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DIRCEU MONTOVANI
Introdução
A psicologia da educação é também conhecida como psicologia escolar ou
psicologia educacional e é uma área de conhecimento da psicologia que se articula ao
campo educacional. Com vistas a buscar compreender o modo como os sujeitos se
relacionam e se comportam ao mesmo tempo em que desenvolvem sua aprendizagem.
Neste capítulo, você vai acompanhar como surgiu e foi concebida a psicologia da
educação, bem como acompanhar suas diretrizes e bases norteadoras. Por fim,
conhecerá quais elementos são essenciais para sua atuação.
Psicologia da educação
A psicologia da educação envolve os princípios da psicologia e apresenta
interesse nos comportamentos humanos e em como estes são influenciados por
processamentos mentais. Ou seja, como cada sujeito se manifesta em seu viver levando
em conta seu modo único de perceber a vida. Desse modo, é possível conectar estes
princípios às premissas da educação, considerando primordialmente os processos aos
quais os sujeitos disponibilizam para o desenvolvimento da aprendizagem e para a
aquisição de conhecimento.
O ponto de encontro entre a psicologia e a educação ocorre ao entender que os
sujeitos são constituídos também pela cultura estruturada ao longo da história da
humanidade: humanizando-se por meio do vínculo e do pertencimento ao universo em
que está inserido. Os sujeitos são seres sociais e a educação age como tessitura para a
absorção do mundo em que o sujeito vive em si mesmo.
A psicologia e a educação acompanham a história do pensamento humano.
Podemos observar que desde que se possuem registros sobre o desenvolvimento do
pensamento a psicologia e a educação caminham juntas. Ao lembrarmos os tempos
mais remotos, por meio dos registros tribais nas cavernas sinalizando uma organização
civilizatória com intenção de propagar os conhecimentos adquiridos seja por meio de
observação ou vivências, percebemos os primeiros indícios de que a educação
acompanha toda a evolução da espécie humana. Como exemplo disto, podemos
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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO – FAJOPA – 2021 – PROF. Pe. DIRCEU MONTOVANI
Sob a perspectiva de que a escuta como ferramenta prática da psicologia surgiu com os
métodos de Sócrates, bem como tais métodos serviram de motivação para a aquisição de
conhecimentos e uma consequente busca por uma visão de mundo mais ampla, é possível
imaginar que tanto a psicologia quanto a educação vieram do mesmo “berço” e que, por isso,
possuem articulações desde a antiguidade.
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A psicologia da educação fundamenta sua atuação por meio das bases conceituais de
teóricos da filosofia, com seu passado influenciador da história do pensamento, e da prática da
pedagogia, com sua atenção aos modos de aquisição e apreensão dos conhecimentos:
As pesquisas desenvolvidas até este momento eram reflexo de uma sociedade à sombra
da ditadura e influíam de maneira tecnicista e restrita, descontextualizada e pouco crítica,
principalmente em ações com as camadas mais pobres e fragilizadas. A psicologia começa a
despertar seu olhar para aspectos sociais e, consequentemente para a educação, a partir da
década de 1990, buscando problematizar a universalidade de teorias psicológicas, bem como
suas métricas avaliativas e expandindo seu olhar sob a interdisciplinaridade como ferramenta
para a compreensão do sujeito em meio a sua subjetividade. Houve uma necessidade de ampliar
a escuta mediante as mudanças que iniciavam esse despertar e, a partir disto, as universidades
buscaram reformular seus currículos para o curso de psicologia, inserindo disciplinas teóricas e
práticas de acordo com as necessidades emergentes para uma formação qualificada (MALUF;
CRUCES, 2008).
Esta mudança mais significativa da psicologia com enfoque na educação foi resultado
das pesquisas realizadas na época. Inúmeras delas foram realizadas pelo órgão regulador da
psicologia no Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), criado a partir da Lei nº 5.766 de 20
de dezembro de 1971, juntamente com os conselhos regionais de psicologia, sendo
determinados a orientar, disciplinar e fiscalizar a prática profissional da psicologia, assim como
acompanhar a sua aplicabilidade de acordo com o código de ética e disciplina da profissão. O
CFP determina a consolidação de resoluções relativas à especialização em áreas onde a prática
da psicologia possa se efetivar respeitando os avanços da ciência psicológica, a partir da escuta
às emergências no despertar de áreas de conhecimento para a atuação do profissional de
psicologia. Dentre estas áreas, podemos destacar a psicologia da educação com suas práticas
ramificadas dentro de duas modalidades: a psicologia escolar/educacional e a psicopedagogia.
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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO – FAJOPA – 2021 – PROF. Pe. DIRCEU MONTOVANI
Com vistas a apoiar a prática com atuação na educação, as pesquisas mais recentes
apontam uma preocupação com a necessidade de atualizar constantemente os cursos de
psicologia cuja ênfase seja a formação continuada de profissionais dispostos a atuar com
educação, aspecto considerado essencial para a prática educativa com qualidade. Assim, deve-
se dar atenção integral para as progressivas transformações sociais, bem como para o
acompanhamento das demandas emergentes no contexto educacional, tanto do educador,
quanto do órgão educativo ou da escola ou organização.
Desta maneira, podemos destacar como indispensável para a prática tanto o percurso
formativo quanto a sua constante renovação. É importante reforçar sua fundamentação sob os
princípios da interdisciplinaridade, da ética e da sensibilidade para a contextualização social e
afetiva.
A percepção depende de órgãos dos sentidos, como: tato, olfato, paladar, visão e
audição, e também de aspectos mais subjetivos como o clima afetivo e emocional do contexto.
Não é possível uma aprendizagem passiva, os processos educacionais ocorrem sempre de
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maneira ativa e com dinâmicas pluralizadas. Por se constituir como centro receptor e produtor
de percepções, cada sujeito se encontra em constante desenvolvimento de si, de sua
personalidade e de seu modo de existir no mundo através das aprendizagens. Desta forma, a
aprendizagem auxilia o sujeito a se conceber, bem como sua concepção permeia seu modo de
aprender.
EXEMPLO:
Todas as relações estabelecidas dentro do ambiente de aprendizagem contribuem e
acentuam desejos de permanência ou repulsa a estar neste ambiente e desenvolver sua
aprendizagem. A relação que o educando estabelece com os colegas, com o educador, com a
instituição/organização e com o método está intimamente ligada às suas motivações sobre o
aprender e pode contribuir a emergir alguma repulsa ao processo.
Imagine se você não sentisse afinidade com nenhum colega, ou não se sentisse acolhido
pelo educador, ou ainda se os métodos de ensino lhes causassem desconforto ou antipatia. Você
aprenderia com a mesma rapidez e fluência?
REFERÊNCIAS
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MEIRA, M. E. M.; ANTUNES, M. A. M. Psicologia escolar: teorias críticas. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2003.
Leituras recomendadas
BRASIL. LDB: Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Senado
Federal/Coordenação de Edições Técnicas, 2017.