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Língua FUNÇÕES DA

Portuguesa LINGUAGEM

Leandro Santos

1. “… era um refinado mentiroso, pronto a enganar qualquer um com a O texto anterior é usado com o objetivo de influenciar o
sua língua bífida, que, neste caso, segundo o dicionário privado do comportamento do receptor da mensagem. Isso evidencia a presença
narrador desta história, significa traiçoeira, pérfida, aleivosa, desleal e da função
outras lindezas semelhantes.”
a) conativa.
Nesse trecho, o autor explica ao leitor a palavra por ele utilizada. Essa
função da linguagem é conhecida como b) fática.

a) referencial c) metalinguística.

b) fática d) poética.

c) emotiva e) expressiva.

d) poética 4.

e) metalinguística

2. O “PAI DOS BURROS” AGORA É ELETRÔNICO

Ela ia passando na Rua 1º de Março, no centro do Rio, quando, “plaft”,


um dicionário, jogado lá do alto, estalou na calçada, pertinho dela. A
mulher registrou queixa na secretaria do edifício.

Depois do Acordo Ortográfico, os dicionários estão na ordem do dia. Fiz


uma crônica sobre o assunto, e Rogério Frota Melzi, diretor de
Operações da Estácio, como sempre irônico e bem-humorado (bem-
Alexandre Beck, na construção de sua tirinha, tendo em vista a
humorado não perdeu o hífen), lembrou que o estrago seria menor se
intencionalidade de sua mensagem, utiliza recursos linguísticos que
a edição atirada pela janela fosse a eletrônica. De fato, faz diferença
evidenciam uma função de linguagem. O autor reforça a presença da
receber um CD ou um volume de milhares de páginas na cabeça. Disse
função (marque a única alternativa correta)
a ele que era um bom mote para uma nova crônica. Afinal, o “pai dos
burros” perdeu os dois hifens e agora é também eletrônico. Já hífen, no a) apelativa, pois o objetivo do emissor é persuadir seu interlocutor
singular, tem acento, mas hifens, no plural, não! sobre a dificuldade de escrever histórias em quadrinhos.

Determinadas funções são atribuídas à linguagem consoante as b) emotiva, pois o emissor coloca em evidência suas emoções em
intenções comunicativas. Nesse texto, predomina a função relação à composição de quadrinhos.

a) fática. c) poética, o texto verbal aborda os elementos estéticos da composição


de histórias em quadrinhos.
b) conativa.
d) metalinguística, pois o personagem tece comentários sobre a
c) emotiva.
construção do gênero textual quadrinhos.
d) poética.
e) conativa, o texto verbal aborda os recursos expressivos da
e) metalinguística. composição de histórias em quadrinhos.

3. 5.

A função da linguagem predominante na fala de Calvin, por testar o


canal de contato com outra pessoa, é a:

a) conativa (apelativa).

b) metalinguística.
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c) poética. Qual a pátria do poema?

d) denotativa. O caos da vida e a vida apenas?

e) fática. CAETANO, A. Disponível em: www.antoniomiranda.com.br. Acesso em:


27 set 2013 (fragmento).
Rios sem discurso
Além da função poética, predomina no poema a função
6. Quando um rio corta, corta-se de vez metalinguística, evidenciada
o discurso-rio de água que ele fazia; a) pelo uso de repetidas perguntas retóricas.
cortado, a água se quebra em pedaços, b) pelas dúvidas que inquietam o eu lírico.
em poços de água, em água paralitica. c) pelos usos que se fazem das figuras de linguagem.
Em situação de poço, a água equivale d) pelo fato de o poema falar de si mesmo como linguagem.
a uma palavra em situação dicionária: e) pela prevalência do sentido poético como inquietação existencial.
isolada, estanque no poço dela mesma, 8. Estojo escolar
e porque assim estanque, estancada; Rio de Janeiro – Noite dessas, ciscando num desses canais a cabo, vi
e mais: porque assim estancada, muda, uns caras oferecendo maravilhas eletrônicas, bastava telefonar e eu
receberia um notebook capaz de me ajudar a fabricar um navio, uma
e muda porque com nenhuma comunica, estação espacial.

porque cortou-se a sintaxe desse rio, [...] Como pretendo viajar esses dias, habilitei-me a comprar aquilo que
os caras anunciavam como o top do top em matéria de computador
o fio de água por que ele discorria. portátil.
João Cabral de Melo Neto. A educação pela pedra. No sábado, recebi um embrulho complicado que necessitava de um
manual de instruções para ser aberto.
No texto, predominam as seguintes funções da linguagem:

a) fática e referencial. [...] De repente, como vem acontecendo nos últimos tempos, houve
um corte na memória e vi diante de mim o meu primeiro estojo
b) referencial e conativa. escolar. Tinha 5 anos e ia para o jardim de infância.

c) metalinguística e poética. Era uma caixinha comprida, envernizada, com uma tampa que corria
nas bordas do corpo principal. Dentro, arrumados em divisões, havia
d) poética e conativa. lápis coloridos, um apontador, uma lapiseira cromada, uma régua de 20
cm e uma borracha para apagar meus erros.
e) metalinguística e fática.
[...] Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro que nunca esqueci e
7. Anatomia
que me tonteava de prazer. [...]
Qual a matéria do poema?
O notebook que agora abro é negro e, em matéria de cheiro, é
A fúria do tempo com suas unhas e algemas? abominável. Cheira vilmente a telefone celular, a cabine de avião, a
aparelho de ultrassonografia onde outro dia uma moça veio ver como
Qual a semente do poema? sou por dentro. Acho que piorei de estojo e de vida.
A fornalha da alma com os seus divinos dilemas? CONY, C. H. Crônicas para ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2009
(adaptado).
Qual a paisagem do poema?
No texto, há marcas da função da linguagem que nele predomina. Essas
A selva da língua com suas feras e fonemas?
marcas são responsáveis por colocar em foco o(a)
Qual o destino do poema?
a) mensagem, elevando-a à categoria de objeto estético do mundo das
O poço da página com suas pedras e gemas? artes.

Qual o sentido do poema? b) código, transformando a linguagem utilizada no texto na própria


temática abordada.
O sol da semântica com suas sombras pequenas?
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c) contexto, fazendo das informações presentes no texto seu aspecto 10.


essencial.

d) enunciador, buscando expressar sua atitude em relação ao conteúdo


do enunciado.

e) interlocutor, considerando-o responsável pelo direciona mento dado De acordo com as intenções comunicativas e os recursos linguísticos
à narrativa pelo enunciador. que se destacam, determinadas funções são atribuídas à linguagem. A
função que predomina nesse texto é a conativa, uma vez que ele
9. Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação
em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada a) atua sobre o interlocutor, procurando convencê-lo a realizar sua
quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse escolha de maneira consciente.
nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos b) coloca em evidência o canal de comunicação pelo uso das palavras
persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um “corrige” e “confirma”.
país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais
de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do c) privilegia o texto verbal, de base informativa, em detrimento do
Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação texto não verbal.
de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença,
saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me d) usa a imagem como único recurso para interagir com o público a que
embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um se destina.
poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em e) evidencia as emoções do enunciador ao usar a imagem de uma
idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo criança.
desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem
esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse 11. O Instituto de Arte de Chicago disponibilizou para visualização on-
poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou line, compartilhamento ou download (sob licença Creative Commons),
arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas 44 mil imagens de obras de arte em altíssima resolução, além de livros,
reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de estudos e pesquisas sobre a história da arte.
aparências’, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de
Ciro, e sim a “minha” Pasárgada. Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso das coleções
on-line de acesso aberto, além de democratizar a arte, vem ajudando a
Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de formar um novo público museológico. Grosvenor acredita que quanto
múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as mais pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas pessoais
funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem acontecerão aos museus.
predominante é
A coleção está disponível em seis categorias: paisagens urbanas,
a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o impressionismo, essenciais, arte africana, moda e animais. Também é
levaram à criação poética. possível pesquisar pelo nome da obra, estilo, autor ou período. Para
navegar pela imagem em alta definição, basta clicar sobre ela e utilizar
b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome a ferramenta de zoom. Para fazer o download, disponível para obras de
empregado em um famoso poema de Bandeira. domínio público, é preciso utilizar a seta localizada do lado inferior
c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o direito da imagem.
processo de escrita de um de seus poemas. Disponível em: www.revistabula.com.
d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).
poemas mais conhecidos de Bandeira.
A função da linguagem que predomina nesse texto se caracteriza por
e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua
dificuldade de compor um poema. a) evidenciar a subjetividade da reportagem com base na fala do
historiador de arte.

b) convencer o leitor a fazer o acesso on-line, levando-o a conhecer as


obras de arte.

c) informar sobre o acesso às imagens por meio da descrição do modo


como acessá-las.

d) estabelecer interlocução com o leitor, orientando-o a fazer o


download das obras de arte.

e) enaltecer a arte, buscando popularizá-la por meio da possibilidade


de visualização on-line.
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14. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética


do racismo
12. Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros
para curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a representação da
na tarefa é o aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e população negra, especialmente da mulher negra, em imagens de
disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android produtos de beleza presentes em comércios do nordeste goiano.
(Google). Ao ser conectado à rede wi-fi de cinemas e teatros, o app Evidencia-se que a presença de estereótipos negativos nessas imagens
sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na tela ou no palco com dissemina um imaginário racista apresentado sob a forma de uma
o espetáculo em andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração estética racista que camufla a exclusão e normaliza a inferiorização
em seu celular. sofrida pelos(as) negros(as) na sociedade brasileira. A análise do
material imagético aponta a desvalorização estética do negro,
O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos especialmente da mulher negra, e a idealização da beleza e do
III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem o recurso branqueamento a serem alcançados por meio do uso dos produtos
e filmes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do apresentados. O discurso midiático-publicitário dos produtos de beleza
Whatscine!”, diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para rememora e legitima a prática de uma ética racista construída e
o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se que o trabalho
Dança para adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço. antirracismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o uso de
Concorda?” estratégias para uma “descolonização estética” que empodere os
sujeitos negros por meio de sua valorização estética e protagonismo na
Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em 25 jun. 2014
construção de uma ética da diversidade.
(adaptado).
Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade.
Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção
do emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse SANT'ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a
fragmento, predomina a função referencial da linguagem, porque há a estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação básica. Margens
presença de elementos que Interdisciplinar. Versão digital. Abaetetuba, n. 16. jun. 2017 (adaptado).

a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo. O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca
característica do gênero resumo de artigo acadêmico. Na estrutura
b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora.
desse texto, essa função é estabelecida pela
c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva.
a) impessoalidade, na organização da objetividade das informações,
d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa. como em “Este artigo tem por finalidade” e “Evidencia-se”.

e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma b) seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em
indagação. “imaginário racista” e “estética do negro”.

13. “Escrever não é uma questão apenas de satisfação pessoal”, disse c) metaforização, relativa à construção dos sentidos figurados, como
o filósofo e educador pernambucano Paulo Freire, na abertura de suas nas expressões “descolonização estética” e “discurso midiático-
Cartas a Cristina, revelando a importância do hábito ritualizado da publicitário”.
escrita para o desenvolvimento de suas ideias, para a concretização de
d) nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na
sua missão e disseminação de seus pontos de vista. Freire destaca
formação de palavras, como “inferiorização” e “desvalorização”.
especial importância à escrita pelo desejo de “convencer outras
pessoas”, de transmitir seus pensamentos e de engajar aqueles que o e) adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista,
leem na realização de seus sonhos. como em “ética da diversidade” e “descolonização estética”.

KNAPP, L. Linha fina. Comunicação Empresarial, n. 88, out. 2013. 15. Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida República
Democrática Alemã, um operário alemão consegue um emprego na
Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos devem exercer, em
Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida pelos censores,
alguma medida, a função conativa, porque a atividade de escrita,
ele combina com os amigos: “Vamos combinar um código: se uma
notadamente, possibilita
carta estiver escrita em tinta azul, o que ela diz é verdade; se estiver
a) levar o leitor a realizar ações. escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.” Um mês depois, os amigos
recebem uma carta escrita em tinta azul: “Tudo aqui é maravilhoso: as
b) expressar sentimentos do autor. lojas vivem cheias, a comida é abundante, os apartamentos são
grandes e bem aquecidos, os cinemas exibem filmes do Ocidente, há
c) despertar a atenção do leitor.
muitas garotas, sempre prontas para um programa – o único senão é
d) falar da própria linguagem. que não se consegue encontrar tinta vermelha.” Neste caso, a
estrutura é mais refinada do que indicam as aparências: apesar de não
e) repassar informações. ter como usar o código combinado para indicar que tudo o que está
dito é mentira, mesmo assim ele consegue passar a mensagem. Como?
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Pela introdução da referência ao código, como um de seus elementos,


na própria mensagem codificada.

(Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.)

A “introdução da referência ao código, como um de seus elementos, na


própria mensagem codificada” constitui um exemplo de

a) eufemismo.

b) metalinguagem.

c) intertextualidade.

d) hipérbole.

e) pleonasmo.

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