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Idalécio Lazaro Mário Silvestre

Síntese de Etnopsicologia

Licenciatura em Psicologia Educacional

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo 2022

Idalécio Lazaro Mário Silvestre


Síntese de Etnopsicologia

Licenciatura em Psicologia Educacional


4º Ano Laboral

Síntese de Etnopsicologia a ser


entregue na Faculdade de Educação
e Psicologia (FEP) para efeitos de
avaliação sob orientação do Mestre:
Élio Martins Mudendere.

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo 2022

Índice
1. Introdução...........................................................................................................................................4
1.1. Objectivo geral:..............................................................................................................................4
1.2. Objectivos Específicos:...................................................................................................................4
1.3. Metodologia:...................................................................................................................................4
2. O HOMEM COMO UM SER BIO-PSICO-SOCIO-CULTURAL.......................................................6
2.1. O Homem como Unidade Biológica.................................................................................................6
2.2. O Homem como Unidade Psicológica..............................................................................................6
2.3. O Homem como Unidade Socio-cultural..........................................................................................6
3. CULTURA E IDENTIDADE DOS POVOS........................................................................................7
4.1. Zona Sul..........................................................................................................................................9
4.2. Zona Centro....................................................................................................................................9
Ritos de iniciação masculino e feminino....................................................................................................10
4.3. Zona Norte....................................................................................................................................10
A EDUCAÇÃO TRADICIONAL EM MOÇAMBIQUE...........................................................................10
4.4. Conceito de Educação Tradicional..............................................................................................10
4.5. Caracterização..............................................................................................................................11
6. A DESQUALIFICAÇÃO SOCIAL DO OUTRO..................................................................................11
6.1. O Conceito de Desqualificação Social.................................................................................................11
7. CULTURA E SAÚDE MENTAL..........................................................................................................12
8. Referências bibliográficas:.....................................................................................................................13

1. Introdução
O presente trabalho constitui-se em síntese dos diferentes apectos abordados nesta disciplina ao
longo do semestre, compreende-se como uma compilação sintética de sete temas que compõem o
plano temático da disciplina, o que corresponde a conteúdos referentes a: introdução à
etnopsicologia; o Homem como unidade biopsicossocultural; cultura e identidade dos povos;
grupos etnolinguísticos; educação tradicional em Moçambique; a desqualificação social do outro
e Cultura e Saúde Mental.

1.1. Objectivo geral:


Consolidação dos temas abordados na disciplina
1.2. Objectivos Específicos:
Caracterizar sinteticamente os temas abordados
1.3. Metodologia:
Para a elaboração do presente resumo fez-se a selecção de um estudo metodológico qualitativo e
consiste numa revisão de literatura de estratégia documental na sua produção e elaboração, trata-
se de uma pesquisa na qual a natureza e finalidade é de fornecer maior quantidade de dados
fiáveis para a viabilização do presente estudo.

1. Introdução à Etnopsicologia
De partida abordamos aspectos inerentes a definição do tema Introdução à Etnopsicologia, e
para tal recorremos ao Bairrão quem define a Etnopsicologia como campo da ciência que trata e
investiga a intersecção entre a pessoa e social sem sedimentar um modelo único, mas fundamenta
premissas que abrem caminhos para novos olhares (JOSÉ; BAIRRÃO, 2015).
O objetivo da etnopsicologia tem sido investigar a maneira como variados grupos étnicos
administram conflitos, vivenciam as emoções e os relacionamentos interpessoais, dependendo do
objetivo de cada pesquisador. Especial atenção, entretanto, tem sido dedicada às terminologias e
ao sistema de compreensão do outro para perceber até que ponto o que está sendo nomeado pelo
pesquisador de uma determinada forma corresponde ao auto compreensão sistêmica do outro.
(BAIRRÃO; PAGLIUSO,2011)
A criação da área de psicologia dos povos significou ainda uma busca por características comuns
que pudessem definir as coletividades, mas sem que estas confundissem com o nacionalismo ou
com a identidade nacional (JOSÉ; BAIRRÃO, 2015).

Embora a criação da área de investigação da psicologia dos povos seja geralmente atribuída a
Wundt, este psicólogo alemão utilizou o termo posteriormente a Steinthal e Lazarus.
A iniciativa de Steinthal e de Lazarus foi importante na medida em que foi por influência deles
que se estabeleceu a primeira relação entre a nova ciência da linguagem e da psicologia
(HEARNSHAW, 1987 apud JOSÉ; BAIRRÃO, 2015).

De referir ainda que a Etnopsicologia relaciona-se com outras ciências como Sociologia,
Antropologia, Psicologia, psiquiatria e mais. Ao aprender com outras áreas das ciências sociais,
pode igualmente contribuir a seu enriquecimento.
A etnopsicologia não define os limites do que seja a pessoa ou o social, já que procura investiga-
los em cada um de seus contextos de origem. Como uma certa interdependência entre o que em
cada sociedade se compreende por cultura, self e afeto tem sido encontrada em varias pesquisas
que sugerem que o conceito de pessoa talvez possa ser concebido como um ponto de intersecção
entre o subjectivo e o social (WHITE; KIRKPATRICK, 1985 apud JOSÉ; BAIRRÃO, 2015)

Ela orienta-se em dois método destintos que são a Etnografia e Etiologia sendo que:
Etnografia é a escrita do visível. A descrição etnográfica depende das qualidades de observação,
de sensibilidade ao outro, do conhecimento sobre o contexto estudado, da inteligência e da
imaginação científica do etnógrafo (MATTOS, 2011,p.55).

Etnologia é o termo para o estudo sistemático ou científico sobre o outro. O estudo comparativo
sistemático da variedade de outros povos diferente do nosso. Etnologia é ramo da antropologia
cultural que estuda a cultura dos povos naturais, é o estudo e o conhecimento, sob o aspecto
cultural, das populações primitivas (MATTOS, 2011,p.52).
No processo de Ensino e Aprendizagem a Etnopsicologia contribui exponencialmente para o
entendimento da diversidade cultural entre os alunos, e visa proporcionar formas de aceitação e
atendimento pelo professor em sala de aula e não só, mas também na elaboração dos planos
curriculares, material didáctico.

2. O HOMEM COMO UM SER BIO-PSICO-SOCIO-CULTURAL


O ser humano forma sua personalidade em resultado da sua constituição biológica (características
herdadas), das influências do meio social e cultural do contexto em que se encontra (aquisições
do meio), assim como das experiências de vida (desenvolvimento), e sempre considerando seu
desenvolvimento psicológico (estabilidade emocional, de sentimentos). Por tal se diz ser uma
unidade bio-pisco-sociocultural (AMANCIO, 2000, P.38).

2.1. O Homem como Unidade Biológica


Como ser biológico, o Homem é formado por um organismo constituído por célula (unidade
fundamental da matéria viva), tecidos (conjunto de células desempenhando a mesma função),
órgãos (conjunto de tecidos que trabalham para um determinado fim), sistema de órgãos
(conjunto de órgãos que trabalham para um determinado objectivo) (RODRIGUES, 2001:85).

2.2. O Homem como Unidade Psicológica


"Como um ser psicológico, o Homem possui uma mente ou espírito, o lado material. O Homem
psicológico é constituído pelo conjunto de fenómenos psíquicos que podem ser conhecidos
estudando e avaliando o seu comportamento, a sua maneira de ser e estar", (RODRIGUES,
2001).

2.3. O Homem como Unidade Socio-cultural


Assim, a perspectiva sócio-cultural ressalta o papel que os factores sociais e culturais têm na
origem e permanência do comportamento da pessoa. Como um ser social, o Homem possui
extinto e desenvolve o hábito de viver em sociedade, isto é, na relação com outros homens.
(RODRIGUES, 2001:86).

3. CULTURA E IDENTIDADE DOS POVOS


A Cultura e identidade dos povos caracteriza-se por vários aspectos entre si relacionados, para
sintetizar este tema começamos pontuando os conceitos que o compõem.
3.1. A Cultura
Pode ser definida como o conjunto de práticas e representações características de um
determinado grupo humano e ela varia com o tempo e com o espaço (LEBARON, 2010)
3.1.1. Aculturação
O processo de aculturação inclui o processo de sincretismo e transculturação. Dos contatos
íntimos e contínuos entre culturas e sociedades diferentes resulta um intercâmbio de elementos
culturais. Com o passar do tempo, essas culturas fundem-se para formar uma sociedade e uma
cultura nova (LAKATOS, 1990).

É de realçar que a descrição cultual assenta-se em três dimensões e tais são: Traços Culturais,
Complexos culturais e Padrões culturais.

3.1.2. Traços Culturais

Podem ser materiais, simples objetos, ou seja, cadeira, mesa, brinco, colar, machado, vestido,
carro, habitação etc. Ou traços culturais não-materiais que compreendem atitudes, comunicação,
habilidades. Ex: aperto de mão, beijo, oração, poesia, festa, técnica artesanal etc (LAKATOS,
1990)..

3.1.3. Complexos culturais

Consistem no conjunto de traços ou num grupo de traços associados, formando um todo


funcional; ou ainda, um grupo de características culturais interligadas, encontrado em uma área
cultural (LAKATOS, 1990).

3.1.4. Padrões culturais

Padrões culturais são, segundo Herskovits (1963 apud Lakatos, 1990), "os contos adquiridos
pelos elementos de uma cultura, as coincidências dos padrões individuais de conduta, manifestos
pelos membros de uma sociedade, que dão ao modo de vida essa coerência, continuidade e forma
diferenciada.

3.2. Identidade
O termo identidade provem do latim (identĭtas), e refere a um conjunto das características e dos
traços próprios de um indivíduo ou de uma comunidade. Esses traços caracterizam o sujeito ou a
colectividade perante os demais. Por exemplo: “A caracata faz parte da identidade dos
zambezianos (da Zambézia) ”, “Uma pessoa tem o direito de conhecer o seu passado para
defender a sua identidade” (Equipe editorial, 2011).

3.3. Povo

De acordo com a Equipe editorial (2012), a palavra povo deriva do termo latim populuse permite
fazer referencia a conceitos diversos tais como: os habitantes de uma certa região, a população
em geral e/ou uma povoação de menor tamanho.

Segundo Müller (s.d. apud Borges, 2013, p. 14780) busca analisar o conceito de “povo” partindo
da seguinte divisão:

3.3.1. “Povo” como povo ativo;

Entendem-se como povo ativo os titulares de nacionalidade de acordo com as prescrições


normativas do texto constitucional. “Por força da prescrição expressa as constituições somente
contabilizam como povo ativo os titulares de nacionalidade”

3.3.2. “Povo” como instância global de atribuição de legitimidade;

Neste contexto, o povo elege seus representantes, os quais, por sua vez, são responsáveis pela
elaboração de textos de normas, que, em regra, vinculam as ações e interesses do próprio povo,
enquanto população. (BORGES, 2013, p. 14782).

3.3.3. “Povo” como ícone

Müller conceitua o povo “como ícone” partindo da ideia de um povo intocável, uma imagem
abstrata e discursivamente construída como una e indivisível.

3.3.4. “Povo” como destinatário das prestações civilizatórias do Estado


Os indivíduos estão protegidas pelo direito constitucional e pelo direito infraconstitucional
vigente, i.e., gozam da proteção jurídica”. Portanto, destinatários de prestações civilizatórias do
Estado (BORGES, 2013, p. 14784).

Ainda nesta senda evocamos aspectos relacionados a diversidade cultural definida pelo espaço
habitacional e para tal, PENA (2022), em sua abordagem define espaço urbano como a área de
elevado adensamento populacional com formação de habitações justapostas entre si, o que
chamamos de cidade. Igualmente define espaço rural como o conjunto de actividades primárias
praticadas em áreas não ocupadas por cidades ou grandes adensamentos populacionais.

Entende-se nas premissas supracitadas que a cultura e identidade dos povos resume-se em
coincidências dos traços, conjuntos de símbolos e praticas, dentre outros comportamentos
manifestos pelos membros de uma mesma sociedade, nisto e evidente que a identidade de um
povo emana-se pelos seus hábitos culturais.

4. GRUPOS ETNO-LINGUÍSTICOS DE MOÇAMBIQUE

Ao abordar esta temática é importante primeiro frisar que Moçambique é um país com uma
diversidade linguística, chegando a encontrar províncias com dois a três idiomas. Mas para o
presente estudo e importante olharmos para os grupos etnolinguísticos numa dimensão regional,
onde abordagens referentes a Zona Sul, Zona Centro e Zona Norte.

4.1. Zona Sul

Quanto a aspectos etnolinguísticos é uma zona dominada pela etnia xitsonga que engloba de um
modo geral os grupos ronga, changana, chope, bitonga e vatsawa que corresponde ao povo que
habita a região sul do país (MUTHAMBE, 2021).

Lobolo (casamento)é um costume cultivado até hoje no sul de Moçambique. A família da noiva


recebe dinheiro pela perda que representa o casamento e a ida para outra casa.

Em relação prática religiosa, predominou o culto dos antepassados (langa, 1992, Mudiue 2017,
Chiziane 2004 apud Muthambe 2021).
4.2. Zona Centro

Compreende a quatro províncias nomeadamente Sofala, Manica, Tete e Zambezia,( Va-Ndaus,


uma das línguas predominantes é O chisena, esta é uma língua bantu, falada nas margens do
Zambeze, desde o Chinde ate Tambara. O número total dos falantes é relativamente elevado,
cerca de 30.000…. O futuro do chiSena esta em ser a língua franca do rio Zambeze (MEQUES,
1999 apud Langa, 2017)

Ritos de iniciação masculino e feminino

Quando se chega a puberdade, os rapazes assim como as raparigas senas escolhem um nome que
mais lhe agradam, que duma maneira geral, é aquele que era conhecido seu avô paterno (para os
rapazes) ou sua avó paterna (nas raparigas).

4.3. Zona Norte

A Zona Norte de Mocambique constituída pelas províncias de Niassa, Nampula e Cabo Delgado
onde encontramos os Macua-Lomué e os Makonde, com cerca de 300.000 km2, abrange parte
das províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Zambézia, é delimitado ao norte pelo rio
(Licungo nas proximidades) Rovuma a, leste o Oceano Indico, sul rio Licungo, próximo do rio
Zambeze e o oeste rio Lugenda.

A educação do povo macua-lomue é complexa porque começa numa perspectiva de relação de


trabalho de família, de sociedade, de meio ambiente e outras manifestações que esta cultura
exige.

Os Makonde localizam-se no extremo norte, junto ao rio Rovuma. Encontram-se igualmente no


sul da Tanzânia, em número maior que em Moçambique.

Os rituais da puberdade são uma das instituições sociais Makonde mais importantes a distingui-
los de outros grupos vizinhos, como os Macua e os Ajaua que apresentam diferenças notáveis.
5. A EDUCAÇÃO TRADICIONAL EM MOÇAMBIQUE

Para melhor interpretarmos este tema iniciaremos abordando a questão referente ao seu conceito.

5.1. Conceito de Educação Tradicional

Educação tradicional é aquela que é exercida no meio social de pertença da criança e


normalmente transmite saberes locais, (MONDLANE, 1975, apud ARIANDE, 2014). A criança
é educada no seio da família, comunidade e a sociedade em geral, por meio de uma aprendizagem
por motivação e por participação gradual na vida dos adultos. Transmite-se às crianças saberes,
normas de comportamento, regras que são conhecimentos estabelecidos pela tradição

5.2. Caracterização

A educação tradicional, assume variados papeis que vão desde a educação coletiva (por não ser
tarefa somente a nível familiar, mas também do clã, da aldeia, da etnia) (NSAOVINGA, 2019).
O indivíduo é definido pela comunidade e é dentro deste grupo social que a criança faz a sua
aprendizagem: ela está assim submetida à disciplina colectiva. A criança neste caso é considerada
como um bem comum, ela é submetida à acção educativa de todos; ela pode ser mudada, enviada,
aconselhada, corrigida ou punida por qualquer adulto da aldeia ou comunidade; uma educação
pragmática e concreta (onde o adulto serve de modelo ou exemplo para os mais novos na
comunidade);  uma educação funcional (os ensinamentos recebidos estão relacionados com o
ambiente físico, com as realidades socioeconómicas e directamente ligadas às taxas de produção);
educação oral (que consiste sobretudo em uma educação ocasional e não institucionalizada no
sentido de sistematização); uma educação mística (esta educação é baseada sobre na concepção
animista e nas crenças religiosas) (NSAOVINGA, 2019).
6. A DESQUALIFICAÇÃO SOCIAL DO OUTRO

6.1. O Conceito de Desqualificação Social

Para Paugam, falar em desqualificação social significa abordar questões relativas à situação de
pobreza e a processos de exclusão do mercado de trabalho. Trata-se de um processo abrangente,
dinâmico e de múltiplas dimensões, onde, pelo fato de valorizar o caráter multidimensional e
evolutivo da pobreza, o estudo da desqualificação social e, consequentemente, dos que dela
participam, significa:

Estudar a diversidade dos status que definem as identidades pessoais, ou seja, os sentimentos
subjetivos acerca da própria situação que esses indivíduos experimentam no decorrer de diversas
experiências sociais, e, enfim, as relações sociais que mantém entre si e com o outro (PAUGAM,
2003, p. 47 apud PIZZIO, 2009, p.2011).

De salientar que a Desqualificação Social corresponde a um processo e que é conotada ao se


fazer análise das transformações do mercado de trabalho e suas consequências para os indivíduos.
Ela assanta-se no desenvolvimento de atitudes de; Intolerância Social; O Racismo;
Regionalismo; Xenofobia; Tribalismo e Terrorismo. (SANTOS, 1984).

7. CULTURA E SAÚDE MENTAL

Neste último tópico cingir-nos-emos a saúde mental, tendo em conta que a questão de cultura já
vem sido mencionada ao longo do trabalho, apenas traremos a sua correlação com a saúde
mental, isso respeitando que a cultura tem como função reunir uma variedade de pessoas numa
colectividade específica, favorecendo a adaptação do homem ao seu meio ambiente e ao conjunto
das realidades com que tem de viver (REIMÃO, 1996).

A OMS define saúde mental como “um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas
próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é
capaz de contribuir para sua comunidade (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE-OMS,
2018).
Podendo definir também a demência ou doença mental como um conjunto de reações objetivas e
subjetivas às alterações de consciência, pensamentos e afetos que o sujeito experimenta sob a forma de
sofrimento psíquico. O campo historiográfico da doença mental contorna as subjetividades de cada
período da sociedade e suas representações culturais, mas, essa simbologia sócio-cultural ocorre,
apenas, no campo epistemológico/conceitual da doença mental ora privilegiando a fisiologia ora
enaltecendo a experiência do doente que é por ela cometido e, as práticas deste tipo de conhecimento
(OLIVEIRA, 1999, apud in FIGUEIREDO,2018).

Na interpretação moçambicana a saúde mental sempre foi uma área contemplada pelo Governo.
Contudo, a assistência prestada aos doentes mentais no país era do tipo reclusiva em que os
pacientes foram confinados em manicómios (período colonial), passando, na pós-independência,
por uma segunda fase de total libertação dos doentes, seguindo-se um tipo de cuidados em regime
semiaberto a partir de 1990. (SANTOS,2011)

A doença mental em Moçambique pode ser percebida em diferentes aspectos no que concerne as
causas podendo elas serem: Sem Causa Aparente; Causas Psicológicas; Causas Socioeconómicas;
Causas Biológicas; Causas Místicas
Espíritos malignos nos doentes mentais
Muitas rezas e arrependimento foi a prescrição feita por um pastor a este doente, que nunca foi
devidamente diagnosticado por um médico. O veredito do pastor é de que esta sob influencia do
diabo. Uma crença forte em Moçambique é a de que as perturbações de saúde mental resultam de
espíritos malignos (FIGUEIREDO,2018).
A sua intervenção pode obedecer a Medicina Tradicional; Medicina Moderna ou a
combinação das duas medicinas.
8. Referências bibliográficas:
 AMANCIO, P. psicologia: introdução geral. Porto editor, Porto, 2000.
 BAIRRÃO,J. F.M.H; JOSÉ,L.P. Etnopsicologia: um breve histórico, in: BAIRRÃO,J.
 Equipe editorial de Conceito.de. (19 de Janeiro de 2011). Conceito de identidade.
Conceito.de. https://conceito.de/identidade
 FANTINI, J.A. Raízes da Intolerância. Ed. Edufscar.2014.
 MATTOS, C. L. G. A abordagem etnográfica na investigação científica. In MATTOS,
CLG., and CASTRO, PA., orgs. Etnografia e educação: conceitos e usos. Campina
Grande: EDUEPB, 2011. pp. 49-83.
 NSAOVINGA,C. A. N. As características da educação tradicional em africa. 2019.
Disponível em; As características da educação tradicional em África – Wizi-Kongo
acesso 17.11.2022, 17h:38 min.
 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Guia de estudos-Saúde
Mental.Belo Horizonte. 2018.
 PIZZIO, A. Desqualificação e qualificação social: uma análise teórica conceitual. In;
Revista Mal-estar e Subjetividade – Fortaleza – Vol. IX – Nº 1 – p. 209-232 – mar/2009.
 REIMÃO, Cassiano. A cultura enquanto suporte de identidade, de tradição e de
memória, in: Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, n" 9, Lisboa, Edições
Colibri, 1996, pp. 309-321
 RODRIGUES, Paulo. Psicologia, como parte de biologia humana e animal. 2001.
Monografia (licenciatura em Psicologia de Desenvolvimento) Universidade Federal de
São Francisco, Florianópolis
 SANTOS, Palmira Fortunato dos. Avaliação dos serviços de saúde mental em
moçambique. Dissertação de mestrado em saúde mental internacional. Universidade
nova de lisboa. Lisboa. 2011.
 FIGUEIREDO, Luciene Santos. Psicopatologia. Sanar Ltda. 2018

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