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Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Alimentação Humana II 2022/2023

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1. Introdução
1.1. Suplementos alimentares com probióticos, prebióticos e posbióticos

O Decreto de Lei nº136/3003 de 28 de junho define suplemento alimentar como um


género alimentício que tem como fim complementar e/ou suplementar o regime alimentar
normal [1].

Os probióticos são microrganismos vivos que têm em vista a melhoria da saúde. Estes
podem ser encontrados em iogurtes e outros alimentos fermentados e produtos de beleza,
bem como em suplementos alimentares. Os microrganismos apresentam vantagens no
organismo, nomeadamente, algumas bactérias ajudam a digerir alimentos, eliminam células
causadoras de doenças ou produzem vitaminas. Assim, muitos dos microrganismos que
encontramos em produtos contendo probióticos são os mesmos ou semelhantes àqueles que
vivem naturalmente no organismo humano. Os probióticos podem conter uma variedade de
microrganismos, sendo que diferentes tipos de probióticos irão ter efeitos diferentes no
organismo. Lactobacillus e Bifidobacterium são os microrganismos mais frequentemente
encontrados nos suplementos alimentares [2].

Os prebióticos são componentes alimentares não digeríveis, nomeadamente fibras


vegetais especializadas e amido resistente, que estimulam seletivamente o crescimento ou a
atividade de microrganismos benéficos no organismo. Os prebióticos são encontrados em
muitas frutas e vegetais, sobretudo aqueles que contêm carboidratos complexos, bem como
podem ser constituintes de suplementos alimentares. Estes carboidratos não são digeríveis
e, desta forma, passam pelo sistema digestivo onde se tornam alimento para as bactérias e
outros microrganismos [3].

Os posbióticos são constituídos por microrganismos inanimados ou os seus


compostos bioativos que conferem efeitos benéficos no hospedeiro. Os suplementos com
posbióticos surgiram devido ao facto de muitos dos benefícios para a saúde associados aos
probióticos e prebióticos resultarem, na verdade, da produção de posbióticos. Estes
suplementos ainda não estão amplamente disponíveis, já que são relativamente novos
comparativamente aos probióticos e prebióticos [4] [5] [6].

1.2. O mercado dos suplementos alimentares com probióticos, prebióticos e


posbióticos

O tamanho do mercado global de suplementos alimentares com probióticos foi


estimado em 6,123 mil milhões de dólares em 2020, prevendo-se que este aumente,
apresentando uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 7,0% de 2020 até 2028.
A fração adulta dominou o mercado contribuindo com 52,7% da receita em 2020. A crescente

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preocupação e importância com os cuidados


de saúde preventivos desencadeou uma
maior procura de suplementos com
probióticos em todo o mundo, sendo que os
probióticos líquidos (iogurte e bebidas à
base de leite) dominam o mercado
atualmente. A recente pandemia de COVID-
19 também provocou uma mudança no Figura 1- Mercado dos suplementos alimentares com probióticos:
tamanho do mercado (%) por zona geográfica. 2019
comportamento de compra dos
consumidores, conduzindo ao aumento do comércio. A nível europeu, em 2018, o mercado
foi de 8,619 mil milhões de euros, atingindo os 9,402 mil milhões de euros em 2021. Assim,
verifica-se uma taxa de crescimento de 9,08% entre 2018 e 2021 [7] [8] [9].

Dentro do mercado dos probióticos, podemos concluir sobre a fração das vendas que
é da responsabilidade dos psicobióticos (ou seja, probióticos que atuam ao nível do eixo
intestino-cérebro). A indústria dos psicobióticos está a ser cada vez mais impulsionada devido
à crescente consciencialização relativamente à saúde mental. Em 2018, o mercado dos
psicobióticos correspondia a 118,2 milhões de dólares, tendo atingido os 135,6 milhões de
dólares de 2023. Prevê-se que este mercado se expanda com uma CARG de 3,70% entre
2023 e 2033, chegando aos 201,8 milhões de dólares [10].

Relativamente ao mercado global dos prebióticos, este foi avaliado em 6,05 mil
milhões de dólares em 2021 e deve apresentar uma CAGR de 14,9% de 2022 até 2030. Os
progressos tecnológicos no desenvolvimento de inulina e oligossacarídeos ganham
importância aquando da procura por produtos que requerem sabor adoçante, mas poucas
calorias, impulsionando, assim, o crescimento do mercado dos suplementos alimentares com
prebióticos durante o período previsto. Na Europa, o tamanho do mercado ultrapassou 1,9
mil milhões de dólares em 2019 e a indústria espera ganhos significativos de mais de 9,5%
até 2026 [11] [12].

O mercado global dos suplementos com posbióticos foi avaliado em 10,7 milhões
dólares em 2022 e deverá crescer com uma CAGR de 10,8% de 2022 até 2030, atingindo os
24,3 milhões de dólares até 2030 [13].

1.3. A legislação dos suplementos alimentares com probióticos, prebióticos


e posbióticos

Os suplementos alimentares são produtos cuja introdução no mercado se rege pelas


normas legais dos géneros alimentícios, respeitando as normas que constam no

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Regulamento (CE) n.o178/2002 de 28 de janeiro. A preocupação com a sua qualidade


conduziu ao desenvolvimento do Quality Guide for Food Supplements em 2007 pela
European Federation of Associations of Health Product Manufacturers (EHPM), com o
objetivo de guiar as indústrias dos suplementos alimentares segundo as normas legais e de
boas práticas de fabrico. Assim, engloba orientações de produção, em termos do controlo de
qualidade, embalamento, distribuição e armazenamento dos produtos. A introdução de
suplementos alimentares não necessita de uma autorização, sendo apenas obrigatório
notificar a DGAV, entidade responsável pela tutela dos suplementos.

Os suplementos alimentares não são sujeitos a uma avaliação da eficácia, nem testes
de segurança. Na maioria dos casos, fica à responsabilidade do produtor/distribuidor
assegurar que o produto e os ingredientes são seguros e com efeito para a finalidade
recomendada. Estes géneros alimentícios não podem conter na sua publicidade, ou
rotulagem, qualquer tipo de alegação de tratamentos, ou cura, para qualquer tipo de
patologia. Apenas informações aprovadas pelas autoridades regulamentares podem estar
presentes nos rótulos dos suplementos. O termo “Probiótico” representa por si só uma
alegação genérica que para ser utilizada deverá ser acompanhada de uma alegação de
saúde específica enquadrada pelo artº 13.º, n.º 1 a) do Reg. (CE) n.º 1924/2006, que a
justifique, e que se encontre autorizada, o que ainda não se verifica. Ainda sobre a rotulagem,
os suplementos devem apresentar menções obrigatórias de acordo com o que está descrito
no Reg.1169/2011. Segundo a categoria 17 do Reg.1333/2008 os aditivos alimentares estão
autorizados em suplementos alimentares que se encontram na forma sólida e líquida, exceto
aqueles que são destinados a lactentes e crianças jovens. Existe também substâncias
proibidas nos suplementos alimentares, bem como outras sujeitas a restrições e sob controlo
comunitário e que estão devidamente descritas no anexo III do Reg.1925/2006.

De modo a minimizar irregularidades relativamente ao comércio de suplementos


alimentares e à fiscalização do cumprimento do Decreto-Lei n.o136/2003, foi estabelecido em
2014, um protocolo de colaboração entre a ASAE e o INFARMED. Esta colaboração tem
como objetivo combater o comércio ilegal dos suplementos alimentares que poderá acarretar
riscos para a saúde pública [1] [14].

1.4. Ansiedade e stress em Portugal

As perturbações mentais mais comuns são a depressão, ansiedade e stress,


apresentando estas um grande impacto negativo na sociedade moderna, tanto ao nível da
saúde, como a nível social, podendo conduzir à perda de emprego e mortalidade precoce.

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Podemos definir o stress como o desequilíbrio, real ou percebido, entre os requisitos


do momento em que a pessoa se encontra e a capacidade da pessoa se adaptar a esses
mesmos requisitos [15]. Já a ansiedade consiste numa reação normal ao risco ou stress diário.
Esta é percebida como uma sensação de medo perante determinadas situações que podem
acontecer e que receamos terem um impacto negativo. Falamos em perturbações de
ansiedade quando a sensação de medo é desproporcionada e dura há pelo menos 6 meses,
[16]
tendo um real impacto na vida quotidiana e no próprio desempenho do indivíduo . A
depressão é uma doença mental que pode ser caracterizada por tristeza, ansiedade, fadiga,
alterações de sono, entre outros sintomas. A depressão pode ser dividida em “major” e
“menor”, sendo que na primeira os sintomas surgem em maior quantidade e com maior
intensidade [17].

O Plano Nacional de Saúde reconhece a Saúde Mental como um problema que


necessita de uma maior atenção por parte dos Cuidados de Saúde Primários, realçando o
seu papel na promoção da saúde e prevenção da doença mental. Em 2017, o relatório
“Programa Nacional para a Saúde Mental - 2017” publicado pela DGS mostrava que 21% da
população portuguesa sofria de ansiedade e 17% de depressão. Ambas as patologias são
mais prevalentes em indivíduos do sexo feminino e surgem com maior gravidade em, pelo
menos, um terço dos casos sintomáticos.

Em Portugal, observa-se uma tendência crescente da prevalência anual e ao longo


da vida destas perturbações mentais, sendo o quarto país da Europa com a maior taxa (DGS,
2017). Além disso, foi classificado como o terceiro país da Europa mais stressado (Estudo
realizado pelos peritos em sono da organização britânica Eachnight). No caso da ansiedade,
em Portugal, ultrapassa-se os 8 casos por cada 100 habitantes (Estudo Global de Carga de
Doenças, Instituto para Métricas e Avaliações de Saúde, 2019) [18] [19] [20].

Assim, estas patologias constituem um dos mais importantes desafios da saúde


pública atualmente, sendo particularmente importante o diagnóstico precoce, tratamento e
promoção de saúde mental.

Figura 2- Número de indivíduos que sofrem de depressão e


ansiedade, por país. 2019

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Um estudo dirigido pelo Instituto de Saúde Pública da U. Porto avaliou o impacto da


recente pandemia de COVID-19 na saúde mental dos portugueses através de um
questionário. Os resultados mostraram que 26,9% dos indivíduos apresentaram sintomas de
ansiedade, 7% de depressão e 20,4% manifestaram sintomas de ambos as perturbações,
nomeadamente após o início da pandemia.

Este estudo demonstrou que os indivíduos com maior risco de apresentarem sintomas
de ansiedade tratou-se de cidadãos mais jovens (entre os 18 e os 39 anos), mulheres,
pessoas com maior nível de escolaridade e que apresentavam dificuldade de aceder a
alimentos nutricionalmente adequados e seguros, principalmente por questões económicas.
Além disso, constatou-se que desde o início da pandemia 7,9% dos respondedores do
inquérito ficaram desempregados, o que agrava os problemas económicos e contribui para
situações de insegurança alimentar. De entre os participantes fumadores, 33,5%
mencionaram ter aumentado o número de cigarros consumidos por dia após o começo da
pandemia, bem como dos respondedores que indicaram tomar ansiolíticos ou
antidepressivos, 15.4% afirmou ter iniciado a sua toma aquando da emergência da recente
pandemia.

Assim, este estudo mostra que é cada vez mais importante investir ao nível da área
da saúde mental, e desmistificar aquilo que são as perturbações e doenças mentais [21].

1.5. Eixo intestino-cérebro

O eixo intestino-cérebro é uma conexão neurológica e neuro-endócrina cada vez mais


estudada. Essa ligação entre o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso central permite
que os sinais sejam enviados desde o intestino até ao cérebro e assim haja regulação de
condições psíquicas e nervosas, tais como o sono, humor, transtornos mentais e stress.

A microbiota exerce um papel importante neste eixo, pois pode


influenciar o funcionamento do sistema nervoso central e assim desencadear
sintomas desconfortáveis, como stress. Por exemplo, se a nossa microbiota
estiver desequilibrada, podemos ficar em risco de sofrer transtornos mentais,
como ansiedade, mas, por outro lado, no caso de estar saudável, poderá
ajudar na melhoria desses quadros psíquicos e mentais. Além disso, uma má
microbiota pode levar ao desenvolvimento de outras condições de saúde,
como depressão, perturbação de stress pós-traumático (PSPT) e autismo.

Tal como vários estudos têm demonstrado, a alteração da microbiota


pode levar a alterações na produção de neurotransmissores, uma vez que
Figura 3- Eixo
intestino-cérebro

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o nosso intestino é responsável pela produção dos mesmos, tal como a serotonina,
responsável pela modulação do sono e do humor, assim como do apetite.

Neste momento, sabe-se que o eixo


intestino-cérebro é formado por rotas bidirecionais
e que utiliza como vias para a comunicação o
sistema nervoso parassimpático (principalmente o
vago), o sistema imune, o sistema neuroendócrino
e o sistema circulatório, uma vez que permitem a
passagem de metabolitos e neurotransmissores
produzidos no intestino [22].

Desta forma, compreende-se que as


patologias e comportamentos psíquicos e mentais
estejam relacionados com o eixo intestino-cérebro, Figura 4- Eixo intestino-cérebro e função cognitiva
já que a microbiota intestinal afeta o sistema nervoso central. Assim, pessoas que apresentam
uma microbiota com menor diversidade, assim como maiores níveis de marcadores
inflamatórios, estão mais sujeitas ao desenvolvimento de perturbações mentais como o
stress, a ansiedade e a depressão. Pacientes com doenças inflamatórias no trato
gastrointestinal, como síndrome do intestino irritável, podem sofrer de ansiedade e depressão
devido à desregulação no metabolismo do triptofano [23] [24] [25].

1.6. O mecanismo de ação dos psicobióticos

Por definição, os psicobióticos são microrganismos vivos, ou seja, probióticos que


produzem efeitos benéficos à saúde quando ingeridos em
quantidades adequadas. Contudo, estes apresentam efeitos
que vão além do trato intestinal, atingindo também o sistema
nervoso central (SNC) do paciente, promovendo a diminuição
de certos sintomas associados às perturbações mentais [26].

O mecanismo de ação dos psicobióticos ainda não é


totalmente esclarecido. No entanto, acredita-se que estes
microrganismos exercem efeitos benéficos através da
modulação da resposta imune, produção de
neurotransmissores, proteínas e ácidos gordos de cadeia curta
e na ação a nível do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA).
É comum verificar-se, num mesmo indivíduo, distúrbios
intestinais e mentais simultaneamente, o que sugere uma Figura 5- Mecanismo de ação dos psicobióticos

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corelação entre o sistema nervoso central e o trato gastrointestinal que se projeta depois da
simples manutenção da homeostase. O entendimento desta complexa interação entre
intestino e cérebro exige que se tenha em consideração o papel da microbiota intestinal.

O eixo HPA consiste no principal sistema de resposta neuro-endócrina ao stress, quer


fisiológico, quer físico. Este é constituído pelo hipotálamo, hipófise e córtex adrenal, assim
como hormonas como o cortisol, no Homem, e corticosterona, no rato. O cortisol possui
atividade imunossupressora e é produzido em excesso aquando de situações de stress
crónico. No entanto, não é capaz de exercer os seus efeitos anti-inflamatórios e, como tal, é
bloqueado o mecanismo de feedback negativo do cortisol ao nível do eixo HPA, resultando
numa situação de hipercortisolemia e inibição da atividade imunológica. Além disso, o
excesso de glucorticóides leva ao aumento da sensibilidade perante uma ameaça, bem como
prejudica o humor, a memória e outras funções cognitivas. Estudos recentes mostram uma
forte comunicação bidirecional entre este sistema neuro-endócrino e a microbiota intestinal.
Assim, a composição da microbiota no início da vida condiciona aspetos do comportamento,
incluindo a resposta ao stress; da mesma forma que o eixo HPA influencia a composição da
microbiota intestinal e o aumento da permeabilidade gastrointestinal. Uma situação de
disbiose pode conduzir à ativação do eixo HPA com aumento da produção de cortisol, pelo
que restaurar o equilíbrio é fundamental para assegurar a regulação negativa do eixo HPA.
Um estudo concluiu que a suplementação com uma formulação probiótica contendo
Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175 é capaz de atenuar
significativamente a resposta do eixo HPA ao stress.

O desequilíbrio da microbiota intestinal pode estar relacionado com respostas imunes


aberrantes, nomeadamente a superprodução de citocinas inflamatórias. Os microrganismos
no intestino produzem pequenas moléculas que regulam as respostas inata e adaptativa,
modulando a interação hospedeiro-microbiota. Embora a barreira epitelial impeça que os
microrganismos escapem do intestino, o mesmo não acontece com os seus metabolitos que
podem ultrapassar essa barreira e acumularem-se no sistema circulatório, onde podem
conduzir à estimulação de células imunes. Também, a microbiota tem uma grande influencia
na migração e função de várias células do sistema imunológico. Recentemente, mostrou-se
que a microbiota intestinal apresenta um papel importante na maturação, morfologia e função
das células da microglia, que são células efetoras do sistema imune inato, no sistema nervoso
central. Novas evidências demonstram que níveis mais elevados de citocinas inflamatórias
aumentam o risco de desenvolver distúrbios psicológicos e têm sido observados em pacientes
deprimidos. Um estudo recente avaliou o efeito da administração de antibióticos a longo
prazo, numa fase inicial da vida, e concluiu que a toma de antibióticos tem um efeito
prolongado na composição da microbiota intestinal, conduzindo ao aumento da expressão de

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citocinas no córtex frontal, mudança da função da barreira hematoencefálica e alteração do


comportamento. Neste mesmo estudo, um grupo experimental foi alvo de suplementação
com Lactobacillus rhamnosus JB-1, o que mostrou prevenir algumas das alterações descritas.

A microbiota intestinal é capaz de produzir compostos neuroativos que podem afetar


diretamente a atividade cerebral. Esta capacidade que algumas bactérias têm de produzir
neurotransmissores e neuromoduladores tem sido sugerida como um novo tratamento para
distúrbios mentais.

A serotonina (5-HT) é um neurotransmissor responsável pela regulação de funções


comportamentais e biológicas, como o humor, assim como está envolvida nos processos
psicológicos a nível do sistema nervoso central e dos tecidos periféricos, como ossos e
intestino. Esta molécula é principalmente encontrada na mucosa intestinal o que poderá estar
relacionado com o facto de a serotonina desempenhar um papel nas funções intestinais
normais, como a motilidade intestinal e absorção. Este neurotransmissor é sintetizado a partir
do aminoácido essencial triptofano, sendo que este aminoácido pode também ser
metabolizado pela via da quinurenina. Alterações na disponibilidade de triptofano têm
bastantes consequências a nível do sistema nervoso entérico, no SNC, bem como na
sinalização do eixo cérebro-intestino.

A noradrenalina (NE) e a dopamina (DA) são também reguladores de funções


dependentes do córtex pré-frontal, tais como atenção e tomada de decisão. A disfunção do
córtex pré-frontal tem sido reconhecida como uma particularidade de muitos transtornos
psiquiátricos, como a esquizofrenia, o transtorno de stress pós-traumático (PSPT) e a
dependência de drogas.

O GABA e o glutamato são os principais neurotransmissores do SNC, cujo papel é


controlar a neurotransmissão excitatória (glutamato) e inibitória (GABA). Para garantir o
normal funcionamento de processos cerebrais, como a aprendizagem, memória e
plasticidade sináptica é essencial a coordenação entre estes dois neurotransmissores.
Diversos estudos demonstram que existe microrganismos produtores de GABA,
nomeadamente as bactérias ácido-láticas.

A acetilcolina (ACh) apresenta um papel determinante como neurotransmissor


excitatório a nível periférico, parecendo ter uma ação neuromoduladora no cérebro. Foi ainda
demonstrado que a ACh e as enzimas que participam na sua síntese são componentes das
bactérias.

Cada vez mais estudos têm sugerido que os ácidos gordos de cadeia curta (AGCC)
desempenham um papel chave na sinalização do eixo intestino-cérebro. Estas moléculas são

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sintetizadas por bactérias intestinais através da fermentação de carboidratos que escapam


da digestão e absorção no intestino delgado. Estes carboidratos são obtidos principalmente
a partir de alimentos ricos em fibras, e a quantidade e tipo de fibra consumida terá um impacto
significativo na composição da microbiota intestinal e, portanto, no tipo e quantidade de AGCC
produzidos. Os AGCC funcionam como reguladores do metabolismo celular do hospedeiro,
podendo desempenhar um papel importante na manutenção da integridade da barreira
epitelial, assim como influencia o sistema imune, a resposta inflamatória e o metabolismo
lipídico. Além disso, podem impactar diretamente a função neural, fortalecendo a integridade
da barreira hematoencefálica, modulando a neurotransmissão e promovendo a consolidação
da memória.

Um número crescente de estudos, em roedores e humanos, abordam o potencial


psicobiótico dos microrganismos, melhorando a função cognitiva e regulando os níveis de
stress e ansiedade. No entanto, devido à grande complexidade do eixo intestino-cérebro-
microbiota é difícil determinar os mecanismos específicos pelos quais as estirpes de bactérias
ou leveduras desempenham a sua atividade tornando-se desafiante identificar um
procedimento sistémico capaz de avaliar os efeitos psicobióticos de uma determinada estirpe,
formulação ou produto alimentar [27] [28].

1.7. Suplementos alimentares que atuam no eixo intestino-cérebro

Ao longo dos últimos anos, pesquisadores por todo o mundo começaram a encontrar
evidências, por vezes controversas, que indicam que a libertação de nutrientes obtidos na
nossa dieta para o cérebro não é a única maneira em a microbiota intestinal ajuda a manter
o nosso cérebro a funcionar corretamente: esta também pode ter um papel na moldagem dos
nossos pensamentos e comportamentos.

Estas descobertas podem trazer grandes avanços no conhecimento e implementação


de novos tratamentos para diversos transtornos mentais, como a ansiedade, depressão e até
mesmo esquizofrenia. A pandemia de COVID-19, ainda recente, foi um dos eventos que mais
prejudicou a saúde mental das pessoas em muitas partes do mundo e, resolver este quebra-
cabeça acerca dos organismos que verdadeiramente influenciam o eixo intestino-cérebro,
pode ser mais importante do que nunca.

Foi evidenciado que os microrganismos intestinais podem participar no


desenvolvimento inicial dos neurónios e produzir impactos consideráveis nos circuitos
cerebrais. Da mesma forma, em intervalo de tempo menores, os micróbios intestinais
conseguem regular a produção de substâncias bioquímicas cruciais para estimular a
atividade neuronal, como a serotonina.

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Outro fator em ter em consideração quando falamos do eixo intestino-cérebro é o


nervo-vago, que age como uma espécie de “cabo de dados” entre o nosso cérebro e outros
órgãos, nomeadamente o intestino.

Falando das bactérias, ou psicobióticos, propriamente ditos, existem estudos que


indicam que a bactéria Lactobacillus rhamnosus JB1, por exemplo, melhora o ânimo de ratos
ansiosos e deprimidos. No entanto, este efeito benéfico acaba quando os sinais que viajam
ao longo do nervo vago são bloqueados, o que pode apontar para o seu uso como trajeto de
comunicação da bactéria. Outro estudo indica que “as bactérias produtoras de butirato
Faecalibacterium e Coprococcus foram consistentemente associadas à maior qualidade de
indicadores de vida.”

Por fim, pesquisadores investigaram o efeito que um probiótico, contendo inúmeras


espécies, poderia ter no processamento emocional e cognitivo em pessoas que apresentam
um quadro de depressão suave a moderada. O mesmo monitorou, também, o humor dos
indivíduos antes e depois da experiência utilizando o Questionário de Saúde do Paciente 9
(PHQ-9), que serve para medir o grau de depressão.

Os participantes não estavam a tomar outros medicamentos ou suplementos e


obtiveram um probiótico disponível no mercado, que contava com 14 espécies diferentes de
bactérias, entre estas Bifidobacterium longum e Bifidobacterium breve, ou um placebo, os
quais foram consumidos durante quatro semanas. Os resultados indicam que os participantes
que tomaram o probiótico sentiram uma melhoria subjetiva considerável do humor
relativamente ao grupo que tomou o placebo. Essencialmente e, segundo o PHQ-9, ficaram
menos deprimidos. Por outro lado, não foram observadas mudanças dos níveis de ansiedade
dos participantes, que foram igualmente medidos [29].

2. Rotulagem e composição
2.1. Descrição geral

O Probians é constituído por 30 cápsulas


de suplemento alimentar contendo Lactobacillus
helveticus R0052 e Bifidobacterium longum
R0175, que ajudam na redução de ansiedade e
nas complicações gastrointestinais como a
náusea, vómito e dor abdominal, como
consequência do stress. Figura 5- Probians: Suplemento alimentar

Apresenta na sua constituição uma cápsula de hidroxipropilmetil-celulose, amido,


estearato de magnésio antiaglutinante, Lactobacillus helviticus R0052, Bifidobacterium

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longum R0175, pode conter alergénios, como o leite e a soja, e não contém glúten. O
suplemento apresenta uma tecnologia Bio-Support®, que verifica a proteção e o revestimento
das bactérias, garantindo a presença do psicobiótico no intestino [30].

Informação nutricional
Quantidade por porção
Lactobacillus Helveticus R0052 3,00E+09 UFC
Bifidobacterium Longum R0175 3,00E+08 UFC

2.2. Quando é aconselhado

É aconselhado o uso do Probians em caso de ansiedade e perturbações


gastrointestinais derivadas do stress [30].

2.3. Modo de utilização

O Probians é de uso adulto, indicado para maiores de 19 anos, e deve-se ingerir 1


cápsula por dia durante ou logo após as refeições.

O consumo deste suplemento alimentar deve estar associado a hábitos de vida


saudáveis e a uma dieta equilibrada [30].

2.4. Recomendações e advertências

O suplemento alimentar Probians não é um medicamento e o seu consumo diário não


deve exceder a recomendação diária apresentada na embalagem (1 cápsula por dia).

O mesmo deve ser mantido fora do alcance das crianças e não deve ser utilizado por
pessoas com condições de saúde debilitantes graves ou imunocomprometidas, quer seja por
condição de doença ou pelo uso de medicamentos imunossupressores.

Em caso de desconforto intestinal, o seu uso deve ser descontinuado de imediato


[30]
.

3. Constituintes
3.1. Lactobacillus helveticus R0052

Lactobacillus helveticus é uma bactéria do ácido láctico que se encontra naturalmente


no intestino e em alimentos fermentados, queijos italianos e suíços, leite, entre outros,
podendo também ser encontrados em suplementos probióticos, associados à melhoria da
saúde oral, mental e intestinal [31].

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O consumo de Lactobacillus helveticus é indicado para casos de depressão, stress,


diarreia, síndrome de intestino irritável e intolerância à lactose.

Devido ao facto de se tratar de uma bactéria ácido-láctica, ajuda na propagação de


bactérias benéficas ao equilíbrio gastrointestinal impedindo a proliferação dos
microrganismos nocivos no tubo digestivo, melhorando a função imunológica e a digestão,
bem como permite aumentar a absorção de nutrientes e lipídios no intestino, regulando o
trânsito intestinal.

O equilíbrio bacteriano fora do normal pode estar associado a várias doenças e


distúrbios. Recentemente descobriu-se que o trato gastrointestinal estabelece uma
comunicação com o cérebro, e com isto, distúrbios intestinais podem estar ligados à
ansiedade, depressão e ao stress. Assim, estudos têm vindo a demonstrar o papel terapêutico
de bactérias probióticas nos sintomas psiquiátricos relacionados ao humor. Existe ainda
estudos que comprovaram que a administração diária do L. helveticus em leite fermentado
permitiu reduzir a pressão arterial em pacientes hipertensos, devido aos seus péptidos
bioativos, sendo, por isso, um potencial tratamento da hipertensão arterial. Estes péptidos
produzidos são também responsáveis por efeitos antioxidantes, hipocolesterolémicos e
ansiolíticos, capazes de aliviar os sintomas do stress [32].

Lactobacillus helveticus é considerado seguro e tem poucos efeitos secundários ou


interações. No entanto, a toma concomitante com antibióticos pode reduzir a eficácia de L.
Helveticus, bem como, quando tomado com medicamentos imunossupressores pode
aumentar a probabilidade de desenvolver doenças [31].

3.2. Bifidobacterium longum R0175

Bifidobacterium longum é uma espécie específica de bactérias microscópias não


patogénicas, gram-positivas, ramificada em forma de haste, e que produz ácido láctico a partir
da fermentação do açúcar no trato gastrointestinal. Estas tanto podem ser encontradas no
trato gastrointestinal dos humanos como grande parte dos animais. Visto que tem muitos
benefícios na saúde como probiótico, este é adicionado a alimentos e suplementos dietéticos.

Num estudo foi confirmado que têm ação na modulação do stress e na neurocognição.
Também têm uso relacionado com a homeostase intestinal, com a modulação da resposta
inflamatória e com a resposta imune.

Tanto por ser uma bactéria natural como por ser probiótico, esta bactéria tem muitos
benefícios para a nossa saúde. Tem a capacidade de aumentar a acidez do trato digestivo,
devido ao ácido lático que é produzido, pelo que não há crescimento de bactérias nocivas.

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Outros benefícios são o tratamento da constipação, redução da inflamação associada


a doenças intestinais inflamatórias, prevenção dos níveis elevados de colesterol e a redução
do desenvolvimento de certas alergias. Além destes, num estudo publicado, o Bifidobacterium
longum mostrou possuir propriedades anticancerígenas e antimutagénicas assim como
ajudar a prevenir o cancro do colón. O repovoamento de colónias de B. longum no trato
digestivo que foram destruídas pelo uso de antibióticos pode ser beneficiado por suplementos
probióticos. Outro estudo demonstrou que as adições destas bactérias aumentaram o número
de bifidobactérias no conteúdo gastrointestinal de suínos. Por último, o tratamento oral com
B. longum apresentou benefícios em seres humanos com colite ulcerativa [33].

Por via oral, esta bactéria mostra-se segura, tendo sido utilizada com segurança em
monoterapia ou terapia conjunta com outros probióticos durante, pelo menos, um ano. Alguns
indivíduos podem sentir gases e inchaço aquando da toma de probióticos, mas o B. longum
parece ser bem tolerado, não levando à manifestação destes efeitos. Este probiótico pode
ser utilizado de forma segura durante a gravidez e por 2 meses após o parto, durante a
amamentação. O B. longum é provavelmente seguro quando tomado, via oral, por crianças
saudáveis por até 4 meses. No entanto, apesar de raros, já foram descritos casos de infeção
sanguínea com esta bactéria em bebés gravemente doentes, com um sistema imunológico
debilitado [34].

3.3. Combinação de Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium


longum R0175

Um estudo acerca de uma formulação probiótica contendo uma combinação de


Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175, apresentou resultados
positivos a nível dos sintomas gastrointestinais em pacientes submetidos a stress crónico.
Quando administradas separadamente, ambas as estirpes continuam a demonstrar efeitos
benéficos.

Para avaliar a ação desta formulação na ansiedade, os autores do estudo começaram


por realizar testes em ratos. De seguida, os possíveis efeitos ansiolíticos foram estudados a
nível do Homem, nomeadamente em situações de ansiedade e depressão, através de
questionários como: Hopkins Symptom Checklist (HSCL-90), Hospital Anxiety and
Depression Scale (HADS), Perceived Stress Scale (PSS) e coping checklist (CCL). O nível
de cortisol urinário livre (24 horas) foi também utilizado como um parâmetro fisiológico do
nível de stress.

Os resultados demostraram que o grupo que tomou a formulação com probióticos teve
efeitos mais favoráveis do que o grupo placebo, apresentando, o primeiro, efeitos

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semelhantes ao diazepam (substância padrão de referência). Os indivíduos tratados com a


formulação probiótica mostraram uma diminuição do índice do HSCL-90 ao longo do tempo,
relativamente ao grupo placebo, revelando valores inferiores de depressão e
raiva/hostilidade. A possível utilização da formulação probiótica como agente para o
tratamento do stress e ansiedade é ainda mais sustentada pela diminuição dos scores globais
de HADS ao longo do tempo, devido a uma diminuição da pontuação de HADS-A (subescala
de ansiedade) [35].

Desta forma, estas evidências apoiam a hipótese de que esta formulação apresenta
propriedades ansiolíticas, com efeitos benéficos nos sinais gerais de ansiedade e depressão.

Um outro estudo, pretendeu avaliar o efeito da suplementação com probióticos e


prebióticos em pacientes com transtorno depressivo maior. Assim, esta avaliação foi feita
com base na pontuação obtida no Beck Depression Inventory (BDI) como indicador primário,
bem como a razão quinurenina/triptofano e triptofano/aminoácidos de cadeia ramificada
(BCAAs) como resultados secundários.

O intestino humano é colonizado por cerca de vários milhões de microrganismos, que


podem ser benéficos, neutros ou até mesmo patogénicos para o hospedeiro. Um dos
mecanismos pelos quais a microbiota tem um papel na atenuação dos sintomas de depressão
é através da regulação do metabolismo do triptofano, de forma direta e indireta. Bactérias
benéficas diminuem a atividade de enzimas responsáveis pela degradação do triptofano a
longo da via quinurenina, levando a um aumento da disponibilidade de triptofano e, portanto,
aumento da síntese de serotonina. Os aminoácidos de cadeia ramificada, incluem a leucina,
isoleucina e valina, e competem com o triptofano por um transportador envolvido na captação
de triptofano e BCAAs do sangue para o cérebro. O microbioma intestinal tem a capacidade
de afetar os níveis de BCAAs sérios. Foi demonstrada que existe uma correlação negativa
entre as concentrações de BCAAs e a gravidade do transtorno depressivo, sendo que se
verifica uma diminuição dos níveis séricos de BCAAs aquando da toma de antidepressivos.

Foi administrado a uma parte dos indivíduos do estudo uma formulação probiótica de
L. helveticus R0052 e B. longum R0175. Outros, receberam uma formulação prebiótica de
galactooligossacarídeo. Além disso, um grupo de indivíduos recebeu um placebo. Este foi um
estudo randomizado, paralelo e double blind. Os resultados obtidos após 8 semanas
mostraram que a suplementação probiótica levou a uma redução marcada na pontuação do
BDI, quando comparado com o grupo placebo e o grupo suplementado com prebióticos. A
razão quinurenina/triptofano diminuiu significativamente no grupo probiótico relativamente ao
grupo placebo, quando ajustada para isoleucina sérica, bem como a relação

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triptofano/isoleucina aumentou significativamente no grupo probiótico comparativamente ao


grupo placebo.

Assim, é possível concluir que a suplementação com a formulação probiótica em


estudo teve um efeito benéfico no transtorno depressivo maior. Já a suplementação prebiótica
não demonstrou resultados significativos [36].

4. Conclusão

O eixo intestino-cérebro baseia-se numa comunicação bidirecional, em que o sistema


nervoso central influencia o intestino e microbiota, bem como a microbiota influencia direta e
indiretamente o sistema nervoso central, estando relacionada com alterações do
comportamento, assim como com a função e fisiologia do cérebro.

Estudos demonstram que a suplementação com estirpes probióticas, nomeadamente


Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175, em indivíduos com
depressão ou ansiedade é vantajosa, trazendo impactos positivos significativos na
sintomatologia associada a essas doenças mentais.

Desta forma, os probióticos podem oferecer uma nova abordagem terapêutica útil no
tratamento de distúrbios mentais, como ansiedade de depressão, ou como adjuvantes desses
tratamentos. Ainda assim, os resultados e dados existentes são introdutórios e necessitam
de mais confirmações, pelo que é importante alargar as investigações clínicas e pré-clínicas,
bem como examinar microrganismos intestinais específicos e marcadores fisiológicos
associados ao sofrimento psicológico [35].

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