças que possuam
TEA, mas é utilizado em sua maioria, iremos falar um pouco sobre esse transtorno, para que
possamos entender o porquê dele ser hoje o mais utilizado, ou pelo menos muito procurado
para auxiliar no dia a dia de pessoas com TEA.

De acordo com ARVIGO; SCHWARTMAN (2020 pg. 15),


“O transtorno do espectro autista (TEA) faz parte de um grupo de condições que afetam o
desenvolvimento infantil, denominado Transtorno do Neurodesenvolvimento, conforme
nomenclatura definida pelo Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V.
Esses transtornos, em geral, se manifestam cedo, logo na primeira infância, antes mesmo da
criança iniciar sua vida escolar, é são caracterizados por déficits que variam em níveis e que
acometem o funcionamento pessoal, social e acadêmico... O TEA se caracteriza por déficits
persistentes na comunicação e na interação social, associados a padrões restritos e repetitivos do
comportamento, de interesses e/ou atividades... O diagnóstico do TEA é essencialmente clínico e
multidisciplinar, envolvendo profissionais de diferentes áreas.”

De acordo com o DSM-V, os seguintes critérios diagnósticos devem ser observados:

A- Déficits persistentes na comunicação social em muitos contextos


 Déficits na reciprocidade socioemocional – dificuldade em estabelecer uma
conversa, compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afetos,
dificuldade para iniciar ou responder a uma interação social
 Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais para a interação social
 Déficits no desenvolver, manter e compreender relacionamentos
B- Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesse e atividade (pelos menos
um dos seguintes)
 Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipada ou repetitiva
 Insistência nas mesmas coisas, inflexível a rotina, padrões ritualizados no
comportamento verbal ou não verbal
 Interesses fixos, altamente restritos (em intensidade e foco)
 Hiper ou hiporreatividade ou estímulos sensoriais
C- Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento
D- Os sintomas causam prejuízos significativos no funcionamento social, profissional
E- Essas perturbações não são mais explicadas por deficiência intelectual ou por atraso no
desenvolvimento global (vem como comorbidades)

Com os seguintes especificadores, que mostram o nível de gravidade:

Nível de Comunicação social Comportamentos restritos


gravidade
Nível 1 Exigindo apoio - déficits de Inflexibilidade de
comunicação e interação causam comportamento, dificuldade em
prejuízos, dificuldade para iniciar trocar de atividade, problemas na
interações, interesse reduzido nas organização e planejamento
interações sociais dificultam a independência
Nível 2 Exigindo apoio substancial - déficits Inflexibilidade de
graves nas habilidades de comportamento, dificuldade em
comunicação social verbal e não lidar com mudanças. Sofrimento
verbal, dificuldade para iniciar e/ou dificuldade em mudar de
interações, interesse reduzido nas foco
interações sociais
Nível 3 Exigindo apoio muito substancial - Inflexibilidade de
déficits graves nas habilidades de comportamento, extrema
comunicação social verbal e não dificuldade em lidar com
verbal e interação causam prejuízos mudanças. Comportamentos
graves de funcionamento e grande repetitivos e estereotipados
limitação para iniciar interações, interferem grandemente no
interesse reduzido nas interações funcionamento de todas as
sociais esferas.
Fonte: elaborado pela autora, baseado no DSM-V, 2014, pg. 52
O diagnóstico deve ser realizado através de entrevista (anamnese), avaliações (escalas e testes),
observações.
A partir de um diagnóstico, inicia-se o plano de intervenção, onde será visto qual a melhor forma
de tratamento a ser realizada. Uma delas é a Análise do comportamento Aplicada – ABA, que é
o nosso objeto de estudo.
Mas para falarmos sobre ABA precisamos entender primeiro, sua história, sua linha do tempo,
de onde ela surge, par hoje termos essa aborda que auxilia tantas crianças no mundo todo.

Fundamentos do Behaviorismo
Para podermos chegar a ciência que conhecemos como Análise do comportamento Aplicada,
temos que retornar na linha do tempo para compreendermos os marcos científicos que
ocorreram, e assim, entendermos conceitos, aplicações. Então, vamos lá!

BEHAVIORISMO BEHAVIORISMO ANÁLISE EXPERIMENTAL

METODOLÓGCO RADICAL DO COMPORTAMENTO

Tudo começou com o surgimento do Behaviorismo, que é a filosofia que sustenta, que
fundamenta a análise do comportamento aplicada.

Em 1913, John Watson publicou um manifesto Behaviorista, pois ele queria transformar essa
filosofia em ciência e para ser ciência dentro da psicologia era necessário que pudesse ser
observável, medido, quantificado. E precisava também de um objeto de estudo, o
comportamento.

Por que ele queria isso? Porque naquela época vivia-se um período de consolidação da ciência,
pois ela surgiu como uma nova forma de explicar os fenômenos da natureza, que antes eram
explicados pelo senso comum, pela igreja. Por isso via-se uma dificuldade muito grande, pois ao
se falar em ciência precisa-se validá-la.

Watson foi influenciado por três correntes:

 Positivismo: O comportamento era algo externo ao homem, como algo que já está lá,
cabendo ao homem reconhecê-lo de modo neutro, sem interferências (religiosas,
subjetivas). O conhecimento está na natureza e cabe ao homem pesquisa-lo e
reconhece-lo como seu habitat sem influências (conceito que posteriormente vem
abaixo, pois não há neutralidade). Ao final do século passado a ciência deu mais ênfase
a obtenção de dados, medidas, experimentos. Influenciado pela Psicologia de Watson:
“Por que não fazemos daquilo que podemos observar o campo de estudo da
Psicologia?” Por isso, o objeto de estudo do Behaviorismo é o comportamento.
 Funcionalismo: Corrente que se preocupava com o processo, como o organismo
funcionava no ambiente, mas não havia uma preocupação com o organismo em si, mas
só em como ele funcionava.
 Psicologia animal (Pavlov) – Comportamento Reflexo: Inspiração de Watson, modelo,
comportamento respondente. Watson não possuía um modelo, um método, somente a
ideia. A partir de Pavlov, ele começa a visualizar e organizar em como colocará em
prática essa ideia. Ivan Pavlov (1849-1936), fisiologista e médico russo, criou a Teoria
dos reflexos condicionados.

Imagem: Pavlov - Teoria dos reflexos condicionados.

Fonte: totallyhistory.com contosdajoaninha.blogspot.com

A partir desse experimento de Pavlov, surgem alguns conceitos que são importantes:

Conceito Descrição do conceito Exemplificação


Estímulo Qualquer alteração no ambiente que Comida colocada na boca,
cause uma alteração no organismo produz salivação
Resposta Qualquer alteração no organismo que A salivação
cause alteração no ambiente
Reflexo Relação entre um estímulo e uma Comida elicia salivação
resposta (S – R)
Eliciar Produzir Comida elicia salivação
Intensidade do Força ou quantidade de determinado Quantidade de comida
estímulo estímulo colocada na boca
Magnitude da Força ou determinada resposta Quantidade de saliva
resposta produzida
Latência da Tempo decorrido entre a apresentação do A salivação inicia após o
resposta estímulo e a ocorrência da resposta intervalo de 1,5s depois de a
comida ter sido colocada na
boca
Duração da Tempo decorrido desde o início da A salivação continua num
resposta emissão da resposta até a sua finalização período de 30s
Limiar do Intensidade mínima do estímulo para que A salivação começa a ocorrer
reflexo a resposta seja produzida (eliciada) quando a quantidade de
comida na hora for maior ou
igual a 5g
Habituação Diminuição da magnitude da resposta em Se ocorrer uma diminuição
função das eliciações produzidas de salivação mesmo com a
manutenção de quantidade
de comida
Sensibilização Aumento da magnitude da resposta em Se ocorrer um aumento de
função das eliciações sucessivas da salivação mesmo com a
resposta. manutenção de quantidade
de comida
Fonte: Elaborado pela autora, de acordo com a obra de MOREIRA (2019, pag. 26-27)
Fundamentos filosóficos da análise do comportamento- Behaviorismo
Radical
Skinner nasceu na Pensilvânia em 1904, estudou língua inglesa e filosofia na Universidade de
Nova York, abandonou essa área e foi cursar Psicologia em Harward, posteriormente se tornou
professor no mesmo local, onde lecionou e pesquisou até finalizar a sua carreira e faleceu em
1990.

Influenciado pelo Behaviorismo de Watson, em seus estudos utilizava ratos e pombos. Sua obra
foi extensa, sólida, com base em muito estudo experimental, onde analisou que exixtia ordem
e regularidade no comportamento. Assim, nasce o Behaviorismo Radical, pois ele acreditava que
todo fazer humano é comportamento e que o comportamento é a raiz de tudo. Esse radical vem
da ideia de raiz, ele também considerava o pensamento como comportamento (diferente de
Watson), ou seja, TUDO é comportamento. Enquanto Watson no Behaviorismo metodológico
fazia essa separação e considerava o pensamento como algo que não era passível de
observação.

O Behaviorismo radical é uma corrente filosófica onde está fundamentada a Análise do


Comportamento. Em 1938, ele publicou um livro chamado “Comportamento dos organismos”.
Nessa obra ele faz uma nova proposta do behaviorismo, uma mudança de paradigma, que
consistia em mudanças e alterações no modelo explicativo utilizado por Watson para todo e
qualquer comportamento.

Realizou obras importantes: Ciência e comportamento humano, que é uma leitura importante
para compreender comportamento operantes verbais.

Modelo de comportamento operante: É a tríplice contingência, não exclui o comportamento


respondente S-R, mas nem todo o comportamento vai acontecer somente dessa forma. São
respostas novas, adquiridas a partir da interação com o ambiente. Se a resposta for agradável,
prazerosa, seguida da resposta, há a probabilidade de repetição.

TRÍPLICE CONTINGÊNCIA = MODELO DE APRENDIZAGEM

S–R–C

Contexto local, ambiente Onde a resposta acontece Consequência


A partir da interação com esse (vai determinar
ambiente. Emissão de resposta e a manutenção, ou
não de eliciação. extinção do
Resposta emitida (reforçador) comportamento)

Fonte: Elaborado pela autora, baseado na obra MOREIRA, 2019, pg. 147

Em um nível de análise mais amplo, o condicionamento operante ajuda a entender quem somos.
Se partirmos do pressuposto que somos frutos de nossas experiências, consequências das
nossas ações. Para trabalharmos a aprendizagem, mudança de comportamento é importante a
compreensão desse conceito, pois ele estará presente na aplicação ABA.

Conceitos e princípios da Análise do Comportamento Aplicada


Alguns princípios e conceitos são importantes para entendermos a Análise do Comportamento
Aplicada.

 Comportamento: É tudo aquilo que as pessoas fazem em determinado contexto


 Contingência: É o contexto em que o comportamento ocorre
 Tríplice contingência: É o estímulo antecedente, a resposta e a consequência
 Funções do comportamento: O que faz ele existir e o que o mantém. Podem ser de
atenção, fuga/ esquiva, objeto tangível e sensorial/ reforçamento automático. A partir
desse comportamento podemos iniciar o processo de modificação, para outros mais
adequados
 Reforço: São as consequências que aumentam a probabilidade de uma resposta ocorrer
novamente. Eles podem ser positivos ou negativos.
 Punição: São as consequências que diminuem a probabilidade de uma resposta ocorrer
novamente. Eles podem ser positivos ou negativos

Toda contingência é seguida por uma consequência, que pode ter efeito sobre a futura resposta.

Se a criança emitir a mesma resposta, significa que foi reforçada, se não emite, significa que
aquilo foi aversivo ou desmotivador (punição)

Um comportamento só existe porque ele é reforçado. E esse reforço é essencial para o ensino
de habilidades (habilidades básicas: manter o olhar, imitar, falar, seguir, instruções, ...)

Tipos de reforçamento:

 Avaliação de preferências: Avaliar qual é o reforçador para a criança


 Reforço contínuo: Reforçar todas as vezes que a criança responder corretamente
 Reforço intermitente: Reforçar cada X vezes de resposta correta
 Economia de fichas: Trabalhar a espera, para a criança visualizar quando irá ganhar o
reforçador

Em Análise do comportamento positivo e negativo, não se referem ao que é bom ou ruim.

Positivo Negativo
É o acréscimo de estímulo ao ambiente É a retirada do estímulo ao ambiente

Tipos de reforçadores: comestíveis, atividades, brinquedos, sociais, eletrônicos

 Extinção: A criança deixa de fazer gradativamente (pode demorar), conforme for


aprendendo o comportamento correto. A partir da retirada do reforçador que
estimulava o comportamento inadequado
O que é a Análise do Comportamento Aplicada – ABA
A análise do comportamento aplicada, oficializada em 1968 (MORRIS et al., 2013), onde diversos
pesquisadores – Risley, Wolf e Lovaas – nos anos 1960 em conjunto culminaram o processo que
estabelecia ABA como ciência. Esses estudos aconteciam no Institute for Child Development, na
Universidade de Washignton, onde observavam e aplicavam princípios e procedimentos
analíticos comportamentais. Onde surgiram estudos que serviram de base para a fundação da
ABA, que incluía pessoas com TEA.

Principais autores no processo de fundação e de publicações que influenciaram sobre o tema


foram Ayllon, Staars e Wolf. Porém a primeira publicação de pesquisa sobre análise do
comportamento qualificada como aplicada foi o estudo sobre uma criança (Caso Dick- criança
com comportamentos inadequados, batia na cabeça própria cabeça e rosto, se arranhava e
puxava os cabelos, déficits de fala e interação social) com TEA por Wolf, Risley e Mees, em 1964.
Wolf dedicou a partir daí sua vida para que essa ciência fosse importante e relevante a
sociedade.

Lovaas é reconhecido como o maior representante das aplicações de ABA para o TEA, e
influenciou muitas pessoas a estudarem e pesquisarem sobre a análise do comportamento
aplicada no decorrer de sua vida. Ele presenciou a aplicação dos princípios ABA a diversas
pessoas quando estava na Universidade de Washington. Após três anos, em 1961, foi lecionar
na Universidade da Califórnia, Los Angeles, onde ficou até encerrar sua carreira.

Seu artigo mais conhecido, em 1987,


“... relatou que 47% das crianças que receberam intervenções baseadas em ABA de forma precoce
e intensiva (40 horas por semana), chegaram a ter um funcionamento típico; e, adicionalmente,
outros 40 % da amostra do grupo experimental tiveram seus déficits diminuídos
consideravelmente. Os dados do grupo controle (crianças que receberam tratamentos baseados
na ABA por 10 horas ou menos por semana) mostram que apenas 2% das crianças passaram a ter
funcionamento típico. Após esse estudo, replicações foram conduzidas para aumentar a validade
dos dados e, a cada ano, mais evidências empíricas são produzidas acerca da efetividade dos
procedimentos da ABA para o tratamento do TEA.” (SELLA,2018, pag. 66)

Mas apesar de estudos e pesquisas realizadas, de ressaltar sobre o reforço positivo, empregou
a prática de métodos aversivos como parte das intervenções. Pois em uma entrevista, dada em
1965, deixa claro que muitos de seus tratamentos fez uso de punição. O que ao final da década
de 1980, já existiam estudos mais avançados em ABA, onde Lovaas diz não mais utilizar essas
práticas, defendendo novamente o uso do reforçamento durante a intervenção. O que deve ser
utilizado dentro dos princípios do processo terapêutico na ABA.

Outra pessoa importante dentro da linha do tempo da ABA é Gina Green, ela se envolveu em
muitas pesquisas, foi em busca de tratamentos de qualidade, desenvolveu leis e políticas
públicas baseadas em evidências científicas. Hoje é professora na Universidade de San Diego,
faz consultoria e ajudou a fundar a Association of Professional Behavior Analyst (Diretora
executiva).

ABA é uma ciência baseada em evidências, onde “um esforço para melhorar o processo de
tomada de decisões em contextos aplicados ao se articular explicitamente o papel central de
evidências nas decisões e, desta forma, melhorar os resultados” (SLOCUM et al., 2014). A
importância das práticas baseadas em evidência advém da noção de que os profissionais
possuem a responsabilidade ética de tomar decisões que aumentem as chances de os resultados
serem efetivos para seus clientes (BACB, 2014; DETRICH, 2015).
Dessa forma ABA busca ampliar comportamentos úteis e desejáveis, ao mesmo tempo em que
diminui aqueles que são prejudiciais e interferem no processo de aprendizado da criança. A
terapia é aplicada de maneira intensiva e a criança deve ser assistida pela terapeuta em sessões
individuais, pois deve ser adaptada às necessidades de cada criança.

O terapeuta ABA observa o comportamento da criança e analisa-o para assim criar estratégias
para modificar aspectos desfavoráveis do comportamento.

Essa abordagem deve incluir o desenvolvimento e outras técnicas de aprendizagem, variedade


de objetivos e avaliações e abordagens mais lúdicas e que chamem a atenção da criança, para
que se tenha a resposta um reforço positivo.

Isso pois, de acordo com Vasconcelos, a ABA parte do princípio de que todo comportamento
tem um antecedente e uma consequência. A natureza da consequência de um dado
comportamento pode interferir na chance daquele comportamento se repetir. Por isso, uma das
estratégias utilizadas pelo terapeuta seria o reforço positivo.

As sessões podem durar de 2 a 4 horas por dia e idealmente devem ocorrer cinco dias por
semana enquanto no modelo original de Lovaas, 40h por semana de terapia.

A aplicação do método pode ser realizada por inúmeros profissionais, terapeutas, médicos,
psicólogos, fonoaudiólogos, professores e a aplicação pela família pode contribuir e otimizar os
resultados, mas precisa de orientação e supervisão de profissionais que tenham experiência no
processo.

Pois trazem os seguintes benefícios:

 Promover a expansão das habilidades psicossociais da criança, aumentando as chances


dela se comunicar e interagir com os outros, pois desenvolve habilidades, melhorar
comportamentos e maneja limitações.
 E tem como objetivo, a independência, a destreza motora e o aprendizado, através da
ênfase nas habilidades de autocuidados, tarefas motoras e função cognitiva.

. Para que essa abordagem dê certo é necessário:

 Ser realizada por profissionais especializados


 Todos os profissionais que cuidarão da criança devem seguir essa mesma abordagem,
para que todos ajam da mesma forma, usando os princípios da ABA
 Os pais também devem conhecer sobre a abordagem e seguir as orientações dadas
pelos profissionais que estão com a criança
 A escola também deve estar integra ao processo, o profissional em ABA deve visitar a
escolar e passar as instruções pertinentes em relação ao trabalho que será realizado.

É importante destacar que para uma intervenção ser considera ABA, em termos práticos e
“simples”, o que precisa acontecer é:

 Definição dos objetivos terapêuticos (quais comportamentos são socialmente


relevantes para alteração, entre eles quais são prioridades ou pré-requisitos para a
aquisição de outros);
 Descrição dos procedimentos;
 Registro sistemático de respostas-alvo;
 Análise de dados apresentados em relatórios;
 Participação de todos os integrantes da equipe na busca pelas metas estabelecidas e
alinhados nos procedimentos;
 Estratégias de generalização do comportamento modificado para outros ambientes,
pessoas e estímulos
 Número de horas de intervenção via de regra alto, e estimulação intensiva.

Quem pode aplicar ABA e o que ele faz


Quem são as pessoas que podem aplicar ABA?

 Psicólogos com formação em Análise do Comportamento


 Pais, responsáveis, educadores e outros profissionais como, terapeutas especializados
e orientados por um supervisor ABA
 Equipe multidisciplinar

A intervenção deve ser realizada por uma equipe terapêutica, que precisa de planejamento e
supervisão. Eles ensinam, basicamente, habilidades para melhorar o desenvolvimento da
criança.

Mas é preciso lembrar que há diferenciação entre os profissionais de ABA:

 Aplicador: Atua de forma a aplicar os conceitos ABA, acompanhar alunos nas escolas ou
de forma domiciliar, desenvolvendo habilidades de estimulação de independência e
autonomia. Atua intervindo e acompanhando o paciente, em qualquer tipo de contexto.
Não há regulamentação da profissão, mas é uma profissão real e pode ser exercida
 Analista do comportamento ou terapeuta ABA: Cursos de pós-graduação. São bastante
acadêmicos, dão base teórica necessária as intervenções
 Supervisor ABA: Cursos de mestrado e doutorado em análise do comportamento, pois
será um profissional de alta complexidade.

Mas ainda temos algumas questões a melhorar:

 A quantidade de crianças com TEA, por exemplo, é maior que o número de profissionais
capacitados
 O custo financeiro é alto, em função das quantidades de horas semanais de terapia
 A maioria das escolas ainda não buscou se qualificar no tema relacionado as questões
comportamentais

O que é preciso Lembrar:

 Intervenção precoce (a partir dos 18 meses)


 Duração de 15 a 40 horas semanais
 Ensino de habilidades variadas simultaneamente
 Participação da família
 Manutenção e generalização das habilidades aprendidas

O que precisamos trabalhar:

 Habilidades básicas: São os comportamentos simples e iniciais, que serão pré-requisitos


a aprendizagens posteriores mais complexas
 Imitação
 Atenção
 Coordenação
 Linguagem
 Pré- acadêmicas
 Contato visual
 Intervenção comportamental intensiva: Avaliação funcional (conhecer a criança,
investigar). Comportamento operante: Eu opero com o meio e sou sensível as
consequências dessas ações (interacionistas). Para falarmos de comportamento temos
que falar do contexto

Sete critérios básicos


7 Critérios básicos para a intervenção ABA:

 Aplicada: produzir conhecimentos para a melhoria em comportamentos que tenham


finalidade social para os envolvidos. Tem como objetivo a mudança de comportamento
para melhor qualidade de vida. É interessante que se faça as seguintes perguntas:
 Onde vamos aplicar?
 Em qual comportamento?
 Quero ensinar um novo comportamento ou quero extingui-lo?

 Comportamental: focar no comportamento em si para a mudança, e não em algo sobre


o comportamento (devem-se medir fatores dentro desse comportamento, não sobre o
que se diz sobre ele). É preciso ter foco no comportamento observado e mensurá-lo. É
preciso medir de forma conceitual, com fundamentação. O registro é necessário, da
avaliação a intervenção. Tudo precisa ser registrado, para que se possa analisar,
comparar, ajustar e replanejar

 Analítica: identificar relações funcionais entre eventos vistos na intervenção e nas


mudanças observadas no comportamento-alvo; tais relações devem ser analisadas
detalhadamente por meio de coleta de dados e descrições dos procedimentos. Analisar
e provar as relações entre o ambiente e o comportamento. Mostrar que a intervenção
está promovendo mudança no comportamento na aprendizagem

 Tecnológica: definir o conjunto de procedimentos e técnicas que serão utilizados de


modo completo, preciso e sistemático a fim de construir um padrão que possa ser
replicado pelos terapeutas e pelos pais, anotar de forma minuciosa tudo que será
utilizado, como será utilizado, como será realizado, de forma clara

 Sistemática (conceitual): alicerçar as descrições em princípios básicos do


comportamento, na experiência e nas pesquisas. Utilização dos preceitos, da análise
experimental do comportamento para que se planeje um trabalho respaldado pelas
evidências, como atualização no estudo

 Efetiva (eficácia): garantir que as mudanças no comportamento estejam realmente


presentes e evidentes, e ocasionem um avanço visível e com baixo custo para os
envolvidos. Garantia da aprendizagem, todos aprendem e é preciso garantir e ajustar
as práticas até que a pessoa aprenda
 Generalidade: cuidar para que as mudanças durem e sejam visíveis nos mais diferentes
ambientes em que a criança vive; portanto, é essencial que elas sejam informadas aos
pais e à escola. Amplitude, ao alcance do que é ensinado é aprendido. O indivíduo
precisa ser capaz de aplicar esse conhecimento em toda a sua vida, em todos os
contextos e não só naquele momento do aprendizado. Aquele conhecimento tem que
atender a função de comportamento, tem que conseguir fazer uso dessa aprendizagem
sempre que necessário, em contextos diferentes.

O processo deve seguir os seguintes passos:

 Entrevista (anamnese)
 Avaliação comportamental inicial
 Seleção de objetivos
 Elaboração de programas
 Intervenção propriamente dita com avaliação constante.

Realiza-se a observação do comportamento, onde são realizadas tentativas entre o profissional


e a criança. A partir dessas tentativas, usa-se um estímulo anterior para a produção de uma nova
resposta, até o alcance do resultado que foi estabelecido. Quando essa resposta acontece a
criança recebe algo que previamente combinado, que será o reforço positivo, que servirá como
motivador para a consolidação do comportamento esperado (que foi aprendido).

Objetivo: Consolidar o comportamento aprendido, através da modificação de comportamentos


disfuncionais no TEA, trabalhando o passo a passo, da seguinte forma:

 selecionar diversos estímulos,


 obter contato visual com o aprendiz,
 apresentar a instrução e os estímulos,
 esperar um tempo rápido para a resposta,
 disponibilizar ajuda em caso de não resposta,
 agir com reforço positivo o mais rápido possível,
 disponibilizar meios reforçadores variados e fazer os registros corretamente.

Iniciando os trabalhos
Para iniciarmos nosso trabalho precisamos entender que não seja trocada ou invertida a ordem
de cada passo que daremos em busca do auxílio para o desenvolvimento da criança que está
conosco, seja ela paciente, aluno, filho. Pois para sabermos o que vamos trabalhar precisamos
avaliar, e esse é o segredo para termos uma intervenção de qualidade

Segue abaixo então os passos que daremos e a explicação de cada um.

 Entrevista com os familiares


 Construção de vínculos
 Iniciação à avaliação
 Devolutiva com plano de intervenção
 Intervenção
Marcos do desenvolvimento
Antes de seguirmos esses passos precisamos saber sobre um conteúdo importante, para
podermos avaliar, verificar quantificar. Precisamos saber o que são os marcos do
desenvolvimento, pois eles é irão nortear nossos panejamentos em relação a avaliação e
intervenção.

Marcos do desenvolvimento é como o indivíduo se desenvolve ao longo da vida. São as


habilidades que são esperadas dentro de cada idade na medida que se desenvolve. A partir deles
sabemos se acriança está dentro do que é esperado, está acima ou está atrasada dentro do que
foi observado, avaliado.

Quando observamos atrasos, podemos assim estimular atividades que trabalhem essas
habilidades, que crianças sem atraso realizaram, normalmente, com facilidade.

Idade Marcos do desenvolvimento


Agarre coisas
Segure brevemente no seio ou na mamadeira
Olhe para rostos
0 a 4 meses Leve objetos a boca
Brinque com as mãos
Olhe quando escuta algo
Pare de chorar ao escutar uma voz calma conhecida
Sorria e vocalize socialmente
Sente-se projetando para frente e apoie-se nas mãos
Vire de bruços
Tente pegar objetos pequenos e segura a mamadeira
4 a 6 meses Brinque com os pés, remove o paninho do rosto
Agite brinquedos
Reconheça o cuidador visualmente e comece a responder quando chamado
pelo nome
Emite sons, gritos e expressa raiva
Sente com apoio, comece a engatinhar e se sustente em pé por algum tempo
Sente de cócoras
Transfira objetos de uma mão para a outra e se esforce para pegar algum
6 a 9 meses objeto longe e seu alcance
Responda a um não
Combine vogais e consoantes nos balbucios
Fale pequenas palavras como mama, papa
Ande se apoiando nos móveis ou nas mãos das pessoas
Consiga dar 1 ou 2 passos sem apoio
Fique de pé por pouco tempo
9 a 12 meses Beba no copinho
Bata palmas e dê tchau com a mão
Fale várias palavrinhas: dada, papa, água, sim, não, quero, mesmo que
apresente erros, mas se faz entender
Fonte: Elaborado pela autora, baseado no e-book BÉRGAMO, 2020, pg. 7-8
Entrevista com os familiares (anamnese)
Em uma entrevista com a família, não pode faltar:

 Acolhimento
 Informação de qualidade
 Relação de confiança
 Empatia
 Aceitação incondicional
 Apresentação do plano de trabalho
 Coletar informações

O envolvimento familiar é fundamental durante o processo de aprendizado, pois proporciona


uma estimulação mais intensiva no ambiente doméstico e atua com efeito positivo sobre os
benefícios da terapia ABA.

"A família pode ajudar muito o(a) terapeuta ABA, fornecendo informações precisas sobre o
comportamento da criança e aplicando os preceitos da técnica explanados nas sessões de
orientação com o(a) terapeuta".

Para construirmos um ótimo plano de intervenção precisamos de saber:

 Os gostos da criança: Ajuda na avaliação de preferências, é necessário saber o que a


criança gosta (de fazer, de comer, de brincar, de assistir, quais atividades faz, jogos e
brincadeiras preferidas, locais, pessoas)
 O que a criança não gosta: Ajuda a prevenir comportamentos disruptivos (morder,
bater, se jogar no chão)
 Saber quais são os desafios trazidos pelos pais, ex.: “O que você gostaria que o(a) ...
aprendesse? Para podermos alinhar as expectativas com os familiares. Compreender
essas expectativas com atenção e traça-la de forma real
 Quais são seus potenciais: O que a criança faz de bom, o que ela sabe fazer bem, muito
bem (Isso pode ser utilizado para a criação de vínculos sociais, ensinar habilidades de
linguagem, socialização, valorização de autoestima), usar habilidades que tenha
domínio e sinta prazer, trabalhar aquilo que possa explorar
 A entrevista é o primeiro contato da família com o profissional, é importante deixar uma
boa impressão e boa relação para que haja continuidade e confiança.
 Rapport: O vínculo é muito importante para estabelecer uma relação de confiança e
segurança, o acolhimento, e sem julgamentos.
 Colher o máximo de informações possível.

Construção de vínculos
O segundo passo ainda não será a avaliação. Antes precisamos criar vínculos para que a criança
nos conheça e realize tanto a avaliação quanto a intervenção de forma satisfatória gostando de
estar conosco e se desenvolvendo.

Então, nesse primeiro contato com ela iremos fazer coisas que ela gosta ( essa informação já foi
coletada com a entrevista com os familiares). Pois para criar vínculos precisa parear com coisas,
brincadeiras, objetos que a criança goste, assim cria-se estímulo, reforçamento e aumenta-se a
motivação das realizações das atividades e da presença do profissional. Seguir o interesse da
criança irá fortalecer o vínculo.

Pois se ela não gosta do local, das pessoas das atividades, pode parear como algo aversivo, o
que irá dificultar o andamento dos passos e alongar o início da avaliação.

Avaliação do comportamento
Agora sim chegou o momento de iniciar a avaliação!

 Avaliar em diferentes ambientes, pois no ambiente de consultório, pode não ser um


ambiente familiar para a criança e isso trará respostas que não ser fidedignas ao que se
está avaliando. Normalmente não tem muita frustração. Esse momento é só de
observação.
 Protocolos de rastreio/ de avaliação: Principais protocolos da ABA

Inventário Portage: Crianças entre 0 e 6 anos. Avaliações em diferentes áreas, protocolo muito
bom, muito completo. Avalia cinco áreas. Pode ser aplicado por profissionais da saúde e
educação. Específico para crianças de 0 a 6 anos e avalia cinco áreas:

 Socialização
 Cognição
 Linguagem
 Autocuidado
 Desenvolvimento motor

Possui validação na população brasileira

VB-MAPP: Geralmente utilizado em crianças pequenas. Avalia os marcos do desenvolvimento


infantil, áreas da linguagem e associadas até 48 meses. Ele é considerado mais robusto, mais
detalhado, mais aprofundado, mas áreas que visa avaliar. sigla significa Avaliação de Marcos do
Comportamento Verbal e Programa de Nivelamento, utilizado para avaliação do repertório
inicial em intervenções com ABA. Esse instrumento compreende 170 marcos de
desenvolvimento subdivididos em três níveis, que vão de zero a 48 meses de idade. Dentro de
cada divisão, existem diferentes habilidades, tais quais mando, tato, imitação motora,
habilidades de grupo e pré-acadêmicas. Além disso, são avaliadas 24 possíveis barreiras para o
aprendizado, como comportamento hiperativo e baixo contato visual.

O VB-MAPP disponibiliza uma avaliação de transição, na qual a junção de habilidades e barreiras


ajuda a identificar os fatores determinantes para as dificuldades de aprendizado daquela
criança. Ainda há uma ferramenta chamada “análise de tarefas e rastreamento de habilidades”,
com a qual é possível maior detalhamento das habilidades esperadas, chegando a cerca de 900.
Por fim, tem-se acesso a um plano de ensino individualizado que propiciará o nivelamento.

ABLLS-R: Geralmente utilizado com crianças maiores, avalia áreas acadêmicas, linguagem,
escrita. É um instrumento de avaliação, serve como guia curricular ao elencar habilidades
básicas de comunicação e de aprendizagem. No total, são 544 habilidades que se dividem entre
25 áreas, como interação social, autoajuda e habilidades motoras, por exemplo. Todas elas são
esperadas para crianças em idade pré-escolar com desenvolvimento típico. A versão original foi
lançada pela primeira vez em 1998 pela Behavior Analysts, Inc. e foi desenvolvida por James W.
Partington, Ph.D., BCBA-D e Mark L. Sundberg, Ph.D, BCBA-D. Foi revisado em 2006 por
Partington. A versão revisada incorpora muitos novos itens de tarefas e fornece uma sequência
mais específica na ordem de desenvolvimento dos itens nas várias áreas de habilidade.
Mudanças significativas foram feitas na versão revisada da seção de imitação vocal com a
contribuição de Denise Senick-Pirri, SLP-CCC. Melhorias adicionais foram feitas para incorporar
itens associados a habilidades de interação social, imitação motora e outras habilidades de
atenção conjunta, e para garantir o uso fluente de habilidades estabelecidas. Não tem
padronização brasileira.

AFLS: Do mesmo autor do ABLLS-R, geralmente utilizado em adolescentes e adultos, avalia


habilidades funcionais, de vida diária, autocuidado, nível de suporte maior, nível 2 e 3

 Essencial for living: Geralmente utilizado para pessoas com TEA nível 3

PEAR: Pouco utilizado no Brasil, avalia dificuldade de linguagem

Socially Savvy: Geralmente utilizado para o desenvolvimento de habilidades sociais de crianças.

M-chat-R: É uma escala bastante utilizada no Brasil (Rede Pública de Saúde, SUS). Ele é uma
escala de triagem, para que os pais possam encaminhar seus filhos aos especialistas. Nela
existem três riscos definidos:

 Baixo (0 a 2) - Indica que o paciente não desenvolveu a condição do TEA, mas é


importante repeti-lo caso seja feiro antes de 24 meses.
 Moderado (3 a 7) – Devem seguir com outras etapas (entrevista, outros testes),
caso seja alcançada a pontuação padrão, já será encaminhado para um
especialista, que confirmará ou não o diagnóstico e organizará a forma de
tratamento.
 Alto risco (8 a 20) – Não há necessidade de entrevista, o paciente já será
encaminhado diretamente ao especialista, que confirmará ou não o diagnóstico
e organizará a forma de tratamento.

Protea-R: É um instrumento interdisciplinar que sistematiza as entrevistas com os responsáveis


e a observação clínica do desenvolvimento infantil, através de situações semiestruturadas de
brincadeira, com o objetivo de rastreamento da presença de comportamentos inerentes à
sintomatologia do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para crianças em torno de 24 a 60
meses de idade, especialmente àquelas não verbais, com suspeita de TEA e outros transtornos
da comunicação. Este teste tem padronização brasileira e é validado pelo Conselho Federal de
Psicologia. A avaliação é realizada através de brincadeiras e busca identificar se esses pacientes
possuem ou não o transtorno.

Cars: Escala para identificar o espectro autista, foi criada baseada nas definições de Rutter, Ritvo
e Freeman. Que avaliam três pontos principais:

 Desenvolvimento social
 Distúrbio da linguagem e habilidades cognitivas
 Início precoce do transtorno, antes de 30 meses de idade

Escala é um instrumento para observações comportamentais, sendo administrada na primeira


sessão de diagnóstico, composta por 15 itens, que avaliam a condição da criança, somando-se a
pontuação tem-se o resultado. A pontuação varia de 15 a 60 pontos, chagando a 30 pontos o
autismo é caracterizado. Caso a criança atinja a pontuação maior que 37 é considerado um
autismo nível 3.

ESCALA DE CLASSIFICAÇÃO DE AUTISMO NA INFÂNCIA ™ – CARS ™ – 2 – SEGUNDA EDIÇÃO


POR ERIC SCHOPLER, PHD, MARY E. VAN BOURGONDIEN, PHD, 2010: Não temos padronização
brasileira, para comprá-lo somente em sites americanos em língua inglesa

ADI-R: É uma escala considerada de alto padrão na avaliação do autismo. A análise é realizada
em conjunto com os pais, e tem como objetivo ter o maior número de detalhes sobre o
comportamento da criança. A versão atual pode ser realizada com crianças a partir de 18 meses
até a fase adulta. A escala possui um questionário com 93 questões, que são perguntadas
diretamente aos pais. Existem quatro áreas analisadas nessa avaliação:

 Linguagem e comunicação
 Interação social recíproca
 Comportamentos repetitivos ou estereotipados.
 Humor e comportamentos anormais não específicos

Normalmente a ADI-R são aplicadas em conjunto com o ADOS.

ADOS-2: Também considerada uma escala padrão para avaliação do autismo. Ela é estruturada
e padronizada utilizando ferramentas de comunicação com interações sociais e jogos, ou o uso
criativo de diversos objetos para as crianças que estão sendo observadas. Esse protocolo pode
ser aplicado em crianças a partir de 3 anos, mas pode ser avaliar adultos. O principal objetivo é
observar características que tem relação como DSM-V, conforme as áreas de interação social,
comunicação social, linguagem, comportamentos repetitivos e/ou estereotipias. Através de um
roteiro, o profissional indica oito tarefas para o paciente. O tempo de duração é de
aproximadamente 30 minutos, e a variação do jogo será de acordo com a faixa etária e/ou
desenvolvimento do paciente. A classificação é a seguinte:

 0= dentro dos limites


 1= anormalidade rara ou possível
 2= anormalidade clara

É um teste de alto valor financeiro, podendo chegar a 4 mil euros e não existe em uma versão
brasileira. Em português somente português de Portugal, ou em espanhol. Tanto o teste ADOS
ou ADOS-2 quanto ADIR não são permitidos no Brasil pelo Conselho Federal de Psicologia,
somente em casos de pesquisa, e ou autorizados no SATEPSI, pois não há padronização em nossa
população brasileira e não são vendidos no Brasil

Importante:

 É melhor dominar um protocolo e aplicá-lo muito bem, dentro da área que irá atuar
 Pode ser utilizado mais de um protocolo, que se associem
 Devolutivas devem ser dadas em até 60 dias, com plano de intervenção pronto.
Contando o primeiro contato. Válido por um ano e revisado a cada seis meses.
Planejamento das intervenções
 Metas de longo prazo
 Metas de curto prazo (passo a passo para se chegar as metas de longo prazo
 Estratégias de generalização (envolvem a família, a escola)
 Lições
 Esvanecimento de ajuda (retirada de ajuda)
 Critérios para a aprendizagem
 Folha de registro

Montando/ escrevendo objetivos:

 Pensar em um objetivo que seja necessário para alcançar essas habilidades e deve ser
escrito pensando que se a criança conseguir todas essas estimulações e reforçadores
seria nota dez, perfeito!
 Ela deve ser realista, não se pode traçar um objetivo que não será alcançado
 Mensurável, que ser possa analisar, quantificar, medir
 Dividir os objetivos em áreas (programas), dentro da carga horária entre 15h e 40h
semanais.

Dessa forma deverá ser desenvolvido:

 Um programa estruturado de intervenção, com tarefas de ensino em contextos mais


estruturados (DTT)
 Ou em contextos mais naturais (Ensino Naturalístico)

Normalmente são usados esses dois formatos no trabalho com a maioria das crianças. Também
são utilizadas:

 dicas físicas, verbais ou visuais para ajudar a criança a ter sucesso nas tarefas de ensino
 faz-se uso de itens preferidos (brinquedos, por exemplo) para reforçar essas respostas
e garantir que elas vão aumentar de frequência no repertório do paciente.

Podemos começar com o ensino de repertórios que são pré-requisitos da fala, no entanto, o
trabalho é individualizado e personalizado. Se uma criança, já chega para avaliação com
respostas de falante, pedindo e nomeando coisas, por exemplo, vamos elaborar um plano de
ensino para ampliar essas habilidades, para que elas sejam as mais próximas do repertório de
uma criança neurotípica da mesma faixa etária. Assim, trabalhamos com diversos
comportamentos de acordo com a avaliação feita de cada criança. Os dados são coletados
continuamente para avaliar o procedimento e o comportamento alvo da intervenção ou precisa
de ambientes mais controlados.

Muitos comportamentos-alvo podem ser ensinados: a imitação, a compreensão auditiva, a


vocalização, entre muitos outros. Inclusive habilidades mais refinadas como o ensino ocorre
através de dicas físicas, visuais, vocais e gestuais, e pela apresentação de itens preferidos pela
criança. Por exemplo, quando estamos ensinando a imitação "dar tchau" e a criança permanece
imóvel, pegamos sua mão e balançamos como se ela estivesse dando tchau (essa é uma dica
física), depois apresentamos a consequência da imitação feita por ela, que pode ser comestíveis,
brinquedos, desenhos animados, enfim, itens que a criança mais gosta
Plano de ensino individualizado – PEI ou PDI
Legislação brasileira – Leis de inclusão

 Lei de inclusão brasileira: Estabelece matrícula obrigatória a pessoa com deficiência em


escolas regulares, públicas ou particulares, não limitando número de alunos por sala de
aula
 Lei 12.764/12 – Lei Berenice Piana: Defende os direitos dos autistas ao diagnóstico
precoce, tratamento, terapias, medicações fornecidas pelo SUS, acesso a educação,
proteção social, trabalho e serviços que proporcionem a igualdade de oportunidades. E
nela também está incluso o direito a matrícula em escola regular, independentemente
de ser particular ou pública, possuindo um especialista em sala de aula, o acompanhante
terapêutico (AT)

Objetivos do PEI:

 Deve abranger objetivos de curto, médio e longo prazo, com as devidas estratégias
 Deve conter dados da história de vida da criança, avaliações, capacidades, interesses,
dificuldades de habilidades do indivíduo que foi avaliado
 Deve ter linguagem acessível a todos que forem atuar com a criança, para que os
objetivos sejam entendidos e trabalhados da mesma forma
 A partir do PEI é que o programa ABA é estabelecido e elaborado de forma adequada
 Deve ser avaliado a cada semestre e deve conter o nome de todos os profissionais
envolvidos.

Montando um PEI ou PDI

Parte I – Informações e avaliação do aluno com autismo

 Identificação
 Dados familiares
 Informação escolar
 Avaliação geral
 Âmbito familiar - Características do ambiente familiar, Convívio familiar,
Condições do ambiente para a aprendizagem escolar
 Âmbito escolar – Em relação à cultura e a filosofia da escola, em relação a
organização da escola, em relação aos recursos humanos, em relação as
atitudes frente ao aluno, em relação ao professor da sala de aula regular
 Avaliação do aluno
 Condição geral de saúde
 Necessidades educacionais especiais do aluno
 Desenvolvimento do aluno – Função cognitiva (memória, raciocínio lógico,
linguagem), função motora (desenvolvimento e capacidade), função pessoal e
social (área, emocional, afetiva e social)

Parte II – Plano pedagógico especializado para o aluno com autismo

 Ações necessárias para atender às necessidades educacionais especiais do aluno


 Âmbito escolar – Ações necessárias já existentes, ações necessárias que ainda
precisam ser desenvolvidas, responsáveis pelas ações
Âmbito sala de aula – Ações necessárias já existentes, ações necessárias que
ainda precisam ser desenvolvidas, responsáveis pelas ações
 Âmbito família – Ações necessárias já existentes, ações necessárias que ainda
precisam ser desenvolvidas, responsáveis pelas ações
 Âmbito saúde - Ações necessárias já existentes, ações necessárias que ainda
precisam ser desenvolvidas, responsáveis pelas ações
 Organização do atendimento educacional especializado
 Tipo do AEE
 Frequência semanal
 Tempo de atendimento
 Composição do atendimento
 Outros profissionais envolvidos
 Orientação a serem realizadas pelo professor do AEE
 Sala de recuso multifuncional
 Áreas a serem trabalhadas na sala de recurso multifuncional (are cognitiva,
motora, social)
 Atividades diferenciadas
 Metodologia de trabalho
 Recursos materiais e equipamentos
 Critérios de avaliação
 Avaliação do período

Relembrando o que foi estudado até aqui


ABA é uma ciência baseada em aprendizado e comportamento. Ela ajuda a entender como:

 O comportamento funciona
 O comportamento afeta o ambiente
 O ensino toma lugar do comportamento anterior

E ele tem como objetivo:

 Ensinar novas habilidades (comunicação e linguagem, habilidades sociais, autocuidado,


o brincar e o lazer, habilidades motoras, aprendizagem e habilidades acadêmicas) e
minimizar comportamentos problemas que trazem prejuízo a vida do indivíduo. Sempre
de forma simples, passo a passo, para alcançar passos mais complexos

E ela possibilita:

 Aumentar as habilidades da linguagem e comunicação


 Aumentar a atenção, concentração, habilidades sociais, memória, habilidades
pedagógicas
 Diminuir comportamentos inadequados

E funciona da seguinte forma:

 É uma ciência e seu tratamento é flexível e deve ser adaptado a pessoa


 Pode ser aplicado em ambientes diferenciados como a escola, casa, consultório, na rua
 Ensina habilidades que tenham valor social significativo, contribuindo para a autonomia,
sendo utilizado no dia a dia
 O ensino pode ocorrer de um para um ou em grupo
 É realizado através de técnicas, planejamento e com profissionais capacitados
 O reforço positivo é a principal estratégia, quando o comportamento é seguido de algum
estímulo motivador (recompensa), assim o comportamento fica mais propenso a
ocorrer novamente, possibilitando a mudança comportamental
 Para que tudo aconteça de forma exitosa, deve envolver planejamento e avaliação
contínua

Mas como saber qual comportamento deve ser trabalhado? Utilizaremos todas as informações
coletadas através de entrevistas, observações e também, para isso utilizaremos a avaliação
funcional.

Através da folha ABC, entende-se o porquê da ocorrência do comportamento. Antes de


modificar qualquer comportamento é importante realizar uma análise funcional, isso ultrapassa
a topografia, precisamos identificar as variáveis de controle (antecedente e consequente)

4 principais funções do comportamento disruptivo:

Comportamento Função
Sensorial Se coça porque foi picado, chora porque sente dor
Tangível Função de obter itens, algo, ter ganho
Fuga Se comporta de uma determinada forma para sair de algum local,
para fugir
Atenção Comportamento está sendo reforçado ou mantido pela atenção de
alguém
Elaborado pela autora

Por exemplo, vai pegar o mesmo comportamento em contextos diferentes:

Antecedente Resposta Consequência


Chegar à padaria Jogou-se no chão e chorou Ganhou um sonho
Chegar à porta da escola Jogou-se no chão e chorou Não entrar na escola
A professora está Jogou-se no chão e chorou A professora olhou para a
conversando com outro criança
aluno

Como trabalhar comportamentos inapropriados (Folha de dados ABC)


Data Início Ambiente Pessoa Antecedente Comportamento Consequência Possível
Fim Atividade envolvida função
Atenção
Sensorial
Tangível
Fuga
Atenção
Sensorial
Tangível
Fuga
Atenção
Sensorial
Tangível
Fuga
Fonte: Elaborado pela autora
Assim, observa-se como essa consequência afeta o comportamento da criança e como podemos
identificá-lo e ativar uma função apropriada para esse comportamento. Porque assim
compreendemos:

 A causa de um comportamento acontecer


 E como diferentes consequências podem afetar repetição ou não (probabilidade) desse
comportamento

Registrando podemos visualizar e avaliar melhor esses comportamentos, por isso é importante
o preenchimento da folha ABC (antecedente – behavior – consequente)

Escala FAST (Ferramenta de triagem de análise funcional)

Existem instrumentos padronizados que podem ser utilizados para que essa triagem seja feita.
Um desses instrumentos é a FAST (Ferramenta de triagem de análise funcional), composta por
16 questões, com respostas SIM, NÂO ou não sabe N/A. Ao final realiza-se o Score.

Pois para MATOS (1999), “[...] um comportamento estranho jamais é dito “patológico”, pelo
analista do comportamento; se ele ocorre é porque de alguma maneira ele é funcional, tem um
valor de sobrevivência”

Organizando o momento da aplicação, iniciando a prática


Ao iniciar sua prática, devem-se observar alguns pontos:

 Para quem possui os cabelos longos, deve-se prendê-los


 Não utilizar nenhum tipo de adereço
 Cuidado com roupas decotadas ou de alcinha
 Se o atendimento for domiciliar, cada criança deve possuir sua própria caixa
organizadora (plástica, fosca) e uma pasta catálogo ou com divisórias (para colocar
anamneses, observações, registros, programas, mas tenha também esse material na
nuvem)
 A caixa deve conter tudo o que será trabalhado com a criança naquela sessão. A caixa
deve ser fosca, para que a criança não veja o que tem dentro e para que não queira
mexer em tudo ao mesmo tempo e perca a motivação.
 O material deve ser comprado pela família, caso o profissional compre, deve cobrar
através de notas fiscais os valores investidos
 A folha de programa deve conter: Nome, objetivo, procedimento, dicas, data de início e
término, folha de registro
 Atenção ao atender em ambiente familiar, deve-se envolver muita ética, você está
adentrando o ambiente do outro. Muitas famílias permanecem com suas rotinas e
hábitos da mesma forma.
 Manter postura profissional
 Local de aplicação: deve ser calmo, tranquilo, longe de estímulos, em um quarto, nunca
na sala de estar, onde há trânsito de pessoas, deve ser um ambiente controlado, e você
deve ter esse controle.
 Usar um timer ou cronômetro, tenha todo o seu material a mão, evite interromper a
sessão para pegar material (isso quebra a concentração da criança)
Elaboração de Programas ABA
Após ter realizado todos os protocolos, como entrevistas, observações avaliações, análises
funcionais, está na hora de organizar a Elaboração de programas ABA. Os programas estão
dentro do currículo que possui áreas específicas para habilidades distintas. Estudos (mais de 20)
estabelecem uma terapia intensiva e de longo prazo, programas que fornecem de 25 a 40 horas
semanais no período de um a três anos. Essas atividades não são aplicadas somente em sessão
de terapia ou em casa, elas devem ser aplicadas também em eventos atividades de esporte e
lazer, locais onde o treino de habilidades (linguagem e comportamento) sejam adequadas. Em
conjunto com o capítulo de habilidades básicas, seguem alguns programas para que sejam
realizados de acordo com o programa ABA.

Currículo
É possível desenhar um currículo comportamental, mostrando o que e como ensinar, levando
em conta que a execução de um comportamento complexo, como por exemplo, desenhar,
envolve uma série de outros comportamentos simples, como olhar, imitar, seguir instruções,
pegar o giz e desenhar. Isto é denominado de fragmentação da tarefa. Abaixo segue um exemplo
de fragmentação da tarefa:

Como os currículos são individuais, cada família deve desenvolver junto a profissionais (Analistas
do comportamento) as atividades e devem entrar como fragmentação de tarefa, respeitando a
peculiaridade de cada indivíduo. Os currículos são compostos por vários programas, que devem
descrever, o procedimento de ensino e após deve ser registrado o desempenho da criança
(BAGAIOLO; GUILHARDI; ROMANO, 2011).

Dentro dos currículos existem programas que serão utilizados conforme a necessidade. Como
por exemplo:
Fonte: Lear (2004, pg. 7)

Lear (2004), ressalta a importância de se trabalhar as várias áreas do desenvolvimento que o


currículo abrange:

Fonte:Lear (2004, pg. 4)

Segundo LEAR (2004, pag. 4-5) cada currículo possui um programa com conteúdo programático,
com uma organização específica:

Autocuidado

 Usa independentemente xícara, colher e garfo.


 Veste e tira a roupa independentemente.
 Habilidades de toalete.
 Habilidades de higiene – pentear cabelos, escovar os dentes,
 lavar o rosto e as mãos, tomar banho.
Motora (Fina e Ampla)

 Desenhar, colorir.
 Copiar, escrever.
 Cortar, amarrar.
 Usar o teclado, usar o mouse.
 Correr, andar, pular, balançar.
 Usar equipamentos (bolas, raquetes etc.).

Social

 Responde a saudações.
 Responde perguntas sociais (ex. “Como vai você?”, “Qual é o seu nome?”).
 Imita colegas.
 Inicia brincadeiras com colegas.
 Interage verbalmente com colegas (comenta, pergunta, oferece
 ajuda). Responde às propostas dos amigos.

Linguagem/Comunicação

 Receptiva – identifica objetos, partes do corpo e figuras; segue instruções de 1, 2 e 3


passos...
 Expressiva – faz pedidos, nomeia figuras, objetos, pessoas e verbos; pede itens
desejados; diz “sim” e “não”; repete frases; permuta informações; responde a perguntas
do tipo “por quê”.
 Abstrata – conversa sobre coisas ausentes, responde questões do tipo “por quê?”,
antecipa consequências, explica ações, relata estórias, inventa estórias.

Brincar

 Brincar sozinho de modo apropriado com brinquedos.


 Brincar em paralelo – brincar ao lado de outras crianças, sem interação.
 Brincar com foco compartilhado – brincar com os mesmos itens, tal como as outras
crianças, sem interação.
 Brincar com ação compartilhada – brincar que demanda alguma colaboração com
outras crianças (ex.: construir torre, empurrar balança).
 Brincar de faz-de-conta – capaz de assumir uma outra identidade.
 Brincar com colegas de faz-de-conta e de representar papéis.

Acadêmica (e Pré-acadêmica)

 Habilidades de imitação.
 Identificação de números e letras.
 Leitura – palavra inteira e fônica.
 Soletração.
 Habilidades de matemática e números.
 Habilidades de uso do computador.
 Habilidades escolares – participa de um grupo, espera a vez, recita em uníssono.
Relembrando dicas e acrescentando mais

 Mantenha as coisas simples: Não queira fazer algo que a criança não possua repertório
ou não prenda seu interesse. Pois ela perderá rapidamente a motivação e isso causará
frustração. Comece com o simples e vá deixando com o passar do tempo mais complexo.
 Pequenas doses de reforço, podem ajudar que a criança saia de sua zona de conforto e
conquiste mais autonomia
 Dê a criança motivos para que ela queira se comunicar. Nem tudo deve estar disponível
a todo tempo

Como medir comportamentos

Por ele ser observável e mensurável, podemos medi-lo a partir de sua:

Duração Quanto tempo o indivíduo levou para executar a atividade, a realizar


o comportamento
Frequência Qual a frequência para que o comportamento ocorra dentro de qual
período de tempo
Intensidade Qual intensidade, força, energia foi empregado para a realização
desse comportamento
Fonte: Elaborado pela autora, de acordo com a obra de MOREIRA (2019)

A partir dessa observação é mais fácil estabelecer se esse comportamento está em déficit ou se
ele ocorre em excesso. E como realizar essa observação:

Observação direta Observar e registrar


Métodos de contagem Marcas de verificação
Avaliação indireta Entrevistas, questionários, escalas
Experimentos Testando o comportamento (psicólogos)
Fonte: Lear (2004)

Reforçadores e reforçamentos
Para encontrarmos reforçadores ideais, é preciso realizar a avaliação de preferências. Dessa
forma associaremos todos os reforçadores sociais, que se tornarão reforçadores em potencial.

Como realizar a avaliação de preferências?

 Lembra da aula sobre o passo a passo para a avaliação, há uma entrevista com os
familiares e uma das questões levantadas na coleta de informações era sobre o que a
criança gosta, quais são suas preferências (primeira forma de se descobrir sobre
reforçadores)
 Observar a criança também te trará informações sobre suas preferências, dê uma
atenção voltada só para a criança.
 Deixe a criança escolher. Dê duas opções e peça que ela escolha uma, a que achar mais
interessante (escolha forçada). Ou mostre uma caixa com muitos reforçadores e peça
que ela pegue só um (testagem)
 Dê um reforçador por vez e veja o que ela mais gostou ou deu mais resultado.
Prós e contras

 Dependência do reforçador. Algumas crianças podem ficar condicionadas. Cuidado ao


dar um reforçador sem necessidade (Aí deve-se entrar em um processo de extinção)
 Deixa a criança mais motivada. Aumenta a motivação, dando-se uma chance para uma
maior aprendizagem
 Variedade: Precisa-se ter uma grande variedade de motivadores
 Eletrônicos
 Vídeos
 Comestíveis
 Tangíveis
 Ações
 Sociais (são os mais importantes e devem estar sempre atrelados aos outros
reforçadores)

O que é o reforço:

 Qualquer consequência que aumente a probabilidade de um comportamento específico


ocorrer no futuro novamente
 Reforço positivo: Quando algo é adicionado ao ambiente (o que a criança ganha quando
realiza a tarefa)
 Reforço negativo: Quando tiramos algo aversivo do ambiente (som, luz)
 Em ambos pode aumentar a probabilidade de ocorrer novamente no futuro

Tipos de reforçamento, de acordo com LEAR (2007):

 Contínuo (CRF): A cada resposta certa dada, o reforçador é dado imediatamente


 Intermitente: O reforçador é entregue dentro de uma frequência. A cada X vezes que
que houver a resposta certa, será entregue o reforçador. São eficazes na manutenção
de comportamentos. Tipos de reforçadores intermitentes:
 Razão fixa (FR): o reforçamento é dado depois de um número fixo de
respostas corretas. Por exemplo, uma criança pode receber uma figurinha
depois de cada 10 respostas corretas a questões de matemática.
 Razão Variável (VR) – similar a Razão Fixa, mas aqui o reforçador é dado
depois de um número médio de respostas corretas. Por exemplo, se a razão
variável é 25, o reforçamento pode variar de 10 a 50, mas se você tomar a
média, verá que a criança foi reforçada para um comportamento positivo, na
média, a cada 25 vezes. Isto é comumente usado em situações de ensino
em que as habilidades já foram aprendidas.
 Intervalo Fixo (FI) – O reforçamento é dado para a primeira resposta correta
depois que um intervalo específico de tempo tenha se passado. Por exemplo,
um professor checa se os alunos estão estudando na biblioteca a cada 30
minutos e dá uma estrela na ficha de comportamento por estudarem em
silêncio. O problema com o padrão de Intervalo Fixo de reforçamento é que os
alunos rapidamente aprenderão que só precisam “dar a resposta correta”
(estudar em silêncio) ao final de cada período de 30minutos.
 Intervalo Variável (VI) – similar ao Intervalo Fixo, mas aqui o reforçamento é
ministrado depois de decorrido um intervalo variável de tempo. Por
exemplo, o professor verifica os alunos na biblioteca a intervalos variados
de tempo, que seriam imprevisíveis. Ele poderia aparecer após 10 minutos,
depois após 35, então após 15 minutos, etc. Porque os alunos não sabem
quando ele virá, tenderão a estudar mais silenciosamente.
 Economia de fichas ou painel de recompensas

Reforçador Como implementar


Contínuo Sempre ao início das intervenções
Intermitente Manutenção de comportamento, criança já habituada
a sessão
Não é combinado com a criança, ela normalmente não
sabe quando vai ganhar
Economia de fichas/ Quando a criança estiver adaptada e não puder ter
painel de recompensas acesso todo tempo ao reforçador
Fonte: Lear (2004)

Como usar reforçadores:

 O reforçador deve sempre estar associado a uma fala, um “soquinho”, um “hi five”
 Seja você mesmo o reforço positivo. Se você se liga a criança e ela gosta de você, aquele
momento será reforçador, pois ela gostará de ter aquele momento com você.
 O ambiente também deve ser motivador, se o momento de aplicação for divertido o
local da aplicação será alegre e motivador
 Passe de um reforçamento contínuo para um reforçamento intermitente
 Quando a recompensa for contínua, a recompensa deve ser dada imediatamente, que
quer dizer agora, nesse momento
 Mude o grau de reforçamento de acordo com o nível de realização
 A criança fez certo de primeira: Grande festa!
 A criança realizou a atividade com dica: Recebe o reforçamento, mas é menor
 A criança requer ajuda total, recebe apenas um reforçador verbal
 A entonação da voz deve vir conforme a mensagem
 Seja consistente com a forma de reforçar a criança
 Sempre ao início de novo programa ou criança nova, reforce mais
 Seja específico ao que está reforçando
 Monitore a eficácia dos reforçadores e varie-os
 Tenha sempre muitos reforçadores
 Reforce a criança também em seu ambiente natural
 Não se realiza nenhum tipo de punição dentro da Análise do Comportamento
Aplicada, nem positivo, nem negativo, em ABA usa-se somente o reforço!
 Tenta-se extrair o maior aprendizado possível enquanto a criança está motivada.
 Quando se pensa em reforçador, ele sempre estará pareado ao elogio! Segue abaixo
uma lista que utiliza a fala (elogio) em conjunto ao reforçador
Esta lista foi desenvolvida em janeiro de 2005 por participantes da Comunidade Virtual autismo no Brasil. A versão original, em
inglês, “98 Ways to say very good” foi desenvolvida principalmente por pais, num projeto em conjunto da Canadian Child Day Care
Federation e a Canadian Associaton of Toy Libraries and Parent Resouurce Centres. Baseado na obra de LEAR, K. (2004, pg. 37)

Descobrindo as preferências da pessoa


Já vimos que os reforçadores são importantes aliados na prática da ABA e que são estímulos
utilizados a todo o tempo pra ajudar no momento da aprendizagem.

Para sabermos qual o melhor reforçador devemos saber as preferências que a criança tem e
essas preferências podem ser descobertas através de medida direta ou indireta.

 Direta: Realizada por meio de observação direta, assim como na avaliação funcional
 Indireta: Realizada através de check list ou questionários.

Existem vários protocolos para a avaliação de preferências, aqui vamos mostrar dois:

 RAISD (Reinforcement Assessment for Individuals with Severe Disabilities: Forma


indireta, através de um questionário que será dado aos responsáveis para que eles
discorram sobre as preferências da criança. Ela está dividida por categorias (olfativas,
visuais, táteis, ...), são 10 questões no total, onde serão respondidas sobre as
preferências da criança. Ao final, possui um check list com 16 itens, onde fará uma lista
hierárquica (do item que mais gosta para o que menos gosta). Instrumento bem simples
e intuitivo.
 Por tentativa com múltiplos estímulos, sem reposição: Observação direta onde o
indivíduo se comporta em relação aos objetos apresentados a ele. Como acontece,
coloca-se cinco objetos (normalmente brinquedos) a sua frente, com uma pequena
distância entre um e outro, e peça para que a criança escolha um objeto. Nessa avaliação
podemos fazer até duas tentativas. Se o indivíduo não responde, suspende-se a
atividade, invalidando-a. A escolha dos itens será feita a partir da idade, o nível de apoio
e acometimento e características que essa pessoa apresenta. Ao ser colocados os cinco
objetos de frente ao indivíduo será dado o comando, “escolha um objeto!”. Após a
escolha, os objeto serão reorganizados, sempre da esquerda para a direita e em seguida
anotamos na folha de registro a escolha feita pelo indivíduo.

E deixa-se a criança ficar com objeto por 20”. A partir daí retira-se o objeto e peça para
que ela escolha outro objeto. E continua até que os objetos acabem.

Quando tiver apenas um objeto, peça que a criança escolha.


Ao final, dê o primeiro objeto escolhido, como forma de reforço.
Pode-se ter algumas situações: a criança querer escolher mais de um objeto (recomeça-
se a atividade, sempre de forma lúdica)

Estratégias de ensino
Modelagem, modelação e vídeomodelação

Modelagem é um procedimento de reforçamento diferencial de aproximação sucessivas de um


comportamento alvo. O resultado desse procedimento é um novo comportamento construído
a partir de combinações topográficas de respostas já presentes no repertório comportamental
do organismo.

Exemplo: Ensinar a uma criança não verbal a pedir utilizando comunicação alternativa (figuras
ou aplicativo).

Passos:

 Ensinar a identificar a imagem do leite


 Identificar a imagem do leite dentre outras imagens
 Obter atenção do outro para a imagem (pedir para o adulto)
 Mostrar a imagem quando ver alguém bebendo leite
 Ensinar a entregar a imagem do leite quando estiver com fome

A cada passo, é importante que a criança seja reforçada. Em alguns momentos será necessário
um reforço diferencial (a cada etapa concluída se dará um reforço diferente para a nova etapa)
para que a modelagem (aprendizagem de um novo comportamento) aconteça.

Para realizar a modelagem é preciso:

 Ter claro, entender qual comportamento será ensinado (comportamento alvo)


 Avaliar quais serão os reforçadores ideais e os arbitrários
 E deve ser um ensino gradativo, dividir o comportamento alvo em pequenos passos,
ensinar uma coisa de cada vez e só avançar quando aquele passo estiver sido concluído

Modelação é a aprendizagem a partir de um modelo (aprendizagem social): Ele seá mais eficaz
se o modelo apresentar semelhanças com o aprendiz. Pré-requisitos para a modelação:

 Habilidades de imitação (base da aprendizagem social)


 Linguagem receptiva (comportamento de ouvinte – capacidade de ouvir comandos e
atender a eles)
 Contato visual
 Atenção compartilhada

Vídeomodelação á a aprendizagem utilizando vídeos como ferramenta, possui os mesmos


princípios da modelação e é motivador a criança. Utilizar vídeos de interesse da criança com o
comportamento que se quer ensinar

Ensino por tentativas discretas (DTT – Em inglês para Discrete Trial Training) É uma metodologia
de ensino, tem configuração estruturada, comandada pelo professor, e evidencia-se em uma
forma de ensinar novas habilidades, dividindo sequências complicadas de aprendizagem em
pequenos (discretos) passos (separados) ensinados um de cada vez durante várias tentativas,
junto com o reforçamento positivo (premiação) e o grau de ajuda que necessário para que o
objetivo seja alcançado (SILVA, 2019). Não é sinônimo de ABA, mas está dentro de uma
estratégia de ensino de ABA. Produz resultados e efetivos e possui evidências científicas.

Passo a passo: (Tríplice contingência)

 Estímulo discriminativo: Estímulo antecedente, apresentação do material de ensino


(estímulos diversos) e a instrução do terapeuta (FAGGIANI,2014). Deve ser aplicado
sobre um ambiente controlado
 Ajudas e dicas: Ajuda física, verbal e gestual. Vai diminuindo conforme for conseguindo
realizar sozinha.
 Resposta esperada: Pode ser verbal ou não verbal, essa resposta será o comportamento.
Considerar a resposta de acordo com a dificuldade, tipo de comportamento e a
quantidade, deve ser mensurável
 Consequência: Acontece após a emissão da resposta correta (os reforçadores)
 Intervalo entre uma tentativa e outra: 3s a 5s entre as tentativas, devem ocorrer de
forma rápida em um período curto, resultando em oportunidade de ensino

Estratégias de ensino naturalísticas ou Ensino incidental é a aprendizagem onde a criança


possui o controle da situação e normalmente acontecem atividades que são reforçadoras para
ela. Aproveitar a oportunidade onde a criança está num local ou em uma atividade que gosta
muito para proporcionar a aprendizagem, pois pode ser mais motivador. Mesmo sendo algo
mais livre, mais natural, deve ser planejado e registrado, pois tudo em ABA deve ser planejado
e registrado. O reforço vem da atividade que está senso realizada, não se utiliza reforço a cada
acerto realizado. Onde utilizaremos um comportamento pivotal (alvos de ensino).

Comportamento pivotal em ABA são comportamentos centrais para o desenvolvimento de


muitas habilidades, alvo, que são centrais para amplas áreas de funcionamento (KOEGEL, 1989).
Um método usado para se trabalhar o comportamento pivotal é o PRT (Treinamento de
respostas pivotais) em que se treina, desenvolve a linguagem e a socialização.

É um modelo de intervenção comportamental fundamentado nos princípios do ABA. Ele pode


ser aplicado no dia a dia dentro da rotina em várias ocasiões (naturalista). Pode ser utilizado no
ambiente escolar (Classroom PRT). A literatura estrangeira ensina e direciona em como
professores podem utilizá-la para potencializar, estimular e adequar os comportamentos
necessários para diminuir as dificuldades da criança e aumentar sua resposta a aprendizagem e
a socialização nos locais onde ela convive (casa, escola).

Componentes do PRT:

 Estimular a atenção do aluno com autismo antes de providenciar a intervenção


 Aplicar a instrução clara e apropriada de acordo com o nível de desenvolvimento real
da criança
 Providenciar uma mistura de intervenção mais fácil com uma mais difícil e mais
motivadora
 Implementar um controle compartilhado de ações, direcionando a criança para a
escolha de atividades, e um diálogo para definir qual será a atividade escolhida
 Utilizar múltiplos exemplos de materiais e conceitos para garantir um amplo
entendimento e aguardar as respostas da criança para definir como foi seu
entendimento e o cumprimento das ações
 Garantir que o aluno responda, conclua e se manifeste
 Estimular, pela mediação e pelo reforço positivo, uma resposta estruturada de acordo
com o contexto natural da situação
 Aguardar a resposta da criança e apresentar a consequência imediata com base no
retorno dela
 Recompensar a criança com algo ou assunto de que ela gosta e repetir o mesmo
processo no futuro.

Pode ser aplicado em crianças menores, porém será aplicado em conjunto com o modelo
Denver.

Estrutura básica para se situações de aprendizagem (de acordo com Skinner)


 Apresentação da oportunidade de resposta, pode vir através de um professor, de AT, do
terapeuta, de um familiar, pode vir em forma de instrução, de uma questão.
 Resposta da criança
 Consequência
 Exemplos:
 Uma criança brinca no parque e o tempo muda, a AT diz: Fulano, pegue seu
casaco azul na mochila. A criança vai até a mochila e pega o casaco e veste e
continua a brincadeira.
 Em casa, a história de Dam e Lisa

Uma criança pega uma bola no consultório terapêutico, a criança adora bola ( e a terapeuta sabe
disso, pois fez uma entrevista e uma avaliação de preferências e de reforçadores com a criança).
A terapeuta pega a bola e pergunta:” você quer brincar de bola?” Aqui surge a apresentação de
oportunidade de resposta, e a criança responde “Quer brincar de bola!” (emissão da resposta).
Então a terapeuta pega a bola e joga para ele (consequência), é um reforçador natural, pois é
algo que já está no contexto, não precisa dar um outro reforçador, se a bola já reforça

 Uso de dicas é permitido (ajuda física, dica verbal e gestual)


 Planejamento minucioso e o registro
 Obter a atenção da criança, garantir que ela está atenta, então é dada a instrução. Iniciar
somente quando ela estiver atenta
 Propor o estímulo que melhor se encaixe ao contexto e/ou objeto escolhido por ela

Hierarquia de dicas, generalização, hierarquia de dicas é uma estratégia onde as dicas são
retiradas gradualmente. Começa-se com dicas intrusivas (pegar na mão, apontar junto) e depois
dicas mais leves (apontar). Dessa forma impedimos que a criança cometa erros e se desmotive,
pois a aprendizagem sem erros é uma premissa da ABA. E como isso acontece? Cria-se um
contexto para que a aprendizagem aconteça com o mínimo de erros, planeja-se uma forma em
que o erro não ocorra, que seja altamente favorável ao acerto, que a criança acerte (por isso as
dicas são importantes). Pois a dicas irão proporcionar essa aprendizagem sem erro, mas para
que isso aconteça, essas dicas também precisam ser planejadas (Como tudo em ABA!), para que
eu tenha controle das variáveis e que as respostas estão ocorrendo devido ao estímulo
antecedente em conjunto com o estímulo extra que eu estou apresentando.

As dicas podem ser em nível de hierarquia:

 Físicas:
 Gestuais
 Verbais

E deve ir da mais intrusiva para a mais complexa (para que ela crie autonomia):

 Ajuda total (física – com a ajuda das mãos, e verbal – falo o que vou fazer ou o que ela
deve saber)
 Ajuda parcial (só colocar a mão da criança em cima do objeto)
 Dica gestual (só aponto para o objeto)
 Sem dica

Generalização é a capacidade de reproduzir o comportamento aprendido em diversos


contextos. Que é o objetivo final de toda a intervenção. Ela precisa entender que aquilo que ela
aprendeu no consultório, por exemplo, deve ser utilizado em qualquer local onde tenha aquilo
mesmo contexto. Ter autonomia e aplicar aquele aprendizado. Treinar os pais é uma forma de
trabalhar aquela habilidade aprendida

Ensino de habilidades básicas


Para realizar uma intervenção eficaz, deve-se ensinar de forma sistemática, de forma organizada
e intensiva, com muitas horas de treino semanais e várias vezes ao dia, dentro de variados
ambientes. Mas o que ensinar? Relembrando o que estudamos até aqui, é de suma importância
conhecermos o indivíduo, pois a partir de seus gostos, preferências, se conhecermos suas
habilidades e déficits, poderemos montar um ensino de habilidades de excelência, pois
saberemos onde dar suporte, onde a criança tem conhecimento ou não.

As consequências de um comportamento são fundamentais para a aprendizagem.

Que habilidade são essas?

 Habilidades básicas: Consistem em comportamentos simples e iniciais, são pré-


requisitos para as habilidades mais complexas. Ex.: contato visual (simples) – falar,
interagir socialmente (processos ais elaborado). Essas habilidades não desenvolvidas
podem interferir na aprendizagem de conteúdos mais elaborados, que virão mais a
frente, dentro do desenvolvimento do indivíduo. Dentro das habilidades básicas são
trabalhadas:
 Habilidades de atenção (contato visual, sentar-se, aguardar)
 Contato visual: Habilidade muito importante, pois mostra que o outro
está atento ao que a pessoa está falando, está interessado, atento. É
uma habilidade importante para a aquisição de outras habilidades,
como imitação de sons, fala e o atendimento de instruções. Ele pode
sofrer variações de acordo com cada indivíduo, como por exemplo,
frequência, duração, envolvimento em atividades, o outro, objetos,
seguir com o olhar. Essa habilidade será vista ou não durante a
avaliação. O que registrar? O que está ensinando (contato visual – fase
1, reforçadores (tipo de ajuda parcial/ sem ajuda/ não realizou,
número de tentativas, data). O que precisamos para estimular essa
habilidade?
Estímulo antecedente, resposta, consequência (tríplice contingente)
Reforçadores
Folha de registro
Cronômetro
Definição de tempo/critérios
Estratégias de ensino
 Sentar-se: Permanecer sentado é necessário em várias situações,
algumas crianças sentem dificuldade em permanecer sentadas, mas
esse comportamento pode ser aprendido. Esse comportamento
também é pré-requisito para adquirir habilidades mais complexas como
escrita, leitura e matemática (GOMES, 2015). Como trabalhar essa
habilidade: Começar de forma gradual, aumentando devagar (30
minutos- critério de aprendizagem), generalização (sentar-se em locais
sociais), não forçar a criança (linha de base), usar reforçadores, dicas,
ajudas, estratégias (Modelagem, naturalística), registrar e usar
cronômetros. Como trabalhar essa habilidade:
Estímulo antecedente, resposta, consequente reforçador (tríplice
contingente). E se a criança não se sentar? Ajuda, reforço, tempo.
 Aguardar (esperar): Ao iniciar a habilidade de sentar-se
(aproximadamente 2 minutos), pode-se começar a trabalhar a
habilidade de esperar. Essa é uma habilidade necessária ao dia a dia,
mas ela pode ser aprendida e a criança deve aprender para utilizá-la em
vários contextos. Critério de aprendizagem (10 minutos), generalização
(sentar-se ou esperar em diversos contextos), começar gradualmente,
não forçar a crinça, usar reforçadores, dias e ajuda, estratégias
(modelagem, naturalística), usar registro e cronômetro. Qual o passo a
passo: tríplice contingência, se a criança não esperar, ajuda (minha vez,
sua vez), reforço e tempo
 Habilidades de imitação: Por essa habilidade aprendemos observando as outras
pessoas, é um requisito importante para a interação social e desenvolvimento
da linguagem (GOMES, 2015). Com essa habilidade ensinamos imitação motora
grossa (bater palma, por a mão na cabeça) e fina (movimentos de pinça, de
pega), imitação com objetos (brincar com um carrinho, colocar um chapéu),
sequência de movimentos (dar tchau e mandar um beijo), imitação
fonoarticulatória (soprar, colocar a língua para fora). É importante observar que
o imitar é diferente de linguagem receptiva (não dizer o nome do movimento,
o educador deve fazer o movimento antes, deve certificar-se que a criança está
atenta, quando considerar quando é erro ou acerto? Como planejar: 90% de
acertos por 3 dias consecutivos, imitar em outros locais (generalização),
começar gradualmente, não forçar a criança, usar reforçadores (consequências
motivadoras), dicas e ajudas, estratégias (modelagem, naturalista) e fazer
registros. Passo a passo: Tríplice contingência, se a criança não imitar, ajuda e
reforço.
 Habilidades de linguagem receptiva (ouvinte): Relativo a compreensão da fala
de outras pessoas. Para isso é necessário que se relacione o que é ouvido aos
estímulos do ambiente ou ações. A criança deve escutar a instrução para
relacioná-la a resposta que irá dar. Por exemplo, me dê a bola, e entregar a bola
ao ouvir o pedido (GOMES, 2015). Como deve-se ensinar essa habilidade: Seguir
instruções passo a passo, depois, seguir instrução de dois passos, identificar as
partes do corpo, identificar pessoas da família, identificar objetos, identificar
figuras. Importante: o educador deve sempre dar a instrução antes, o estímulo
e a consequência influenciam a resposta, atenção ao modo como se passa a
instrução e como os reforçadores são dados, certifique-se que a criança está
atenta, é predominantemente verbal (evite gestos, imitação), só quando a
criança precisar de ajuda. Para trabalhar as habilidades de linguagem receptiva:

Objetivos/metas/ ABC/ manutenção Certo e errado/ Manutenção


Seguir instrução de um passo Identificar pessoas e familiares
Seguir instrução de dois passos Identificar objetos
Identificar as partes do corpo Identificar figuras
Programas
Conforme já mencionado anteriormente, seguem abaixo a explicação de como devemos realizar
alguns dos programas. Serão mostrados alguns programas relativos as habilidades básicas.
Lembrando que é forma com a qual vemos dando maiores resultados positivos, mas não significa
que não possa haver adaptações, pois cada criança que atendemos são únicas e por vezes
necessitamos de estratégias diferentes, mas isso deve ser realizado junto ao seu supervisor.

O modelo que será utilizado deve conter: O nome do programa, o objetivo, os procedimentos,
as etapas ou fases, nível de ajuda e a data e início e conclusão.

Contato visual
Objetivo: Ensinar a habilidade de conservar o contato visual que auxiliará a interação
social e desenvolvimento de outras habilidades mais complexas, como a imitação e o
seguimento de instruções.
Procedimento:
 Escolha um bom reforçador
 Chame a criança pelo nome
 A resposta aguardada é que ela olhe para você
 Reforce de imediato a resposta correta
 Dê ajuda em caso de necessidade
 Passa-se de fase a cada dois blocos de respostas totalmente independentes
 Critério de aquisição após realizar contato visual com mais de uma pessoa,
compartilhando a atenção

Para cada etapas utilize os seguintes tempos:


 1- 1 segundo
 2- 3 segundos
 3- 5 segundos
 4- Ao brincar
 5- À distância
 6- Ao brincar e à distância
 7- Com mais de 1 pessoa

Ecóico (Imitação de sons)


Objetivo: Melhorar a qualidade da habilidade de imitação de sons. O que ajudará para
o desenvolvimento da atenção e da linguagem.
Procedimento:
 Escolha um bom reforçador
 Faça um som
 Solicite que a criança faça igual
 A resposta aguardada é que a criança consiga imitar o som ouvido
 Reforçar imediatamente a resposta correta com elogio + tangível
 Dê ajuda em caso de necessidade
 Acrescente três estímulos novos a cada dois blocos de respostas realizados de
forma independente
 Critério de Aquisição após 15 estímulos independentes

Os estímulos utilizados para esse programa são os do grupo I do EESSA:

Ah Toc toc Meu Ei Bibi


Eu Sim Miau Sol Ai
Tchau Mão Trim Lua Lá
Muuu Pé Au au Trem Pó
Não um Oi Cócó Dá

Sentar-se

Objetivo: Ensinar a criança a permanecer sentado na cadeira por 1 hora, com


intervalos de 2 minutos. Esta habilidade auxiliará na concentração e a interação social,
possibilitando o desenvolvimento de outras habilidades mais complexas, como a
imitação e o seguimento de instruções.
Procedimento:
 Escolha um bom reforçador
 Dê a instrução “senta” e aponte para a cadeira
 A resposta aguardada é que ela sente na cadeira
 Reforçar imediatamente a resposta correta
 Dê ajuda em caso de necessidade
 Passar de fase a cada dois blocos de respostas totalmente independentes
ATENÇÂO: Se a criança não realizar o comportamento de sentar-se, ignore esse
comportamento e reforce quando ela se sentar à cadeira.
Esse procedimento deve seguir as seguintes etapas:
 1 min
 2 min
 5 min
 10 min
 15 min
 20 min

Manutenção de comportamento aprendidos:

Após o término do programa é interessante que se continue o ensino ainda por 3 a 6 meses,
com a manutenção, estimulando a criança, com identificação dos familiares, com figuras e
objetos, com situações do cotidiano (GOMES, 2015)
Como planejar: 100% de acertos em 3 registros, critérios de aprendizagem (protocolo ABC),
imitar em outros locais (generalização), começar gradualmente, não forçar a criança, usar
reforçadores, dicas e ajudas, estratégia (modelagem, naturalista) e registro.

 Habilidade de linguagem expressiva (comunicação e expressão): Está


relacionado a fazer pedidos, comentário, recusas, oferecer e buscar
informações, expressar desejos. Se a criança não falar e não souber se
comunicar, pode não conseguir se expressar. Como ensinar: apontar em direção
a itens desejados, produzir sons com função comunicativa, imitar sons,
aumentar os pedidos, nomear pessoas familiares, nomear objetos, nomear
figuras.
 Habilidades pré-acadêmicas: ensinar habilidades básicas de caráter
pedagógico, são importantes para aprendizagens complexas, como leitura,
escrita e matemática. É importante que essas atividades sejam realizadas com
a criança sentada a mesa, imitando o ambiente escolar. (GOMES, 2015). Como
ensinar: coordenação olho-mão, emparelhamento de objetos e figuras e figuras
e objetos, usar o lápis e tesoura.

 Habilidades sociais
 Habilidades cognitivas
 Habilidades funcionais

Aplicando ABA na escola


Na escola recebemos várias demandas, não só de autismo, mas de vários outros transtornos
(TEA, TDAH, TOD, disgrafia, discalculia, dislexia, disortografia, síndrome de Down, dentre outras)
e dificuldades de aprendizagem, dificuldades pessoais e emocionais. E por isso a necessidade de
termos profissionais capacitados para compreender e trabalhar bem com essas demandas.
Porém, muitas dificuldades e obstáculos assolam esse caminho, como a demanda de tempo,
dificuldades financeiras e infelizmente não ter vontade de estudar e saber a mais do que foi
dado na faculdade.

Assim, a capacitação dentro do espaço profissional é valiosa. A escola deve entender a


importância de se capacitar seus colaboradores, para que os mesmos estejam preparados para
as demandas que irão surgir ao longo do semestre, do ano. Isso deve acontecer todos os anos,
para que haja atualização contínua.

Papel da escola é trabalhar:

 Habilidades sociais: Depois do ambiente familiar, a escola é o local onde temos o


convívio com o outro, onde aprendemos a interagir (resolvendo problemas e conflitos)
e onde muitas estimulações acontecem, o que ocasiona o desenvolvimento
 Habilidades pedagógicas: Onde acontecem as estimulações cognitivas e motoras, o
brincar, o aprender, a imitar, com isso podemos montar também um currículo adaptado
bem elaborado.
 Inclusão: Deve incluir a avaliação do desenvolvimento, para aí podermos elaborar o
plano de ensino individualizado (PEI), em que iremos ter o currículo adaptado com
estratégias e deve existir um atendente terapêutico escolar (em casos específicos)
Elaboração do PEI

 Identificação das habilidades em atraso: Será realizada através de uma avaliação do


desenvolvimento e observação em horários coletivos (horário do lanche, parque,
atividades coletivas da escola)
 Adaptação do currículo: Após identificação das habilidades (a avaliação) será construído
o PEI, que é um material com atividades e provas adaptadas, onde serão colocados
todos os objetivos traçados para alcançar o desenvolvimento dessa criança. A partir
desse ponto, sabe-se exatamente que habilidades a criança tem em déficit e quais ela é
boa. E fazer as devidas adaptações, em alguns casos nem se utiliza o material solicitado
na lista da escola, as vezes usa-se um material diferente. As atividades devem ser
adaptadas dentro do conhecimento e das habilidades, do repertório que ela possui,
mostrando assim, que a inclusão está acontecendo.
 Inclusão na rotina escolar: Dicas visuais da rotina e regras da sala de aula, local onde a
criança se senta, relação com a professora-alunos, brincadeiras direcionadas e
adaptadas. A criança deve pertencer a todas as atividades escolares, conforme seu
conhecimento e habilidades.

AT- AcompanhanteTerapêutico

 Conforme já citado, advém da lei Berenice Piana, onde em caso de necessidade, de um


suporte, dentro dos transtornos relatados em lei, o direito da criança a um
acompanhante terapêutico (AT), durante o período em que a criança fica na escola.
 Profissional que fica dentro da escola, auxiliando a criança, realizando seu
acompanhamento, mas a função de ensino e adaptação de materiais (atividades em
sala, provas, avaliações, trabalhos) ainda é da professora regente de sala de aula.
 Condução do conteúdo de sala de aula, auxiliar no ensino, sempre com um momento
em sala de aula, um pouco afastada da turma, para conseguir de um para um que
conhecimento aconteça ou em uma sala de recursos ou sala adaptada mostrar também
esse ensino de forma adaptada. Para evitar a hiperestimulação, dentro de um ambiente
controlado.

Relação do professor para o sucesso de todos os alunos em sala de aula

 Relação ativa com o aluno, independentemente de ter ou não AT escolar (empatia)


 Participação da criança em todas as atividades em grupo com adaptação e estimulação
da interação social
 Diminuir o afastamento das outras crianças aumentar a compreensão com crianças que
possuam transtornos, isso é inclusão
 Evitar qualquer tipo de exclusão em qualquer momento de atividade escolar

Orientação ao receber uma família


 Uma entrevista, anamnese e avaliação bem-feitas, nos ajudam a entender as
demandas e a poder auxiliar a familiar
 Questionar o que já foi realizado até ali. Já visitaram um neuropediatra, o que
aconteceu nessa visita.
 Acolher e perguntar como se sentem
 Ao se mostrarem desesperançosos e tristes, mostrar a família que desenvolvimento e
qualidade de vida da criança é o foco, e não só o diagnóstico.
 Deixar a família colocar todas as suas dúvidas, o que e como se sentem, quais são as
expectativas
 Orientar a família sobre a importância de iniciar o mais rápido que puderem a
intervenção e lhes explicar o porquê.
 Conversar sobre a importância de uma rotina organizada
 Redução de exposição as telas, principalmente no período da noite
 Ter uma higiene do sono, para que a criança descanse melhor
 Se a criança realizar um comportamento inadequado, acalme a criança, dê comandos
claros, não puna e mostre a criança qual o comportamento que você espera dela.
 Espere a criança se acalmar para dar instruções
 Lembrar da importância família- escola- equipe é muito importante para o sucesso de
m desenvolvimento global da criança.

Direitos e deveres da família (contrato)


Após realização da entrevista com a família, é importante a assinatura de um contrato contendo
todas as informações sobre como será realizado o trabalho com a criança. Pois se não contrato,
muitas situações desagraváveis podem acontecer, como por exemplo, desistência de uma hora
para outra, não pagamento de horários que estavam marcados e os responsáveis não levaram
a criança, dentre outras. Por isso alguns combinados, por escrito, não saem caro, tudo deve ser
formalizado. É importante que ambas as partes, profissional e família, saibam seus direitos e
deveres para poderem se proteger, e ter um documento contratual nos dizem em qual
momento podemos “cobrar” e realizar algo.

Um fato que muitas vezes acontece é o momento da melhora, onde os pais, decidem por si só
que a criança não necessita mais do tratamento. O que ocasiona um declínio no
desenvolvimento do indivíduo. E o desenvolvimento da criança e sua qualidade de ida são muito
importantes e para que isso aconteça, precisamos de continuidade. Os pais querem resultados
rápidos, sei que cansam tantas terapias, tantas horas por dia, por semana, mas elas são
necessárias.

O que deve constar nesse contrato:

 Quantas horas semanais acontecerão o atendimento


 Qual o local onde acontecerão as sessões
 Direito de uso da imagem (estudo e supervisão), com autorização dos responsáveis
 Valor da sessão, como será realizado o pagamento, como proceder em período de férias,
como será feito em motivo de desmarcação (em cima da hora, de forma antecipada)
 Parceria com a família e feedbacks
 Alterações podem acontecer
 O contrato deve sempre beneficiar o cliente e o profissional, no caso do cliente, a criança
Dicas de livros e materiais
O estudo não para por aqui, segue listado abaixo dica de alguns livros interessantes para
continuidades da aprendizagem sobre ABA.

Livro: Ensino de Habilidades Básicas para Livro: Ajude-nos a aprender: Manual de


pessoas com Autismo. treinamento em ABA, parte 1 e 2
Autor: GOMES, Camila G. Autor: LEAR, Kathy
Editora: Appris, 2016 Toronto, 2004

Livro: Princípios Básicos da Análise do Livro: Análise do Comportamento Aplicada


Comportamento ao Transtorno do Espectro Autista. O que é
Autor: MOREIRA, Márcio Borges análise do Comportamento Aplicada?
Editora: Artmed, 2019 Autor: SELLA, Ana Carolina (Organizadora).
Editora: Appris, 2018.

Livro: Passo a passo, seu caminho – Guia Livro: Guia VB-MAPP – Programa de
curricular para o ensino de habilidades Avaliação e colocação de marcos do
básicas comportamento verbal, nível 1, 2 e 3
Autor: WINDHOTZ, Margarida H. Autor: LIMA, Ronaldo.
Editora: Editora Edicon, 2016. Editora: Casa do Neuropsicopedagogo, 201
Livro: PROTEA-R – Sistema de Avaliação da Livro: Manual do Inventário Portage
Suspeita de Transtorno do Espectro Autista. Operacionalizado: Avaliação do
Autor: BOSA, Cleonice Alves; SALLES, Jerusa desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos.
Fumagalli de Autor: WILLIAMS, Lúcia C. de A.; AIELLO, Ana
Editora: Vetor Editora, 2018 Lúcia R.
Editora: Juruá Editora, 2022

Segue abaixo um drive da Fabi @materiaisadaptadosfabi, ela é mãe de uma criança com TEA e
criou essas atividades DE FORMA GRATUITA no instagram, para ajudar outras famílias,
professores que também precisem. A comercialização desse material é PROIBIDA.

https://l.instagram.com/?u=http%3A%2F%2Flinktr.ee%2Fmateriaisadaptadosfabi%2F&e=ATP
OL7GFOsNSDyrro6z8fu49wKHFEuRLf0Q9H8fdihKdsrggtu5Gr-0bZc-
jZ1buE5VqchpWc6pF9MxxWWR91gFLmRaPy-5H&s=1

Referências Bibliográficas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento. Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2014

BÉRGAMO, Regina. E-Book introdutório para pais, cuidadores e educadores, 2020.


BOSA, Cleonice Alves; SALLES, Jerusa Fumagalli de. PROTEA-R – Sistema de Avaliação da Suspeita
de Transtorno do Espectro Autista. São Paulo: Vetor Editora, 2018.

BRITES, Luciana, BRITES Dr Clay. Mentes Únicas. São Paulo: Editora Gente, 2019

DETRICH, R. Clinical Expertise: An Essential Component of Applied Behavior Analysis. In:


SLOCUM, T. A. (Chair), Clinical Expertise: An Essential Component of the Ethical Practice of
Applied Behavior Analysis. Symposium conducted at the 41st ABAI Annual Convention, San
Antonio, TX, 2015.

GOMES, Camila G. Santos. Ensino de habilidades básicas para pessoas com autismo – Manual
para intervenção comportamental intensiva. Appris Editora, 2015.

LEAR, K. Ajude-nos a Aprender: Manual de Treinamento em ABA Parte 1. 2. ed. Toronto:


Ontario, 2004.

LIMA, Ronaldo. Guia VB-MAPP – Programa de Avaliação e colocação de marcos do


comportamento verbal, nível 1, 2 e 3. São Paulo: Casa do Neuropsicopedagogo, 201

MATOS, M. A. Behaviorismo metodológico e behaviorismo radical. In: Bernard Rangé (org.).


Psicoterapia comportamental e cognitiva: prática, aplicações e problemas. Campinas, Editorial
Psy, 1995.

MOREIRA, Márcio Borges, MEDEIROS, Carlos Augusto de. Princípios básicos da análise do
comportamento. 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2019.

MORRIS, E. K.; ALTUS, D. E.; SMITH, N. G. A study in the founding of applied behavior analysis
through its publications. The Behavior Analyst, 2013.

POKER, Rosimar Bortolini. Plano de desenvolvimento individual para o atendimento educacional


especializado. São Paulo: Editora Cultura Acadêmica, 2013.

SELLA A.C; RIBEIRO D.M. Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro


Autista. O que é análise do Comportamento Aplicada? (Organizadoras). Curitiba: Appris, 2018.

SERRA, Tatiana. Autismo – Um olhar a 360°. São Paulo: Editora Literare Books Internacional,
2020.

SILVA, Ana Maria Schulli. Abordagem terapêutica educacional para estrutura do ensino por
tentativas discretas direcionado a crianças com transtorno do espectro autista. In ENCONTRO
INTERNACIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, XI EPCC, 2019. Anais Eletrônicos.

SLOCUM, T. A. et al. The evidence-based practice of applied behavior analysis. The Behavior
Analyst, 37, 2014.
WILLIAMS, Lúcia C. de A.; AIELLO, Ana Lúcia R. Manual do Inventário Portage Operacionalizado:
Avaliação do desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos. Curitiba: Juruá Editora, 2022

WINDHOTZ, Margarida H. Passo a passo, seu caminho – Guia curricular para o ensino de habilidades
básicas. São Paulo: Editora Edicon, 2016.

Sites consultados
https://www.terapiaaba.com.br/
https://institutoneurosaber.com.br/

https://www.minhavida.com.br/ Publicado em 8 de abril de 2022

Junta de Certificação em Análise do Comportamento (BACB): <http://bacb.com/>.

Você também pode gostar