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1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 62
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 DESENVOLVIMENTO HUMANO
Fonte: he.utexas.edu.com
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O desenvolvimento é ao longo da vida, ou seja, cada fase da vida é
influenciada e desempenhada pela fase anterior e exerce impacto na
próxima etapa;
O desenvolvimento depende da história e do contexto, ou seja, os seres
humanos se desenvolvem em uma variedade de ambientes ou
condições, afetando o ambiente que por ele é influenciado, interagem
e/ou participam ou são responsáveis pelo processo de mudança;
O desenvolvimento é multidimensional e multidirecional,
correspondendo ao equilíbrio entre crescimento e declínio, entre outras
palavras, os indivíduos ganham em determinado aspecto como
vocabulário, experiências, conhecimentos, etc., mas perdem em outras
áreas, como a capacidade de resolver problemas desconhecidos,
habilidades motoras físicas etc.
Vale ressaltar a importância da escola no desenvolvimento infantil (primeira e
segunda infância), pois as necessidades das crianças nessa fase concentram-se no
brincar, onde elas exploram e ao mesmo tempo aprendem a cuidar de si, ou tomar
iniciativa e comunicação. Além disso, as atividades recreativas e a sua frequência
também afetam o aprendizado e a retenção de conhecimento das crianças. As
motivações para programas educacionais devem ser acompanhadas por cursos
intensivos contínuos (ARAÚJO et al, 2017 apud SANTOS G, et al., 2019).
Fadel, Alves e Fillus (2015 apud SANTOS G, et al., 2019) e Cardoso e
Rodrigues (2016 apud SANTOS G, et al., 2019) acrescentam que essas atividades
lúdicas são vistas como formas de cuidado infantil, por exemplo, jogos e músicas
podem ser usados para engajar profissionais da educação (como professores) e
também as crianças, como formas de explorar o universo (ambiente que a circundam)
e as formas como o conhecimento é gerado/retido, atividades essas que constitui um
meio facilitador do compartilhamento de informações e de motivação das crianças.
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A importância de estudar o desenvolvimento humano é que podemos aprender
sobre características comuns de uma determinada faixa etária em termos de
desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial, ajudando a identificar a
individualidade e, portanto, obter informações que permitam interpretar o
comportamento e as atitudes dos sujeitos. Em outras palavras, representa a
descoberta de que o indivíduo é o produto da interação de múltiplos fatores que foram
elucidados. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002 apud SANTOS G, et al., 2019).
Ainda sobre o desenvolvimento, Papalia, Olds, Feldman (2013 apud SANTOS
G, et al., 2019) salientam o quanto a natureza do desenvolvimento é (1) passiva, em
conformidade com o modelo mecanicista, assim dizendo, são tidas como máquinas
que reagem aos estímulos ambientais ou (2) ativa, já de acordo com o modelo
organísmico, ou melhor, “(...) os seres humanos são organismos ativos e em
crescimento e o seu próprio desenvolvimento está em andamento. Eles
desencadeiam eventos, e não apenas reagem a eles. (...)”. (PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2013, p. 66 apud SANTOS G, et al., 2019).
Em termos de teoria do desenvolvimento humano, destacam-se as
abordagens, do psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980 apud SANTOS G, et al.,
2019) e do soviético Lev Semenovich Vygotsky, do médico psicanalista Freud e do
psicanalista Erikson (1896-1933 apud SANTOS G, et al., 2019).
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reconheça que foi descolado dela, e isso só acontece dentro dos limites da existência
dentro desse outro, ou seja, um modelo subjetivo como referência. Portanto, antes do
Eu existe (m) o (s) outro (s). (GODOI; CARGNIN; UCHÔA, 2017 apud SANTOS G, et
al., 2019).
A crença básica da teoria do desenvolvimento de Freud limita-se a
comportamentos controlados por poderosos impulsos inconscientes. Sob a
psicanálise (uma teoria da psique humana individual), Freud atribuiu fantasias, de tal
maneira, presentes na criança em um estágio inicial de desenvolvimento, um recurso
importante para a integridade da criança, para que ela pudesse lidar com a realidade
enfrentada (seja agradável ou desagradável, de acordo com a percepção do indivíduo)
(GUIMARAES; KONDERA; PORTELA, 2018 apud SANTOS G, et al., 2019).
Godoi, Cargnin e Uchoa (2017 apud SANTOS G, et al., 2019) articulam a
importância da psicanálise como forma de pensar o sujeito, um ser complexo com
dimensões racionais e irracionais. No que diz respeito às instituições, estas são
importantes para a construção do indivíduo, principalmente a escola, que se constitui
como um espaço no qual se cruzam impulsos, anseios, ideais, diferentes identidades
e desejos e, mais importante, um reconhecimento do desconhecido que é relacionado
as estranhezas e suas impossibilidades.
Para SANTOS G, et al., (2019) no que diz respeito às fases do desenvolvimento
psicossocial defendidas por Erikson, destacam-se oito, a saber:
Confiança e desconfiança, são básicas, (nascimento aos 12-18
meses), nesta fase, o bebê terá a ideia de se o mundo é um lugar bom
e seguro;
Autonomia e vergonha e também a dúvida. (12-18 meses aos 3 anos)
a criança encontra um equilíbrio entre autossuficiência, independência,
dúvida e vergonha.
Atitude e culpa (3 aos 6 anos), dessa forma, as crianças desenvolvem
iniciativa ao experimentar novas atividades e não são dominadas pela
culpa;
Produtividade e inferioridade (6 anos à puberdade), as crianças
devem aprender habilidades culturais ou enfrentar sentimentos
de inaptidão;
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Identidade e confusão de identidade, (da adolescência ao início da
idade adulta). Os adolescentes devem determinar sua identidade
pessoal (“Quem sou eu? ”) Ou ficar confusos quanto aos papéis;
Intimidade e isolamento (idade adulta jovem) nesse caso, os
Indivíduos buscam compromisso com os outros; em caso de fracasso,
podem experimentar isolamento e auto absorção
Geratividade e estagnação (idade adulta) adultos maduros estão
preocupados em construir e orientar novas gerações que de outra forma,
sentem o empobrecimento pessoal; e, por fim,
Integridade e desespero (idade adulta tardia) essa etapa da vida,
quando a pessoa chega na fase de senilidade ou senescência, a pessoa
idosa alcança a aceitação de sua própria vida, o que lhe permite aceitar
a morte, caso contrário ele se desesperaria. Por causa da incapacidade
de reviver a vida.
Quanto ao desenvolvimento humano segundo a hipótese de Piaget e Vygotsky,
discutem-se as principais semelhanças e contradições. De acordo com o teórico
positivista Piaget, o mesmo tenta aproximar e diferenciar crianças de adultos usando
métodos mais quantitativos do que qualitativos em suas pesquisas. Suas teorias
tentavam explicar detalhadamente todas as fases do desenvolvimento humano,
especialmente da infância até os doze anos, SANTOS G, et al., (2019).
De acordo com SANTOS G, et al., (2019) para a conceituação do
desenvolvimento, Piaget esclarece o desenvolvimento cognitivo da criança em quatro
estágios, veja abaixo:
O sensório motor: Do nascimento aos 2 anos, os bebês são gradualmente
capazes de organizar atividades relacionadas ao ambiente por meio de atividades
sensoriais e motoras;
Pré-operatório: isso inclui as idades de 2 a 7 anos, durante as quais a
criança desenvolve um sistema representacional e usa símbolos para
representar pessoas, lugares e eventos. Linguagem e o uso da
imaginação/brincadeiras é uma importante manifestação deste estágio.
Os pensamentos ainda não são lógicos;
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Operações concretas: entre os 7 e os 11 anos, caracteriza-se pela
capacidade de resolver problemas de forma lógica, mas não abstrata,
quando a criança está focada no aqui e agora e, finalmente,
Operações formais: em estágios que vão dos 11 anos até a idade
adulta, a pessoa pode pensar de forma abstrata, lidar com situações
hipotéticas e pensar em possibilidades. (ANDRADE; STADLER;
PILLATI, 2009; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006 apud SANTOS G, et
al., 2019).
Na visão de Vygotsky, o desenvolvimento da criança passa por três etapas,
primeiro pela influência social, pelo egocentrismo, até chegar ao interior que para o
autor se constitui no pensamento reflexivo e abstrato. (ARANHA, 2016 apud SANTOS
G, et al., 2019). O pensamento de Vygotsky envolvia a corrente do construtivismo.
Enquanto para Piaget a característica chave da lógica infantil é o egocentrismo, para
Vygotsky se resume à necessidade de conceber o pensamento social, que Piaget
ignorou nos primeiros estágios da infância. (Andrade; Stadler; Pilatti, 2009 apud
SANTOS G, et al., 2019).
Para corroborar essa ideia, Aranha (2016, p. 12 apud SANTOS G, et al., 2019)
esclarece: “Para Piaget, o desenvolvimento da criança é biológico, enquanto Vygotsky
entende a transferência do conhecimento do social para o individual porque a criança
nasce no mundo social”.
Essa falta do social na criança é o que leva essa pesquisa ser baseada na
teoria histórico-cultural, pois quando observado, os dados e a pesquisa de
campo, fica muito claro que a criança tem sim uma atividade social intensa,
porque ela a todo o momento está partilhando com o outro, e embora esteja
fazendo suas conjecturas internas, isso se torna mais evidente e sólido,
quando discutido com colegas da mesma idade. (ANDRADE; STADLER;
PILLATI, 2009, p. 814 apud SANTOS G, et al., 2019).
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Na dinâmica do desenvolvimento, ao nível da genética social, mantém-se certa
homogeneidade entre membros de uma determinada cultura que vivenciam o mesmo
momento histórico em determinado grupo social. Em relação ao programa
microgenético, destacam-se as peculiaridades do desenvolvimento psicológico, o qual
não ocorre da mesma forma para dois sujeitos distintos (Oliveira, 2004 apud ARAÚJO;
2008). O desenvolvimento pessoal ou individual, nesse sentido, caracteriza-se pelo
"processo de identificação e distinção criativa dos indivíduos dentro de um grupo
social" (Vasconcellos & Valsiner, 1995, p. 88 apud ARAÚJO; 2008), considerando uma
de suas características como criatura que se humaniza. As relações entre interações
sociais e contextos culturais são historicamente construídas.
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E é necessário porque o desenvolvimento é uma configuração infindável e não
chega ao fim, não podemos ficar diante dele simplesmente descrevendo
características perceptíveis ou especificando características esperadas. Em vez disso,
procuramos examinar dialeticamente o desenvolvimento de fenômenos psicológicos
específicos (Vygotsky, 2003 apud ARAÚJO; 2008). Assim, na abordagem sócio-
histórica, diferentemente da visão positivista, ela é concebida como:
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cultural moldada por seu sentido pessoal, que se torna externalizada e,
portanto, entra no processo de comunicação com as demais pessoas como
parte do sistema de sugestão social (p. 53).
Esses fatores são considerados fatores universais da mesma forma que explica
como acontece o desenvolvimento humano, são quatro pontos básicos, não fazem
parte de uma teoria em particular, são fatores universais, esses fatores são
necessários para o desenvolvimento humano, independente de teoria. Eles são:
Hereditariedade: ela tem ligação exatamente com a genética, ou seja,
aquilo que é hereditário, aquilo que nós passamos para outro de uma
forma genética, aquilo que iremos passar para nossa prole. Entende –
se que é o conjunto de pessoas que descendem de um indivíduo ou de
um casal e chamamos de descendência. E a hereditariedade irá
influenciar no desenvolvimento humano através da carga genética.
Crescimento orgânico: o mesmo apresenta características ligadas
com os aspectos físicos sobre a questão corporal. O aspecto físico irá
permitir que a estruturação do esqueleto, portanto de acordo com o
crescimento e o desenvolvimento da criança ela poderá alcançar os
objetos que antes ela não conseguia pegar.
Maturação neurofisiológica: ela irá permitir o padrão de
comportamento, e irá influenciar as estimulações ambientais onde
podem alterar os padrões de comportamentos do ser humano. Podemos
dizer também que isso é aspecto físico-motor e faz parte também do
crescimento orgânico. Portanto, é ela que vai permitir que o indivíduo
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desenvolva capacidades novas e diferentes, em vários momentos de
seu desenvolvimento.
Meio: É o um conjunto de influencias e estímulos que existem no
ambiente e é uma característica muito interessante porque pode alterar
os padrões de comportamento do indivíduo, porque sabemos que cada
pessoa tem a sua singularidade e cada um é constituído numa interação
entre o meio e o indivíduo.
Chega – se a conclusão que para que o ser humano se desenvolva é
necessário que aconteça esses quatros fatores. Compreende – se que o
desenvolvimento humano implica em conhecer todas as características comuns de
cada faixa etária, para possamos reconhecer todas as suas individualidades e dessa
maneira tornar- se mais claro para que possamos observar e interpretar os
comportamentos e como eles acontecem.
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Para entender as propriedades da função cerebral, é necessário considerar que
a forma final do cérebro humano apareceu há apenas 100.000 anos. O cérebro dos
primatas surgiu há cerca de 20 milhões de anos, e o processo evolutivo começou a
construir o encéfalo humano de hoje, capaz de fazer todos os tipos de ações
maravilhosas e medíocres. Entender se o cérebro funciona como um todo ou suas
partes de forma independente, estruturando os pensamentos, é o que impulsiona a
pesquisa moderna. (Gazzaniga, Ivry, & Mangum, 2006 apud OLIVEIRA; 2012).
Os neurocientistas sempre estiveram interessados em saber se o cérebro
representa e processa informações de forma modular ou distribuída. De acordo com
a teoria da modularidade ou localizacionista, o cérebro está localizado em
subcomponentes ou "módulos", cada um dos quais é especializado para representar
um tipo específico de informação, OLIVEIRA; (2012).
Em contraste, a teoria holística sustenta que qualquer informação,
independentemente do tipo, é processada por diferentes partes do cérebro, e que
qualquer área do cérebro deve representar muitas categorias de informação. A
neurociência contemporânea é construída sobre uma base sólida de descobertas
pessoais, cada uma das quais desempenhou um papel em desvendar os mistérios do
cérebro e como ele se relaciona com nossos pensamentos e comportamento,
OLIVEIRA; (2012).
As visões sobre como o cérebro funciona mudaram e continuam a mudar nos
últimos cem anos. No século XIX, entre 1810 e 1819, o frenologista Franz Joseph Gall,
acreditava que as protuberâncias na superfície do crânio refletiam a convolução da
superfície do cérebro e sugeriam certos traços de caráter (como generosidade, timidez
e destruição) podia estar relacionada às dimensões da cabeça. Assim, acredita-se
que funções cognitivas básicas, como linguagem e percepção, esperança e
autoestima, sejam mantidas por regiões específicas do cérebro, OLIVEIRA; (2012).
Para sustentar seu argumento, Gall e seus seguidores coletaram e mediram
cuidadosamente centenas de crânios de pessoas diferentes representando por vários
tipos de personalidade, desde os mais privilegiados até criminosos e lunáticos. Essa
nova "ciência" que liga a estrutura da cabeça aos traços de personalidade é chamada
frenologia – phrenos = mente e logos = estudo. (Bear et al., 2008 apud OLIVEIRA;
2012).
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Gall propõe ainda que o centro de cada função mental aumenta de tamanho
como resultado do uso, da mesma forma que o exercício aumenta o tamanho de um
músculo. Esse aumento no tamanho da região do cérebro pode levar à deformação
do crânio. Então, cerca de 200 anos atrás, Gall foi pioneiro no conceito de que
diferentes funções mentais estão localizadas em diferentes partes do cérebro –
localizacionismo cerebral, mas ele estava errado sobre como o cérebro faz isso.
(Kandel, Schwartz & Jessell, 2000 apud OLIVEIRA; 2012).
Mais tarde, a frenologia foi rejeitada e descartada pela comunidade científica
como uma forma de charlatanismo e pseudociência, de importância apenas histórica,
e foi substituída pelos campos em desenvolvimento da psicologia e da neurociência.
Poderíamos dizer, ainda que equivocadamente, que os frenologistas tiveram um papel
relevante nos avanços iniciais da neurociência moderna. Hoje sabemos que existe
uma clara divisão de trabalho no encéfalo, com diferentes partes desempenhando
funções muito diferentes, OLIVEIRA; (2012).
Em 1861, o neurologista francês Paul Broca foi creditado como o cientista que
influenciou a comunidade científica a determinar a localização da função cerebral.
Broca descreveu um caso em que um paciente conseguia entender o que foi dito a
ele, mas não conseguia falar. Este paciente não apresentava nenhum problema motor
aparente com sua língua, boca ou cordas vocais que pudesse interferir em sua fala,
OLIVEIRA; (2012).
Ele conseguia dizer uma palavra e cantar uma melodia sem dificuldade, mas
não conseguia falar a gramática ou utilizar frases completas, nem tampouco
conseguia expressar seus pensamentos por escrito. O exame do cérebro desse
paciente, após sua morte, revelou uma lesão posterior do lobo frontal esquerdo –
região agora conhecida como área de Broca, OLIVEIRA; (2012).
Com base em um estudo com oito pacientes com situações semelhantes, o
neurocientista concluiu que essa região do cérebro humano é especificamente
responsável pelo controle da expressão motora da fala, (Kandel et al., 2000 apud
OLIVEIRA; 2012).
O trabalho de Paul Broca estimulou a exploração dos locais corticais de outras
funções comportamentais específicas. Em 1870, na Alemanha, o fisiologista Gustav
Fritsch e o psiquiatra Eduard Hitzig, descobriram que a estimulação elétrica de certas
áreas do cérebro do cão produzia movimentos característicos dos membros. Eles
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descobriram que movimentos isolados eram controlados por regiões bem definidas do
córtex e que esses movimentos da pata eram gerados pela estimulação do giro pós-
central do córtex motor contralateral. A descoberta levou neuroanatomistas a realizar
uma análise mais detalhada do córtex cerebral e de sua organização celular,
OLIVEIRA; (2012).
Assim, em humanos, a mão direita, geralmente usada para escrever e para
ações que exigem habilidades, é controlada pelo mesmo hemisfério esquerdo que
controla a linguagem e, na maioria das pessoas, o hemisfério esquerdo é considerado
dominante (Kandel et al., 2000 apud OLIVEIRA; 2012), o hemisfério direito é
responsável pelo pensamento lógico e habilidades de comunicação, pensamento
simbólico e criatividade. Nos canhotos, a função é invertida. Diz-se que o hemisfério
esquerdo é dominante porque contém a área de Broca responsável pelas habilidades
motoras e linguagem e a área do córtex de Wernicke responsável pela compreensão
da linguagem verbal.
Carl Wernicke desenvolveu uma teoria direcionada para linguagem por volta do
ano de 1876 a partir do estudo de um caso de uma vítima de acidente vascular
cerebral. Neste trabalho, Wernick descreve um novo tipo de afasia - um distúrbio de
linguagem que está associado à compreensão, mas não à execução. O paciente de
Broca conseguia entender, mas não conseguia falar, o paciente de Wernicke
conseguia falar, mas não conseguia entender a linguagem porque o paciente não
conseguia entender o que ele dizia. De acordo com Wernicke, as funções mentais não
estão localizadas em regiões específicas do cérebro, mas cada função é amplamente
expressa em todo o córtex, OLIVEIRA; (2012).
Ele propôs que apenas as funções mentais mais básicas, aquelas relacionadas
às atividades perceptivas e motoras mais simples, estarão localizadas em áreas
corticais distintas, e as funções intelectuais mais complexas surgirão das
interconexões entre as diversas áreas funcionais, OLIVEIRA; (2012).
Ao colocar o princípio da localização funcional na perspectiva da conectividade,
Wernicke reconhece que diferentes componentes de um mesmo comportamento
serão processados em áreas do cérebro, distintas. Wernicke formulou, dessa forma,
a primeira evidência para a ideia de processamento distribuído, que é atualmente, a
ideia central para nossa compreensão do funcionamento cerebral (Kandel et al., 2000
apud OLIVEIRA; 2012).
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As regiões envolvidas na linguagem - área de Wernicke e área de Broca - foram
os primeiros modelos coerentes de organização linguística. De acordo com esse
modelo, os estágios iniciais do processamento de palavras faladas ou escritas
ocorrem em áreas sensoriais específicas do córtex que se especializam no
processamento de informações auditivas ou visuais, e muito do que se sabe sobre a
localização da linguagem vem de estudos de afasia. (Kandel et al, 2000 apud
OLIVEIRA; 2012).
Assim como a linguagem fornece evidências anatômicas convincentes, traços
emocionais e traços de personalidade também são definidos anatomicamente,
segundo o psicólogo Michael Posner e o neurologista Marcus Raichle em 1988.
Embora a localização do afeto (emoções) ainda não esteja mapeada de maneira
precisa, como as funções motoras e sensórias, foram demonstradas de maneira
contundente. (Kandel, Schwartz, & Jessell, 2003 apud OLIVEIRA; 2012). No entanto,
não conseguimos confirmar essa ideia porque cometemos o mesmo erro dos antigos
frenologistas ao tentar buscar explicações anatômicas para funções corticais
superiores, como já mencionado anteriormente.
No final do século XIX, os médicos e histologistas Camillo Golgi e Santiago
Ramón y Cajal detalharam a descrição das células nervosas, levando a uma grande
revolução na compreensão do sistema nervoso. Golgi desenvolveu um método para
a coloração de neurônios com sais de prata, observando ao microscópio sua estrutura:
o corpo celular e os ramos dendríticos de um lado e os axônios em forma de cabo do
outro, OLIVEIRA; (2012).
Cajal conseguiu corar os neurônios individualmente usando a técnica de Golgi.
Ele foi o primeiro a identificar não apenas a natureza única dos neurônios, mas a única
direção da transmissão de informações elétricas dos dendritos para os terminais
axônicos (Gazzaniga et al., 2006 apud OLIVEIRA; 2012).
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Fonte: ufjf.br (Área de Brodmann)
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Atualmente, isso mudou porque a lógica não leva em conta a hipótese de que
o cérebro possa de alguma forma se reorganizar após uma lesão, com outras regiões
envolvidas nessa função. Assim, o déficit resultante não reflete totalmente a pura
ausência da área lesada, mas é o resultado de uma reorganização funcional do
sistema, OLIVEIRA; (2012).
Essa dúvida foi esclarecida com o advento da imagem funcional
computadorizada do sistema nervoso. Com essas técnicas, é possível gerar imagens
precisas do fluxo sanguíneo cerebral ou do metabolismo neuronal em indivíduos
normais e representá-las em diferentes cores para diferentes medidas. (Lent, 2010
apud OLIVEIRA; 2012).
Desenvolvimentos tecnológicos, ressonância magnética, tomografia e outros
testes nos permitiram estudar melhor o cérebro. Os avanços na tecnologia - estudos
de imagem, como FMRI - ressonância magnética funcional, permitem obter
informações detalhadas sobre a estrutura e função do cérebro de várias maneiras, por
exemplo, nos ajuda a determinar quais regiões do cérebro são relativamente mais
ativas quando ocorre o pensamento, emoção ou comportamento correspondente.
Hoje, é possível determinar onde e quando processos cognitivos específicos ocorrem
no cérebro. Essas informações podem determinar a ordem em que diferentes partes
do cérebro se tornam ativas quando alguém realiza uma tarefa, bem como verificar se
duas tarefas envolvem a mesma parte do cérebro da mesma maneira, ou se há
diferenças consideráveis entre elas. (Eysenck & Keane, 2007 apud OLIVEIRA; 2012).
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Experimentos como esses apoiam fortemente o argumento localizacionistas de
que o sistema nervoso funciona como um mosaico de regiões, cada uma responsável
por desempenhar uma função específica. No entanto, como alerta Lent (2010 apud
OLIVEIRA; 2012), isso não significa que essas regiões funcionem isoladamente. Pelo
contrário, dado o número e variedade de conexões neurais, o grau de interação entre
elas é muito alto.
Isso é natural, pois não existe uma função puramente mental, mas sim uma
combinação complexa de ações físicas e mentais em cada ação que um indivíduo
realiza. Tendo em vista que, a função psicológica superior, faz parte da base
neurológica do desenvolvimento humano, porque a mesma auxilia a maturação
neurológica do indivíduo, da maneira em que as funções neuronais se desenvolvem
e molda quem o ser humano é. OLIVEIRA; (2012).
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celular, sistêmica, comportamental e cognitiva. A neurociência cognitiva é a ciência
do pensamento, aprendizado, memória, uso da linguagem, desempenho de
habilidades e o papel da emoção, e também na construção do conhecimento e
desenvolvimento humano.
O estudo desta ciência permitirá compreender disciplinas específicas
relacionadas com o sistema nervoso central, dando contribuições inestimáveis para a
educação e sociedade na formação constante de pessoas. Pessoas que são
"humanas" em experiência e atitude, estão interconectadas como Homo sapiens-
Homo sapiens, usar razão, inteligência e emoção e sentimento nas relações
interpessoais e interpessoais. Outro aspecto importante relacionado à pesquisa do
cérebro e da neurociência é a descoberta da neuroplasticidade, ou seja, a plasticidade
neural que nos permite aprender continuamente, BONI; (2016).
A plasticidade neural, pode ser pensada como uma descoberta recente de
neurocientistas relacionada a decifrar o funcionamento de nossos cérebros, porém,
se analisada adequadamente, perceberemos sinais de plasticidade que fazem parte
da estrutura do cérebro humano desde o início, BONI; (2016).
Relvas (2010 apud BONI; 2016) pondera, que por meio da história e da
ciência comprovou-se, que o ser humano passou por grandes processos de
modificações desde a era homo demens até chegar às capacidades atuais
de razão, inteligência e emoções, homo sapiens. Desta forma comprovou-se
a olhos vistos que, assim como as estruturas corporais, as estruturas
neuronais e as capacidades inteligíveis também foram modificadas através
do tempo.
O mesmo autor (2010 apud BONI; 2016) esclareceu que os primatas, no seu
modo de vida singularmente e nômade, têm demonstrado capacidade de adaptação
a habitats em mudança, temperatura, aprender a se proteger e garantir a alimentação;
esses são sinais da capacidade do cérebro de se adaptar a novos ambientes,
espaços, culturas e evento. Essa habilidade é inerente ao ser humano e existe desde
o início da existência.
Nesse sentido, Andrews (2011, p. 93 apud BONI; 2016) afirma que “podemos
moldar sistematicamente os circuitos emocionais do cérebro da mesma forma que
moldamos o corpo exercitando os músculos, aumentando assim nossa satisfação
básica com a vida”. Dessa maneira, confirma a suposição de que nossos cérebros
são sensíveis a mudanças e experiências externas.
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Segundo Relvas (2010 apud BONI; 2016), durante décadas, pensou-se que o
cérebro fosse imutável, ou seja, nasce e permanece o mesmo ao longo da vida. No
entanto, pesquisas neurocientíficas comprovam que nosso cérebro é um baú de
surpresas que muda a cada nova experiência, reafirmando a existência da
Plasticidade Neural.
Dessa forma, praticar atividades diversas e desafiadoras como exercícios
cognitivos, ou seja, leitura, caça-palavras, charadas, enigmas, praticar atividade física,
participar de ambientes divertidos, fazer cálculos, aprender novos jogos de tabuleiro,
pode se tornar uma ótima forma de acompanhar. Um cérebro saudável, pois essas
atividades aumentam o nível de produção de endorfina, o que resulta em uma
sensação de bem-estar, BONI; (2016).
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Com o mesmo raciocínio, Bartoszeck e Bartoszeck (2007 apud BONI; 2016)
concordam com as considerações de Piaget e explicam brevemente o motivo do
período crítico, a saber, incluindo os dez (10) anos de vida desde o nascimento, que
é o período mais favorável para o desenvolvimento de habilidades importantes que
nós nesta faixa etária e acompanhá-los para sempre. Na tabela abaixo, serão
fornecidas evidências sobre períodos críticos ou janelas de oportunidade resultantes
do desenvolvimento do cérebro.
Neste sentido Piaget (2004, p. 17 apud BONI; 2016) coloca que muitas vezes
mal se suspeitou da importância deste período; e isto porque ele não é
acompanhado de palavras que permitem seguir passo a passo, o progresso
da inteligência e dos sentimentos, como mais tarde. Mas, na verdade, é
decisivo para todo o curso de evolução psíquica: representa a conquista,
através da percepção e dos movimentos, de todo o universo prático que cerca
a criança.
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Outro aspecto importante abordado por Piaget (2004 apud BONI; 2016) é o
surgimento da linguagem, o período pré-operatório, incluindo 2 a 7 anos de idade, isso
pode levar a mudanças dramáticas tanto emocional quanto intelectualmente. Assim,
à medida que a linguagem reconstrói seu comportamento, as crianças tornam-se
capazes de prever seu comportamento futuro por meio de expressões verbais. Como
pode ser entendido a partir dos conceitos dos autores acima, esses períodos sensório-
motores e pré-operatórios são fundamentais para o desenvolvimento humano e,
portanto, podem ser entendidos como estando dentro dos chamados períodos críticos
ou janelas de oportunidade.
Como pode ser visto nesta frase, a plasticidade neural é a chave para nossa
existência, pois continua a se desenvolver ao longo da vida. Isto é O desenvolvimento
contínuo que nos permite aprender e principalmente (re) aprender a qualquer
momento. Para entender melhor como a plasticidade ocorre, é necessário focar na
compreensão de como os neurônios funcionam. Nesse sentido, Roberto Lent (2010,
p. 19 apud BONI; 2016) em “Cem Bilhões de Neurônios? ” Afirma que o cérebro
humano possui cerca de “85 bilhões de neurônios”.
Relvas (2009, p. 40 apud BONI; 2016) mais uma vez vem de encontro com a
escrita e dialoga afirmando que um neurônio pode receber ou enviar entre
1.000 a 100.000 conexões sinápticas em relação a outros neurônios,
dependendo do seu tipo e localização no sistema nervoso. O número e a
qualidade de sinapses em um neurônio podem variar, entre outros fatores,
pela experiência e aprendizagem, demonstrando a capacidade plástica do
Sistema Nervoso.
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Fonte: infoescola.com
Nesse sentido, Oliva, Dias e Reis (2008 apud BONI; 2016) reiteram que nossas
ações, pensamentos e sentimentos são viabilizados por meio de sinapses que surgem
pela plasticidade ao longo do desenvolvimento, principalmente pela experiência de
vida. Esse estímulo ambiental muda o curso de nossas vidas e estimula nosso cérebro
a viver vidas mais longas e saudáveis.
Para ajudar a explicar, Cosenza e Guerra (2011, p. 13 apud BONI; 2016)
afirmam que “um neurônio pode muitas vezes fazer sinapse com centenas de outros
neurônios, enquanto recebe informações de centenas de outras células”. Depois de
entender a função dos neurônios e seus grupos de células, pode-se supor que a
plasticidade não existe apenas no desenvolvimento normal do cérebro. Ou como
resposta à experiência, como também ocorre em resposta à lesão cerebral, tentando
reorganizar o sistema nervoso central.
Assim, dados neurocientíficos sugerem que quando Quanto mais precoce a
lesão, ou seja, ainda na infância, o cérebro lesado tem maior capacidade de se
regenerar devido à maior plasticidade do “novo” cérebro, e quando a função
neurológica é limitada, os neurônios podem se adaptar e assumir outros devido à
função de certas lesões, regenere suas células e crie novas conexões sinápticas,
BONI; (2016).
28
A plasticidade neural pode ser considerada compensatória, e Lent (2010 apud
BONI; 2016) discute a plasticidade maléfica e a plasticidade benéfica. A maléfica
apresenta evidências que a plasticidade pode ser danosa ao indivíduo, pois quando o
cérebro perde um membro, o cérebro lembra e faz o membro sentir, o que é definido
como dor fantasma do membro ausente, ou seja, considerada a causa da dor. Já a
plasticidade benéfica pode ser entendida como uma adaptação a funções ausentes,
como as que são cegas desenvolve outros sentidos mais aguçados para ajudá-lo a
entender o mundo, como a audição e o sistema tátil refinado, que permite
compreensão e aceleração Leitura em braile.
Enfim, a pesquisa relacionada à neurociência, enfatizando a plasticidade neural
motiva a estudar a função da vida cerebral, e ela pode ser apoiada principalmente no
ensino e no trabalho interdisciplinar nas escolas, quando o educador entende que o
aluno é um ser integral, principalmente que todos nós somos baseados em novas
experiências. Considerando que o cérebro é altamente plástico, em geral, uma
aparência sensível e holística terá resultados positivos no processo de ensino, ou seja,
a plasticidade neural faz com que estejamos sempre preparados para novos
aprendizados, por isso que é considerada um dos principais aspectos que contribuem
para o desenvolvimento saudável do sistema nervoso central, BONI; (2016).
Fonte: br.freepik.com
29
As compreensões de fenômenos humanos que são complexos envolvem o
estudo das dimensões históricas do desenvolvimento dos processos mentais, ou seja,
a análise da evolução da estrutura cerebral por meio de bases históricas e culturais.
Este é o caminho da pesquisa de Vygotsky, que propõe teorias sobre o homem, a
origem e a formação do homem, ZAMONER; (2012).
Com base no pensamento marxista, ele distinguiu dois períodos da filogenia
humana. A primeira inclui a evolução biológica, que Charles Darwin explicou em sua
Teoria da Evolução. A segunda, definida como história humana, é delineada por Marx
e, de forma mais completa, por Engels (VEER & VALSINER, p. 1999, p. 211 apud
ZAMONER; 2012).
Vygotsky, procurou desenvolver um método para descrever e explicar as
funções mentais superiores, identificando os mecanismos cerebrais subjacentes a
uma determinada função, detalhando sua história ao longo do desenvolvimento,
visando estudar a relação entre formas simples e complexas do comportamento
humano em que ocorre o desenvolvimento de um determinado comportamento. Dessa
forma, ele enfatiza a origem social da linguagem e do pensamento como elemento
estrutural do desenvolvimento das funções psicológicas superiores. (VYGOTSKY,
2007, p. XXIII-XXV apud ZAMONER; 2012).
Ao abordar que esses eram os produtos da atividade cerebral, ele se tornou um
dos primeiros defensores da ligação da psicologia cognitiva experimental com a
neurologia e a fisiologia, que propõe uma compreensão do desenvolvimento de
padrões de pensamento complexos (funções mentais/psicológicas superiores) de
acordo com a teoria marxista da história social humana, ZAMONER; (2012).
Vygotsky usa a abordagem materialista-histórica-dialética para explicar a
transição dos processos psicológicos básicos para os complexos com base nas
inferências de Marx, de que, “mudanças históricas na sociedade e na vida material
produzem mudanças na “natureza humana” (consciência e comportamento) ”
(VYGOTSKY, 2007, p. XXV apud ZAMONER; 2012).
30
portanto, são adquiridos no domínio da cultura por meio da interação social
com os outros. Argumentando desta maneira, Vygotsky impunha um papel
limitado à evolução biológica e à base genética do comportamento humano.
O comportamento, em sua opinião, de fato possuía uma base genética, e
essa base tinha sua origem na evolução biológica, mas ela estava restrita aos
processos inferiores. Os processos superiores especificamente humanos
desenvolviam-se na história humana e tinham que ser dominados de novo
por cada criança humana em um processo de interação social (VEER &
VALSINER, p. 1999, p. 211 apud ZAMONER; 2012).
31
Os indivíduos se organizam construindo seu próprio trabalho a sua relação
entre si e com a natureza, gera e internaliza a cultura, ou seja, a forma como o ser
humano existe deste ponto de vista, o homem é um complexo de várias relações
sociais, produto da experiência histórica e cultural humana. É uma presença em uma
construção permanente construída no espaço social e no tempo histórico. É um sujeito
ativo, transformador, construído na interação com o meio social. Assim, o sujeito
desenvolve e produz cultura em uma relação dialética com o mundo, ZAMONER;
(2012).
32
Vygotsky enfatizou que o estudo das funções psicológicas superiores requer a
compreensão das raízes biológicas e das formas culturais básicas do comportamento
humano, cujas origens permeiam a apropriação de ferramentas culturais concretas e
simbólicas, essencialmente por meio da linguagem, defendendo:
34
características são ilustradas pelo desenvolvimento da inteligência
pragmática, atenção autônoma e memória.
Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal.
Todas as funções no desenvolvimento infantil aparecem duas vezes:
primeiro no nível social, depois no nível individual; primeiro entre as
pessoas (interpsicológico) e depois dentro da criança (intrapsíquico). O
mesmo se aplica à atenção voluntária, memória lógica e formação de
conceitos. Todas as funções superiores derivam da verdadeira relação
entre os indivíduos Humanidade.
A transformação de um processo interpessoal é o resultado de uma série
de eventos que ocorrem durante o desenvolvimento.
De acordo com Vygotsky, "O momento mais importante no desenvolvimento
intelectual, a forma puramente humana que produz a inteligência prática e abstrata,
ocorre quando acontece a atividade verbal e prática, e então duas linhas de
desenvolvimento inteiramente separadas se convergem". (2007, pp. 11-12 apud
ZAMONER; 2012).
As crianças começam a usar o simbolismo das palavras para interações
sociais, superando o pensamento prático e desenvolvendo o pensamento
conceitual/abstrato. O processo de internalização pode ser conceituado como
aprendizado simbólico e, portanto, envolve arquiteturas complexas de processos e
componentes cognitivos, pois constituem uma expressão abrangente de mecanismos
organizacionais e cerebrais de planificação, atenção, integração, processamento e
elaboração, Segundo Lurian, o desenvolvimento cognitivo é caracterizado e
estruturado por sistemas funcionais, ZAMONER; (2012).
Dessa forma, o foco na compreensão dos mecanismos cerebrais subjacentes
ao funcionamento mental/psicológico, foi um dos principais elementos do trabalho de
Vygotsky, posteriormente desenvolvido por seu colaborador Luria na forma de teoria
neuropsicológica. No contexto da pesquisa em desenvolvimento humano, Vygotsky
afirma:
36
conhecimento é alterado e modificado. Ele ganha mais compreensão estudando os
mecanismos e todos os processos pelos quais os indivíduos passam para entender
suas ideias.
Moreira e Masini (2001 apud TIRADENTES et al., 2018) revisaram a teoria de
Piaget e recordam que se trata do desenvolvimento mental e não de
aprendizagem, embora sua aplicação ao ensino/aprendizagem seja um consenso
entre os estudiosos do processo cognitivo.
Piaget (2011 apud TIRADENTES et al., 2018) entende que por meio do
processo de aquisição do conhecimento, os indivíduos precisam compreender sua
realidade e modificar seu comportamento na vida real. Para ele, no processo de
aquisição de novos conhecimentos, o sujeito é um organismo ativo que seleciona as
informações do mundo exterior, as filtra e lhe dá sentido.
(Piaget, 1985 apud TIRADENTES et al., 2018 apud TIRADENTES et al., 2018).
Entender que são atividades do cérebro humano baseadas em coisas físicas, ou seja,
usando jogos matemáticos, fazendo com que o sujeito esteja ativo mesmo que
mentalmente.
Vygotsky (1998 apud TIRADENTES et al., 2018) acredita que o
desenvolvimento cognitivo das crianças é importante, ajuda a linguagem a formar
conceitos para que possa ser aprendida através do contato com adultos, os conceitos
possam ser absorvidos e as características possam ser compreendidas. Ele
compreende a importância do desenvolvimento cognitivo, que para ele não é
construído apenas pelos indivíduos, mas é um construto comum, e por meio de sua
cultura.
37
A mente é uma estrutura cognitiva projetada para funcionar de maneira
perfeitamente equilibrada, capaz de se reorganizar e se adaptar ao ambiente, exigindo
a assimilação de experiências de vida, sejam assimiladas um fator importante para o
desenvolvimento mental. Pensando assim, Piaget (2011 apud TIRADENTES et al.,
2018) destaca que o indivíduo passa por fases de desenvolvimento cognitivo em
diferentes idades e, independentemente de seus hábitos, dessa forma passam por
todas as fases de realização do potencial.
38
Todo o processo de desenvolvimento de adaptação, assimilação e equilíbrio
(equilíbrio segundo Piaget) ocorre em diferentes fases em crianças de diferentes
idades e qualidades. Portanto, o desenvolvimento cognitivo é um processo contínuo
e ininterrupto que passa por etapas e as crianças passam por todas as etapas, mas
isso não significa que todos sejam iguais; cada criança se desenvolve à sua maneira
e em seu próprio tempo, SILVEIRA L; (2013).
De acordo com Moro (1987, p. 20 apud SILVEIRA L; 2013), Piaget acreditava
que as "construções estruturais da inteligência humana são universais" seguem
sempre a mesma ordem em que aparecem. No entanto, a idade real das crianças no
que diz respeito à apresentação dessas estruturas variou de um sujeito para outro e
de um grupo para outro. Segundo Piaget (1963 apud SILVEIRA L; 2013), as etapas
são: sensório-motor, pré-operatório, operação específica e operação formal.
39
Estágio cognitivo pré-operatório:
Quando a emergência das habilidades simbólicas ocorre por volta dos dois
anos de idade, como aponta Terra (2011 apud FERRARI D; 2014), a emergência da
linguagem pode trazer mudanças significativas e necessárias nos aspectos cognitivos,
emocionais e sociais da criança, visto que há a possibilidade de interações
interindividuais e que consequentemente vai proporcionar principalmente a
capacidade de atribuir significado à realidade usando representações, portanto,
percebeu que o desenvolvimento das ideias é ainda mais acelerado nesta fase, pois
a linguagem possibilita as conexões sociais. Naquele momento, a situação mudou
drasticamente, pois com a linguagem e a capacidade de se expressar por meio do
jogo simbólico e do imaginário mental levou a criança internalizar a ação e, assim,
ganhar significado.
Como aponta FERRARI D; (2014), o estágio pré-operacional é representado
por um grande avanço desenvolvimentista na geração de poder simbólico. O
desenvolvimento da linguagem trouxe três consequências para a vida psicológica da
criança, a saber: socialização do comportamento e comunicação entre os indivíduos;
desenvolvimento da intuição e desenvolvimento do pensamento, e do pensamento da
linguagem, nasce a teoria final, ou seja, o finalismo (porquês), e os animismos, e por
fim o artificialismo.
Segundo Papallia (2000 apud FERRARI D; 2014), além da função simbólica
(pensar em algo sem ter que olhar para ele), as crianças nessa fase podem
desenvolver uma compreensão de identidade (a ideia de que as pessoas e muitas
coisas permanecem o mesmo), e até mudar de aparência, de causa e efeito (o mundo
é organizado e ela pode fazer as coisas acontecerem), capacidade de
classificar (organizar objetos, pessoas e eventos em categorias significativas) e
compreensão de números (contar e manipular quantidades).
Esse avanço todo ocorre porque segundo Biaggio (2000 apud FERRARI D;
2014), esse período a criança já não lida apenas com sensações e
movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo)
de um significado concreto (objeto ausente), ampliando assim em muito o seu
vocabulário e formando sentenças mais complexas.
40
Embora Papallia (2000 apud FERRARI D; 2014) tenha mostrado que a segunda
infância é uma fase de grandes conquistas, Biaggio (2000 apud FERRARI D; 2014)
acrescentou que, além disso, o estágio pré-operatório também foi definido em termos
negativos, ou seja por meio de tarefas não realizáveis por crianças dessa idade. São
elas conforme Papallia (2000 apud FERRARI D; 2014):
De acordo com FERRARI D; (2014), centração: vários aspectos não
são considerados ao mesmo tempo, mas apenas um é focado.
Conforme FERRARI D; (2014), confusão entre aparência e realidade:
trata-se de um mal-entendido entre aparência e realidade, por exemplo,
se uma criança vê um recipiente de leite, então coloca óculos que fazem
o leite parecer verde, e é perguntado que cor é o leite, ela responde que
é verde.
Para FERRARI D; (2014), irreversibilidade: a criança não entende que
uma operação pode ter dois ou mais significados, e que alguns
fenômenos são reversíveis, como a água se transformando em gelo e
novamente em água.
Como aponta FERRARI D; (2014), foco mais nos estados do que nas
transformações: As crianças veem um mundo em um quadro estático,
não entendem a transição de um estado para outro.
Segundo FERRARI D; (2014), raciocínio transdutivo: a criança vê
uma situação como base para outra e estabelece uma relação causal
entre as situações, por exemplo, a criança acredita que um dos pais se
divorciou por má conduta.
FERRARI D; (2014) conceitua o egocentrismo: embora o pensamento
da criança mude rapidamente, o egocentrismo persiste, pois observa-se
que nesta fase, o sujeito ainda não concebe uma realidade à qual não
pertence, devido à falta de esquemas conceituais e de lógica. Rodrigues
et al. (2005 apud FERRARI D; 2014) acrescentam que nesta fase a
leitura da realidade é incompleta e unilateral, pois as crianças priorizam
aspectos que são mais relevantes aos seus olhos e a reversibilidade das
ideias é impossível, pois as crianças não conseguem organizar objetos
e eventos em categorias lógicas gerais.
41
Um aspecto central dessa fase é, inclusive, o desenvolvimento da linguagem,
que, segundo Balestra (2007 apud FERRARI D; 2014), gera novos esquemas e facilita
a reconstrução de esquemas previamente formados, para a construção do
pensamento simbólico em substituição ao sujeito sobre o objeto pela sua evocação e
representação mental. O pensamento simbólico pode superar as limitações da etapa
anterior sobre o conceito de tempo e espaço, e essa nova capacidade de operar a
partir de representações mentais leva a uma superação gradual do subjetivismo da
criança e, portanto, a uma maior objetividade na aquisição do conhecimento.
42
o mundo concreto para desenvolver a abstração. No entanto, este período é
caracterizado por uma lógica interna consistente e pela capacidade de resolver
problemas específicos. Nesse estágio, você também começa a entender a
conservação de volume, massa e comprimento.
43
correspondem a operações proposicionais e estes podem ser expressos por notação
algébrica, o raciocínio corresponde diretamente às transformações que ligam essas
operações. Por outro lado, essas transformações correspondem ao próprio cálculo,
que é inerente a essa álgebra. É assim que o ato inteligente equivale a agrupar
operações entre si (Filho, 1988 apud RIZZI C; et al., 2004).
44
Piaget (1969 apud MOTA M; et al., 2001), são aqueles que mais contribuíram
para uma melhor compreensão do processo de construção do conhecimento de um
indivíduo. Apresentamos as ideias básicas de Piaget sobre o processo de
desenvolvimento mental e construção do conhecimento (l969, p.14 apud MOTA M; et
al., 2001), que são adaptação, assimilação e acomodação. Piaget disse que os
indivíduos estão constantemente interagindo com seu ambiente.
Essa interação leva a uma mudança contínua, que chamamos de adaptação.
Semelhante ao significado de biologia, usa o termo adaptação para designar os
processos que levam à constante mudança de um indivíduo devido à sua constante
interação com o meio ambiente, MOTA M; et al., (2001).
Conforme MOTA M; et al., (2001), esse ciclo adaptativo é constituído por dois
subprocessos: assimilação e acomodação. A assimilação está relacionada à
apropriação de conhecimentos e habilidades. O processo de assimilação é um dos
conceitos básicos da teoria do ensino. Faz-nos compreender que o ato de aprender é
um ato de conhecimento no qual assimilamos mentalmente os fatos, fenômenos e
relações do mundo, da natureza e da sociedade através do estudo das matérias
ministradas. Nesse sentido, podemos dizer que a aprendizagem é uma relação
cognitiva entre o sujeito e o objeto do conhecimento.
Como caracteriza MOTA M; et al., (2001), a acomodação ajuda a reorganizar e
revisar os planos anteriores de assimilação de um indivíduo para adaptá-los a cada
nova experiência, adaptando-os às estruturas mentais existentes. Portanto, a
adaptação é um equilíbrio entre assimilação e acomodação que requer mudança
individual. A inteligência cumpre uma função adaptativa, pois é por meio dela que o
indivíduo coleta informações do ambiente e as reestrutura para compreender melhor
a realidade em que vive, na qual atuo para mudá-la.
Para Piaget (1969, p.38 apud MOTA M; et al., 2001), A inteligência é a forma
mais elevada de adaptação, ou seja, o desenvolvimento mental, em sua organização
progressiva, é uma forma mais precisa de adaptação à realidade. Deve-se sempre ter
em mente que Piaget usou a palavra "adaptação" no mesmo sentido que biologia, ou
seja, uma modificação que ocorre em um indivíduo devido à sua interação com o meio
ambiente. Assim, é no processo de construção e aquisição de conhecimentos que a
aprendizagem se desenvolve, superando as dificuldades que sentem na assimilação
dos conhecimentos adquiridos.
45
5 CONCEITOS ACERCA DA ADOLESCÊNCIA
Fonte: gge.com.br
46
A adolescência tem todos esses aspectos, sendo a maioria fruto desse
processo de amadurecimento. LEVINSKY (1995 apud ALVES; 2020) define a
adolescência como uma etapa do processo evolutivo que deve se desenvolver, o que
é natural à psicologia. Isto é Uma das etapas que mais exige atenção devido às
mudanças no corpo, chegando à puberdade na descoberta da sexualidade, namoros
e ações relacionadas.
De acordo com HAMBURG & HAMBURG (1985 apud ALVES; 2020), A
adolescência é um processo caracterizado por: "Estágio crítico na formação de
hábitos comportamentais e de comportamento social. Os hábitos adquiridos nesta
idade podem ter importância-chave para a vida futura dos adolescentes e permitir ou
impedir que eles usem todo o seu potencial...".
Coerente com o pensamento de Freud, a transição entre a infância e a
adolescência é um momento doloroso, pela necessidade de lidar com muitas
mudanças em um curto período de tempo, não acredita em fantasias infantis, novas
escolhas e ideias, busca novos conhecimentos e novas experiências (FREUD, 1925
apud ALVES; 2020).
A adolescência é uma etapa crítica no desenvolvimento humano, pois é
considerada um momento de transição em que ocorrem mudanças físicas e
psicológicas, possibilitando a entrada no mundo adulto e o desenvolvimento de
conceitos e perspectivas. (VYGOTSKY, 2006 apud ALVES; 2020).
47
Para SILVA; (2011) os teóricos da adolescência há muito concordam que a
transição da infância para a idade adulta é acompanhada pelo desenvolvimento de
uma nova qualidade de pensamento, caracterizada pelo pensamento sistemático,
lógico e hipotético, como já mencionado anteriormente.
Fonte: br.freepik.com
50
Em sua conceituação, nem o ego/self nem a sociedade são primários ou
secundários, o mundo externo contribui para os desejos do homem, o homem faz
escolhas entre as possibilidades e restrições de seu ambiente e constrói seu mundo.
No que diz respeito ao desenvolvimento psicossocial adulto, Levinson (1977 apud
AGUDO; 2008) propõe-se a existência de estruturas vivas, uma sequência de
períodos relativamente ordenada, há períodos estáveis durante os quais as estruturas
são construídas, alternando com períodos de transição durante os quais as estruturas
existentes são modificadas.
Durante o período estável, a principal tarefa é construir uma estrutura de vida,
que é o resultado de escolhas humanas fundamentais, cada ciclo dura cerca de seis
ou sete a dez anos, e tem suas tarefas adicionais específicas, distinguindo outros
períodos estáveis (Levinson, 1977 apud AGUDO; 2008). O período de transição, por
outro lado, costuma durar de quatro a cinco anos e finaliza a estrutura existente,
criando assim a possibilidade de uma nova estrutura.
Como tal, suas principais tarefas incluem questionar e reavaliar as estruturas
existentes, explorar as possibilidades de mudança do eu e do mundo e trabalhar em
escolhas críticas para novas estruturas de vida no próximo período estável. Cada
período de transição também tem tarefas diferentes, refletindo o período no ciclo de
vida associado. O período de transição é assim uma ponte entre duas fases mais
estáveis, uma zona de fronteira, que envolve um processo de mudança de uma
estrutura para outra, AGUDO; (2008).
A transição deve permitir a aceitação das perdas envolvidas no termino, avaliar
o passado, decidir quais aspectos do passado que se devem manter e quais rejeitar,
e começar o futuro (Levinson, 1977 apud AGUDO; 2008). Justifica-se a existência dos
tempos, a macroestrutura do ciclo vital, que fornece um mapa da ordem básica do
processo vital geral desde o nascimento até a velhice. Cada época tem suas
qualidades únicas e unificadoras, e a transição de uma era para outra não é simples
nem de curta duração.
51
A juventude é vista como um dos maiores momentos de energia e abundância,
mas também uma das maiores contradições e pressões. Assim os jovens devem
construir uma estrutura de vida que conecte o eu à sociedade adulta, construa seu
novo lar, se defina como adulto iniciante e lide com suas escolhas iniciais em relação
a carreiras, relacionamentos amorosos, estilos de vida e valores. As idades de 40 a
45 anos são consideradas o período de transição da meia-idade e (Mid-life Transition),
pertencendo tanto à segunda quanto à terceira era, a meia idade e (Middle Adulthood),
AGUDO; (2008).
Nesse ponto, o autor argumenta que nos tornamos mais compassivos e sábios,
e menos sujeitos a conflitos internos e exigências externas. Por fim, define o período
de transição para a idade adulta sênior, ou seja, Idade Adulta Avançada, (Late Adult
Transition) dos 60 aos 65 anos, que é o início da última era, a da Idade Avançada
(Late Adulthood), AGUDO; (2008).
Os autores não argumentam que a ordem desses períodos estruturais da vida
decorre apenas de processos de maturação ou da influência socializadora de um
único sistema social, mas é o produto de sua combinação, o produto da influência de
origens biopsicossociais, AGUDO; (2008).
52
Em seu aspecto intrínseco, envolve maior distinção entre o ego/self e os
pais, maior distanciamento psicológico da família e menor dependência emocional ao
apoio e autoridade parental. Quanto à segunda tarefa, a partir do mundo adulto, os
jovens terão que fazer escolhas mais claras, definir metas e obter maior auto definição
na vida adulta, AGUDO; (2008).
Dos 22 aos quase 28 ou 29 anos, a experiência de entrar no mundo adulto,
onde uma estrutura de vida inicial é criada e testada, proporciona uma conexão entre
o eu e a sociedade adulta (Levinson, 1977 apud AGUDO; 2008). Deve haver uma
transição do lugar da criança na família de origem para um novo adulto, em um novo
lar, mais de si mesmo, plenamente no mundo adulto. Há vários esforços aqui, dois
dos quais devem ser destacados, podemos evidenciar como tarefa principal, tais
como: explorar as possibilidades disponíveis e criar estruturas estáveis.
Este período de desenvolvimento tem suas características distintivas, e essas
duas tarefas coexistem com alguns contrastes. Por um lado, o adulto iniciante deve
expandir seus horizontes, manter suas opções abertas e experimentar, antes de
decidir um compromisso firme. Por outro lado, os jovens também são obrigados a
fazer escolhas firmes e assumir responsabilidades adultas. Assim, um dos pontos de
vista pode ser dominante em um determinado momento, mas o outro nunca está
completamente ausente, e o equilíbrio entre eles pode variar muito (Levinson, 1977
apud AGUDO; 2008).
É pelos 28 ou 29 anos que se começa a dar a Transição dos Trinta Anos (Age
Thirty Transition), que providencia a oportunidade para trabalhar nas falhas
da previamente formada estrutura de vida e para criar uma estrutura mais
satisfatória para o período seguinte. Esta transição é vivida até perto dos 32
ou 33 anos, e pode ser vivida de um modo relativamente sereno, em
continuidade com a vida que se tem vindo a construir, ou ser sentida como
uma transição dolorosa – a crise dos trinta anos. Neste último caso, pode
sentir-se que a integridade de todo o processo está em causa, e que está
iminente o perigo de caos e perda do futuro. Levinson (1977 apud AGUDO;
2008) realça que esta crise dos trinta não é uma crise de adolescência
atrasada, nem uma precoce crise de meiaidade, sendo caracterizada pelas
tarefas de desenvolvimento do período da Transição dos Trinta Anos.
53
tarefas do estágio de iniciante é formar um sonho do tipo de vida que se quer ter como
adulto, e dar a ele um lugar na estrutura da vida.
Os sonhos, em sua forma original, são sentidos vagos do eu no mundo, com
qualidades visuais que produzem excitação e vitalidade. Nesta fase, é fundamental
dar uma maior definição ao sonho e encontrar uma forma de o concretizar. Levinson
(1977 apud AGUDO; 2008) ressalta que muitas vezes há um conflito entre a direção
de vida expressa pelo sonho e uma direção de vida muito diferente, que pode ser
pressionada pela família, circunstâncias externas ou caráter pessoal. O autor
considera o "sonho adulto" como um fenômeno típico da transição dos jovens para o
mundo adulto, e acredita que embora possa ter se originado na infância e
adolescência, é claramente um fenômeno adulto. É na Transição da Idade Adulta
Jovem que ganha forma e é gradualmente integrado, ou excluído, da estrutura de vida
adulta; uma indicação clara do estágio de iniciante é fundamental para essa tarefa.
Os adultos iniciantes também devem formar relacionamentos significativos com
outros adultos que facilitem o trabalho dos seus sonhos, sendo dois dos personagens
principais "mentores" e "mulheres especiais". (Levinson, 1977 apud AGUDO; 2008).
Construir relacionamentos com mentores é outra tarefa importante no estágio de
iniciante (Levinson, 1977 apud AGUDO; 2008). Essa relação é uma das mais
complexas e importantes no início da idade adulta, definida não por papéis formais,
mas por suas características e funções.
Os mentores são uma combinação de professores, conselheiros e patronos é
na generalidade mais velha meia geração, com idades entre 8 e 15 anos, experientes
e qualificados em um mundo em que os jovens entram. Ele não é uma figura parental,
mas uma figura de transição. Os jovens ganham mais à medida que os
relacionamentos crescem seu senso de autonomia, o equilíbrio dar/receber se torna
mais equilibrado e o relacionamento se torna mais mútuo, AGUDO; (2008).
Os pesquisadores acrescentaram que essa relação é muitas vezes a duração
média é de 2 a 3 anos, geralmente um máximo de 8 a 10 anos, dos quais a
interiorização desta figura significante é uma enorme fonte de desenvolvimento na
idade adulta. Segundo Levinson (1977 apud AGUDO; 2008), a terceira tarefa
fundamental dos adultos iniciantes é projetar uma carreira, o que raramente é um
processo fácil ou direto.
54
Autor ressalta que muitas vezes as carreiras são assumidas como sendo
conduzidas de forma estável e pacífica, mas em sua pesquisa essa não era a norma,
o caminho não necessariamente mais saudável do que outros. De fato, é verdade que
os autores consideram essa tarefa além da fase de iniciação da adolescência. Para
quem está comprometido com a carreira desde cedo, para quem ainda não decidiu e
para quem está fazendo grandes mudanças na faixa dos 20 e 30 anos, AGUDO;
(2008).
Finalmente, a quarta grande tarefa desta etapa é a construção do casamento e
da família, cujo processo começa no período de transição da Idade Adulta Jovem e
continua nos períodos que se sucedem (Levinson, 1977 apud AGUDO; 2008). O autor
dá especial atenção aos homens, argumentando que a tarefa primordial do
desenvolvimento é formar competência no relacionamento adulto com o sexo oposto,
passando algum tempo educando os jovens sobre seus recursos internos, suas
fraquezas as mulheres e o que elas oferecem, exigem e recusam.
Levinson (1977 apud AGUDO; 2008) descreve especificamente a relação com
mulheres especiais, argumentando que essa relação é única. Essa mulher em
particular é vista como uma verdadeira mentora porque sua qualidade especial está
em sua conexão com o sonho de um homem, ajudando a inspirar a parte do eu que o
contém. Essa mulher os ajuda a entrar no mundo adulto e perseguir seus sonhos,
servindo como professora, guia, anfitriã, crítica e matrona. A mulher especial é
também uma figura transitória, encorajando a sua ambição, ao mesmo tempo que
Aceite suas dependências e incompletude.
A partir do exposto, pode-se entender como Erikson ou Levinson são escritores
que possibilitam a reflexão sobre a vida adulta e suas transições. Mais recentemente,
Jeffrey Arnett (1998, 2000 apud AGUDO; 2008) propôs um estágio específico de
desenvolvimento, a idade adulta, argumentando que a entrada na vida adulta ocorre
nesse período, entre a adolescência e a idade adulta. Este estágio é criado por causa
da longa transição para a idade adulta nas sociedades industrializadas ocidentais.
Este conceito foi proposto desde o início Como um período geral, mas apenas em
culturas onde a entrada em papéis e responsabilidades adultas é adiada para além
da adolescência e dos anos teens, e, consequentemente, é principalmente encontrada
em países industrializados que requeiram um alto nível educacional (Arnett, 2000
apud AGUDO; 2008).
55
Segundo o autor, adolescência e vida adulta podem ser claramente
identificadas, caracterizadas e diferenciadas, por exemplo, com base em
características demográficas. Como resultado, os adolescentes menores de 18 anos
estão principalmente morando em casa com os pais, estão matriculados no ensino,
não estão casados nem têm filhos, enquanto a grande maioria dos adultos na faixa
dos 30 anos são casados, pais e não na escola, apud AGUDO; (2008).
Existem dois critérios demográficos aceitos para a adolescência e início da
idade adulta, enquanto na idade adulta existe diversidade e heterogeneidade
populacional. Assim, Arnett (2000 apud AGUDO; 2008), hipotetisa Arnett (2000 apud
AGUDO; 2008), que será o reflexo e o qualidade da experimentação e exploração
durante este período, quando os anos de adolescência, vinte e trinta são agrupados
nas denominações de jovens, sua sofisticação e dinamismo desaparecem.
De fato, Arnett (2001 apud AGUDO; 2008) investigou as maneiras pelas quais
os jovens se definiam durante esse período, seja como adultos ou como não adultos,
ou “sim para uns aspectos e não para outros”, e 50% dos respondentes identificou-se
com esta última categoria. Assim, Arnett (1998, 2000 apud AGUDO; 2008) argumenta
que o estágio emergente da idade adulta não é a adolescência nem a idade adulta
jovem, tanto teórica quanto empiricamente distintas. Nesse estágio, é relativamente
independente de papéis sociais e expectativas normativas, definidas por suas
características variáveis, dinâmicas e fluidas.
Constitui um período de foco na preparação para a vida adulta, onde é iminente
e a pessoa está claramente em transição. Sim, o que se torna a norma nesta fase é a
exploração de personagens, mas de uma forma diferente da adolescência. Arnett
explica esse contraste exemplificando as diferenças exploradas na vida amorosa.
Como tal, ele argumenta que os adolescentes têm encontros românticos que
proporcionam companheirismo, ocorrem principalmente em grupos e são de curta
duração, AGUDO; (2008).
Enquanto em adultos emergentes, esses encontros ocorrem em pares, as
explorações se concentram menos em efeitos de entretenimento e mais em
explorações de intimidade emocional e físico. Ao contrário da pergunta "Com quem
você quer estar aqui e agora?", que assume um gesto provisório e efêmero, a
exploração emocional na idade adulta envolve níveis mais profundos de intimidade e
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identidade. "Se eu fosse uma pessoa assim, que tipo de pessoa eu gostaria de ter
como parceiro ao longo da vida?" (Arnett, 2000 apud AGUDO; 2008).
Para Arnett (2000 apud AGUDO; 2008), nas principais áreas de exploração,
amor, trabalho e visão de mundo, o foco está nas questões de identidade na vida
adulta; é nessa fase que os jovens experimentam diferentes formas de viver e,
gradativamente, tomam decisões duradouras. Os autores não negam que esses
problemas se iniciem na adolescência, mas defendem que o desenrolar desse
processo exige ocorre principalmente na idade adulta. Ressalta também o caráter
exploratório desta fase, considerando que o objetivo da exploração não é apenas a
preparação para papéis adultos, mas ganhe parte de uma ampla experiência de vida
antes de assumir responsabilidades limitantes da vida e dos adultos.
Arnett (2000 apud AGUDO; 2008) observou que a obra de Erikson e Levinson
trouxe importantes contribuições teóricas para sua conceituação, afastando-se do
conceito de adolescência. Por um lado, considera utilizar esta denominação isso
significa assumir que os jovens são adultos, e o sentimento básico é que eles estão
caminhando nessa direção. Adicionalmente, aponta a inconsistência de se aglomerar
na idade adulta jovem os indivíduos desde os 18 aos trintas, na verdade, são períodos
muito diferentes. Portanto, ele acha que faz sentido aplicar o termo Jovens adultos até
30 anos, acreditam que para a maioria das pessoas, a transição da idade adulta do
ensino médio para a idade adulta jovem se intensifica no fim dos vintes e é atingida
pelos 30 anos.
Por fim, Arnett (2000 apud AGUDO; 2008) aponta para a heterogeneidade da
idade adulta emergente, argumentando que esta fase tem poucas normas, assumindo
que é um período de transição, ao contrário da adolescência e a Idade Adulta Jovem.
Assim, tanto Levinson (1977 apud AGUDO; 2008) quanto Arnett (2000 apud AGUDO;
2008) parecem justificar a existência da transição dos jovens para a vida adulta,
propondo sua noção de adulto iniciante ou adulto emergente, e ambos os autores
parecem reconhecer a necessidade de estudar as mudanças de vida, a transição e
redefinindo qualidades, especialmente entre os jovens que estão na terceira década
de vida.
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7 FIM DO CICLO VITAL: MORTE
Fonte: alamy.com
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conseguem apoiar a afirmação de que todos os adultos mostram todos os cinco ou
que os estágios, necessariamente, ocorrem nessa ordem.
O ingrediente mais comum é a depressão. Segundo Papalia, Olds e Feldman
(2013, p. 737 apud GONÇALVES; 2016), “À medida que a morte se torna um
fenômeno nos estágios finais da vida adulta, ela começa a ser em grande parte
‘invisível’; os cuidados aos doentes terminais são prestados por profissionais e são
feitos individualmente. ” Os autores também observam que “as pessoas muitas vezes
experimentam declínio cognitivo e funcional pouco antes da morte”. "
Quanto aos rituais praticados após a morte, Bee (1997, p. 606 apud
GONÇALVES; 2016) analisa que "sepultamentos ou outros rituais de morte cumprem
diferentes funções, incluindo determinar o papel do falecido, aproximar-se da família
e fornecer um sentido de significado". E a morte dos mortos". Ou seja, é durante o
processo de luto, familiares e amigos podem vivenciar um ritual que muitas vezes é
caracterizado por um estilo diferente de funeral ou sepultamento, dependendo de cada
cultura.
Por fim, é importante enfatizar o ponto de Papalia, Olds e Feldman (2013, p.
738 apud GONÇALVES; 2016), que relataram que “quanto mais significado e
propósito uma pessoa encontra na vida, menos medo ela tem da morte”. Dessa forma,
“a reavaliação da vida pode ajudar as pessoas a se prepararem para a morte e dar-
lhes uma última chance de completar a tarefa inacabada”, ou seja, “Até mesmo o
morrer pode ser uma experiência de desenvolvimento”.
Diante de tudo o que foi exposto sobre o ciclo de vida ou o processo de
desenvolvimento humano, é necessário sintetizar as principais ideias apresentadas
em seus trabalhos por Bee (1997 apud GONÇALVES; 2016) e Papalia, Olds e
Feldman (2013 apud GONÇALVES; 2016), que são apresentadas na tabela abaixo:
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Fonte:Unijui.edu.br (Síntese sobre o ciclo vital).
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então a mesma criança deve cuidar de dois idosos por tempo indeterminado. Esse
cuidado pode ser financeiro, mas principalmente emocional. Em uma fase da vida em
que um filho único também pode conciliar cuidados infantis e carreira, eles podem ter
que assumir a responsabilidade de atender com amor às necessidades de dois idosos,
GONÇALVES; (2016).
No que diz respeito às escolas, os professores passam por experiências em
cada etapa do ciclo de vida que podem afetar a sua prática educativa. Por exemplo,
se o professor for um jovem adulto, Possibilidade de dar à luz e assumir
responsabilidades relativas à maternidade/paternidade. Ou, se estiverem na meia-
idade, podem estar preocupados com crianças que estão saindo de casa, ou mesmo
com pais que podem ser idosos. A tarefa de cuidar das gerações anteriores à meia-
idade, portanto, tende a interferir no aspecto emocional, bem como na rotina de todos
os envolvidos, GONÇALVES; (2016).
Ao mesmo tempo, os professores trabalham com alunos de faixas etárias
específicas, como crianças com características diferentes de 1, 2 ou 3 anos, ou
mesmo adolescentes preocupados com questões relacionadas a mudanças físicas,
amigos, orientação sexual etc., sem estar muito ativamente satisfeito com os
requisitos da escola. Dada a longevidade, as pessoas tendem a viver mais e a voltar
à escola mesmo na idade adulta, há uma chance de que os professores tenham que
trabalhar com adultos pessoas de diferentes idades, como podem ingressar no ensino
básico ou superior, esses adultos também vivenciam situações relacionadas à sua
fase de vida, GONÇALVES; (2016).
Por fim, embora isso não seja uma regra geral nem um padrão que deva
acontecer com todas as pessoas, é importante tentar entender melhor o que acontece
com os humanos nas diferentes fases do ciclo de vida, pois as escolas contribuem
para esse processo de formação e lidam com pessoas o tempo todo, sejam alunos,
professores, funcionários da escola ou familiares, GONÇALVES; (2016).
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8 BIBLIOGRAFIA
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PIMENTA TIRADENTES, Cibele et al. Neurociências e desenvolvimento
cognitivo: implicações para a educação. Revelli - issn 1984-6576 v.10 n.4 -
dezembro, 2018. P. 83-100 – inhumas/goiás brasil., [S. l.], p. 1 - 18, 2018.
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