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NEUROCIÊNCIA
1.2 Sinapse
É o local onde as células nervosas se comunicam umas com as outras. A
maior parte das sinapses é química (envolvendo os neurotransmissores), no entanto
algumas são apenas elétricas; nesses casos, as membranas das células estão em
contato1,3,8,9.
As sinapses são os locais de regulação do fluxo do impulso nervoso, de
natureza elétrica, e dependem de trocas iônicas nas membranas plasmáticas dos
neurônios1,6,10. Nesse local, o sinal elétrico que chega pelo axônio (pré-sináptico) é
transformado em sinal químico (nas sinapses químicas), na forma de
neurotransmissores, os quais são liberados na fenda sináptica para os receptores dos
dendritos pós-sinápticos. Como resultado o sinal poderá ser transmitido adiante
(excitado) ou impedido de seguir (inibido).
2.1 Neurotransmissores
Como indicado acima, as sinapses químicas implicam na presença de
neurotransmissores – substâncias que são armazenadas no neurônio pré-sináptico e
liberadas na fenda sináptica pela excitação desse neurônio, podendo excitar ou inibir o
impulso eletroquímico. Algumas drogas podem aumentar ou diminuir a ação dos
neurotransmissores, sendo chamadas de agonistas e antagonistas, respectivamente.
Neurotransmissor
Acetilcolina - ACh Controle motor na junção Nicotina é agonista da ACh,
entre nervos e músculos. podendo estimular sonhos
Também envolvida em vívidos, aumentar a atenção,
processos mentais como melhorar a resolução de
aprender, memorizar, dormir problemas e facilitar a
e sonhar. memória. Isso ocorre em
fumantes, tornando mais
difícil o abandono do vício,
que tanto mal faz à saúde
Monoaminas Regular os estados de excitação e afeto
(sentimento) e motivar o comportamento.
Adrenalina Produz uma explosão de Presente principalmente no
energia no corpo, envolvida resto do corpo, que não no
na reação de luta/fuga. cérebro.
Noradrenalina Inibir potenciais de ação, Encontrada principalmente
sendo importante para no cérebro. Produzida no
manter a atenção. lócus cerúleo, lesões nessa
Envolvida na excitação e estrutura reduzem a
vigilância (vigília), também capacidade de ignorar
no comportamento de comer estímulos distrativos.
e de buscar alimentos.
Dopamina Recompensa e motivação Ligada ao vício - muitas
para comportamentos drogas são agonistas da
importantes, como a dopamina (ex. cocaína
sobrevivência (adaptativos). bloqueia a reabsorção da
Controle motor sobre os dopamina, produzindo
movimentos voluntários. excitação e euforia
prolongados). A falta de
dopamina é relacionada a
doença de Parkinson.
Serotonina Estados mentais e controle Baixos níveis de serotonina
dos impulsos produzem humor triste e
Envolvida também no ansioso, desejo incontrolável
sonhar. de comer e comportamentos
agressivos
LSD é estruturalmente
semelhante a serotonina e se
unindo aos receptores
ligados ao sonhar, produz
alucinações
Aminoácidos Transmissores e inibitórios e excitatórios
gerais no cérebro
GABA ↓ Inibição dos potenciais de Inibidor primário do SN –
Ácido gama-aminobutírico ação para manter equilíbrio hiperpolariza as membranas
sináptico. pós-sinápticas. Sem sua
Ansiedade e intoxicação. ação inibidora haveria
descontrole da excitação
sináptica, gerando, por
exemplo, crises epiléticas.
Drogas que afetam sistema
GABA são usadas para
transtornos de ansiedade,
insônia e estresse. O álcool
estimula o sistema GABA,
produzindo efeito relaxante
e coordenação motora
alterada
4 – NEUROANATOMIA FUNCIONAL
Como vimos acima, o sistema nervoso central é composto pela medula e
encéfalo, e este composto pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico ou tronco cerebral
(Figura 3). Agora vamos observar melhor essas estruturas e suas funções2,7,11.
Figura 3 – Tronco encefálico
4.3 Cerebelo
Localiza-se atrás do tronco encefálico, ligando-se a este por fibras nervosas.
Similar ao cérebro, possui um córtex formado por substância cinzenta, e um interior
com fibras nervosas, onde se localizam seus núcleos centrais.
O cerebelo tem uma quantidade impressionante de células, cerca de 1/3 de
todos os neurônios do SNC, o que contrasta com o resto dessa estrutura, visto ser o local
que possui mais neurônios do que qualquer outra parte do cérebro. Contém circuitos
complexos e rápidos, que controlam a motricidade e equilíbrio corporal. Pela medula
espinhal, recebe aferências sensoriais e cinestésicas de todo corpo; do córtex recebe
informações motoras e ainda integra inputs dos órgãos vestibulares. Isso lhe permite
papel importante no controle dos movimentos, da postura e do equilíbrio corporal.
Possui dois hemisférios, sendo que cada um deles controla a musculatura do seu mesmo
lado (ipselateral), oposto do que ocorre com os hemisférios cerebrais. Ele também
participa dos movimentos delicados (motricidade fina).
Existem ainda evidências de que esteja envolvido em várias outras
atividades, como processos cognitivos, memória, controle de impulso e também aparece
relacionado à fisiopatia do autismo, TDAH e esquizofrenia.
Ainda que seu papel mais óbvio esteja relacionado ao aprendizado motor
não consciente, e talvez até na atividade psicológica automática, é curioso notar que
quando o cerebelo é completamente removido, em especial em jovens, estes conseguem
retomar seu funcionamento quase normal, o que sugere que essa misteriosa estrutura
pode ter se desenvolvido como apoio ao restante do cérebro.
4.4 Cérebro
Dividido em duas estruturas, o diencéfalo, com suas subestruturas, e o
telencéfalo ou prosencéfalo, composto por estruturas mais externas, o córtex cerebral
(casca) e internas ou subcorticais2,7,11.
Iniciemos pelo diencéfalo – que tem como principais estruturas o tálamo e
hipotálamo. O tálamo, mede cerca de 1 centímetro; ele recebe, processa e retransmite
praticamente todas as informações sensoriais e motoras que circulam para o córtex e
núcleos profundos11. Como um portão de entrada, ele controla o fluxo dessas
informações; por exemplo, durante o sono ele se fecha, impedindo a passagem de
informações para permitir que o cérebro descanse. O sentido do olfato é o único que não
passa por esse portão, visto ser mais antigo e fundamental dos sentidos, tendo direção
direta para o córtex.
O hipotálamo é bem menor que o tálamo, algo como o tamanho de um grão
de ervilha. Ele “é a estrutura reguladora mais importante do cérebro e é indispensável
para sobrevivência do organismo”.
Ele é responsável por regular as funções vitais – temperatura corporal,
ritmos circadianos, pressão sanguínea e nível de glicose – e, para esses fins, impele o
organismo por meio de impulsos fundamentais como sede, fome, agressão e
sensualidade..
Sua principal função é a manutenção da homeostase, recebendo informações
sobre as condições dos órgãos internos do corpo e também do meio externo. Baseado
nelas, atua por conexões com o sistema nervoso visceral periférico (parassimpático e
simpático), com o sistema límbico e com o sistema endócrino. Constitui-se no principal
centro regulador das atividades viscerais, podendo gerar respostas simpáticas ou
parassimpáticas. Muito importante para a regulação das emoções, é região nodal do
sistema límbico, relacionando-se com as amígdalas, com o septo e o hipocampo. Nele
ocorre a interação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, principais reguladores
do organismo.
O hipotálamo produz ainda os hormônios ocitoxina, vasopressina
(antidiurético) e polipeptídios, liberando-os na pituitária, para controlá-la. A pituitária é
considera a “glândula chefe”, visto que libera hormônios que controlam as demais
glândulas endócrinas do organismo e ainda determina os processos de desenvolvimento,
ovulação e lactação. Dessa forma o hipotálamo influencia todo o sistema endócrino. No
entanto, essa influência é regulada pelas informações que recebe sobre os níveis
sanguíneos dos hormônios produzidos pelas glândulas.
O hipotálamo regula a temperatura corporal, a ingestão de alimentos e a
ingestão e eliminação de água. Pelo seu núcleo supraquiasmático – o relógio do
organismo – e as informações que obtém da retina, também controla os ritmos
circadianos do corpo, integrando-os aos ciclos de claro e escuro da natureza. Ele é ainda
um centro importante na interação neuroimunológica, ou seja, entre o sistema nervoso e
o sistema imune.
O hipotálamo governa o desenvolvimento sexual e reprodutivo e o
comportamento. Ele é um dos únicos lugares no cérebro humano onde existem claras
diferenças entre homens e mulheres, devido às influências hormonais precoces durante
o desenvolvimento do sistema nervoso. Ratas fêmeas expostas a altos níveis de
testosterona ainda dentro do útero desenvolvem uma organização hipotalâmica mais
típica de ratos machos – a chamada masculinização fetal. Diferenças nas estruturas
hipotalâmica podem influenciar a orientação sexual. Utilizando métodos post mortem,
LeVay (1991) descobriu que o hipotálamo anterior tinha apenas a metade do tamanho
nos homens homossexuais se comparados aos heterossexuais. De fato, o tamanho dessa
área nos homens homossexuais era comparável ao seu tamanho nas mulheres
heterossexuais.
O telencéfalo ou prosencéfalo é composto por uma porção mais externa, o
córtex cerebral, ligado às funções mentais, e por estruturas mais internas, ditas
subcorticais (abaixo do córtex), tais como o hipocampo – relacionado à memória – e a
amígdala, crucial à emoção; essa estrutura é tão importante para o organismo que
aparece organizada no que se chamou de sistema límbico. Temos ainda os núcleos de
base, ligados aos movimentos.
Os núcleos ou gânglios de base localizam-se na base do cérebro; são
essenciais no planejamento voluntário dos movimentos corporais, visto estarem ligados
às regiões motoras do córtex frontal. Os núcleos de base recebem comandos dessas
regiões e as enviam aos centros de movimento do tronco encefálico. Simultaneamente,
por meio do tálamo, têm retroalimentação daquelas regiões de comando. Incluem o
corpo estriado, núcleo subtalâmico e a substância negra. O núcleo acumbente (ou
acumbens) e pálido ventral são extensões do corpo estriado, o qual é importante no
planejamento e controle corporal. A doença de Parkinson tem sido relacionada à falta do
neurotransmissor dopamina, relacionada ao corpo estriado e ao núcleo accumbens.
O sistema límbico (Figura 4) é localizado na borda do hemisfério cerebral
(limbo = margem), é composto por várias regiões corticais (giros cingulado e para-
hipocampal, córtex entorrinal e algumas áreas pré-frontais), subcorticais telencefálicas
(hipocampo, complexo amigdaloide, septo), diencefálicas (hipotálamo e algumas áreas
talâmicas) e do tronco encefálico (área tegmental ventral).
Figura 4 – Sistema límbico
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BOA LEITURA!!