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Farmacopsicologia

Caso Clínico
João Santana, 72 anos de idade, está apresentando transtorno do sono. Lembra então que a sua irmã está tomando
fenobarbital sob prescrição médica, um barbitúrico para controlar suas crises epilépticas, e que os barbitúricos
também são algumas vezes prescritos como soníferos. Nessa noite, ele toma “alguns comprimidos” com uma dose de
vodca, para ajudá-lo a dormir. Pouco depois, o Sr. João é levado às pressas ao departamento de emergência quando a
irmã percebe que ele não apresentava quase nenhuma reação. Ao ser examinado, observa-se uma dificuldade em
despertar o paciente, que também apresenta disartria, com marcha instável e redução da atenção e da memória. A
frequência respiratória é de cerca de seis respirações superficiais por minuto. A seguir, o Sr. João é intubado para
protegê-lo de uma possível aspiração do conteúdo gástrico. Administra-se carvão ativado através de uma sonda
nasogástrica para limitar qualquer absorção adicional de fenobarbital. O Sr. João recebe também bicarbonato de sódio
por via intravenosa para alcalinizar a urina até um pH de 7,5, com o objetivo de facilitar a excreção renal do fármaco.
Três dias depois, o Sr. João está suficientemente recuperado para retornar à sua casa.
Vamos lá?
a) De que maneira os barbitúricos atuam para controlar as crises epilépticas e induzir o sono?

b) Como a idade do paciente afeta o grau de depressão do SNC causada pelos barbitúricos?

c) Qual a interação entre barbitúricos e etanol que resulta em profunda depressão do SNC e respiratória?

d) Quais os sinais de intoxicação por barbitúricos, e como esses sinais são explicados pelo mecanismo de ação
desses fármacos?

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Os neurotransmissores inibitórios e excitatórios regulam uma série diversificada de processos do comportamento,
incluindo sono, aprendizagem, memória e sensação da dor. Os neurotransmissores inibitórios e excitatórios
também estão implicados em diversos processos
patológicos, como a epilepsia e a neurotoxicidade.
As interações entre os canais iônicos, os receptores
que regulam esses canais e os neurotransmissores
de aminoácidos no sistema nervoso central (SNC)
constituem a base molecular desses processos.
Os neurotransmissores de aminoácidos produzem
respostas inibitórias ou excitatórias através de uma
alteração na condutância de um ou mais canais
iônicos seletivos. Os neurotransmissores inibitórios
deflagram uma corrente de saída seletiva. os
neurotransmissores inibitórios podem abrir os
canais de K+ ou os canais de Cl– para induzir o efluxo
de K+ ou o influxo de Cl–, respectivamente. Ambos
os tipos de movimento de íons—a perda de cátions
intracelulares ou o ganho de ânions intracelulares—resultam em hiperpolarização da membrana e diminuição da
resistência da membrana. Por outro lado, um neurotransmissor excitatório pode abrir um canal específico de cátions,
como o canal de sódio, causando, dessa maneira, um influxo efetivo de íons sódio que despolariza a membrana.
Alternativamente, pode-se observar uma resposta excitatória (despolarizante) quando um neurotransmissor induz o
fechamento de “canais de extravasamento” de potássio para reduzir o fluxo de saída de íons potássio.

O que é o ácido gama-aminobutírico?


E o glutamato?

Oo

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De onde vem o GABA?


A síntese de GABA é mediada pela enzima descarboxilase do ácido glutâmico (GAD), que catalisa a descarboxilação
do glutamato a GABA nas terminações nervosas GABAérgicas. Por conseguinte, a quantidade de GABA presente no
tecido cerebral correlaciona-se com a quantidade de GAD funcional. A GAD necessita de fosfato de piridoxal
(vitamina B6) como co-fator. O GABA é acondicionado em vesículas pré-sinápticas por um transportador (VGAT),
que é o mesmo transportador expresso nas terminações nervosas que liberam glicina, outro neurotransmissor
inibitório.
Em resposta a um potencial de ação, ocorre liberação de GABA na fenda sináptica por fusão das vesículas
contendo GABA com a membrana pré-sináptica.O término da ação do GABA na sinapse depende de sua remoção
do espaço extracelular. Os neurônios e a glia captam o GABA através de transportadores de GABA (GAT) específicos.
Foram identificados quatro GAT, os GAT-1 até GAT- 4, exibindo, cada um deles, uma distribuição característica no
SNC. No interior das células, a enzima mitocondrial amplamente distribuída, a GABA-transaminase (GABA-T),
catalisa a conversão do GABA em semi-aldeído succínico (SSA), que é oxidado subsequentemente a ácido succínico
pela SSA desidrogenase, entrando, a seguir, no ciclo de Krebs, onde é transformado em alfa-cetoglutarato. A seguir,
a GABA-T regenera glutamato a partir de alfa-cetoglutarato.
Os fármacos que modulam os receptores de GABA afetam a reatividade e a atenção, a formação da memória, a
ansiedade, o sono e o tônus muscular. A modulação da sinalização GABA também constitui um mecanismo
importante para o tratamento da hiperatividade neuronal focal ou disseminada na epilepsia. O GABA medeia seus
efeitos neurofisiológicos através de sua ligação a receptores de GABA. Existem dois tipos de receptores de GABA.
Os receptores de GABA ionotrópicos (GABAA e GABAC) consistem em proteínas de membrana de múltiplas
subunidades que se ligam ao GABA e que abrem um canal iônico de cloreto intrínseco. Os receptores de GABA
metabotrópicos GABAB) são receptores heterodiméricos acoplados à proteína G que afetam as correntes iônicas
neuronais através de segundos mensageiros.
Vamos revisar? O que significa ...
GABA

GAD

VGAT

SSA

PIRIDOXAL

GABA-T

PROTEINA G

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classes e agentes farmacológicos que afetam a neurotransmissão gabaérgica


Os agentes farmacológicos que atuam sobre a neurotransmissão GABAérgica afetam o metabolismo do GABA ou a
atividade de seu receptor. Os agentes farmacológicos que afetam a neurotransmissão GABAérgica atuam, em sua
maioria, sobre o receptor GABAA ionotrópico. Os receptores GABAA são regulados por diversas classes de fármacos,
que interagem com os sítios de ligação do GABA ou com sítios alostéricos. Os agentes terapêuticos que ativam os
receptores GABAA são utilizados para sedação, ansiólise, hipnose, neuroproteção após acidente vascular cerebral ou
traumatismo cranioencefálico e controle da epilepsia. Vários outros agentes são utilizados para fins puramente
experimentais.

A)inibidores do metabolismo do GABA


mecanismo de ação:

efeito esperado, uso clínico:

exemplos:

B) agonistas e antagonistas dos receptores GABAA


mecanismo de ação:

efeito esperado, uso clínico:

exemplos:

C) MODULADORES DOS RECEPTORES GABAA

Benzodiazepínicos
mecanismo de ação:

efeito esperado, uso clínico:

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exemplos:

Barbitúricos
mecanismo de ação:

efeito esperado, uso clínico:

exemplos:

D)agonistas e antagonistas dos receptores GABAB


mecanismo de ação:

efeito esperado, uso clínico:

exemplos:

E o Glutamato?
O glutamato ou ácido glutâmico é um aminoácido neurotransmissor. Seu uso predominante não é como
neurotransmissor, mas como um aminoácido utilizado na biossíntese de proteínas. Quando usado como
neurotransmissor, é sintetizado a partir da glutamina na glia, que também auxilia na reciclagem e na regeneração de
mais glutamato após sua liberação durante a neurotransmissão. Quando liberado pelas vesículas sinápticas dos
neurônios glutamatérgicos, o glutamato interage com receptores presentes na sinapse e, em seguida, é transportado
para a glia adjacente por uma bomba de recaptação, conhecida como transportador de aminoácidos excitatórios
(EAAT, do inglês excitatory amino acid transporter).

Quais suas funções e a quais patologias esse neurotransmissor está relacionado?

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Referências:
As Bases Farmacológicas da Terapêutica. Goodman & Gilman. Brunton, Laurence L. Editora McGraw-Hill, Artmed, 12ª edição, 2012.
Princípios de Farmacologia. A Base Fisiopatológica da Farmacologia. GOLAN, David E. e col. Editora Guanabara Koogan, 3ª edição, 2014.
Farmacologia. Rang, H.P; Dale, M.M. Editora Elsevier, 8ª edição, 2016.

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