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FUNDAMENTOS DE
NEUROPSICOPEDAGOGIA
CONTEXTUALIZANDO
Você já observou uma criança com déficit de atenção jogando num celular?
Por que é extremamente atenta e engajada no jogo e não faz o mesmo em sala
de aula? Usualmente desenvolve raciocínio lógico, resolve problemas, aprimora a
memória, e aprende rapidamente as regras e como se desenvolver no jogo digital!
O que sabem os desenvolvedores de jogos que os professores desconhecem? E
se soubessem, uma sala de aula poderia ser tão ou mais interessante que um
jogo no celular?
Vivemos na era da tecnologia, em que tudo muda rapidamente – habitamos
a velocidade e a mudança! As crianças e os jovens têm muita facilidade de se
adaptar. Adultos também o fazem, mas em ritmo mais lento e com esforço maior.
E a educação, tem mudado? Ou tem se mantido nos moldes medievais de sua
origem?
Mudar é nosso desafio de vida, aliás, sem mudança a vida não se mantém
nem evolui! Embarquemos nessa aventura?
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TEMA 1 – DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO
*Esse texto faz a indicação das referências bibliográficas por meio do sistema numérico: pequenos
números sobrescritos indicam a referência que pode ser consultada ao final do documento.
Quando mais de um número for indicado, cada um deles remeterá a uma obra diferente. No caso
de citações, o número indica a obra e é seguido da indicação da(s) página(s). Nesse exemplo, (5,
p. 89), temos a indicação do livro 5 nas referências, com a página 89, da qual foi extraída a citação.
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gerando alterações, por exemplo, nas funções corticais, e entre elas, o
aprendizado1,12.
Diferenciação celular: Simultaneamente ao processo de migração, inicia-
se a diferenciação celular. As células começam a se desenvolver conforme
o programa genético, que lhes orienta a forma, o tamanho e a função que
terão enquanto neurônios adultos, naquele local do sistema nervoso 1,12.
Sinaptogênese: Nesse momento, é necessário conectar-se com outros
neurônios para que as suas funções possam ser executadas. “Não é uma
tarefa simples, pois muitas fibras (axônios) tem que crescer ao longo de
extensos trajetos, passando por territórios desconhecidos e cheios de
obstáculos, uma vez que outras estruturas, também em fase de
diferenciação, estarão no seu caminho. Nesse percurso, elas são
auxiliadas por outras estruturas que, por sinalizações químicas ou
mecânicas, as orientam até alcançarem o objetivo final”1, p. 28. Essa fase
ocorre em período mais avançado durante a gestação, de fato a maior parte
das conexões sinápticas serão geradas após o nascimento, sendo então
afetadas pelas influências do ambiente. “Os circuitos neurais da visão, por
exemplo, aumentam enormemente do quarto ao oitavo mês de vida do
lactente. A janela maturacional da visão se fecha entre o primeiro e o
segundo anos de idade em média” 12, p. 25. Ou seja, nesse período de dois
anos, a visão se consolida, qualquer alteração orgânica (ex. catarata
congênita) ou ambiental (privação sensorial) pode prejudicar a visão ou
mesmo impedir que se estabeleça para o restante da vida.
Refinamento das conexões, desbastamento ou eliminação sináptica:
o desenvolvimento do sistema nervoso implica a produção de mais
neurônios e mais sinapses do que aquelas que serão efetivamente
utilizadas. Nessa fase, ocorre o refinamento do processo sináptico, sendo
que as conexões excedentes, fracas, ou ainda, disfuncionais são
eliminadas. Esse processo ocorre em momentos e intensidades diferentes
conforme a região cerebral, possivelmente seguindo uma ordem de
utilidade. Por exemplo, as áreas sensoriais e motoras são refinadas antes
daquelas ligadas às funções executivas (3.ª unidade funcional de Luria). O
córtex frontal é a última região cerebral a passar por esse processo, que,
nesse caso, ocorre na transição da adolescência para a vida adulta.
Importante notar que tal maturidade ou maturação acontece não pela
expansão da substância cinzenta, mas pela sua redução, ou seja, é um
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processo qualitativo de melhora das conexões e não de aumento das suas
quantidades. Disfunções na eliminação sináptica têm sido relacionadas a
transtornos psiquiátricos; no autismo, por exemplo, a eliminação ocorre
menos do que deveria, enquanto que na esquizofrenia se desenvolve em
excesso1,5,12.
Aptose ou morte programada: para que o sistema nervoso funcione bem,
não apenas sinapses precisam ser eliminadas, mas também células
neuronais. Isso ocorre com aquelas que não conseguiram alcançar o local
correto, formar as ligações previstas, se ligar corretamente, ou ainda,
porque não se tornaram funcionais. A intensificação na neurogênese ou no
retardamento da aptose tem sido relacionada à doença de Alzheimer e à
depressão1,3,5.
Mielinização: é o processo de envolvimento do axônio por uma camada de
mielina, que produz aceleração da transmissão entre os neurônios, visto
que a mielina é um tipo de gordura isolante que reduz perdas de informação
durante o processo de transmissão. Esse processo parece marcar a fase
final de amadurecimento em biológica e ontogenética do sistema nervoso 12.
“Para que se tenha uma ideia, mielinização das vias acústico-visuais se
inicia em torno do quinto mês de gestação e só completa seu ciclo
mielinogênico após os 20 anos de idade.”12, p. 25.
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No nascimento a criança já tem pronto o circuito básico da visão e é
capaz de enxergar. Mas o que ela enxerga é ainda um esboço do que
será capaz de ver em pouco tempo, à medida que for interagindo e
sendo estimulada pelo ambiente, o que leva à formação de novas
sinapses, além da Manutenção das já existentes. Todos nós
aprendemos a ver, em um período de nossa vida que não deixa registros
conscientes, e por isso não nos lembramos dessa aprendizagem. O
mesmo ocorre com outros sentidos que possuímos, bem como a nossa
habilidade motora1, p.32.
Assim, é a formação de novas ligações sinápticas entre as células no
sistema nervoso que vai permitindo o aparecimento de novas
capacidades funcionais. A criança nasce com um cérebro de mais ou
menos 400 g. que, ao final do primeiro ano de vida, terá
duplicado, pesando cerca de 800 gramas. Considerando-se que não
ocorre formação de novas células nervosas nesse período, praticamente
todo o crescimento é devido à formação de novas sinapses, embora
ocorra também o aumento da quantidade de mielina e de células gliais1,
p.32.
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sequelas, pois o hemisfério do outro lado ainda pode assumir as funções
perdidas, promovendo o aparecimento de novas ligações sinápticas em
seus circuitos neuronais1, p.35.
TEMA 2 – PLASTICIDADE
TEMA 3 – MEMÓRIA
p.112.
TEMA 4 – APRENDIZAGEM
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baseado na fantástica capacidade plástica desse sistema e nas diferentes formas
de memória. Organismos aprendem modificando seus comportamentos, a partir
da interação (experiência) com o meio ambiente, buscando adaptar-se a ele para
sobreviver2.
Todo aprendizado/comportamento depende as influências ambientais? Se
a resposta for sim, estaremos em sintonia como o modelo comportamentalista de
aprendizagem. Esse modelo, que teve como precursor John B. Watson (1878-
1958), concentra-se no comportamento observável. Baseou-se na teoria do
condicionamento clássico de Pavlov, que explica a associação estímulos neutros
e comportamentos2.
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materialismo histórico e dialético de Marx e Engels. Para ele, os aspectos
biológicos são base para os aspectos sociais. Estes (segunda natureza) moldam
aqueles (primeira natureza), criando, por exemplo, a possibilidade da própria
consciência e individualidade, identidade, comportamentos e perspectivas sobre
a realidade. Entretanto, os aspectos sociais parecem ser também afetados pelas
possibilidades e limitações da estrutura orgânica. Para ele, quatro aspectos são
constituintes do ser humano: filogenético (desenvolvimento da espécie humana),
sociogenético (história dos grupos sociais), ontogenético (desenvolvimento do
indivíduo) e microgenético (aspectos específicos do repertório psicológico do
sujeito). A função psicológica tem origem biológica (material), no cérebro que, no
entanto, é plástico, mutável, sendo moldado na história da espécie e do
desenvolvimento individual. Seu proeminente seguidor Alexander Luria9 é
considerado o pai da neuropsicologia9,14. Vygotsky
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4.2 Fatores que podem ser considerados no ensino formal
Meio físico da
sala
- Iluminação, ar, temperatura e clima, espaço, conforto mínimo
Turma - Qualidade das relações entre os estudantes ou clima interpessoal
- Nível médio de desempenho nas atividades escolares
- Cultura da turma
Mediador (a) - Habilidade interpessoal (capacidade de comunicação, de gerir e resolver
conflitos, de expressar afeto e estabelecer vínculos, de motivar)
- Estilo de liderança, autocrático x democrático, laissez-faire (inoperante)
- Aspectos de personalidade e autoestima
Estudante - Desenvolvimento neuropsicomotor e saúde (ex. respiração)
- Fatores de personalidade, ex. introvertido(a) versus extrovertido
- Alimentação, sono, água, exercícios físicos
- Gênero (meninos x meninas)
Família - Estrutura familiar (papeis parentais definidos ou indefinidos)
- Cultura familiar (ex. crenças mais ou menos otimistas quanto a criança)
- Situação economia familiar
- Estimulação da criança (lições, leituras, brincadeiras, outras atividades)
- Nível educacional familiar
- Clima interpessoal (maturidade emocional) e suporte afetivo ofertado a criança
- Relação com irmãos
Escola - Diretrizes filosófico-pedagógicas
- Estrutura, cultura (valores, valorização), economia (ex. salário dos professores,
recursos pedagógicos)
- Estilo de liderança dos (as) gestores (as)
- Clima organizacional escolar
Economia - Orientação filosófica definida pelo poder econômico
- Valor dado a educação, aos educadores e aos educandos
- Políticas públicas, diretrizes de ensino, verbas (que podem ou não ser usadas -
desviadas)
- Estimular a criação de doenças educacionais (medicalização da escola e da
vida), afetar a ciência, a cultura, as concepções de vida
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perder as antigas. Para contrariar essa tendência é necessário praticar
exercícios “cerebrais” que venha a estimular o maior número de
neurônios a funcionarem. Estes estímulos nos neurônios levam as
células chamadas de gliócitos, dentre elas o principal é o astrócito, a
produzirem neurotrofinas. Estas substâncias produzem reações
hipertróficas nos neurônios, fazendo com que seus dendritos se
ramifiquem e cresçam em direção a outros neurônios, integrando-os às
vias nervosas18, p.1.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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17. MALEH, G. T. F. Sem memória não há aprendizagem. Monografia –
Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, 2006.
18. CHELLES, R. de C. F. Neuróbica, ginástica para o cérebro: levantamento
do atual estado da arte deste tema. 21 f. Trabalho de conclusão de curso
(Licenciatura em Pedagogia) – Universidade Estadual Paulista. Rio Claro,
2012.
19. KATZ, L.; RUBIN, M. Mantenha seu cérebro vivo. São Paulo: Sextante,
2010.
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