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SISTEMAS E TEORIAS EM

PSICOLOGIA

PROF. SANDRA RICARDO


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AULA 3
COMO A PSICOLOGIA SE DESENVOLVEU
Até o fim do século XIX a psicologia não era considerada uma ciência.
O seu assunto recaia no domínio da filosofia, como a maior parte dos
conhecimentos nos tempos antigos e medievais. Muitos filósofos
eminentes, inclusive Platão e Aristóteles especularam a respeito da
natureza humana e propuseram teorias, algumas das quais
subsistiram até os tempos modernos.

Os séculos XVI e XVII, a Astronomia, a Física e a Química libertaram-se

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da Filosofia para se tornarem ciências separadas. A Biologia, menos
exata por que se ocupava de coisas vivas, tornou-se independente no
século XIX.

A Psicologia dependeu da sua mãe, a Filosofia, até quase o fim do


século seguinte. Com o trabalho pioneiro dos fisiologistas alemães
Weber, Fechner e Helmholtz e Hering, se tornou aparente que o 2
comportamento humano está estreitamente relacionado com as
funções corporais.
Era difícil saber onde os fisiologistas terminavam e começavam os
psicólogos.

Nas décadas de 1880 e 1890, um novo grupo de psicólogos


preparados tanto em Filosofia como em Fisiologia, fundaram
laboratórios na Alemanha e na América, e a Psicologia começou sua
carreira como ciência experimental.

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Duas principais tendências científicas gerais levaram à emergência
da Psicologia Experimental:
1- A preocupação crescente com a mensuração.

2- o uso de métodos controlados de laboratório.


Durante séculos os filósofos especularam sobre se a alma e o corpo
eram relacionados, mas até o século XIX, não tentaram relacionar 3
sistematicamente o físico e o mental.
A ciência da psicofísica se desenvolveu a partir desses esforços,
principalmente pelo trabalho de weber e Fechner.

Eles mediram com grande precisão as diferenças apenas


perceptíveis na sensação.

O sucesso de seus experimentos controlados assinala a


importância do laboratório, para lidar sistematicamente com o

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comportamento humano.

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Nos últimos anos do século XIX as tendências para mensuração e o
controle laboratorial foram ainda mais reforçados pelo trabalho de
Galton, Cattell, e dos experimentalistas Wundt e Titchener. Darwin
tinha demonstrado que mudanças notáveis ocorrem entre as
espécies. Galton estendeu essa noção à inteligência humana. Sugeriu
maneiras de medir essas mudanças.

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Em 1879 Wundt estabeleceu o primeiro laboratório dedicado à
experimentação psicológica. Impressionado pelo sucesso da ciência
Física e desejando se libertar da interminável especulação da
Filosofia, Wundt e os seus estudantes indicaram a direção correta
para a entrada da Psicologia na Associação das Ciências de
Laboratório.
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O laboratório de Psicologia experimental desenvolvida por
Wundt, em Leipzig, na Alemanha começa a receber inúmeros
alunos tanto para a graduação quanto para a pósgraduação,
passando a influenciar fortemente o desenvolvimento da
Psicologia no cenário mundial.

A primeira e talvez mais significativa influência foi sob a

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Psicologia norte americana que por meio de alunos que
realizaram seus estudos com Wundt começam a difundir, nos
Estados Unidos, as novas ideias.

Progressivamente, inicia-se o desenvolvimento da Psicologia


experimental norte-americana com a criação de laboratórios
nas universidades e associações dedicadas a esse fim.
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Wilhelm Maximilian Wundt foi um
médico, filósofo e psicólogo alemão. É
considerado um dos fundadores da
psicologia experimental junto com Ernst
Heinrich Weber e Gustav Theodor

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Fechner. Aos 13 anos de idade Wundt
mudou-se para a casa de uma tia em
Heidelberg para frequentar o liceu.
Nascimento: 16 de agosto de
1832, Mannheim, Alemanha
Falecimento: 31 de agosto de
1920, Großbothen, Grimma, Alemanha
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Em todos os manuais de Psicologia encontramos a referência à
Wilhelm Wundt como sendo o fundador da Psicologia
científica, pela criação do laboratório de Psicologia
experimental em Leipzig, Alemanha.

Nesse laboratório, Wundt dedicava-se ao exame científico da


experiência consciente humana utilizando para tais métodos

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da fisiologia experimental, tal como o tempo de reação.

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“Se você observar pela janela um termômetro colocado do lado
de fora e a temperatura for 15ºC, você não estará sentindo o
fenômeno da temperatura diretamente, pois ele estará sendo
mediado por um instrumento científico. Por outro lado, se você
for para o lado de fora sem um casaco, terá uma experiência
direta do frio. Essa será uma experiência consciente imediata,
ou seja, não haverá entre você e as condições climáticas
nenhum termômetro; você as viverá em primeira mão.” (p.

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125).

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Para Wundt, essa experiência consciente imediata é que
deveria ser tema de estudos da Psicologia. Estudar a
experiência mediada é relativamente simples, pois estaríamos
trabalhando com a medida feita por um instrumento o que
poderia facilmente ser verificado com precisão por avaliadores
diversos, entretanto a experiência imediata é de outra

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natureza.

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Wundt foi a utilização da percepção interna que era como uma
auto-observação limitada a reação imediata a estímulos
controlados com precisão em seu laboratório. Wundt dedicou-
se à evolução dos processos mentais humanos.

Muito do conhecimento que temos sobre sensação e percepção


foi desenvolvida no laboratório de Psicologia experimental de
Wundt, o que justifica ele voltar a ser estudado na disciplina

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Psicologia da percepção.

Um dos principais interesses de Wundt era compreender a


forma como a mente organiza a experiência como um ato de
vontade ao qual ele batizou com o nome de voluntarismo,
indicando a natureza ativa da mente.

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Um dos conceitos centrais do voluntarismo é o de apercepção
(aperceber um evento é percebê-lo com toda clareza tendo-o
no centro do seu foco de atenção).

Enquanto apercebemos algo, os demais estímulos ocupam


uma posição periférica em nossa consciência, segundo Wundt
essas informações estariam sendo apreendidas, mas não
apercebidas.

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A apercepção permite a organização ativa das informações em
todos significativos. Ao ver uma palavra a visão processaria
linhas e formas desprovidas de significado, mas a mente cria
um todo significativo para ela.

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Wundt e o Voluntarismo Wundt tinha como intenção colocar a
Psicologia no patamar de ciência estruturada e para se
organizar algo dessa maneira, é preciso organizar todas as
partes.

Afinal, os empiristas consideravam que a mente era um


conjunto de experiências vividas e que se constituía a partir
dos estímulos absorvidos. Segundo essas correntes, tratava-se

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de um processo mecânico de associação, que considerava o
todo apenas como o somatório das partes.

De acordo com Wundt, existia um processo mais dinâmico, na


mente, na estruturação da experiência e na transformação dela
em conhecimento.
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Agora você entendeu o porquê do sistema de Wundt se chamar
Voluntarismo?
Porque depende de uma atividade mais ativa, que depende do
sujeito consciente, em organizar essas informações.

Para Wundt, ao contrário das escolas empiristas inglesas, o


todo não era simplesmente o somatório de suas partes, mas
sim algo diferenciado e o que fazia essa distinção era nossa

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capacidade de gerarmos tal conteúdo.

A esse processo ele chamou de doutrina da apercepção, que


considera a nossa tendência em verificarmos uma experiência
pela sua estruturação complexa, sem que foquemos nos seus
elementos. Quando olhamos para uma maçã, não
consideramos os seus elementos como peso, densidade, cor ou
brilho, mas, sim, a maçã inteira. 14
De um modo geral, Wundt possuía três grandes objetivos com
sua ciência (SCHULTZ e SCHULTZ, 1981):
a) Analisar os processos conscientes até chegar aos seus
elementos básicos;
b) Descobrir como esses elementos são sintetizados ou
organizados;
c) Determinar leis de conexão que governa a sua organização

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Seguindo estas premissas, W. Wundt alcançou os dois
conteúdos, que, segundo o próprio, poderiam ser considerados
como a matéria indivisível da mente: sensações e sentimentos.
Considerando os seus estudos fisiológicos, os estímulos eram
absorvidos pelo indivíduo e os sentimentos eram a parte da
subjetividade desse processo, que complementava a sensação.
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Já em relação ao método de investigação, a introspecção foi a
escolhida. Em seu laboratório, em Leipzig, havia diversos
equipamentos que mediam as condições do corpo e
correlacionavam-nos aos relatos dos testandos.

No entanto, pela necessidade de se tornar experimental, a


introspecção, ou percepção interior, tal como praticada no
laboratório de Wundt, seguia condições experimentais estritas,

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obedecendo a regras explícitas:
(1) o observador deve ser capaz de determinar quando o
processo pode ser introduzido;
(2) ele deve estar em um estado de prontidão ou de atenção
concentrada;
(3) deve ser possível repetir a observação várias vezes;
(4) as condições experimentais devem ser passíveis de variação
em termos da manipulação controlada dos estímulos. 16
Em suma, apesar de Wundt não ter constituído
necessariamente uma escola, foi ele quem estruturou a
Psicologia como ciência e abriu portas para Titchener, com seu
Estruturalismo, dar continuidade aos seus pensamentos, e a

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todos os outros sistemas terem uma base para desenvolverem
seus pensamentos.

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