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EM PERSPECTIVA
Volume III
Brasília-DF
Inep/MEC
2020
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.
CAPA
Marcos Hartwich
Educação superior em perspectiva : volume III / Organizadores: Fernanda Marsaro dos Santos, Candido Alberto
Gomes, Tarcísio Araújo Kuhn Ribeiro. – Brasília : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira, 2020.
283 p. : il. - (Educação Superior em Perspectiva ; III)
DOI (coleção): http://dx.doi.org/10.24109/9786558010326.esp
ISBN (coleção)
Digital: 978-65-5801-032-6
Impressão: 978-65-5801-024-1
DOI (V. III): http://dx.doi.org/10.24109/9786558010319.espv3
ISBN (v. III)
Digital: 978-65-5801-031-9
Impressão: 978-65-5801-029-6
PREFÁCIO........................................................................................ 5
APRESENTAÇÃO.............................................................................. 7
INTRODUÇÃO.................................................................................. 9
VOLUME III
Elementos para uma epistemologia do ensino
jurídico com fundamento na triunidade:
estruturas sintática, semântica e pragmática
do direito....................................................................................... 87
Sebastião Batista
http://dx.doi.org/10.24109/9786558010319.espprefv3
5
Educação Superior em Perspectiva marca a retomada
pela Diretoria de Avaliação da Educação Superior/Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Daes/Inep) de publicações temáticas com foco no circuito de
suas atribuições.
O hiato de tempo desse vazio é corrigido em ritmo de
recuperação funcional, reposicionando-se, assim, em edição
simultânea de três volumes, na rota proustiana do À la recherche
du temps perdu. Essa retomada tem dimensão transcendente.
Em primeiro lugar, porque, dentre as incumbências da
Daes/Inep, está a produção e divulgação de estudos com
pertinência atributiva, visando a dar elasticidade semântico-
social às contribuições do pensamento acadêmico-científico.
Realidade que é fonte de saber legitimada à medida que
roteiriza o debate. É da essência da universidade produzir
conhecimentos e, de instituições como o Inep, divulgá-los
para que se desdobrem em cadeias de ressignificação. Em
segundo lugar, porque a educação escolar dá consistência
à pauta de interesse estratégico de diferentes setores da
sociedade. Na verdade, há um entendimento universal de que
http://dx.doi.org/10.24109/9786558010319.espaprv3
7
Pensar a educação brasileira sempre esteve no
horizonte institucional do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em mais de
80 anos de história, em cada ciclo de gestão e dos corpos
técnicos diversos que se sucederam, pessoas construíram
a trajetória desse Instituto, que, cada vez mais, consolida-se
como fonte de excelência em informações técnicas nos seus
vários eixos de atuação – seja nos exames e nas avaliações,
seja nas pesquisas estatísticas e nos indicadores educacionais,
como também na gestão do conhecimento e na produção de
estudos educacionais.
No arcabouço de suas atribuições regimentais,
o Inep se destaca pela realização e a divulgação de estudos
e pesquisas educacionais. Em termos de frentes de trabalho,
nasce a presente coleção, que faz parte do esforço que o
Inep, por intermédio da Diretoria de Avaliação da Educação
Superior (Daes), empreende, no sentido de ampliar as
discussões sobre a educação superior.
Esta coleção, organizada em três volumes, com
24 capítulos, é resultado de estudos desenvolvidos por
Presidência do Inep
http://dx.doi.org/10.24109/9786558010319.espintrv3
9
A presente coleção, desdobrada em três volumes,
oferece aos leitores uma pluralidade de abordagens sobre
a educação superior e contém uma diversidade de autores
e visões sobre aspectos diferentes desse nível de educação.
Este último se ergue sobre a educação básica, dela depende
intimamente e a ela oferece seu retorno, em especial quanto
a educadores formados e aperfeiçoados. Ao reunir essa
nuvem de vagalumes, faz-se a luz que a mente do leitor
combinará, criticará e sintetizará. Longe de ser exaustiva,
jamais enciclopédica, esta coleção se aprofunda em diversos
aspectos, casos e experiências.
Sobre o que incidem nossas modestas luzes? Tudo
começa pela história da universidade e da tão recente
educação superior no Brasil. A perspectiva do tempo nos leva
a uma melhor compreensão do passado e do presente, dos
acertos e dos enganos. A memória do nosso tempo tende a
ser fugaz, como se cogumelos brotassem no dia de hoje. Essa
velocidade, em grande parte induzida pelas tecnologias, faz
viver sem clara noção do passado e com escassa prospectiva.
Vivemos, desfrutamos, sofremos numa linha pontilhada, com
pouca ligação entre os dias.
Os organizadores
*
Trabalho vinculado ao grupo de pesquisa
Educatio – Políticas Públicas e Gestão da
Educação, e ao Grupo Interdisciplinar de
Pesquisa em Representações, Educação e
Sustentabilidade (Gipres).
http://dx.doi.org/10.24109/9786558010319.espv3a1
13
Resumo
Este trabalho tem como objetivo descrever a internaciona-
lização da educação superior no cenário das globalizações
como forma de apreender conceitos fundantes, abordagens
e obstáculos que possibilitam a internacionalização
institucionalizada nos contextos local, regional e global.
Situa a educação superior e a pós-graduação do Brasil
no âmbito da política internacional. Por meio de uma
pesquisa teórica, buscaram-se as dimensões do conceito
de internacionalização como forma de analisar a política
que intervém sobre as decisões educacionais, considerando
os diferentes significados de acordo com quem está na fonte
de sua “interpretação” e com o contexto ao qual se aplica.
Os resultados apontam as lacunas conceituais, evidenciando
a necessidade de maiores investimentos em pesquisas
que aprofundem o entendimento dos diversos aspectos
concernentes à internacionalização, de modo a demarcar as
potencialidades desse processo e promover a consolidação
da inserção internacional. Espera-se que os desafios
Abstract
Higher Education and Interfaces with Institutionalized
Internationalization
INTRODUÇÃO
Quadro 1
Sistematização de conceitos de internacionalização
(continua)
AUTOR CONCEITOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Referências
Nota autobiográfica
53
Resumo
O corpo docente dos Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia é composto por profissionais oriundos
de diversas áreas de formação e com experiências laborais
também diversificadas. Esse retrato do corpo docente
corresponde à própria gama de eixos formativos presentes
nas propostas educativas dos institutos. Uma das possibi-
lidades de convergência pedagógica de tão heterogêneo
grupo é a formação continuada docente. O marco formativo,
apresentado no calendário oficial da instituição, é o Encontro
Pedagógico Unificado. O objetivo deste estudo é analisar as
intenções de formação continuada nos Encontros Pedagó-
gicos Unificados, nas edições realizadas nos anos de 2018,
2019 e 2020, à luz de documentos norteadores de abrangência
internacional, nacional e local, a saber: Quadro Europeu de
Competência Digital para Educadores, Agenda 2030 OCDE,
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Plano
Nacional de Educação 2014-2024, Plano de Desenvolvimento
54 Abstract
Perspectives from continuing teacher formation at the
Instituto Nacional de Brasilia in light of the guiding local,
national and international documents
Resumen
Perspectivas de la formación continua del profesorado
en el Instituto Federal de Brasilia a la luz de documentos
orientadores locales, nacionales e internacionales
55
El personal docente de los Institutos Federales de Educación,
Ciencia y Tecnología está compuesto por profesionales
de diferentes áreas de formación y con experiencias laborales
diversificadas. Este retrato del personal docente corresponde
a la propia gama de ejes formativos presentes en las propuestas
educativas de los institutos. Una de las posibilidades de
convergencia pedagógica de un grupo tan heterogéneo es la
formación continua del profesorado. El hito formativo, presentado
en el calendario oficial de la institución, es el Encuentro Pedagógico
Unificado. El objetivo de este estudio es analizar las intenciones de
formación continua en los Encuentros Pedagógicos Unificados,
en las ediciones celebradas en los años 2018, 2019 y 2020,
a la luz de documentos orientadores de ámbito internacional,
nacional y local, a saber: Marco Europeo de Competencia Digital
para Educadores, Agenda 2030 de la OCDE, Ley de Directrices
y Bases de la Educación Nacional, Plan Nacional de Educación
2014-2024, Plan de Desarrollo Institucional 2019-2023
y Proyecto Pedagógico Institucional. El análisis permitió identificar
que la formación docente es una preocupación de la institución,
Introdução
Nomenclatura Abrangência
Quadro Europeu de Competência Digital para
Internacional
Educadores
Agenda 2030 – Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico Internacional
(OCDE)
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Nacional
– Lei nº 9.394/96
Plano Nacional de Educação (2014-2024) Nacional
Plano de Desenvolvimento Institucional
Local
(2014 a 2018 e 2019-2023)
Projeto Pedagógico Institucional Local
Fonte: Elaboração própria.
Competências
Competências pedagógicas dos educadores Competências
dos educadores dos aprendentes
Figura 1
Quadro Europeu de Competência Digital para Educadores (DigCompEdu)
Fonte: Lucas; Moreira (2018, p. 8).
Figura 2
Leitura simplificada do Quadro Europeu
de Competência Digital
Fonte: Elaboração própria.
[...]
[...]
66
Figura 3
Bússola de aprendizagem – OCDE
Fonte: OECD ([2018a]).
69
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)
e Projeto Pedagógico Institucional (PPI)
800 785
720
700 686
600
502
500
400 361
300
200
133
100
0
2018 2019 2020
Figura 4
Relação de docentes da instituição x relação
de participantes do EPU
Fonte: Elaboração própria.
Prática docente e o
Permanência e êxito Sem tema
processo de inclusão
Prática docente e o
Permanência e êxito Sem tema
processo de inclusão
yy Altas habilidades: yy Planejamento de
formação para componente curricular
profissionais da educação EaD.
– como identificar se
yy Por uma Pedagogia
o aluno é um possível
Amefricana:
alto habilidoso e quais
racismo, educação e
estímulos podem ser
descolonização dos
dados em sala de aula.
currículos.
yy Integração presencial e
yy Quem são os “assassinos
EaD: acompanhamento
do português” e por que
dos estudantes por meio
aceitar a variação na
de plataforma virtual de
língua.
aprendizagem.
yy Reforma do ensino médio 75
e seus impactos no ensino
médio integrado do IFB;
Reformulação do PPC da
Licenciatura em Biologia –
Campus Planaltina.
yy Repositório institucional
do IFB e a política de
acesso aberto; Transforme
seus alunos em parceiros.
yy Uma perspectiva das
metodologias ativas no
novo ensino médio; Vamos
entender a diferença entre
dislexia e TDAH?
yy Vivência AME – atenção,
movimento e energia.
yy Moodle para professores.
77
Figura 5
Nuvem de palavras compilada de PDIs e PPI – IFB
Fonte: Elaboração própria.
Figura 6
Oficinas ofertadas correlacionadas ao DigCompEdu
Fonte: Elaboração própria.
Figura 7
Oficinas ofertadas correlacionadas à bússola
81
de aprendizagem – OCDE
Fonte: Elaboração própria.
Nota autobiográfica
86
89
Resumo
Este artigo analisa a ordem jurídica, na perspectiva de
um sistema complexo tridimensional, para exeminar
as interconexões estabelecidas entre as estruturas das
dimensões conceitual, formal e factual do Direito (estruturas
profundas, superficiais e factuais). Da análise, emergem a
importância e a necessidade de uma metodologia didático-
pedagógica eficaz, explícita e simultânea nos planos do ensino,
da pesquisa e da prática técnico-profissional do Direito.
Abstract
Elements for an epistemology of legal education based on
triunity: syntactic, semantic and pragmatic structures of law
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
the interconnections that are established between the structures
factual structures); from the analysis, the importance and the
need for an effective, explicit and simultaneous three-dimensional
didactic-pedagogical methodology in three planes are highlighted
for teaching, research and the technical-professional practice of
law.
Resumen
Elementos para una epistemología de la enseñanza jurídica
basada en la triunidad: estructuras sintáctica, semántica y
pragmática del Derecho
Introdução
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
individual e coletiva dos sujeitos, e logo são transpostos para
o mundo das formas e sintaxes (Nöth, 1996)1 da linguagem
jurídica, em um processo dialético comunicativo.
Nessa perspectiva, demonstram-se as três dimensões
do fenômeno jurídico, distintas e interconectadas, que
requerem integração efetiva nos processos de ensino-
aprendizagem, pesquisa e regulagem social, pois, em cada
plano, separadamente, não cumprem as suas finalidades.
São interdependentes e, integradas, geram e transformam
a ideia em projetos, procedimentos e realizações na ordem
jurídico-social.
O sistema jurídico
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
proveniente de experiências de várias gerações anteriores.
Seus sucessivos conteúdos, manifestos na vida cientifico-
cultural, biopsíquica e socioeconômica, com diferentes
conotações e intensidades, compõem-se, a cada momento,
de forças políticas, financeiras, econômicas, militares,
místicas, estéticas, ideológicas, científicas e tecnológicas, que
configuram e estruturam a ordem social e, por conseqüência,
a ordem jurídica (Greco, 2010).
Por outra parte, em diferentes ciclos históricos, variados
modos de percepção de mundo (diferentes ideologias)
encontram-se hegemônicos nos processos institucionais
que conduzem e direcionam a ação na ordem social para
determinados fins, expressos na ordem jurídica, de diferentes
maneiras, ora mais explícitos, ora mais camuflados, nos
distintos planos conceitual, formal e da realidade.
94
Neguentropia
feedback Ordem
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
controla o seu comportamento (Damásio, 2009),13 como parte
do todo, pois necessita disso para sua existência e proteção.
Em relação aos sistemas sociais, o homem situa-se
em posição de destaque e constitui seu eixo, além de ser
um sistema parte. Na conexão com outros, em rede, realiza
diversos intercâmbios de utilidades, bens e valores para a
satisfação de suas necessidades imanentes, transcendentes e
de sobrevivência, e especialmente realiza variados processos
de regulação, seja interna – autorregulação, seja externa
– heterorregulação (Merani, 1975).14 Na ordem jurídica,
regulam-se e caracterizam-se sistemas individuais e sistemas
coletivos.
As complexas relações e intercâmbios científicos, morais
e materiais que ocorrem entre os sistemas sociais (Greco,
2010),15 que mutuamente são provedores e consumidores
de bens (científicos, morais e materiais), energias, utilidades
96 etc., são fluxos essenciais que lhes permitem homeostase
e evolução e evitam o seu isolamento e a sua entropia –
involução ou morte do sistema (Gregori, 2019).16
Outrossim, todo sistema necessita de regulagem (feed-
back) para sanar carências, retirar excessos e reconsiderar
rumos. Entretanto, dada a complexidade dos sistemas sociais,
seja pelas diferentes condições de ofertas, demandas internas
e externas e insumos, seja pelas diferentes relações de poder
que envolvem, ocorrem obstáculos no curso dos processos
para sua efetiva regulagem e adequado direcionamento para
alcançar os seus fins, em especial quando estes se referem
à distribuição de poder e riquezas, que se concentram
em posições inversamente proporcionais às carências e
necessidades pessoais (Piketty, 2014;17 Abrahão, 2020).18
Com essa finalidade, os sistemas ou subsistemas
sociais submetem-se a uma ordem jurídica, com mecanismos
próprios de articulação de fatores constituintes e de
controle (regulagem) de processos para alcançar seus
propósitos, sejam gerais, sejam particulares. Entretanto, é
comum que ocorram dissonâncias entre a ordem jurídica
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
e outros produtos da mente e da cultura, mediante as
últimas tecnologias de comunicação, já prescindem de
suportes materiais tradicionais para circular no comércio
como objetos de compra e venda ou produtos de uso ou de
consumo diário, ou como fatos ilícitos, a exemplo das “fake
news” divulgadas pelas redes sociais da internet.
As leis, os mandados, os despachos e a infinidade
de documentos de autoridades que transitam, atualmente,
pelo espaço, codificados através de ondas ou impulsos
magnéticos, como preceitos, conceitos ou ideias, que logo
são decodificados e recodificados em outra linguagem pelo
destinatário, podem assumir diferentes formas e finalidades.
Assim, os conceitos e as ideias são passíveis de circular
desvinculados da matéria, ou cada vez menos dependentes da
matéria tangível, para se tornarem cada vez mais intangíveis.
98 Para a hipótese de produtos culturais, em lugar
dos editores de obras literárias, doutrinárias ou de caráter
científico, existem os provedores de conteúdos que as
distribuem aos consumidores por meio de impulsos
magnéticos no ciberespaço.
Eccles, sobre o tema, comenta que é importante
considerar que este mundo está codificado em substratos
materiais, como o papel e a tinta dos livros, as telas etc.,
mas que em si não é material, senão essencialmente ideias
criativas de artistas, pensadores, narradores de histórias e,
eventualmente, de filósofos e cientistas (Eccles, 1992).
Para Morin (1992), de fato, trata-se de uma noosfera,
de acordo com o termo que Teilhard de Chardin forjou nos
anos vinte do século passado, ou seja, entidades feitas da
substância espiritual e dotadas de certa existência material.
Assim, Morin afirma que as ideias, e mais extensamente
as coisas do espírito, nascem dos próprios criadores,
em circunstâncias socioculturais que determinam seus
caracteres e suas formas, como produtos e instrumentos de
conhecimento (Morin, 1992).
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
analíticos, sintético-intuitivos e operativo-procedimentais que
representam os estados internos da mente em relação aos
fenômenos.
Quando os signos são relacionados a estados internos
racionais, representam padrões lógico-científicos. Quando
se associam a estados internos irracionais, emocionais e de
sentimento, por meio de ícones (figuras, sons, metáforas,
mitos, lendas), representam padrões sintético-intuitivos
da mente. E quando relacionados a estados internos
operacionais, representam padrões e estruturas processuais
(Gregori, 1984).
Sobre a percepção, o cérebro capta normalmente o
mundo exterior (ou o próprio corpo) por portas sensoriais,
que lhe chegam por meio de impulsos elétricos e vão
compor padrões que comunicam aspectos e características
do objeto, as quais, estruturadas, relacionadas e
100 contextualizadas, comporão processos, modelos, conceitos,
emoções e sentimentos. Dessa forma, embora o objeto
esteja aparentemente fora do observador, na verdade, é
representado no interior do seu cérebro pelos neurônios
que o veem, processam informações, criam conceitos, ideias,
sentimentos e um modus operandi. Assim, embora pareça
uma ideia estranha, o fato é que o mundo está no interior
de quem observa. Cada sujeito constrói internamente seu
próprio mundo a partir de estímulos inatos ou de objetos.
E tudo o que ele sabe encontra-se definitivamente no seu
cérebro, na sua mente (Crick, 2000).
A inteligibilidade sobre as características sistêmicas
das coisas, por sua vez, começa na relação do sujeito com
o objeto, que, por meio de estruturas e padrões diversos
de impulsos eletromagnéticos, cria na mente um mapa da
realidade.
O mapa mental criado situa-se na esfera do logos e
constitui a estrutura profunda de conceitos, ideias, sintaxe,
ciência, epistemologia ou outros fatores de origem hereditária,
instintivos ou natos, como o instinto de sobrevivência e
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
Dessa perspectiva, entende-se que todas as
instituições são criações da mente humana e que nesse
domínio as coisas se movem quando alguém as move com
o pensamento e a emoção, mas, para que isso aconteça,
elas necessitam se dirigir por meio de ideias (Barker, 1978).25
Assim, uma partitura representa para o músico um conceito
sobre uma peça musical que se executa, no mundo fático,
visando sensibilizar o ouvinte; da mesma forma, um diagrama
representa um circuito elétrico para um eletricista, que o
executará com vistas a cumprir as finalidades desejadas.
Do mesmo modo, nas realizações e comunicações
do homem, submetidas à ordem jurídica, destaca-se um
ordenamento em três planos: um primeiro no campo
das ideias, dos conceitos; um segundo no campo da
representação simbólica, formal; e um terceiro no campo dos
102 fatos, da realidade factual (Foucault, 1974).
O conhecimento de um objeto se adquire por meio da
percepção (memória, raciocínio, decisão e ação) que chega à
mente sob a forma de imagens.26 Mas não são as imagens, em
forma de fotografia, fac-símile das coisas, dos acontecimentos,
das palavras ou frases, senão construções do próprio cérebro
através da ativação sincrônica e transitória de padrões de
disparo dos neurônios sobre os quais o homem apoia sua
percepção e sua visão de mundo (Damásio, 1996).
Essas imagens constituem provavelmente o principal
conteúdo dos pensamentos, das ideias e dos conceitos;
compõem a esfera do conteúdo interno da estrutura
conceitual na qual reúnem representações lógicas, de
sentimentos e ações. Trata-se de um plano interno no qual
o sujeito constrói a dimensão subjetiva do conceito jurídico,
das ideias e dos sentimentos de justiça, que se representa no
plano externo da ordem do Direito.
Entretanto, essa representação na órbita subjetiva,
que caracteriza a percepção ou visão de mundo jurídica,
não é suficiente para o sujeito se comunicar e atuar na
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
Na estrutura superficial ocorre uma série de escolhas em
relação à forma de comunicar a experiência, desde o processo
de escolha, por exemplo, das palavras ou frases apropriadas
ao conjunto de elementos que se reconhece como melhor
estruturado para comunicar sua representação. Na estrutura
profunda, a experiência é o objeto representado, e sua
representação é a estrutura interna, subjetiva, do processo
da comunicação. Nesse processo, portanto, ressaltam-se
a experiência que é representada e a estrutura profunda
constituinte que a representa. Juntas, a estrutura superficial
de significados e a estrutura profunda constituinte formam
uma estrutura linguística completa (Grinder; Bandler, 1977).
Nessa vertente, a linguagem humana constitui-se
do processo de representação interna do mundo e de sua
comunicação. Trata-se de um modelo explícito do processo de
representar e de comunicar a representação do mundo, que
104 opera nos níveis das estruturas profunda e superficial. Assim,
a representação interna do mundo real ou ideal (ciência,
arte, mito, tecnologia), que se constitui do conhecimento e
da experiência, é a estrutura profunda (Ortiz-Osés, 1997),
e sua representação externa, através de símbolos, constitui
a estrutura superficial.
Para os defensores da gramática transformacional, esse
modelo linguístico concebe duas estruturas que possibilitam
a representação e a comunicação de uma realidade qualquer
(Grinder; Bandler, 1977). No caso da ordem jurídica, é um
modelo que dá pistas para a compreensão do seu processo
comunicativo. Assim, nos processos de conhecimento e
comunicação, o cérebro capta informações no mundo dos
fatos (reais ou ideais) segundo uma estrutura profunda de
representação da experiência e uma estrutura superficial
simbólica de comunicação (Peirce, 1974).27
Assim, trasladando-se para o fenômeno jurídico, em
sua plenitude, tem-se uma estrutura profunda, subjetiva,
correspondente ao conhecimento e à cultura jurídica, que
interage indissociavelmente com a estrutura superficial,
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
Nesse modelo epistemológico, integram-se três
diferentes aspectos do fenômeno jurídico-social, que
se encontram presentes e se reconhecem em qualquer
momento e manifestação da ordem jurídica, pois o Direito
constitui-se de conceitos e ideias (visões e cosmovisões),
produtos da mente, representados por códigos, símbolos
(lógicos ou ícones) e ritos que representam, comunicam
e operam a realidade (Peirce, 1974)28 da ordem social.
Esses aspectos, portanto, devem ser considerados e inter-
relacionados em qualquer abordagem sobre o Direito. Estão
presentes, simultaneamente, em todas as manifestações
do fenômeno jurídico, ainda que com variações em suas
características e sua intensidade, em diferentes fases. São
imprescindíveis e interativos como elementos da semântica,
da sintaxe e da pragmática jurídica.
106 Em uma ordem jurídica estabelecida, os seus
elementos articulam-se, por um lado, em um plano ideal,
interno, conceitual; por outro, articulam-se para compor uma
representação exterior no plano simbólico, sensível, material;
por fim, articulam-se em uma dinâmica sociojurídica factual
no plano da realidade.
Em perspectiva inversa, a partir da realidade social,
articulam-se conceitos normativos, com conteúdos que
definem uma situação ou conduta, permitida ou proibida,
que vem a ser formalmente declarada marco jurídico legal.
Neste caso, parte-se do mundo real, de fatos relevantes da
ordem social, para criar uma ordem jurídica ideal, conceitual,
na qual se acomodam as confrontações e percepções mais
profundas do ser e do Cosmos, que logo é codificada no
plano dos símbolos lógico-formais.
Com relação aos conceitos jurídicos que se formulam
na estrutura profunda, eles ordenam idealmente situações
com a finalidade de se trasladarem à simbolosfera,
plano da representação lógico-formal, ritual e dos ícones
representativos das crenças, dos mitos, das ideologias etc.
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
jurídico (Saussure, 1973).31 No exercício da representação
do Direito, bem como no de fazê-lo efetivo ou aplicá-lo, é
comum que se acrescentem ou retirem elementos de sua
estrutura conceitual original. Entretanto, deve-se notar que a
representação simbólica busca ser fiel ao conceito e dele mais
se aproxima à medida que melhor represente a sua estrutura
e complexidade conceptual, bem como a sua subjetividade.
Quando existem coisas concretas, a relação entre
sujeito e objeto é direta e o conceito do objeto é descritivo,
por isso é mais simples; mas quando se trata de conceitos
puramente ideais, geralmente, há mais problemas para
representá-los, seja por falta de referência externa que
possa servir como paradigma, seja pela complexidade de sua
estrutura, que dificulta a completa representação. Nesses
casos, existe o perigo de realizar representação deficitária do
conceito, que na sua totalidade deve compreender todas as
108 variáveis: subjetivas, espaciotemporais e procedimentais.
Considerações finais
Sintaxe
Oscilante Oficial
Pragmática Semântica
DIREITO
Semântica Pragmática
Sintaxe
Figura 2 109
Representação do direito integrado nos planos da sintaxe,
da semântica e da pragmática
Fonte: Elaboração própria.
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
Na dimensão do logos, cria-se, primeiro, a matéria
substância do Direito, que é a consciência individual e
coletiva das pessoas para a convivência social; depois, cria-se
a estrutura superficial, por meio da sintaxe (representação
lógico/formal); e, por último, dispõem-se os fatores
socioambientais necessários, nos modos apropriados e
preconcebidos, para realizar os fins do Direito.
Com essa compreensão, verifica-se que, antes de
qualquer Direito se realizar no plano real, da pragmática
jurídica, e produzir os efeitos que lhe são próprios, seus
fatores elementares – pensamento, sentimento e ação –
e ambientais devem se dispor na consciência individual e
coletiva em um processo comunicativo tridimensional entre
o mundo das formas e da sintaxe (Nöth, 1995) e o mundo da
realidade para que possa, devidamente, cumprir os seus fins.
Desenvolve-se, daí, um processo comunicativo triádico
110 que, de início, se modela no intelecto e na consciência, em
uma ação comunicativa interna, a qual permite ao sujeito
ordenar e coordenar os fatores operacionais do Direito
em uma dada ordem e correspondente dinâmica, antes
de comunicá-lo, e interagir com o mundo exterior, que lhe
dará insumos (feedback) para eventuais e necessárias novas
configurações. Nesse processo, constrói-se, internamente,
um modelo que depois se transforma em projeto, objeto,
ação multicomunicativa e, consequentemente, em um
ordenamento dos fatores socioambientais apropriados à
ordem jurídica real e efetiva que se destina a cumprir os fins
do Direito (Freitas, 1981).33
Em síntese, na ordem social, dispõem-se, em primeiro
lugar, no plano subjetivo, cognitivo, do agente, os fatores
socioambientais a ela pertinentes, os quais, em seguida,
trasladam-se da ordem subjetiva para um plano formal,
inteligível, comunicativo. Assim, convertem-se as ideias em
projeto, que se formaliza, tornando-se hábil ao processamento
de seus operacionais e à efetivação do objetivo idealizado no
plano da realidade e da comunicação.
Conclusões
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
é o plano de intermediação da linguagem, instrumento útil
e necessário para a comunicação e a concreção do Direito na
ordem social.
Na esfera dos fatos, encontram-se ações, situações
e vínculos jurídicos concretos, objetivos, no tempo e no
espaço, reconhecidos na ordem do Direito como relevantes
juridicamente; nessa esfera, encontram-se os atos e fatos
jurídicos personalíssimos, privados e públicos, de toda a
ordem.
O Direito, portanto, na sua plenitude, é uma ordem
que integra fatores do plano das ideias, do plano formal e do
plano da realidade, para os fins da convivência social.
No plano das idéias, o Direito constitui-se de uma
ordem ideológica – uma cosmovisão (sistema de princípios
e valores); no plano formal, constitui-se de uma ordem
tecnojurídico-codificada; e no plano da realidade, constitui-se
112 de uma ordem jurídico-comunitária.34
Por fim, conclui-se que o Direito é um sistema complexo
tridimensional, e que seus fatores operacionais ocorrem e
interconectam-se nos planos da sintaxe, da semântica e da
pragmática, em todos os setores da vida e em diferentes
órbitas existenciais – individual, grupal, social e universal
(Batista, 2004).35 Assim, para evitar parcialidade, ambiguidade,
imprecisão, contradição e outras distorções, o ensino/a
aprendizagem, a pesquisa e a prática jurídica/profissional
relacionados ao fenômeno jurídico requerem abordagem
e aprofundamento simultâneos das singularidades de
suas estruturas superficial, profunda e factual por meio
de metodologia didático-pedagógica apropriada.
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
ECCLES, J. La evolución del cerebro: creación de la conciencia.
Barcelona: Editorial Labor, 1992.
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
Notas
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
a diversidade e o todo, simultaneamente. Ante o pluralismo
e a complexidade do sistema jurídico, Lucas Verdú (1969)
entende que o Estado-aparato e o Estado-comunidade são
juridicamente inseparáveis e realizam, tanto no plano estático-
estrutural como no dinâmico-material, a vida estatal.
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
22 Para Eco (1976, p. 168-169), “hay un signo cuando, por
convención previa, cualquier señal está instituida por un
código como significante de un significado. Hay proceso de
comunicación cuando un emisor transmite intencionalmente
señales puestas en código por medio de un transmitente que
las hace pasar a través de un canal; las señales salidas del canal
son captadas por un aparato receptor que las transforma en
mensaje perceptible por un destinatario, el cual, basándose
en el código, asocia al mensaje como forma significante un
significado o contenido del mensaje. Cuando el emisor no emite
intencionalmente y aparece como fuente natural, también
hay proceso de significación, siempre que se observen los
restantes requisitos. Un signo es una correlación de una forma
significante a una (o a una jerarquía de) unidad que definiremos
como significado”.
VOLUME III | Elementos para uma epistemologia do ensino jurídico com fundamento
na triunidade: estruturas sintática, semântica e pragmática do Direito
34 O Estado-comunidade é a própria sociedade em suas várias
configurações autônomas; em contraponto, o Estado-aparato
jurídico é o conjunto de órgãos do Estado por meio dos quais
este realiza seus fins (Lucas Verdú, Madrid 1969).
Nota autobiográfica
125
Resumo
O objetivo do trabalho é apresentar os resultados obtidos
a partir da experiência com a implantação de cinco cursos
de Engenharia na Unidade Acadêmica do Cabo de Santo
Agostinho da Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE) em 2014. Os projetos pedagógicos dos cursos
apresentam muitos aspectos diferenciais, tais como a oferta
de unidades curriculares do núcleo profissionalizante desde
o primeiro semestre, a presença de quatro disciplinas
de Português e seis de Língua Estrangeira em todas as
matrizes curriculares, com abordagens voltadas para as
Engenharias, a construção de dispositivos articuladores
de interdisciplinaridade e de projetos integradores,
a promoção da integração universidade-empresas,
a presença de diferentes disciplinas voltadas para gestão
e empreendedorismo etc. Os diferenciais da configuração
curricular eram visíveis e a eles se ligavam princípios
pedagógicos e metodológicos ativos. Isso levou a gestão
Abstract
126 Didactic-Pedagogical approaches to undergraduate
Engineering courses: active, interdisciplinary and innovative
methodologies
Resumen
Enfoques didáctico-pedagógicos en las carreras de grado en
Ingeniería: metodologías activas, interdisciplinariedad
e innovaciones
Considerações iniciais
129
Figura 1
Localização do município de Cabo de Santo Agostinho
Fonte: Google Earth, 2020a.
Cálculo
Geo- Português Tópicos
Gestão Desenho Física Diferen-
metria Química Instru- de Enge-
Ambiental Técnico 1 Geral 1 cial e
Analítica 1A (45h) mental 1 nharia 1A
(45h) (60h) (45h) Integral 1
(45h) (30h) (90h)
(60h)
2º Período (435h)
Cálculo Lingua-
Português
Língua Es- Álgebra Desenho Física Diferen- gem de Gestão de
Química Instru-
trangeira Linear Técnico 2 Geral 2 cial e Progra- Produção
2A (75h) mental 2
1 (30h) (45h) (30h) (75h) Integral 2 mação (45h)
(30h)
(60h) (45h)
3º Período (420h)
Cálculo Tópicos
Português
Língua Es- Empreen- Física Diferen- Cálculo Circuitos de En-
Instru-
Atividades Complementares
trangeira dedoris- Geral 3 cial e Numério Elétricos genharia
mental 3
2 (30h) mo (30h) (75h) Integral 3 (45h) 1 (90h) Elétrica
(30h)
(60h) 2A (60h) 133
4º Período (420h)
Cálculo
Português Eletro-
Língua Es- Estatística Física Diferen- Circuitos Mecânica
Instru- magne-
trangeira Geral Geral 4 cial e Elétricos Geral
mental 4 tísmo 1
3 (30h) (45h) (45h) Integral 4 2 (90h) (60h)
(30h) (60h)
(60h)
5º Período (405h)
Con-
Legisla- versão Medidas Insta- Comp. de
Hig. Seg.
ção para Optativa 1 Eletrome- Eletrônica Eletro- lações Sistema
Trabalho
Engenha- (60h) cânica de 1 (75h) magnéti- Elétricas Elétricos
(45h)
ria (30h) Energia cas (30h) (60h) (45h)
(60h)
Trans-
6º Período (450h)
missão e Prote-
Equipa-
Máquinas Eletrônica Distribui- ção dos ESO Tec- TCC Tec-
mentos
Elétricas Industrial ção de Sistemas nológico nológico
Elétricos
(60h) (45h) Energia Elétricos (165h) (30h)
(45h)
Elétrica (45h)
(60h)
Aciona- Tópicos
Eletro-
Língua Es- mento de Eletrônica Sinais e de En-
magne- Eletrônica
trangeira Máquinas de Potên- Sistemas genharia
tísmo 2 2 (75h)
4 (30h) Elétricas cia (60h) (60h) Elétrica 3
(45h)
(45h) (60h)
8º Período (390h)
Atividades Complementares
trangeira Digitais canismo de Faltas Primárias
Materiais Materiais Transpor-
5 (30h) (60h) (45h) (45h) (60h)
(30h) (60h) te (60h)
9º Período (345h)
Produ- Tópicos
Siste-
Língua Es- Introdu- ção de Gestão de de En-
mas de Optativa 2
trangeira ção ao Energia Pessoas genharia
Controle (60h)
6 (30h) TCC (30h) Elétrica (45h) Elétrica 4
1 (60h)
134 (60h) (60h)
10º Período (330h)
Quadro 2
Projetos Integradores em Engenharia da UACSA
Curso Projetos Integradores
143
Figura 4
Carro tipo Baja desenvolvido pelo grupo Zabumbaja
Fonte: Elaboração própria.
Figura 5
Aeromodelo desenvolvido pelo grupo Aerodesign
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 1
Porcentagem de aprovação dos estudantes em Cálculo
Diferencial e Integral I
Índice de Aprovação
Semestre
Grupo A Grupo B
2019.1 40,65% 24,10%
2019.2 77,42% 29,14%
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 2
Média dos estudantes aprovados em Cálculo
Diferencial e Integral I
Média Final dos Estudantes Aprovados
Semestre
Grupo A Grupo B
2019.1 7,78 7,03
2019.2 7,85 7,18
Fonte: Elaboração própria.
Nota autobiográfica
159
Resumo
Este trabalho desenvolve o tema da interação social na
educação superior, tomando como objeto de reflexão sua
ocorrência entre professores e estudantes – que pode se
tornar violenta ou promotora da paz –, e considerando
seus efeitos sobre a sociedade. A preocupação com a paz
nos ambientes da educação tem sido foco dos diversos
organismos internacionais, pois a violência simbólica e
física é uma constante ameaça à resolução de conflitos, que
poderia ser mediada pelo diálogo, pela tolerância e pela
solidariedade. Realizou-se uma revisão da literatura para
apresentar conceitos e evidências empíricas sobre o cenário
das interações sociais desenvolvidas no ambiente acadêmico,
bem como sobre a paz e a violência. Além disso, tomaram-se
evidências empíricas de duas pesquisas realizadas em
universidades brasileiras sobre as interações de experiências
sociais de estudantes e professores. Concluiu-se que existem
tendências de inércia, negação do sujeito e autoritarismo
Abstract
Social interaction in higher education: violence or peace?
Resumen
Interacción social en la educación superior: ¿violencia o paz?
Introdução
Quadro 1
Condições do outro invisível e o lugar da diferença
Condições O lugar da diferença
– A diferença não é admitida.
Ontológica: o outro – Está no outro, naturalmente
simplesmente não existe e, definido.
se admitida a sua existência, – Desenvolve-se em meio à
isso ocorreria em função de diferenciação entre os grandes
uma força natural e não por sistemas de mundo; as pessoas
uma construção histórica. se afastam, paulatinamente,
e pouco se percebem.
170
Sociocultural: o outro
– Está nas relações sociais
não existe, pois não é
e delas pode afirmar-se algo,
reconhecido pelos membros
bem como nos modos como
de um grupo social diferente
as pessoas aprendem.
do seu.
Pedagogia reprodutora
Sem encontro, diálogo e
possibilidades de mudan-
ças. Tendências e
lógicas de ação
Estudantes e professores
em espaços diferentes. Negação dos
Sem novos conhecimen- sujeitos/Crítica
tos. silenciosa
Separação dos diversos Negação da criticidade dos
tipos de conteúdo. envolvidos no processo educa-
cional, camuflando o papel
Inércia/ produtor da escola. Afirma-
180 Culpa do outro ção da ideia de neutrali-
Inclusão de valores dos dade da escola.
grupos dominantes,
excluindo os dos demais.
Eliminação de possibili- Autoritarismo/
dades de ação, Primazia da
portanto, de informação
mudança. Uso da força da informação, em
dado contexto, para imprimir a
falsa autoridade. Apelo à coerção
baseada na pouca visão de
contexto favorável ao desenvol-
vimento integral do ser
humano – que pensa,
emociona-se, age.
Figura 1
Pedagogia reprodutora: algumas tendências
e lógicas de ação
Fonte: Elaboração própria, com base em Vasconcelos e Gomes (2017).
Quadro 2
Interação social na educação superior: violência ou paz
182 (continua)
Violência Paz
Tendências
Ação pedagógica
identificadas Reprodução
transformadora e
no sistema sociocultural
ação institucional
educacional
Inércia: A mútua Assumir atitude
culpabilização de mudança, sem
– Com os sistemas contribui para atribuir culpa ao
de mundo em que determinadas outro (estudantes,
permanente significações não professores,
separação, participem de universidade,
os sistemas debates durante governos).
educacionais as interações entre
tendem a sofrer professores e Comprometer-se,
uma dissociação das estudantes, e entre de fato, com o
esferas de valores. estes. desenvolvimento
integral do
– A mútua Violência simbólica: educando.
culpabilização modos de ser
são impostos. Conciliar discurso e
pelo insucesso prática.
do processo Desumanização,
educacional é um pois falta Aproveitar
pilar da inércia. disposição para momentos da
dialogar. avaliação de si feita
– Os valores pelos educandos.
proclamados são
diferentes dos Posicionar-se
valores realizados. politicamente.
Conclusão
Referências
ALVES, R. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse
existir. Campinas: Papirus, 2001.
188 ADORNO, T. W. Sobre a indústria da cultura. Coimbra: Angelus Novus,
2003.
Nota autobiográfica
193
Resumo
As universidades ocidentais tiveram sua origem na Baixa
Idade Média. Nessa época histórica, a jurisprudência romana
e os cânones abrangiam significativa parte do saber, que
hoje é conhecido como humanidades, por isso o ensino
do direito teve um papel protagonista para a afirmação e o
desenvolvimento das referidas universidades.
Abstract
Teaching law in the institution of western universities
Resumen
La enseñanza del derecho en la institución de las universidades
occidentales
Considerações finais
Referências
VAN DER WEIL, C. History of the canon law. Louvain: Peeters, 1991.
(Louvain Theologiacal & Pastoral Monographs, 5).
Nota autobiográfica
213
Resumo
As análises apresentadas neste ensaio fazem parte de um
estudo mais amplo, desenvolvido na tese de doutoramento,
voltado à compreensão dos processos de formação
profissional nos espaços acadêmico e do trabalho, discutindo
a relação teoria e prática. Elas se fundamentam na concepção
de que a formação do ser profissional é perpassada por
saberes estruturados nas distintas esferas da vida social,
entre as quais a educacional e a laboral são especialmente
importantes na aquisição de saberes e valores voltados
à participação na vida produtiva. Buscamos, inicialmente,
refletir sobre características dos modos de conhecer,
entendendo que as aprendizagens cotidianas se aportam
em distintos graus – a depender das lógicas e características
de cada espaço – nessas formas de apreender o mundo.
Passamos, então, a examinar particularidades do espaço
acadêmico com relação à fragmentação do conhecimento
científico expressa no sistema disciplinar. Em seguida,
abordamos aspectos do espaço laboral no que diz respeito
ao problema da distância entre o trabalho prescrito e o real,
Abstract
Epistemological perspectives on professional training at
academia and work environments
214 The analyses herein are part of a larger doctoral thesis that aims
at understanding the professional training processes in academia
and work environments, discussing the relation between theory
and practice. It is based on the idea that professional training is
entangled with knowledge developed in many social environments,
among which the educational and work environments are
particularly important for the gaining of knowledge and principles
related to one’s productive participation in life. The initial aim is to
reflect upon the characteristics of learning modes, recognizing that
day-to-day acquisition of knowledge happens at different levels –
depending on the logic and characteristics of each space – in the
ways of getting to know the world. Thus, there is an examination
of the intricacies of academia as related to the fragmentation
of the academic knowledge present in the disciplinary system.
Subsequently, the aspects of the working space are examined in
relation to the matter of the distance between the work required
and the one executed; which requires individuals to marshal
and merge their knowledge in order to manage this discrepancy.
Later, there is the inquiry as to what extent the characteristics of
a given work and the cultural and historic aspects of a profession
or technical specificity influence the way knowledge is handled in
Resumen
Perspectivas epistemológicas de la formación profesional en
los espacios académicos y laborales
Modos de conhecer
Referências
244
247
Resumo
Este artigo tem o propósito de analisar os resultados sobre a
formação de professores da educação básica contemplando
a realidade desses professores no interior do Brasil. O estudo
reveste-se de importância acadêmica e justifica-se por
contribuir com reflexões sobre o Plano Nacional de Formação
de Professores da Educação Básica (Parfor). A metodologia
usada foi um estudo de caso pautado na modalidade relato
de experiência. Debate-se a função social da universidade
pública através do processo de expansão e interiorização
do ensino. O estudo tem o objetivo de compreender como
se deu o Parfor a partir da graduação superior em Educação
Física na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e em que
medida esse tipo de formação atende ao que está posto
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Conclui-se a importância da parceria entre as instituições
envolvidas, baseada na perspectiva de direcionar ações
no sentido de conferir maior efetividade e continuidade
Abstract
The social role of public university and teacher formation:
experience drawn from the undergraduation physical
education program through Parfor – Capes/UEPB
Introdução
Quadro 1
Programas do governo federal voltados para
o ensino superior
(continua)
Fundo de Financiamento
Estudantil. É um programa
de financiamento destinado
Lei nº
Fies a estudantes regularmente
10.260/2001
matriculados em cursos
superiores de graduação em
universidades privadas.
260 p. 69)
Gráfico 1
Alunos matriculados em 2015
Fonte: UEPB (2015).
266 Quadro 2
Distribuição de alunos pelos respectivos cursos de
graduação e de especialização – 2017
PROEAD – 2017
Pós-graduação Tecnologias
presencial 1 Digitais na 40 0
(especialização) Educação
Quadro 3
Distribuição de alunos pelos respectivos cursos de
graduação e de especialização – 2018
PROEAD – 2018
267
Quantidade Alunos
Modalidades Alunos matriculados
de cursos formados
PROEAD – 2019
Quantidade Alunos
Modalidades Alunos matriculados
de cursos formados
Graduação presencial
Lic. Educação 125
(Parfor):
2 Física – 131
Pedagogia e Educação
Lic. Pedagogia – 194 187
Física
Pós-graduação
presencial
(especialização): 1 17 17
Tecnologias Digitais na
Educação
Educação a distância
203 – Ad. Pública
(todos os cursos EaD): Ad. Pública 5
324 – Geografia
Administração Pública, 3
268 Geografia e Gestão
290 – Tecnólogo
Tecnólogo 1
Pública – Tecnólogo
Considerações finais
Referências