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Psicologia Geral

22/ 03/ 2023.


Aula 2
Continuação da aula anterior
Origens da Psicologia
A psicologia teve suas raízes há dois mil anos, fundida com a filosofia grega e
sua preocupação inicial era o "algo" além do material e sensorial. Suas questões iniciais
eram relacionadas à natureza humana como a percepção, a consciência, e a loucura. A
origem de seu nome deriva-se da mitologia grega (psyché=alma). A alma era concebida
como parte imaterial do ser humano, compreendendo o pensamento, os sentimentos de
amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
A origem da Psicologia, ainda ligada aos estudos da Filosofia, pode ser
localizada no quinto e quarto séculos A.C., principalmente com as ideias de filósofos
gregos como Sócrates, Platão e Aristóteles, que levantaram hipóteses (e idéias) sobre
o funcionamento da alma ou mente humana.
Sócrates preocupava-se com os limites entre os homens e os animais, Razão X
instintos. Platão acreditava que a alma era imortal e que a mente independia do corpo.
Aristóteles dizia que alma e corpo não se separavam e se dedicou a estudar a psyqué
evolutiva que seguia a linha vegetal-animal-homem. A psicologia da época foi
influenciada pelo contexto histórico da Grécia onde predominava o império Romano e o
desenvolvimento do cristianismo a psicologia estava relacionada ao conhecimento
religioso. No renascimento (XVI) René Descartes cria métodos para sistematização do
conhecimento científico. Descartes acreditava que o corpo e a mente estava separados,
mas existia alguma interação entre eles e essa teoria oi chamada de dualismo interativo
(FIGUEIREDO, 2002).
Outro filósofo foi John Locke (1632-1704) que destacou o papel das impressões
sensoriais sobre o desenvolvimento da nossa experiência. Descreveu o espírito da
criança como uma folha de papel em branco (tabula rasa) na qual são registradas as
experiências. Por sua vez, as ideias de Locke favoreceram o surgimento de uma
psicologia para a qual os males dos seres humanos eram determinados pelo meio
ambiente.
Essas e outras reflexões sobre a mente humana foram reformuladas e
complementadas por uma nova ciência, surgida muitos séculos depois, no século XIX,
a Psicologia. A Psicologia Científica foi construída a partir de métodos e princípios
teóricos que podiam ser aplicáveis ao estudo e tratamento de diversos aspectos da vida
humana. Nesse momento, a Psicologia apareceu atrelada, principalmente, à Biologia.
Embora tendo nascido dentro da Filosofia, desenvolveu-se para se constituir em
uma ciência, com objeto de conhecimento e métodos próprios. Enquanto tal, de início
passou a se relacionar intimamente com a Biologia, sob caráter interdisciplinar que se
expandiu através de uma relação muito próxima também com as ciências sociais e
exatas. Exemplo maior disso é que a Psicologia buscou apoio na Estatística e na
Matemática.
Mais recentemente cresceu a interação da Psicologia com outras ciências,
principalmente com a Neurociência, a Linguística e a Informática, aumentando sua
interdisciplinaridade e atuação em campos como a Psicobiologia, a Psicofarmacologia,
a Inteligência Artificial e a Psiconeurolinguística. Outra característica bastante marcante
da Psicologia é sua multiplicidade de enfoques, correntes teóricas, paradigmas e
metodologias específicas, que apresentam, muitas vezes, grandes divergências entre si
Somente no final do século XIX quando surgiram as primeiras escolas
psicológicas é que a psicologia se tornou uma ciência independente, definido seu objeto
de estudo, delimitado seu campo de estudo, métodos e formulado teorias das quais as
mais importantes serão sintetizadas abaixo sendo (Estruturalismo, Funcionalismo,
Behaviorismo, Gestalt, psicanálise). Os primeiros 80 anos da Psicologia como ciência,
caracterizam-se como o período chamado de época das escolas (PENNA, 1978).
A PSICOLOGIA CIENTÍFICA
Na sua relação com o meio ambiente, o homem foi criando mecanismos para
solucionar seus problemas de ordem prática, construindo ciências para dominar a
natureza que o cercava. Desta maneira, as ciências da natureza e as ciências humanas
foram tecidas na medida em que o homem desenvolveu os seus modos de produção.
Como a vida humana e suas formas de produzir a sua existência não são estanques, a
ciência precisa acompanhar e explicar os aspectos individuais e subjetivos do homem.
A psicologia obtém o status de ciência a partir do momento que se liberta da
filosofia, com à produção de novos conhecimentos que passam a definir o seu objecto
de estudo: o comportamento, a vida psíquica, a consciência; o campo de estudo
delimitado, diferenciando-o de outras áreas do conhecimento: filosofia, fisiologia;
formular teorias enquanto um campo consistente de conhecimento na área (Bock 1999)
O século XIX foi um século marcado pelo advento de muitas ciências e pelo
recuo da Filosofia, enquanto teoria do conhecimento. Foi nesse contexto que surgiu a
Psicologia Científica. Com a crise econômica e social causada pela emergência do
modo de produção capitalista, o indivíduo também entrava em crise, questionando
vários aspectos da sua existência.
O conhecimento produzido pela Psicologia, até então, era predominantemente
especulativo. Foi Charles Darwin (1809-1882), fundador da moderna doutrina genética
e da hereditariedade, quem contribuiu com o método de observação e experiência.
Com sua obra “A Origem das Espécies” (1859), Darwin influenciou de modo
revolucionário quase todos os domínios da ciência.
Outra contribuição veio do filósofo e físico Gustav Fechner (1801- 1887) que
mostrou como os métodos científicos podiam ser aplicados ao estudo dos processos
mentais. O principal trabalho de Fechner, “Elementos de Psicofísica”, foi publicado em
1860, mostrando como podiam ser utilizados procedimentos experimentais e
matemáticos para estudar a mente humana. Cerca de vinte anos mais tarde, o
psicólogo alemão Wilhelm Wundt fundou uma disciplina a que chamou de Psicologia
(PENNA, 2004).
As 5 principais escolas de pensamento da Psicologia
Quando a psicologia surgiu pela primeira vez como uma ciência separada da
biologia e filosofia, o debate sobre a forma de descrever e explicar a mente humana e
comportamento começou, esses debates por sua vez, foram reunidos em um corpo
sistematicamente ordenado e unificado de pressupostos, denominados de escolas ou
teorias psicológicas.
A Psicologia como ciência não foi caracterizada por uma única forma de
explicação. Os estudiosos desta ciência dificilmente seguiam pressupostos específicos,
discordavam em alguns pontos filosóficos fundamentais e abordavam a Psicologia de
modos claramente distintos. Estas novas teorias, surgidas ou desenvolvidas no século
XX, podem ser organizadas em grandes escolas ou movimentos, que passaremos a
explicitá-lo (PENNA, 2004).
O Estruturalismo
Objeto de Estudo: Consciência
Principais teóricos: Wilhelm Wundt, Edward Titchener
Idéia Central: Estudo da consciência separada em seus elementos subjacentes.
A primeira escola de pensamento, o estruturalismo, foi defendida pelo fundador
do primeiro laboratório de psicologia no Instituto Experimental de Psicologia da
Universidade de Leipzig (Lipsia) na Alemanha em 1879 e a publicação da sua obra
intitulada de Principles of Physiological Psychology / Princípios de Psicologia Fisiológica
em 1873. Quase imediatamente, outras teorias começaram a surgir e disputar o
domínio na psicologia.
Wundt (1832-1920) foi pioneiro na formulação de psicologia como ciência
independente, ao criar uma instituição destinada à pesquisa e ao ensino de psicologia e
na formação de profissionais de psicologia (que vinham de vários países para estudar
com ele). Para Wundt a psicologia era uma ciência intermediaria entre as ciências da
natureza e as ciências da cultura (sua psicologia social). Ele não estava interessado
pelas diferenças individuais entre os sujeitos.
Tanto para Wundt como para os seguidores do estruturalismo, as operações
mentais resultam da organização de sensações elementares que se relacionam com a
estrutura do sistema nervoso – concepção estruturalista. Wundt apresenta os
processos mentais conscientes como objecto de estudo e a introspecção controlada
como método. Procura identificar os elementos básicos da consciência – as sensações.
Segundo ele ao sabermos o modo como se combinam as sensações identificaremos a
estrutura da actividade consciente.
Daí esta concepção ser vulgarmente designada por associacionismo. Apesar de
Wundt representar o ponto de partida da Psicologia científica, a sua concepção não
rompe com a tradição introspectiva, muito próxima da Filosofia.
Wundt acreditava que os processos superiores da vida mental (como o
pensamento, por exemplo) só poderiam ser entendidos por meio de uma análise dos
fenômenos culturais, por meio dos produtos socioculturais. Na investigação da
psicologia social não utilizava o método experimental, mas os métodos comparativos da
antropologia e da filosofia. Pensadores importantes associados com o estruturalismo
incluem também o Edward Titchener (DAVIDOFF, 1980)
Titchener (1867-1927) Foi um dos mais famosos alunos de Wundt, principal
divulgador de sua obra nos Estado Unidos. Titchener redefine a psicologia, colocando-a
apenas no campo das ciências experimentais, e lança-se na busca de justificativas
fisiológicas para os fenômenos da vida mental. Ele não nega a existência da mente,
mas essa depende e se explica em termos do sistema nervoso. Titchener defende o
paralelismo psicofísico, em que atos mentais ocorrem lado a lado a processo
psicofisiológicos. Um processo não causa o outro, mas o fisiológico explica o mental. O
psicólogo não descreve a experiencia em termos psicológicos, mas explica em termos
emprestados de uma ciência natural. Com isso, a psicologia deixa de ser tao
independente como pretendia Wundt. Titchener deixa de lado toda a psicologia do
social de Wundt, pois essa não podia se enquadrar nos termos de uma ciência positiva
(Figueiredo e Santi, 2004)
O Funcionalismo
Principais teóricos: William James, Edward Titchener, John Dewey
Objeto de Estudo: consciência
Ideia Central: estudar os processos, operações e atos mentais como formas de
interação adaptativa, no sentido de descobrir sua função.
Funcionalismo surge nos Estados Unidos em oposição à psicologia
Titcheneriana, e redefine a psicologia como sendo uma ciência biológica interessada
em estudar os processos, operações e atos psíquicos como formas de interação
adaptativa, uma reação às teorias da escola estruturalista de pensamento e foi
fortemente influenciado pela obra de William James, o principal percursor da Psicologia
funcional e é considerado ainda hoje por muitos como o maior psicólogo americano, ele
afirma que “ a psicologia ee a ciência da vida mental, tanto dos seus fenómenos como
das suas condições” (James, 1890).
Os pesquisadores associados à fundação do funcionalismo não tinham a
ambição de criar uma nova escola de Psicologia. Eles protestavam contra as limitações
da Psicologia de Wundt e do estruturalismo de Titchener, mas não desejavam substitui-
los.
Os funcionalistas estudavam a mente não do ponto de vista da sua composição
(uma estrutura de elementos mentais), mas como um aglomerado de funções ou
processos que levam a consequências práticas no mundo real. De facto, os
funcionalistas adoptaram muitas das descobertas feitas nos laboratórios dos
estruturalistas. Não faziam objecções à introspecção nem se opunham ao estudo
experimental da consciência. A sua oposição voltava-se para as definições anteriores
de Psicologia que eram desprovidas das considerações acerca das funções utilitárias e
práticas da mente.
Diferentemente algumas outras escolas do pensamento bem conhecidas na
psicologia, o funcionalismo não está associado com um único teórico dominante.
Destacando pensadores funcionalistas como John Dewey (1859-1952), James Rowland
Angell (1869-1949), e Harvey Carr (1873-1954). Em vez de focar sobre os próprios
processos mentais, os pensadores funcionalistas eram mais interessados no papel que
estes processos faziam, para eles as operações e processos mentais seriam
instrumentos da adaptação e se expressariam claramente nos comportamentos
adaptados, e era através da observação desses comportamentos que a mente poderia
ser estudada.
Uma das maiores contribuições de James foi a sua Teoria da Emoções.
Supunha-se que a experiência subjectiva de um estado emocional precede a expressão
ou a acção corporal física. Por exemplo: se vemos um urso assustamo-nos e fugimos,
logo o medo surge antes da reacção corporal de fuga. James inverte esta noção,
afirmando que o despertar de uma resposta física precede o surgimento da emoção,
especialmente nas emoções que designou de “mais rudes” como o medo, a raiva, a
angústia e o amor. De acordo com James, no exemplo anterior, vemos o urso, fugimos,
e então temos medo. Para validar a sua teoria, James recorreu à observação
introspectiva de que, se as mudanças corporais como o aumento dos batimentos
cardíacos, a aceleração da respiração e a tensão muscular não ocorressem, não
haveria emoção.
Psicologia da Gestalt
Principais teóricos: Wertheimer, Kurt Koffka, Wolfgang Kohler, Piaget
Objeto de estudo: Percepção
Ideia Central: O todo da experiência pessoal é muito maior do que simplesmente a
soma dos seus elementos constituintes.
A Gestalt, ou Psicologia da forma, nasceu por oposição à Psicologia do século XIX,
que tinha por objecto os estados da consciência. A Gestalt é uma escola de psicologia
baseada na ideia de que nós experimentamos coisas como totalidades unificadas. Esta
abordagem à psicologia começou na Alemanha e na Áustria durante o final do século
XIX, em resposta à abordagem molecular do estruturalismo. Em vez de quebrar
pensamentos e comportamento em seus elementos menores, os psicólogos da Gestalt
acreditavam que você deve olhar para o todo da experiência. De acordo com os
pensadores da forma, o todo é maior do que a soma das suas partes.
Os gestaltistas reagem contra a concepção atomista e associacionista do
estruturalismo, invertendo o processo explicativo, postulando que qualquer fenómeno
psicológico é uma totalidade organizada, não redutível à soma dos elementos que a
compõem, a percepção dos objectos é diferente da percepção do somatório dos
elementos que o constituem. O gestaltismo considera o contexto em que ocorrem os
fenómenos psicológicos (campo) fundamentais para a compreensão dos mesmos, e
enfatiza os processos de organização mental, considerando a percepção como um
todo, e parte deste todo para explicar as partes; enquanto os associacionistas partiam
das partes para explicar o todo.
A Gestalt criticou o estruturalismo por descobrir que a percepção dos objetos é
subjetiva e depende do contexto. Duas pessoas podem olhar o mesmo objeto e ver
coisas diferentes, a grande descoberta da Gestalt é que a mente percebe o mundo de
uma forma organizada, que não pode ser dividida em seus elementos constituintes. A
gestalte rege-se de princípios da organização perceptual que são: Proximidade-
quanto mais próximos os itens estiveram uns dos outros, maior será a tendência que
seja percebida como um todo; Similaridade- quanto mais semelhantes forem os itens
entre si, maior a tendência que seja percebida como unidade; Simetria- os itens que
formam unidades simétricas tendem a ser agrupados de forma conjunta; Fechamento-
os itens são percebidos como formando uma unidade completa, ainda que sejam
interrompidos por lacunas; Continuação- Itens com interrupções mínimas são
percebidos como unidades.
Tal como os outros movimentos que se opuseram a concepções mais antigas, a
Gestalt teve um efeito revigorante e estimulante sobre a Psicologia como um todo. O
ponto de vista gestaltista influenciou as áreas da percepção e da aprendizagem e
continua a estimular interesse.
Behaviorismo
Principais teóricos: John B. Watson, Ivan Pavlov, B. F. Skinner
Objeto de Estudo: Comportamento
Ideia Central: Estuda os papéis das forças ambientais na produção do comportamento.
Segundo Bock (1999), o Behaviorismo dedicou-se ao estudo do comportamento na
relação que este mantém com o meio onde ocorre. Como o conceito de meio e de
comportamento são bastante amplos, os psicólogos, defensores da teoria, chegaram
aos conceitos de estímulo e resposta (S – R, que são abreviaturas dos termos latinos
Stimŭlus e Rēspōnsiō. Estímulo e resposta seriam, desta maneira as unidades básicas
da descrição e o ponto de partida para uma ciência do comportamento. Alguns teóricos
que se destacaram no Behaviorismo foram:
 Ivan P. Pavlov (1849-1936): fez notáveis experimentos de aprendizagem com
animais;
 Edward Thorndike: elaborou as “leis da aprendizagem”, que derivaram da
interpretação do comportamento;
 Marshall Hall (1790-1857): fez um trabalho pioneiro sobre a base neurológica do
comportamento-reflexo;
 Pierre Flourens (1794-1867): propôs que conclusões tiradas da experimentação
animal deveriam igualmente ser aplicadas ao homem;
 John B. Watson (1878-1958): baseou a Psicologia na Química e na Física e
descreveu a aprendizagem como processo de construção de reflexos
condicionados;
 B. F. Skinner (1904-1990): considerado o mais importante dos behavioristas,
construiu uma teoria baseada na análise experimental do comportamento.
Behaviorismo tornou-se uma escola de pensamento dominante durante os anos
1950. Foi baseado na obra de pensadores como: John B. Watson, Ivan Pavlov e B.F.
Skinner Behaviorismo sugere que todo o comportamento pode ser explicado por
causas ambientais e não por forças internas. Behaviorismo é focado em
comportamento observável. Teorias da aprendizagem, incluindo o condicionamento
clássico e condicionamento operante foram o foco de um grande esforço de
investigação.
John B. Watson (1878-1958)
O primeiro a empregar o termo behaviorismo foi o americano Watson num artigo de
1913, intitulado “Psicologia como os behavioristas a veem”, onde defendia a ideia de
que a Psicologia era como um ramo objetivo e experimental das ciências naturais,
tendo como finalidade prever e controlar o comportamento de qualquer indivíduo. Para
ele, o objeto de estudo da Psicologia deveria ser o comportamento que pudesse ser
observável, mensurável e que pudesse ser reproduzido em diferentes condições e com
diferentes sujeitos. Para ele, estas características eram importantes para que a
Psicologia alcançasse o status de ciência.
Behavior significa comportamento que foi o objeto de estudo dessa escola. Ao
contrário do funcionalismo, os processos mentais foram considerados não-científicos
por John Watson responsável pelo desenvolvimento da abordagem behaviorista. Os
cientistas dessa escola desprezaram os eventos mentais que não poderiam ser
diretamente observável e por isso desprezaram os métodos como introspecção e
associação livre. Para Watson se a mente existia, ela era irrelevante para compreensão
do comportamento. Watson descartou problema mente-corpo considerando-o fora dos
interesses dos cientistas. Concordava com Descartes sobre dualismo, mas sentia que a
mente era um subproduto do sistema nervoso.
Os estudos de Watson tiveram como base o conceito de condicionamento clássico,
desenvolvidos por Ivan Pavlov (1849-1936), quando de sua pesquisa realizada com
cães.
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990)
Skinner foi um importante estudioso do comportamento, nasceu em 20 de março
de 1904, em Susquehanna na Pensilvânia – EUA. Graduou-se em Psicologia em 1930
e terminou seu doutorado em 1931. Lecionou nas Universidades de Harvard, Indiana e
Minnesota. Entre outros trabalhos publicou os seguintes livros: Behavior of Organisms
(O comportamento dos organismos); Verbal Behavior (Comportamento Verbal); e
Science and Human Behavior (Ciência e Comportamento Humano). Morreu em 1990,
vítima de leucemia.
Skinner centralizou seu trabalho nos comportamentos observáveis das pessoas e
dos animais por não considerar como científicas as explicações mentais subjetivas e
intervenientes, por isso, propôs formas distintas de entendimento e compreensão da
personalidade. Para ele, o comportamento, embora muito complexo, podia ser
investigado como qualquer fenômeno observável. Isso o levou a uma posição extrema,
afirmando que apenas o comportamento pode ser estudado, podendo ser totalmente
descrito, visto que este é mensurável, observável e perceptível através de instrumentos
de medida.
Dentro desta visão, as mudanças no comportamento resultam de uma resposta
individual a eventos ou estímulos que ocorrem no meio. Quando um padrão particular
Estímulo-Resposta (S-R) é reforçado (recompensado) o indivíduo é condicionado a
reagir. Exemplificando: se uma pessoa é elogiada por realizar uma gentileza, é provável
que este comportamento aconteça outras vezes e em situações diferentes. O estudo
dos comportamentos observáveis levou os estudiosos behavioristas à distinção de duas
classes de comportamento: o comportamento respondente e o comportamento
operante.
O comportamento respondente é aquele que acontece como resposta a um
estímulo específico. As respostas estão diretamente ligadas ao sistema nervoso
autônomo, sendo, desta maneira, involuntárias ou automáticas. Podemos citar como
exemplo o comportamento de salivação ao comer ou a dilatação das pupilas dos olhos
em resposta a alterações na iluminação do ambiente.
O comportamento operante, por sua vez, é o de reação do indivíduo ao meio
externo para que possa receber um novo estímulo, que reforce a sua ação. Através dos
comportamentos operantes, o indivíduo opera, ou atua no meio. São operantes todos
os comportamentos do repertório humano como andar, falar, conversar, comer e
estudar.
O condicionamento respondente ou condicionamento clássico foi pesquisado
inicialmente por Ivan P. Pavlov e trata-se de um tipo de aprendizagem em que o
organismo aprende a responder a um estímulo neutro que antes não produzia essa
resposta. Esse condicionamento explica o comportamento involuntário e as reações
emocionais condicionadas como por exemplo, a taquicardia provocada por um susto ou
a sensação prazerosa que sentimos quando encontramos alguém que gostamos.
Pavlov mostrou que um estímulo incondicionado provoca uma resposta
incondicionada; um estímulo condicionado, uma resposta condicionada; e um estímulo
incondicionado associado a um estímulo neutro passa a ser condicionado.
Esta conclusão foi obtida através da experiência que realizou com cães. Estudando
a secreção salivar nos cães, constatou que os animais salivavam sempre que o
alimento lhes era colocado na boca. A salivação era uma resposta incondicionada para
um estímulo incondicionado, a comida. Ao repetir a experiência com os mesmos cães
observou que os cães salivavam também ao ver alimento, ao ver a pessoa que
frequentemente trazia o alimento, e até mesmo, ao ouvir os passos da pessoa. A estas
reações, Pavlov chamou reflexos inatos. Mais tarde, ele passou a acionar uma
campainha (estímulo neutro) no momento em que apresentava a carne ao cão e este
salivava. Depois de muitas repetições, o cão passou a salivar (resposta condicionada)
ao ouvir o toque da campainha (estímulo condicionado). Assim, um comportamento
inato transformou-se em um condicionamento. Este tipo de condicionamento faz parte
do cotidiano das pessoas, em situações bastante simples e corriqueiras, como: salivar
quando se espreme um limão; voltar a atenção quando o nosso nome é chamado;
sentir o coração acelerado quando se vê alguém especial.
A escola comportamental da psicologia teve uma influência significativa sobre o
curso de psicologia, e muitas das ideias e técnicas que surgiram a partir desta escola
de pensamento ainda são amplamente usadas hoje. Treinamento comportamental,
sistemas de fichas, terapia de aversão e outras técnicas são frequentemente utilizadas
em programas de modificação de psicoterapia e de comportamento.
O Behaviorismo se baseia fundamentalmente na previsibilidade das reações aos
estímulos e reforços. Seus objetivos educacionais buscam resultados definidos
antecipadamente, para que seja possível, diante de uma criança ou adolescente,
projetar a modelagem de um adulto.
Psicanálise
Principais teóricos: Sigmund Freud
Objeto de estudo: Inconsciente
Ideia Central: tentar trazer os conteúdos do inconsciente para o conhecimento
consciente, para que os conflitos possam ser revelados.
A psicanálise é uma escola de psicologia fundada por Sigmund Freud. Esta escola
de pensamento enfatizou a influência da mente inconsciente no comportamento. Freud
acreditava que a mente humana era composta por três elementos: o id, ego e
superego.
O id consiste em instintos mais primitivos, enquanto o ego é o componente da
personalidade acusado de lidar com a realidade. O superego é a parte da
personalidade que mantém todos os ideais e valores que internalizamos de nossos pais
e cultura.
Freud acreditava que a interação desses três elementos foi o que levou a todos os
comportamentos humanos complexos. A escola de pensamento de Freud foi
enormemente influente, mas também gerou um debate considerável. Esta controvérsia
existia não só em seu tempo, mas também nas discussões modernas das teorias de
Freud. Outros grandes pensadores psicanalíticos incluem: Anna Freud Carl Jung Erik
Erikson
Freud Foi o responsável pelo desenvolvimento to método da psicanálise. Ele
descobriu tinham poucas razões médicas (ele era formado em medicina) para suas
patologias e logo passou a acreditar que as condições eram causadas por fatores
psicológicos. Em 1900 Freud Escreve "a interpretação de sonhos" sendo este
considerado o marco da psicanálise.
A análise de seus sonhos, atos falhos e lapsos foi o caminho que levou a
descoberta do inconsciente, desde o descobrimento do sentido dos sonhos até o
complexo de Édipo e Electra, enquanto muitos estruturalistas e funcionalistas se
detinham na experiência consciente, Freud deduziu que grande parte do
comportamento humano é determinada por processos mentais inconscientes.
E embora a ideia de Freud de que os processos mentais ocorrem abaixo do nível
do conhecimento consciente seja atualmente aceita pela ciência psicológica, os
processos inconscientes estudados pelos cientistas contemporâneo compartilham
apenas uma semelhança fugaz com conflitos sexuais inconscientes que permeavam a
teorização freudiana.
Na teoria da sexualidade infantil Freud relata que medida que o bebê se transforma
em criança, esta em adolescente, e este em adulto, ocorrem mudanças marcantes no
que é desejado e em como esses desejos são satisfeitos. Tais modificações são
elementos básicos na descrição de Freud das fases de desenvolvimento. Quando uma
pessoa não progride normalmente de uma fase para outra mas permanece envolvida
numa fase particular, prefere satisfazer suas necessidades de forma mais infantil. Freud
a denomina fixação.
A teoria da sexualidade infantil desenvolvida por Freud provocou intensa reação,
até mesmo na sociedade científica de sua época. Entretanto, hoje se compreende que
ela não poderia ser negada no século XIX e nem em nossos dias, pois é passível de ser
observada no comportamento infantil, causando incômodo entre os adultos. Esse
incômodo pode ser percebido por meio das formas de controlo e vigilância exercidas
sobre a criança e através das práticas exercidas pelo meio sociais, no sentido de
evidenciar a ameaça que a exploração da sexualidade representa.
Por exemplo, quando um adulto percebe a criança tocando os seus órgãos
genitais, interrompe-a imediatamente por meio de ameaças, punições ou ainda
“brincadeiras”, como: “Não mexa, se não vai cair”. Para Freud, essas são maneiras de
negar a existência da sexualidade infantil, que já é negada pela nossa amnésia, ou
seja, por nos lembrarmos pouco do que aconteceu em nossas vidas antes do período
escolar. Quando recusamos o reconhecimento da sexualidade da criança estamos
negando o reconhecimento dos nossos próprios impulsos sexuais infantis, ou seja,
mantendo o tabu lançado sobre eles em nossa infância (Cesarotto e Leite 1984).
Com a teoria da sexualidade infantil, Freud dedicou-se a reconstruir a história da
sexualidade humana descrita em Etapas do desenvolvimento psicossexual:
Fase oral (0- 2 anos)
Ao nascer, a região oral (cavidade oral, lábios, língua e mais tarde os dentes) é a
região corporal mais neurologicamente desenvolvida, além de representar a satisfação
das necessidades. O desejo básico do bebê é dirigido apenas para receber alimento e
atenuar as tensões de fome e sede. Ao ser alimentada, a criança também é confortada,
acalentada, acariciada, e desse modo, no início, ela associa prazer e redução de
tensão ao processo de alimentação. A boca é a primeira área do corpo que o bebê
pode controlar; a maior parte da energia libidinal é aí focalizada. À medida que a
criança cresce outras áreas tornam-se importantes regiões de gratificação, mas alguma
energia é permanentemente dirigida para a gratificação oral.
Fase anal (2-3 anos)
As crianças estão em pleno desenvolvimento motor, sendo a organização
psicomotora a base das novas conquistas. É o período em que começa a andar, falar e
a aprender a controlar os esfíncteres, que são os músculos da saída do ânus e uretra,
através do treino de pinico (aprender a fazer o xixi e o cocô no lugar e na hora
apropriados). O controlo da expulsão das fezes e da urina é socialmente necessário,
além de despertar um interesse natural pela autodescoberta, pois a obtenção do
controle esfincteriano é ligada à percepção de que esse controle é uma nova fonte de
prazer. A região anal, em virtude de tudo isto, é investida de energia, e erotizada. O
controlo da evacuação é o conflito central desse período.
Fase fálica (de 3 a 5 anos)
. Essa fase é marcada pela percepção das diferenças sexuais, ou ainda, como o
próprio nome sugere, a criança se dá conta do pênis ou da falta de um, já que, como a
maior parte do órgão genital feminino é interna, a criança percebe como se as mulheres
houvessem sido castradas. Sobre a teoria do complexo de castração: tanto menino,
quanto menina, passam por esse complexo de diferentes maneiras, o menino teme
perder o pênis, ser castrado, em função da superioridade que a sociedade atribui ao
homem. A menina, que ainda não tem consciência da vulva (parte externa do órgão
genital feminino), experimenta o sentimento de ter sido castrada, o que justificaria, na
visão freudiana, a postura de fragilidade, incapacidade e desvalor atribuído à mulher.
Assim, a sexualidade feminina se organizaria em torno da inveja que a mulher tem do
pênis, da busca do que não possui.
Esse complexo dá origem a outro, o complexo de Édipo, termo emprestado da
tragédia grega “Édipo Rei”, de Sófocles. Com a erotização dos genitais, há um acúmulo
de tensão que deve ser descarregado através de uma sensação prazerosa, obtida pelo
contato com um objeto sexual ou objeto de amor (Rappaport,1981)
Fase de latência (5 a 12 anos)
Nessa fase não há nenhuma reorganização de libido, a energia de vida, como
aconteceu nas fases anteriores. As características de personalidade, desenvolvidas até
então, não se alteram até a adolescência. A resolução do complexo de Édipo faz com
que a energia seja deslocada de seus objetivos sexuais. É canalizada para os objetivos
escolares e sociais.
Fase genital (de 12 anos em diante)
Com a chegada da puberdade os interesses sexuais são novamente despertados e
o indivíduo, que já se desenvolveu física, intelectual e socialmente, está pronto para o
exercício pleno da sua sexualidade. De acordo com Rappaport (1981), alcançar a fase
genital constitui, para a Psicanálise, atingir o pleno desenvolvimento adulto com a
possibilidade de amar e trabalhar. Para Freud, a heterossexualidade adulta é a marca
registrada da maturidade, pois permitirá ao indivíduo tanto a procriação quanto o
exercício genital mais amplo.
Segundo a teoria freudiana, o ego deveria ser a estrutura mais fortalecida da
personalidade, tendo em vista suas atribuições. Caso isto não aconteça, o ego poderá
ficar exposto a tensões tão elevadas que psicopatologias como a neurose ou psicose
podem se desenvolver. Neurose – engloba sintomas, que podem se expressar através
de distúrbios do comportamento, das ideias ou dos sentimentos, sendo uma expressão
simbólica de um conflito psíquico e que têm origem na infância. Psicose – termo usado
pela Psicanálise para referir-se a uma perturbação intensa do indivíduo na sua relação
com a realidade. É a mais grave das doenças mentais (NYE,1999).
Métodos de tratamento
Hipnose- foi o primeiro método utilizado de acesso ao inconsciente do paciente,
pois se trata de um estado de consciência modificado, transitório e artificial, provocado
pela sugestão do hipnotizador.
O método catártico- adotado por Freud na sequência do método hipnótico
consiste na revivência da situação traumática liberando o afeto esquecido e desta forma
restituindo ao sujeito a sua condição anterior ao trauma.
Além do método de associação Livre onde o paciente deve falar tudo que vem a
mente sem discriminação.
Com o constante desenvolvimento desta ciência, vem surgindo varias outras
abordagens psicológicas como é o caso da:
Psicologia humanista
O termo “Psicologia Humanista” foi utilizado pela primeira vez em 1930 por Gordon
Allport, que, juntamente com Henry Murray, são considerados os precursores da
abordagem humanista, desenvolvida como uma resposta à psicanálise e behaviorismo.
Psicologia humanista, por sua vez foca na livre vontade individual, crescimento pessoal
e o conceito de auto-realização. Enquanto as escolas iniciais de pensamento foram
centradas principalmente sobre o comportamento humano anormal, psicologia
humanista diferia consideravelmente em sua ênfase em ajudar as pessoas a alcançar e
realizar o seu potencial. Para o Humanismo, os interesses e valores humanos são
primordialmente importantes, pois se acredita nas responsabilidades do indivíduo e na
sua capacidade de realizar um confronto mais decisivo com sua realidade. Desta
maneira, o indivíduo é o único que tem potencialidade de saber a totalidade da
dinâmica de seu comportamento e das suas percepções da realidade e de descobrir os
comportamentos mais adequados para si próprio. Os principais defensores deste
movimento foram: Carl Rogers (1902 – 1987) e Abraham Maslow (1908 – 1970)
Carl Rogers, considerado um dos mais influentes pensadores dos EUA,
desenvolveu uma teoria conhecida como Abordagem Centrada na Pessoa, através da
qual defendia que as pessoas se definem por suas experiências e vivem num mundo
particular denominado de campo fenomenal ou experiencial, que contém tudo que
passa no organismo em qualquer momento, e que está potencialmente disponível à
consciência. Nesse mundo estariam os eventos, percepções, sensações e impactos,
dos quais a pessoa não está consciente, mas poderiam ser acessados caso focalizasse
sua atenção. É um mundo particular e pessoal que pode ou não estar de acordo com a
realidade objetiva.
A Psicologia humanista continua a ser bastante popular hoje em dia e tem tido uma
influência significativa sobre outras áreas da psicologia, incluindo a psicologia positiva.
Este ramo particular da psicologia é centrado em ajudar as pessoas a viverem uma vida
mais feliz, mais gratificante.
Psicologia cognitiva
A psicologia cognitiva é a escola de psicologia que estuda os processos mentais,
incluindo como as pessoas pensam, percebem, lembram e aprendem. Como parte do
maior campo da ciência cognitiva, este ramo da psicologia está relacionada a outras
disciplinas, incluindo neurociência, filosofia e linguística.
Psicologia cognitiva começou a surgir na década de 1950, em parte como resposta
ao behaviorismo. Os críticos do behaviorismo observaram que ele não conseguiu
explicar o comportamento como os processos internos afetados. Este período é muitas
vezes referido como a “revolução cognitiva”, com uma riqueza de pesquisas sobre
temas como processamento de informação, língua, memoria e percepção. Uma das
teorias mais influentes desta escola de pensamento foram os estágios de
desenvolvimento cognitivo da teoria proposta por Jean Piaget. (Allyn e Bacon, 2002)
Ver biografia e obra de Jean Piaget.
Referências bibliográficas:
 AGUIAR, Maria Aparecida Ferreira. 2005 Psicologia aplicada à administração:
uma abordagem multidisciplinar. São Paulo: Saraiva,.
 BOCK, Ana M. B., FURTADO, Odair. 1999, Psicologias: uma introdução ao
estudo da psicologia. São Paulo: Saraiva.
 Castro, Raquel Almeida de,
 FIGUEIREDO, Luís Cláudio. 2002 A invenção do psicológico: quatro séculos
de subjetivação. 6. ed. São Paulo
 FREEDMAN, Anne. 1972. Uma sociedade planejada, uma análise das
proposições de Skinner. São Paulo: EPU/EDUSP
 NYE, Robert D. 1999, Três psicologias: ideias de Freud, Skinner e Rogers.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning Ltda.
 PENNA, A.1978. Introdução à história da Psicologia contemporânea. Rio de
Janeiro: Zahar
 PENNA, António G.2004 Introdução à psicologia do século XX. Rio de
Janeiro: Imago,
 CESAROTTO, Oscar; LEITE, Marcio P. de S. O que é psicanálise. São Paulo:
Brasiliense, 1984. (Coleção Primeiros Passos).
 DAVIDOFF, L. 1980. Introdução à Psicologia. 3.ed. São Paulo: McgrawHill

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