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Vicente Keller

f.^\ Cleverson Leite Bastos

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APREIVDENDO LOGICA

Dados lnternacionais de Catilogaçáo na Publicação (ClP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Keller, Vicente
Aprendendo logíca lVicente Keller, Cleverson Leitc
Bastos. - 17. ed. - Petrópolis, RJ : Vozes, 2008.

Bibliografia.
ISBN 978-85 -326-06s5-6

L Lógica I. Bastos, Cleverson Leitc. ll. Título.

07 -727 5 CDD-I60

Índices para catálogo sistemático: 9çzlg*


1. Lógica : Filosofia 160 Petrópolis
"E lementos verdadeiros e prim e i ro,r.,çr7o.
os que tiram sua credibilidadc, niitt rlt
outros
elementos, mas de si mesmos".
(Aristritclcs)
Primeiru Parte
"Esta é uma das características rlu,s
proposições lógicas, a de que clu,s ttão
mencionam nada". LOGICA FORMAL
(B. Itusscl)

"Naquilo com que um espírito .s,t, ,rttti,slir.:,


mede-se a grandeza de sua 1t<,ritt".
(l lcgcl)

"É livre aquele que é capaz de lot.rtttt.-,,;t,


o que deve ser".
"Sem abstração, a inteligência ntío
floresce... "
(João Zclcsrry )

/
Introdução

tOgicot... Uma expressão corriqueira e comum que contém


f unla história, uma ciência e muita controvérsia. No entanto,
sii«r 1-roucas as pessoas que se dão conta disto porque, apesar de sua
irrrportância, o seu tratamento é de ordem acadêmica.
Iirnbora correndo riscos, o objetivo que nos propusemos ao
cscrcvcr sobre tal assunto foi, na melhor das intenções, o de tornar
rrt'cssivcl um conteúdo acadêmico que, de modo geral, é árido e de
rlrllcrl assimilação, o que é agravado pela disparidade de formação
(luc n()ssos alunos recebem e pela própria complexidade com que
o rrssrrnto é, normalmente, apresentado.
('orl cste intuito, fizemos constar neste livro a chamada Lógi-
t'il Mcrror, no seu essencial, a parte da Lógica Simbólica, hoje já
tlcrrorninada de clássica, e noções da discutida e discutível Logtca
I )rirlctica. Quanto à Lógica Menorjulgamos ter trazido os elemen-
los srrÍlcicntes e necessários para um primeiro contato. Com rela-
rio i\ l-ógica Simbólica, o que apresentamos limita-sc a noções in-
r,,

Irtrtlut(rrias umavez que esta Logica teve um desenvolvimento ta-


nrirnlro que foge ao nosso objetivo. Finalmente, quanto à Dialeti-
('ír, n()s lcstringimos ao esquema de interpretação, evitando assim
tlisctrssõcs de ordem filosófica.
Ilstc livro é fruto de trabalho em sala de aula, de cursos erl cu-
jos ;lrogramas são desenvolvidos os três assuntos, e, dada a difi-
ctrltluclc de encontrá-los reunidos nurl único compêndio, é que os
corrrlcnsarros. Desta forma nos foi possível levar estes conteúdos
rr irlrrnos provenientes de outras áreas que não especificamente de
lirrnração matemática ou fi losófica.

13
Por ser fruto de trabalho em sala de aula, clc tttotlo rtll',tlllt ,'
consideramos acabado. Julgamos que sua publicaçiio (' i t t t ; rot I t t I t'i t Capítulo I
porque nos servirá como avaliação do que fizctlrtts. () (ltl(' tt lollt,t
aberto a críticas, sugestões e complementações clttc llorlt'tllo llr)',
ajudar, e a nossos alunos, na continuidade. LOGICA?
Curitiba, ugrt:;ltt th' I()t)(l'
( ).r rttrlrtt r't

(_[marápidapesquisa em diversos manuais de lógica e dicio_


,á,os especializados pode revar o i,iciante a confundir-se
rlrurrrlo ao conteúdo do que se classifica como lógica,
dada a apa_
I'crrlc cliversidade de definições que poderá encontrar.
veja-se, por
c,xcrnltlo, as seguintes:

- "A lógica fonnal é uura ciência que detennina asfor_


rnas corretas (ou válidas) de raciocínio,, (Joseph Dopp).

-"Lógica éa ciência das formas do pensamento,,(L.


Liard).
- "Lógica é a linguagem que estrutura as linguagens
descritivas', (L. Hegenberg).
-"Logica é a ciência da argumentação, enquanto esta e
a diretiva da operação de raciocinar,, (Goiredo Telles
Júnior).

- "Lo gica
é a arte que diri ge o próprio ato da razão, isto
é, que nos pennite chegar com ordim, facilmente e
sem
erro, ao próprio aÍo darazã.o,,(Jacques Maritain).
- "O estudo da lógica é o estudo dos métodos e princí_
pios usados para distinguir o raciocínio correto do in_
correto" (I. Copi).
Aparente diversidade porque estas deÍinições exprirrem,
err
riltirna análise, um conteúdo corrrum, ou seja, uiógi.u é a
disciphnã
c;.c trata das formas de pensamento, da linguagira descritiva
do
llcrsamento, das leis de argumentação e raciocínio corretos, dos
nrotodos e dos princípios que regem o pensamento hunano. portan_
to, ,ão se trata somente de uma ar1e, mas tambérn de uma
ciência.

t4 I
E uma ciênciaporquepossuium objeto dclinitkr: rrs lirr rrrr',,l,
pensamento. Em função de seu objeto, seu dcscnvolvirrt'rrtr,, lr, l,r Capítulo II
abstração que implica, a descompromete conr a ulilirlirtlt'orr rr',rlr
dade. Em outros termos, a princípio, a lógica uão lcrn conll)r()nu',
sos ideológicos. No entanto, sua história derronstm o potl«'r t;rrr' ,r PRINCIPAIS FORMAS DE LOGICA
mesrna possui quando bem dominada e dirigida 1r ur)r propo',rt.
detenninado, corrlo o fizeram os sofistas, a cscoliis(icr, () l)('r:,,r -
mento científico ocidental e mais recentementc a inÍolrruilit'rr,
A sensação de inutilidade imediata, advinda clo lirto rlt'opt'rrr
com fonrras despiclas de conteúdo, tomarl seu cstilo clilícil t't irrrsrr
tivo. No ontanto, à medida que a lógica é assin-rilacla, rr scrrsirl'rro rlt'
inutilidade dá lugar a um mundo novo a ser cxploraclo, o rrrrrrrtlo rLr
inteligência propriamente humana, cffr seus acertos c tlcslccrlos
pscrevcr uma história da lógica é tarefa que requer um alto
grau de cspecializaçã,o em domínios diversos por implicar
Ao considerar as formas de pensamento na sua urigcrrr, t'rrr I.tl, ir lristória do pensamento humano em diversas à."ur á.
abstrato, a lógica dá condições para que os contcúdos cllrs rlivcr srrs "o-
ttlrccirrrclto, o que toma impossível, ern poucas linhas, tradtzi-la
ciôncias sejam consistentes, entrelaçados, cocrcntos, tiluntkr tkri ('nr l)r'oli,,didade e, mesmo porque, não é objetivo da presente
sua justificativa. .lr'rr. No crtanto, alguns aspectos fundamentais não podem deixar
tlc scr rctornados para fins de localização.
Scgundo Blanché e Bochenski, resumidamente, pode_se divi_
rlir ir lt'rgica cm três períodos ou fases principais, queiaracterizam
slrirs Íilrrnas.

rt) l,Itt'trrtt clássica antiga ou lógica grega anliga

l)críodo compreendido entre os séculos IV aC até o século I


rl(' I)cstaca-se nesse s gran_
rlr..s cscolas: a dialétic
ligica
rttr,gúrico-estóica. Ad fonna_
tlir crrr clialética construtiva por Platão, que tem o rnérito de abrir o
('ilr)r stotélica, que se opõe à escola
rrlcg lógica sentencial) e a relega a
scgu e.

Ncsta fon,a, as proposições lógicas constam de palavras da li,-


l]trilg,orll conente e sua base é o pensamento como se encontra ex-
l)r'css() rra linguagemnatural, que fomece as leis e as regras fonnais.
Os I
ligados à co-estóica são..
( 'risilro àaristotéli s e Teofrasto; e
it tlittlcl o de Eléia, tágoras.

l6 t7
b) Forrua escolásÍi.ca ou medieval
A prirreira forma rnatemática da
ll«rolc ( I B 15- 1864), que compara as I
Período criativo compreendido entre os séculos XI c XV rl( ris lcis da álgebra. O passo seguinte no
Após a escola megárico-estlica, até o século Xl llrirtit'ltrrrt'rrlt', rrrirlcrnlrtica é dado por Frege (1848-1925), que pretende mostrar
nada se faz e1p;t tennos de novidade na lógica, pois sitll;llestltt'rrlt' t;uc ir irritmética poderia ser construída exclusivamente a partir das
se repetiam os ensinamentos de Aristóteles, cor.r-r ntclhrllirr tlt' rrl l.:is tla lógica. os estudos de Frege influenciaram os trabalhos de
gumas técnicas pala o ensino. Foram os próprios tlrcclicvrtis t;rtt'
estabeleceram uma períodizaçáo para a forma e scolást iclt, (ltrt' l('trr
seu início coln a Ars Vetus, representada por Abclartkr (107()
lI42). A preocupação central é o trabalho conl as ('rrlc,qttritt,t' t' tt
Interpretação de Aristóteles. Ao mesmo tempo ttaballtit-sc. t'otlt0
problema novo, com as propriedades dos termos. Ett.l ttltt scgtttltlo
motrento, a forma escolástica é caructetizada pcla rltlr Nrrt',r tlttt'
tem como principais representantes Alberto Magno ( I I93- I 2S0)
e Tomás de Aquino (1227-1274). Trabalha-se, nestc pcriotltt, t'otrt
a totalidade do Organon de Aristóteles. A lógrca tcnr un.tit litt't'Íit
nrais elevadaarealtzar, qual seja, fortalecer o ensitro clit tlrtotltlxilt
católica. O terceiro momento se dá com a logica ntrtdcrttttt'turt, re -
presentada por Guilherme de Ockham (1295-1350) c qttc sc crt-
racteriza pela elaboração de uma lógica formal e sctniótica

c) Forma matemática
Período que se inicia no século XVII. A época do l{cnitsci-
mento émarcadapelo interesse ern descobrir novos Ilctoclos tlttc
auxiliem a pesquisa científica e considera que a lógica c cstcril c
acabada por Aristóteles desde selrpre. A matemática zlssulllc o
posto de orientadora da pesquisa, dando fundamento para os l)o-
vos métodos. A exceção é representada por Port Royal, quc coll-
cebe a lógica corno arte de pensar melhor e não como teoria, c untit
disciplina prática.
É neste cenário que surge Leibniz (1646-1716), como pionci-
ro da que se pode chamar lógica matemática contemporâttea. Mo-
vido pelo ideal de uma língua característica universal c cottsitlc-
rando que a silogística é capaz de assegurar a infalibilidade do rl-
ciocínio, reduzindo-o à fonna, como o cálculo algébrico, quc c otr-
tra forma de raciocínio, Leibniz se propõe elaborar um sistctltrt
que dornine essas formas e seja aplicável a todos os domínios cltr
pensamento. Este ideal de Leibniz determina o marco divisor clo
que se classifica como lógica clássica aristotélica (que se estendc
de Aristóteles até o século XIX) e lógica simbólica moderna.

18 I9
Capítulo III

MEIOS DE CONVENCIMENTO

f)iariarnente, através dos meios de comunicação, principal-


- nrcnte, são veiculadas as mais diversas informações. Algu-
rrrirs clcntrc elas podern ser resgatadas para servir de introdução ao
(luc sc passa a tratar agora.
Iim l988, não foi uma nem duas vezes, noticiou-se a presença
tle "tJnrtus" nas ruas e portas de fábricas. Personagens da vida pú-
lrlrcir brasilcirafrzeran alusão ao possível uso de tal meio de con-
vcttcttttcr.tto.
Durante a greve dos professores no Paraná (ago. 1988), o go-
vcrtto cstadual distribui nota à imprensa, à guisa de esclarecimen-
to, divulgando os "ganhos e aurnentos salariais" concedidos aos
proÍbssores, ao mesmo tempo em que convocava a população para
cxigir o retorno às aulas.
irrdices de estatística são freqüentemente utilizados com a fi-
r r ir I icladc de se alterar a legislação. Como exemplo, o fato de que se
corrrctc, no Brasil, anualmente, um cefto número de abortos clan-
rlcstinos, legitirnaria a moção para a sua legalização.
Há alguns anos atrás, no polêmico julgamento de Raul "Doca"
Slrcct, o advogado de defesa, et1l nome da "legítirna defesa da
lr{)rrra", atacaa vida moral da vítima, que por sinal não podia rnais
sc defcnder; ou, em delito semelhante, a defesa apelapara a psico-
graÍia de Chico Xavier para inocentar o réu.
Quando dos debates sobre o mandato de governo e o regime,
na Constituinte, rnuito se ouviu falar que aqueles que não concor-
davam com seis ou cinco anos, que não concorda'vam porque, na

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verdade, tratava-se de uma pelseguição pessoa l, scl I | ( )l I I I t I I t I t tr l, I
i I l. (i,trpo Psicológico: está relacionado com a transferência
mento que não o da subversão da ordenr; ou aitltllt vltlllt :,,',1,' l,rl l)rrir () lllarro psicológico.
impasse para justificar as ações ineficientcs do goycr llo lrrl r'o ltl,, ,t, ' ('orrclusão irrelevante (Ignoratio elenchi) _ quando
se con_
do grande problerna social. rlrz lr irrgu,rentação para uma co,clusão, intencionalmente ou
No dia 27 denarço de 1989, ano da elcição pt'csitlt'ttt trtl,,t,' rrir, t;uc não é garantida pe]as considerações em questão. conclui
;rll1. cluc "não tem nadaaver" com o contexto em questão. Isto se
fazerwtcomentário oficial sobre as dificulda«lcs tkr l'lrtrto \/,'t,t,,
perante um índice de inflação superior a 6% (sois pttt tt'ttlo), ,
r lii
P.r' intcligência confusa, ou com prévia intençãoàe confundir o
porta-voz da presidênciafaz a seguinte advcrtôtlcilt, lllttis ott tlt,'
nos llesses termos: "uma hiperinflação al11caÇll lts iltsliltltl,',", ,'
põe em risco o processo de transição dcmocrátir-:lt. . lt llotllo tlt' ',r'
ter quc adiar as eleições presidenciais".
rrrcrr[o r\ saúde, habitação...
Existem diversas maneiras dc sc convenccr algttcttt.'l'ltis tltrr
dos de "convencimetlto", etr uma linguageni l.ttais l['ctltt'lt, :'lto .
ort'a situação que ilustra este tipo de falácia é a que pode ser
rrlilizrrda para incriminar alguém, tratando-se demoraàamente do
chamados de argumentos, dentre os quais alguns sãtl cot't t'los otl
legítimos e outros são incorretos ou ilegítimos. Os tllcios tlc t'ott
lr.r'r.r' cltl clclito sem considerar os atenuantes e as exceções que
vcncimento citados nos parágrafos antedorcs pcrtcttcottl l't cltlt'11o llossir havcr cm detenninados casos.
ria dos incorretos e principalmente ilegítimos, porqLlc litze:ttr it itt
tcligência "titubear". Tais argumentos têm como raiz ctilltol(rgicir
a palavra sfolo (do grego) e fallere (do latim), quc tlão ot'igctrt rrtr
termo falácia.
Sofismas ou falácias são raciocínios quc ;rrctotlclctll tlc 1r«rrrlo tlc partida. Este tipo de falâciaé encontrado freqüentemente
nrt l'il<rsofia, mas não deixa de fazer parte da vida cotidiana, como
monstrar como verdadeiros os argumentos quc logicltllrclttc sittr
falsos. Sua eficiência consiste em transferir a arguntctrtitção tltr
plano lógico para o psicológico ou lingüístico, scrvirlclo-sc tlit
linguagem, que pode ser usada tanto de um modo cx;lrcssivtr
como de modo informativo, visando assin dcspcrtzrr ct.t-toçõcs c
sentimentos que dão anuência a u[1a conclusão, tuas rtão ctltt- Na íjlosofia pode ser lembrada a explicação que Rousseau
vencem logicamente. ir;r|osclrta para a origern da sociedade. Segundo ele, a sociedade
cxislc c,r viúude de u,r contrato social, de onde surgem os deve-
sociais. A petição está no fato de se pÍcssupor a existência de
3.1. Tipos de sofismas 'cs
llrl contrato que gera obrigação, sem demonstrar a coligação de
As falácias podem ser reunidas em dois grandes glupos, trrrr Ir.r'rc,s que ainda não viviam em sociedade e como o contrato po-
lingüístico e outro psicológico. Convérn lembrar que muitas dclas dcria gerar deveres, se antes,ão havia a obrigação de respeitá-l,os.
receberam nomes latinos, que são mantidos por fazerem partc, tt'it-
dicionalmente, da linguagem lógica. - Círculo vicioso - Neste caso ambos, o ponto de parlida e a
conclusão, carecem de demonstração. um é demonstrado pelo ou-
t*r, Ibmando assim um círculo. urr exe,rplo desta faláCia é en-
contrado na explicação: a inflação, aumento generalizado de pre_
ços, corrói o poder aquisitivo dos salários, que precisam ser au_

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_-----.....-

mentados. E,ste aumento de salários, pol- sua vcz, gct'lt il rrt,t,t.:,,,rr l,r
rleslc o, daquele indivíduo torna-se arcgradiscriminatória de todo
de de se elevar os preços dos produtos (caractcr'ísl ir:lr r ltr i n l l r1, r,, 1,
r r
(
ltlu l)o ou classe a que ele perlence. com base nesta falácia são ri-
)
tlictrlarizados, através de piadas, grupos cotno: negros, portugue_
para o pagamento dos mesmos salários.
scs, lrirclrcs, sogras, niédicos... Porque um ou alguns ftzerant ott
- Falsa causa (Non causa pro causa - posl ho<' t't ,r,.rt l)t rtlttr't t'orrrctcrar.u este ou aquele ato, não se segue que os outros indiví-
hoc) - Consiste no sofisma de atribuir a um í'cltôrrrcrro rrrrur lrrl,,,r rlrros pcrtcncentes a tal grupo ajam da mesrna maneira.
causa ou concluir como sendo causa dele aquilo cprc sont(.rl(' ( ) iur
tecedeu. Muitas vezes a falsa causa está relacion:rtlir colrr lirlort.,,
ideológicos ou míticos integrados à cultura, criantkr re lirl'or.s rrrtr
ficiais e não naturais, o que se pode chamar dc pcnslrrrre nlo srrpt.rs
ticioso; e spelho quebrado causa sete anos de azar o llillilrrl r lt. rrn rr
coruja sobre a soleira da casa é presságio dc rlollc, lirzt.r rrnrr
"simpatia" é garantir arealização de um desc_jo; cruziu ('()nr lrn l)r'cvot' o comportamento de um indivíduo com base no comporta_
rucrrlo cluc a maioria teve a dada sifuação. Assirn basta lembrar as
gato preto ou passar debaixo de escadas dâ azar.
nolrtlils gcrais: não matar; não furtar. Há casos, em circunstâncias
Por outt'o lado, não é ero incomum atribuir causirlitlirrlc rirprr t'spcciiris, cllt que tais regras não se aplicam ou até mesmo exigem
lo que é mera sucessão, tal como justificar o caos politico c c(.ono r nnil t'cllra contrária.

mico do país com o argumento que afirma quc is(o l)ass()u il it(.()n
('onlrq o homem (Ad hominem). Utilizado para refutar uma
tecer porque os sindicatos se organizaram, prcln.rovclrrlt) [lt'cv(,s,
passeatas, distúrbios; ou, simplesmente, tomar ull clctcrrrrirrirrkr ;l.siçiio ou aÍinnação de alguém. A estratégia, neste caso, consiste
t'rrt irlircar diretamente a pessoa em questão ot atacá-la pela cir-
chá, durante tantos dias, cura o resfriado; ou aincla clLrc a All)S i.
t'rrrrslârrcia cspecial em que ela se encontra. constitui-se como fa-
fruto da llberalizaçáo sexual e correspondentc dccaclônciir tkrs vrr
lrie iir porque a verdade ou a falsidade de uma posição ou afirma-
lores. Nos três casos, ao verificar que um dctcrntinaclo lirto sc rlli
após outro, conclui-se que o primeiro é causa do scgunclo, scnt ()u- çito irrclcpendc do caráter ou situação circunstancial de uma pes-
soir. listc mcio de convencimento é encontrado, de modo evidente,
tro apoio que não a meÍa sucessão.
t'rrr cirrul'lanhas eleitorais, onde, ao invés de demonstrar a inviabi-
- Causa comum - Quando dois acontecirnentos rclaciorrirtkrs lrrlirtlc das propostas ou projetos dos opositores, parte-se para ata-
entre si são tomados um como causa do outro, sem corrsiclcrirr r;trt. r
;rrcs lrcssoais, visando destruir a imagem do outro candid ato, fazen-
ambos são causados por urn terceiro. É co-.lr, a afirmação clc t;rrt. r I r lr.'virntamcnto a cerca de seu comportarnento
..iregular,,.
Exem-
os programas de televisão causam a decadência noral cla socictlir pl.: r;rrirndo se inviabiliza a candidatura de alguém, apoiando-se no
de, serr levar em conta que tanto a prograrnação col11o os prri;trios lirlrr rlc cstar corn idade avançada ou ter saúde precâria, está-se co-
valores morais são fiutos de outros fatores, tais como iclóias Íl losír- trrclcntkl o argumento contra o homem chamado circunstancial,
ficas, disputa de poder, interesses econômico-políticos, cpc rlro
lxr(luc visa a situação e não diretamente a pessoa dele. por outro
são considerados, vendo-se a decadência corro a causa da pnrgrrr- Irrtkr, c;uando a pessoa em questão é chamada de ,,rnúmia,,ou ,,ve-
mação ou que a programação é causa da degradação moral. llro girgri", cntão tem-se o argumento contra o homem, ofensivo,
- Generalização apressada (entmeração imperfeita ou irrrlrr- l)or'(lr,tc, ncste caso, o homemfoi atingido diretamente.
ção viciosa) - acontece quando se atribui ao todo o que é próprio tlc Rccurso àforça (Ad baculum) Incorre nesta falácia quem
uma parte. Verifica-se quando, a parlir de uma observação sobl'c Lu )
-
r
trsir clc lorça ou, sutilmente, recorre à ameaça do uso da força na
caso típico, esta passa a ser estendida a casos atípicos, É o caro .,,, lcrrlutiva de convencer a alguém. Em uma negociação salarial, por
que a exceção considera-se como regra. Exemplo disto encontra-sc cxcnrplo, o patrão pode lembrar sutilmente que existem muitas
cornurrente nos preconceitos, em que o comporlamento exceptivo

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pessoas desempregadas, que trabalhariam dc b«lnr gr.lrrlo Populismo (Ad populum) - enquanto o apelo à piedade visa
;l,r l;rl :,,r
lário, ou ainda o professor que diante de u'na sirrrrçi, rrilir.rl lr,rrr rrru intcrlocutor err específico, afalácia do populismo tenta atingir
bra a data da prova. Em linguagem mais clar:r, r'lrrrr-sc rllr "lr,r rrr r il nrirssa. Busca conseguir a concordância da multidão para o que
velho oeste": ganha quern saca prirrciro. irlcnlu, valendo-se de outras falácias como o elenco irrelevante,
lirlsir causa, apelo à piedade, causa colnum... principalmente jo-
- Apelo à ignorância (Ad ignoranliant).llirscirr-sc rrir sul)o,,r
llrurckr coln a vaidade, sentimentos de patriotisrno (ou bairrisrno),
ção de que uma tese é verdadeila ou falsa, porc}rc .irrtLr rr'r. st. trr.
rrulo-cstilna, status.
rtonstrou claramente a sua contrária. Na julisprrutlôrrr.iir, t'xlrlt,.
beneficio da dúvida, que garante a inocência clc rr, r'(:rr rrrr.. pr.r,rr llasta lcmbrar o resultados de pesquisas divulgadas por parli-
em contrário. Tal princípio é legítimo porqLrc lintlrrrrrr.nlrr s(, r.s rkrs cnr vósperas de eleições, que têm a firme intenção de angariar
direitos hurnanos e não puramente ern questõcs trigit:lrs, t..rrsrrrrr lr sintPatia da rnultidão para um candidato determinado; ou então
indo assirn uma exceção. Alérn do que, err ccrlas circrrrrsriirt,rl;, i. irs cirrrrpanhas publicitárias que tentam convellcer o consumidor
razoâvel supor que a ignorância aceÍca de um Iuto, tluc sobrc as qualidades deste ou daquele produto através de associa-
l)or urrir
investigação rigorosa poderia se descobrir c sc nr.rl*rr ilrrr.rrrlrr, çii, lrsicológica com as cores nacionais, liberdade, slaltts,esnobis-
seria considerado corno prova em seu favor. N«l cn(irrrlo, (' lirllrli. nr() c ()rrtlos subterfúgios.
so ou sofistico usar da ignorância do outro para sLrstcnlrrr.rrrrrr lt.st. tlpelo à autoridade (Ad verecundianl - E critério válido
como, por exemplo, afirmar que: "corlo não hii corrhcclinrcrrl, t. pirlir srrstcntal-uma posição apelar para o testemunho de alguém,
registro de transmissão de AIDS em consul{.ório clcrrliirio, sc (:on (lue sc constitui como autoridade reconhecida no específico cam-
clui que não há perigo de contarni,ação, pois c.rb,r. ir srrrivir c.rr- po tlo conhccimento a que tal posição se refere. No entanto, va-
tenha vírrrs, sua concentração é baixa, o cluc não lcprcscnrir pc:r.i- It'r'-sc tlo tcstemunho de outrem, reconhecida autoridade em um
go" (declaração efetuada por ocasião de uu-r Congrcsso tlc ( )rkrrr- rlclcrrninado campo do saber, pelo simples fato de ser uma autori-
tologia, em 1989). rlirrlc, para apoiar posições que estão fora de sua especializaçáo, é
- Apel misericordiam) - é:r u(ilizirçÍio rlt. t'outclor a falácia do recurso à autoridade.
chantagem sempre claramentc pcrccptívcl, prrrr "nonnal" encontrar comerciais em que artistas ou desportis-
I'i
forçar a ad cefto ponto. E induzir-à corn;lirixiro llrs gurantcrn as propriedades fabulosas do produto ern questão,
para conseguir o intento que sc pretendc, dirigindo-sc a urr irrlcI vrrlr:rrrl«l-sc de sua irnagem. O mesmo ocorre ern rnuitas outras
locutor bem específico. É a forma de convencir.,cnto íirv.rir«r rlt' ot'rrsiõcs, dcbates em programas de televisão, onde os participan-
alguns pais que para demover opiniões ou atitudcs clos lilh.s p*r I cs siro.jornalistas, artistas, donas-de-casa, políticos, que apresen-
curam, consciente ou inconscientemente, produzir nclcs urrr scrrli- lirrn soluções nos mais diversos campos da ciência cotrlo: medici-
mento de culpa em relação a tal opinião ou atitudc, ao dizol.: ..p.rlc rur, ;lsicologia, sociologia...
víajar, não tem problema, talvezvocê não rne encontrc viv. tltrrrr
Pcrgtut.ta complexa - Pela corrbinação de duas ou mais per-
do voltar".
lirrrrtrrs crlt uma só, procura-se confundir o interlocutor, que, des-
plcvcnido, se apressa em responder rapidamento, serr se aperce-
lrcr tprc, cm verdade, tal pergunta admite duas respostas distintas,
t;rrc não podern ser resolvidas com um simples "silrr" ou "não,,.
I Inr lromcm, por exernplo, acusado de roubo, é inquirido insisten-
sunto err foco é deixado de lado, urna vez que se passa a h'atlrr.tkrs Ir:rrrcrrtc por urn repófter: "Você está arrependido do que fez?,,Di-
sentimentos que se seguirão à sentença. rrnlc cla insistência do repófter, o acusado acaba por responder
"sinr", dando ocasião para que o repórtel complemente: "então

28 29
você confessa que corneteu o roubo!" Em uma sitrraçiio ('()nto it ,,r' Plcscrrtrrção rnental diversa, levando-o a concluir falsamente. Alguém
melhante, nem sempre é perceptível a intenção nritlicioslr rlt, tgrrt'rr ;l.tlc:rii tontar convencer a outrem da seguinte verdade: Um prisio-
faz apergrnta. A formulação da pergunta já prcsstr;-rtrn lrr rr t'orrl r,, rre ir. rriio pode agir contra a lei, porque, pelo fato de já ser prisio-

são do acusado, e, portanto, qualquer resposta dilclir trlrrrr',',, rlr, rrcir., clc não tem liberdade; e quem é privado de riberdade é justa-
um "sim" ou uln "não" só faria confirmar o qllc a ;trripr ilr pt'rl,rrrrlir rrrerrrtc ircluele que não pode agir.
induzia como resposta. No caso, se o acusado lcsponrlt'sst' r rrrr Na cxpressão desta verdade, existem os seguintes tenuos
un1 "não", aconclusão seria: "Então quer dizcr clLrc vot'tr nlto lrl crlrivocos: liberdade, tomada na acepção fisica e jurídica; ação,
mite o delito e rletrt ao tnenos se arrepende?" lorrrircl:r nas acepções fisica e jurídica.
A formulação de questões em forma de ltcrgrrrrlir t:onrplt'vr tltt/ibologia - Trata-se não mais de termos aplicáveis a con-
náo étÍilizada somente por repórteres, lnas tambónr ú trrrrr t'strrti, lcxtos clifcrcntes, mas de frases ou proposições, que, por terem
gia comum depromotores e advogados de defcsa, cluc rlio rrrt'rlt'rrr r:olrstrução grarnatical ambígua, induzem a u[ta interpretação er-
esforços para induzir seus interlocutores a dizcr ac;uikr rlrrc t,lt,s lirrcrr. I}n outros tennos, trata-se de um jogo de palavras que dâ a
querem que seja dito. lirlsir iurpressão de estar no contexto correto.
() oráculo de Delfosé famoso pelas respostas apresentadas a
3. I.2. Grupo lingüístico: ffata-se da transferência do plarro lt'rgit'o prr r ir
(
lucnr o consultava: Syphnos era ulra ilha grega bastante próspera,
o plano das funções dialógicas da linguagem. Lcl'nbra Iitlwirr tl Lo
pes, em s;;,a obra Fundamentos da lingüística c'onle n4tot'rÍrrrzr, tlrre ,1lrçils iis suas minas de ouro e prata. Quando uma delegação desta
illrir consulta o oráculo a respeito da duração de sua prosperidade,
na comunicação entram fatores - segundo Jacobson, scis- r;rrc po-
e irrlvcltida: "Desconfiai da coorte de madeira e do arauto veÍÍne-
dem servir para transmitir um conteúdo intelcctuerl, cxprirrrir orr
llro.,." Alguns meses depois, a ilha é visitada por uma frota sauria-
ocultar emoções e desejos, para hostilizar ou atrair pcss()ils, inccrrli-
rrir(coortc de rnadeira). Os navios estão pintados de vermelho. O
var ou inibir contatos e ainda para, simplesrnentc, cvitar o silôrrcio.
r:otrrandante vai até a terra (arauto vermelho), em busca de um em-
Resulta daí que a atribuição de sentido a urla mensagcnr rlc;tcntle
de saber previamente para qual dos fatores ou funçõcs cla sc tlcsli- ;lr'óstirro, que, por desconfiança, lhe é negado. Diante da negativa,
lr ilhir ó saqueada. A interpretação dos ilhéus foi errônea porque,
na. O que constitui sofisma ou falácia é o servir-sc cn'()ncilnlcnl(.
lcrrcndo o "calote", acabaram por ser saqueados.
destas funções para o convencimento de alguem.
O rci Creso, antes de atacar Ciro (rei da Pérsia), por sua vez,
Equívoco - Trata-se da utilização de uma nreslrra palavlir, t;rrc
- rt'cebc a seguinte resposta: "Se Creso declarar guerra à pérsia,
tem sentidos totalmente diferentes para coisas diferentcs. [lrn Iingrur-
vt'r'ii ir dcstruição de um grande exército..." Creso declara a guerra
genr lógica, apalavra chama-se "tenno oral", o que qucr clizcr':
c c vcncido. Ao queixar-se ao oráculo, Creso obtém a seguinte ex-
a) Terrro - Indica o f,rrn de um processo. O processo dc aplccrrrk:r plir:itção: o grande exército que seria destruído era o seu.
mentalmente alguma coisa. Não basta ter imagens mcntais lccr
lin/a,se - Dentre as funções dialógicas da linguagem, as qlre
ca das coisas, é necessário poder expressar esta rcprcscnlirç:l^ro
irrlclcssarn à lógica são: função referencial, emotiva e conativa. A
aos outros.
Íirnçiiu rcfcrencial diz respeito à mensagem que se refere a um
b) Oral-A expressão se dá, por convenção, através de signos lin- corrtcxto, transmitindo um significado e fazendo surgir idéias e
güísticos, que se manifestam oralmente, falando. Por isto, crrr c«rrrccitos no interlocutor. Por outro lado, a tnesfita mensagem
lógica, chama-se termo oral ou escrito a expressão dos concci- p«rclc scr usada para acentuar o estado emocional de quem fala ou
tos que representam intelectuahnente as coisas. irrtiuridar ou inibir o outro.
O equívoco consiste em utilizar-se de um temo que, por scr'
polivalente, pode provocar no ouvinte, intencionalmente, uma rc-

30 3l
Ao se usar a linguagcm com intenções cuociotrttis, t'llr l)t,:,ir ,r lr. sc cxistisse algo, não poderíamos conhecer;
ter função conotativa ou emotiva e, ao sel'usada cottt lt ittlt'ttq;to r l, t' Sc pudósseffros conhecer, não poderíamos comunicá-lo a
coibir, ela tem função conativa ou encantatoria. oillt't'ttt.
Ao utilizar-se da linguagem, alguém podcrh llzÔ-lo tlt' ltr", | )e rrronstra da seguinte maneira:
rnaneiras diferentes: uma lrensagempode ser ttsaclit ;.tttt.tt sttttplr",
lr. Nlrtlrr cxiste - se algo existe, ou é ser ou não ser ou os dois
meute veicular um contexto, quc para ser entenclitlo l)tcssttl)o(' ',r I
mente a competência lingüística dos membros falatt(ers. No t'ttl;ttt lrrrl.s. Qrro o não ser não existe é evidente. eue o ser existe: se
to, a tnestna m.ensagetr pode ser accntuada em algttttttt ott :tl1',11111;1',
.r rslc c ctct'r.to, criado ou ambas as coisas. Se é etemo, é infinito e,
st' irrlirit., não está err nenhum lugar; se ern nenhurn lugar, não
de suas palavras para produzir no receptor utntt c()t)ll)l'('('ttsll() r,(r
t'x rslc. ('r'iaclo também não pode ser, pois para isto seria necessário
bre o estado psicológico de quem fala (ernissor), tltrc tlcslt'tttorlo
tlrc o lirssc do ser ou do não ser. Do não ser não pode vir, pois o
tenta angariar a anuência dos outros para o scu objcl i vo A rrr lrt v r ;
1
r

rriio scl rrão pode gerar. Do ser também não, pois o que já existe
ou palavras acentuadas visam intirnidar sutiltncrttc o tcc('l)lot, rt
uio pl'ccisa scr gerado. Poftanto, nada existe.
senrelhança do argumento ad. baculum.
h. Sc cxistisse alguma coisa, não poderia ser conhecida o
- Composição -Trata-se de um conflrto vcrbirl cttltc lts ptrr
rrrrrrrrlo rclrl não é o que arazão pensa dele. Com a tazão, pode-se
-
priedades de classes diferentes, que podem ser atribttírlrs su( ('sst
varnente e não simultaneamente. Ignorar tal distinçãtl ó contc(e t rt l)('ilriil| 0 cluc cxiste ou o que não existe (o real ou a fantasia). pode
',('r (luc tudo o qlle se pensa não passe de fantasia, imaginação.
falácia de composição. A falácia é cometida, por oxctttplt), ilo ri('
( 'r)ne lui-sc quc o ser não é pensável...
atribuir ao todo e às partes propriedades simultârtcas. O litto tlc rr
fotografia das cenas de um filme ser perfeita não autorizu clltssil'i' t'. Sc íirssc possível conhecer, não seria possível comunicá-lo
car todo o filme como perfeito. No entanto, cmbora oxistit o totkr t' ,r .lllrtls corno se comunica a oulros o que se conhece? pela lin-
lhe falte uma seqüência inteligír,el, a atribuição dc pcrl'r:ito vrtlct irt l,url1('nl. Il o que é a linguagem? Um simples ruído. Então, colrro
às parles e ao todo sucessivamente, mas não simultancatttcrtlc. ',(' lx)(lc Ílrzcr do ruído um meio para conhecer o que não é ruído?
,\:isirrr corto o visível não pode tomar-se audível e vice-versa, as-
- Divisão - É o processo inverso da composição. I'ritllt-sc tlc ,,rn o sct', pois quc subsiste fora (da razã,o), não pode transfor_
atribuir a uma classe dois predicados que lhe cabcttt sintttltitltt'rt'
nrir s(r crn palavras.
mente, mas não sucessivamente. Por exemplo, ao aílrltrilr'(lttc ()s
horlens estão desaparecendo porque os índios estão dcsapitlcce rr I /,cnilo de Eléia (504-460 aC). Argumentação contra a per-
do e são homens, cornete-se a falâcia de divisão, pois os 1-rl'ctlit'rr r r'l)\'ito tlos sentidos: Se se derrama um saco de trigo no chão,
dos índios e homens são sirrultâneos e não sucessivos. ou\,(' ric trnr ruído, mas se se jogaum só grão, não sepercebe ruído
rrllirrrrr. ( )ra, sc um grão não produz ruído, dois também não produ-
EXERCÍCIOS / r iro, ncllt I 0, nent 1000 grãos. Se se perccbe o ruído, isto é apc_
rirs unl cngano dos sentidos.
IDENTIFICAR E EXPLICAR OS SOFISMAS: ,[. lclcntiíicar todas as falácias do texto extraído de Sidney
1. Quem é livre não pode se sujeitar a neuhuma autoriclrttle. Slre ltlrrn. / ira dos anios. São Paulo, Nova Cultural, l9gg, p.
Como o homem pode ser definido por sua liberdade... In7-t9t.
2. Górgias (483-375 aC), na sua obra Sobre o não ser, rtcgir ir Nluna manhã de quarta-feira, no início de agosto, corne-
realidade das coisas. Resumidamente: çou o julgarnento de "Connie Garret x Nationwide Mo-
tors Corporation". Nonnalrrente, o julgarnento [rerece-
a. Nada existe;
ria apenas urn ou dois parágrafos nos jomais. Mas, como

a1
3/- JJ
Jennifer Parker estava represetrtlttttltl rt r;ttt't t'l,tttl,
meios de comunicação comparcccrilrll ('nr l)(':,,
Patrick Maguire sentolt à mesa cltt rlcÍi'slr. ( ('tr ,rrlrr lr,l
um batalhão de assistentes vcsticlos t'ttt lt'ttto', ,lr r

conservadores.
O processo daescolha dojúri colttcç()tt Mlt,'tttt(',',1,r\ r

çrase indiferente, pois sabia que (''tlrttttt' ( irtttt'll ttrlrr t,t


conseguu arrancar de vocês.
cotnparecer ao tribunal. A presonçlt tlt' ttttllt lttt,ltt 1,'
vem, sempernas nelnbraços, seria tttttlt itlitt':tttr rt p,',1,'
rosa com que arrancar ttma vultosa clttitttlirt rlt' ttttt ;ttt t

mas não haveria a jovem e não havcriit lt ;tlrtt'rttt, ,t


"D esta v ez",pensorl Maguire, ".Jerrn i Í'ct l'lt I li t' t I o t t t tr t t',
esperta do que ela própria".
Patrick Maguire fez umapausa.
O juri foi finalmente selecionado e o.ittlg:ttrrcrrl() ('rrtttr'
çou. Patrick Maguire fez a suadeclarlçíio tlt' rtlrt't lttt tt, r'
Jennifer não pôde deixar de reconhccor (lu(' t'lt' tcrtl
mente eraÍruito bom. Discorreu longatttcttlc solrtc it tlt
ficil situaçãoda pobre Connie Garrett, litllrntlo lotlits ir,
coisas que Jennifer planejara dizer e 1'lrivittttkr il rrrisrtrl
de toda a sua carga emocional. Comctttott o rtt'irlt'ttlt',
ressaltando que Connie Garrett escorrcgrtrtt tto 1,1t'lo ,'
que o motorista do caminhão não tiverit cl ttit ltl t tc t t' t t l yr t
A querelante está pedindo, senhoras e sottltot'cs tkr iirrt,
uma indenização de cinco milhões cl(llarcs. Mitl',1111,'
sacudiu acabeça, com uma expressão clc irtcrt'tlttlirllrrl,' Ele virou-se e fezumaligeira mesura para
Jennifer, en_
caminhando-se depois para amesa da defesa
- Cinco milhões de dólaresl Já viram tan(tl tlittlte ito rt:r do-se.
e sentan_
sim? Eu nunca vi. Minha firrna represenltt ttlgtttts t'ltt'tr
tes abastados, mas quero lhes dizer qtrc cttt lotlos or, Jennifer se levantou e aproximou_se do júri.
Exami_
meus anos de exercício da advocacia nuttclt vi tllll llrl nou o rosto de cada um, tentando avaliar-aimpressão
llrão de dólares... ou seqLrer meio mllhão clc tlirlrrrt's causada por Patrick Maguire.
Pelas expressões dos jurados, Maguire pocliit pt'tt t'lr,'r
que eles também nunca tinham visto.

- A defesa vai apresentar testemunhas pzrra lltcs cottlrrr


corno o acidente aconteceu. E foi de fato utl itcitlt'ttlt'
Antes de terminar o julgamento, vatltos pl'ovlr' (ltr(' l
Nationwide Motors não teve absolutamentc clttitlt;rrcr
responsabilidade. Jâ devem ter notado que a pcssoir (lll('
está movendo a ação, Connie Garrett, não está ntl lt ibtt
nal lroje. A sua advogada infomou ao Juiz Silvcrttrtrr

34 35
PatrickMaguire franziuo rosto, pcr;llcxo ltlt lttt,,tt "' '
sussurrou para um de setts assistettlcs .lt'tltttlt't ( olll lllll
ou a falar:

- Fiquei escutando Mr. MagLrire Í)tlllr llto t'lor;ttr'ttl,


mente e quero lhes dizer que fiqttci cotttot'trl;t I t,;tt' t
constrangida porqlle essa corporítçiio tle lrtlltot':, ,1,' ,1,'
lares está sendo irrrplacavelmentc alitt:ittlll l)ol lllllrl lrr
vem de vinte e quatro anos que não tcttt llt lt1'os I l('l I I I rr'l
nas... uma jovem que, neste lnolnctlttl, cslit st'ttlltrlil r'ttt
sua casa aguardando gananciosarllclttc o lt'lt'lotlr'lttrt
que lhe dirá que está rica.
Jennifer baixou a voz:
- Rica paru fazer o quê? Sair e compl'itr tlilttttltltlr", ;r;ttrt
ra exatarnente o oposto.
as mãos que não possui? Comprar sapal()s tlc lrlttlr' pitlit
os pés que não possui? Comprar lindos vcstitlt)s (lll(' llllrr Patrick Maguire recostou_se na cadeira
e relaxou.
ca poderá usar? Um Rolls Royce para lcvii-lit iis li'rlrr', Jennifer estava se aproximando do juiz.
para as quais jamais será convidada'/ Pctlscrrr tllll l)oll( (r
ern toda a diversão que elapoderá ter cotn cssc rltttltcito
- Meritíssirno, com a pennissão deste tribunal,
eu gos_
taria de introduzir uma prova.
Jennifer falava calmamente, coln ullta sittccritlirtlc prrr
funda, os olhos deslocando-se lentalrenlc ;lclos toslo:; - Que espécie de prova? - perguntou o Juiz Silvennan.
dos jurados.

- Mr. Maguire nunca viu cinco rnilhõcs tlc tl(rllrrt's tlt'


uma só vez. Eu tambem não. Mas ut-tttt coisit ;losso rlt
zer: se oferecessem a qualquer tlm de vocôs ttcslc ttto
mento cinco milhões de dólares, pedinclo-llrcs clll llot rt O Júz Silverman disse:
apenas que deixassem cortar seus braçtls c l)c:rllils, llrl() -Não.vejo qualquer objeção. _ E virou_se para patrick
creio que cinco milhões de dólares fossettr lltcs lllttct ,'t Maguire. - O advogado de defesa tern alguda objeção?
tanto dinheiro assim... Patrick Maguire levantou-se, avançando
devagar, pen_
Jennifer fez urrra pausa e depois explicotr: sando depressa.

- A lei, nestes casos, é muito clara' Num jLtlgittttcttlo rttt - Que espécie de imagens?
terior, que a querelante perdeu, os réus estavalll cottst i
- Algurnas imagens de Connie Garrett ert casa.
entes de que havia um defeito no sistema clc llcio rlt'
seus caminhões. Ocultaraln esta infonnaçiro tlit t;ttt'lt'
lante e do tribunal. Esta é a base para o novo-ittlgirttlctrltr
que estamos agorarealizando. De acordo colll rccclll('
pesquisa do governo, os fatores que mais conlrilrttettt
para acidentes de caminhões envolvem as rocllts c os
pneus, os freios e o sistema de direção. Se exatnitlltt'cttt
estes dados por um 1nomento...

JI
36
E ele disse, generosamente:
Quando o filme tenninou, Jennifer virou-se para o Juiz
-Não tenho qualquer objeção. Pode moslra1 Silverman e disse:
- Obrigada. -A querelante nada mais tem a acrescentar.
Jennifer virou-se para Dan Martin e acenou ul111 :1 <":1' w
ça. Dois homens no último banco dos L'SfltTl:1dolt"', Respostas
avançaram com uma tela po1iátil e um projL-101 d(· ( 111,·
ma, começando a montá-los.
Patrick Maguire tornou a se levantar. surprcsll
-Ei, espere um pouco! O que é isso?
Jennifer respondeu, com um ar de inocência:
-As imagens que concordou em que cu lllll.�11 :1.•;'.,("

PatrickMaguire ficou imóvel, em silêncio, fú1 ioso .il'II


nifer nada falara sobre um filme. Mas era !anil- dl'111:w;
para levantar uma objeção. Ele acenou crnn :1 l':i!H'�a
bruscamente e tornou a sentar-se.
Jennifer mandou instalar a tela de forma a qm· o j1'11 i t' ( 1

Juiz Silverman pudessem assistir com toda a d1ro:1.


-Podemos apagar as luzes, Meritíssi1110'?
Ü juiz fez sinal para um funcionário. As corli11as l<n:HII
fechadas, quase todas as lâmpadas apagml.1s . .k11111k1
encaminhou-se para o projetor de dezesseis 1n i I í 111cl11 ),';
e ligou-o. As imagens surgiram na tela.
Pelos trinta minutos seguintes, não se ouviu q11;dq11v1
ruído no tribunal, a não ser o zumbido do projelol' .il'II
nifer contratara um cinegrafista profissional e 11111 jo
vem diretor de comerciais para fazerem o filme.
Eles filmaram um dia na vida de Connie Garrell. L L"r:1111
uma história de horror, verdadeira, realist,1. N:1d;1 li li :1
deixado à imaginação. O filme mostrava a lind;1 jovl'll1
sem braços nem pernas sendo tirada da cam;, pela 111:1
t
nhã, carregada para o banheiro, lavada como um lll'ill'
desamparado, tomando banho... sendo ali111cnlada ,.
vestida... Jennifer já assistira ao filme por diversas V('
zes. Agora, ao vê-lo novamente, sentiu o mesmo ;qw1 lu
na garganta, seus olhos ficaram marejados?� lágri111as
_
Ela sabia que estava causando o mesmo efeito no _11111.
jurados e espectadores.

38 39
Capítulo IV

ARGUMENTAÇÃO

A construção de uma casa requer materiais com os quais é


feita e uma estrntura onde estes materiais serão distribuí­
, 1, is. ;\ própria constrnção como tal exige uma seqüência de etapas
11 snclll vencidas, que determinarão sua qualidade final. Uma casa
.,1. rnnstrói a partir dos alicerces e não do telhado. Portanto, cons­
t111ir i:� seguir uma ordem, servindo-se dos materiais apropriados a
rnda 11111a das etapas.
1 k modo semelhante, a inteligência realiza constrnções com a
l11111lidade de convencer. No capítulo anteóor tratou-se dos meios
dl' convencimento constrnídos pela inteligência, que se chamam
solislllas ou falácias, porque os materiais utilizados em tais cons-
1111�:1,cs são impróprios. Em verdade, os sofismas ou falácias são
ólll(lllllentos.
;\ rgumento é constrnção intelectual, que segue uma ordem
p1 i'ipria, servindo-se de materiais conceituais dados pelas diversas
1·.�pcriências humanas. Argumentar é estrnturar estes materiais. A
1·struluração destes materiais é que toma possível diferenciar um
111g11111cnto logicamente válido ou correto de uma falácia ou sofis-
11111. O sofisma serve-se de materiais que são de base emotiva, lin­
gilistica ou psíquica, enquanto o argumento logicamente válido
prclcndc fundar-se em dados racionais.
Niio levando em consideração o como acontece, porque isto é
d11 alçada da psicologia, mas, sim, o fato de que a inteligência rea­
liza operações, produz obras e sinaliza tais obras, pode-se fazer
lllll paralelo entre uma constrnção arquitetônica e um raciocínio.
<) produto final de uma constrnção, de uma casa ou edificio exige

42 43
as operações mentais do projetista, o projeto propriaruclrlt. tlito t. ,r 4. l. Ârgumentação indutiva
construção efetiva de tal projeto. O raciocínio, por suil ve z. ttrnrlri,rn  irrgumentação indutiva, é bom lembrar, trabalha com infe-
exige operaçõcs, que produzirão obras que serão sinlrlizrrrlrrs grt.l,, ri'nciirs quc são prováveis, embora no campo do conhecimento a
que se chama argumento. Portanto, o argumcnto ó a cx(crion/it(,;lr r irrrlrrção scja necessária e responsável pelo desenvolvimento da
do raciocínio que pressupõe uma série de passos quc o corrslrlrrt.rn t'irlrrc iir. clonstitui problema a pretensão de através dela se chegar a
Raciocinar é inferir, ou seja, passar do quc -já sc con ht't.t. t lr. rl
,
il()r'nrirs ou leis gerais sem adrnitir o conteúdo essencial da coisa
gum modo ao que ainda não se conhece completarnct)lc orr prrrr (t:ssônc ia).
r

almente. Este processo mental é usado não só para irtirrgir (,()r:,r,, () plincípio em que ela se pauta pode ser emrnciado assirn: ,,O
novas, mas também para sustentar posições antcliorrrrcnlt. t,on t;rrc corrvóm a várias partes, sufi.cientemen.te enumeradas, d,e um
quistadas, ou ainda para aprofundá-las. Assim conro ulllil t.orrstrrr ccrlo univcrsal, convéra a cste sujeito universal,,.
ção requer urna seqüência de passos a serem dados clcstlc o pt o;t.lo I)or cxcmplo:
até a sua consecução, também o raciocínio exige, a scu nrorkr, rrrrrr
série ordenada de passos que nofteiam seu desenvolvinrcrr(o o quc convém a várias paftes enumeradas, o ferro, o cobre, o
()ilt1), ()'/|1CO...
A lógica ó, portanto, uma disciplina, e o tenno corrclo (' r/i,rr,r
plina, que visa tornar eficiente e eftcaz o pensatneuto. Ncslc scrrlr rlc urn certo universal: metal como condutor de eletricidade
do, ela fomece as condições paÍao conhecimento da cot'r'clir orrlt, convón a este sujeito universal: metal conduz eletricidade
nação dos materiais e métodos com os quais se raciocirrir, irssirn
como a arquitetura contém as condições que detcrnrintrrtr l c:rlrrs ;lirrtcs suficientemente enumeradas: o grande problema que
('('r('ir ir inclução é saber quando tais partes estão suficientemente
trução coÍreta. No entanto, a lógica é mais abrangctrLc ltorclrc lirr'
t't rtu ucritrl:ts.
nece as condições para toda e qualquer atividade hurnana, clirí rr nr,
cessidade de considerá-la como um instrumento, por cxcclônt'irr, .l I. l. tilqtécies de indução:
de qualquer atividade humana que a emprega de um motlo irnplít.i
to, nem sernpre consciente. l'ot':se melhanÇa ou analogia.. É uma forma de raciocínio em
rluc sc ltassa de um caso particularmente experimentado. Sua ca_
Raciocinar é inferir, de algum modo, o quc podc zrcontcccr tlc rrrt'lcr'ística principal é que não possibilita uma generalização, ou
duas maneiras: indutivamente e dedutivamente. A estruturir rkr rrr-
',('lir, ltl)licii-se, única e exclusivamente, de um caso determinado a
ciocínio indutivo consiste em parlir de urna série de casos intlivi- ,rrlr. clrso clcterminado. Baseia-se na probabilidade de que um
duais, suficientemente enumerados, para deles inferir con.to con- r ,rso Íirlrrro scrá semelhante ao caso experimentado, comportando,
seqüência uma lei ou noÍrna geral, que possa ser aplicada u cllsori
1rrrr Irrrrlo, urla conexão de ordem psicológica e não lógica, a,,ex-
não enumerados pela série; ao passo que o raciocínio dcdtrlivo pt'r'lirlivir" dc que será assirn.
parte de leis ou nomas gerais para então descer aos casos prrrticrr
lares. Constitui um célebre problema filosófico determirrar rlrurl  lgucnt lê dois livros de Jorge Amado e os considera excelcn-

dos procedimentos é anterior: a indução ou a dedução? A rcs;rostrr It's. Ao dcparar-se com outro livro do mesmo autor, antecipa o jul_
dependerá da posição episternológica da qual se parte: enrpilistl, ,iillrcnío c o considera excelente, tendo como base suas leituras
racionalista, kantiana, neopositivista... lrrrlt'r'iolcs. Seu critério de julgamento baseia-se na expectativa
r;ut'ir cxpcriência anterior lhe projeta.
'l'lrl rnancira de raciocinar peftence
ao que costuma chamar-se
\('ilrio corlllun e é fonte de rruitos equívocos, colro a automedica-
r, tro, cnr quc pelo fato de um medicamento ter surtido
efeito para

44 45
determinada pessoa passa a ser indicado a outras possoils, st'r' vcli Íicado em todos os casos possíveis, pois basta que eln um
s(.n r ri(,
verificar a causa da doença. triio sc vcrrfique para invalidar o enumerado como um todo.

- Por enumeração completa suficiente.. náo c vcr.tlirtlcirr rrrlt.


rência indutiva enumerar todas as partes de um toclo l.lulir t'lrt,lirrr 4.2. Argumentação dedutiva
ao meslro modo. A indução, como tal, é generalizar a pirr.l ir rlt. rrl l'i a opcração própria da inteligência que consiste em inferir
gumas das parles. Logo, enumerar todas as partcs conslilrri o t;rrr. ilnril c()nscqüência apartír de ponderações anteriores, que se cha-
em lógica se chama tautologia ou etr linguagern contur)) "t.lrovt,l irntcccden
rrrirnr ção, ela tem a preten-
no molhado". Exemplo: Primavera, outono, invcnro c vcrio s;rrr ficar
srio tlc não te de princípios gerais
estações do ano. Primavera, outono, inverno e verão sc inte r.t.irlrrrrr, cvirlcntcs por si o ou levar á rr, êrrrn-
acadatrês meses. Logo, as estações do ano se intcrculunr ir t,rrrlrr t'iirrl«r a confirmação apartir de outros. A partir deste ponto de vis-
três meses. lrr ir lrigica visa as regras que possibilitam o pensamento de forma
- Por enumeração incompleta fusuficiente: se no ilcrrr lrnlr,r,r collclÍt, ou que possibilitern atirar inferências legítimas.
or enumerar todas as partes não constitui verdadeira intluçà«r, rrrcs () ponto dc partida da análise lógica estiá nos seguintes princípios:
mo porque na maioria dos casos seria impossívcl, tambórl cnunr(.-
rar insuficientemente ou enumerar casos atípicos não constitui vc,r.. Itlt'rrtitlutle', O que é é. Não é uma tautologia, pois o que o princípio
rr I i rrrra c a identidade de uma coisa consigo rlesrla, ou sej a, afir-
dadeira indução. Isto porque as partes devem ser rcpr.cscn(ir(ivrrs
do todo que se supõe que as contém. Tal argumentaçãul, tanrltcnr nlr l unidade que é a propriedade pela qual uma coisa perdura
orr pclsistc, apesar das alterações acidentais. É bom lembrar que
chamada de estatística insuficiente, é comumente utilizacll tlarrtkr
origem ao sofisma da generalização apressada. l)cnsilr, couhecer, deduzir é antes de tudo identificar.
I'rlltlit'aide nlidade: Duas coisas idênticas a uma terceira são idên-
- Por enumeração incorupleta mas suficienle: ncstc rnoclo tlc
Irt'irs cntrc si, na medida e no aspecto em que são idênticas à
raciocinar passa-se uma conclusão a todos os elemcntos clc urrr
nrrrsnla tcrce ira. Se X é semelhante aY eZ é semelhante a y, en_
conjunto, partindo-se de alguns dos elementos observados, scntkr
Irirr, ncsta medida, X é sernelhanÍe aZ. A fomtulação negativa
estes elementos casos típicos e representativos do conjunto.
rlrr lriplicc identidade chama-se tríplice discrepância: Duas coi-
Exemplo: O que se chama controle de qualidade dc pr.ocluçii«r ,.rrs rrão idônticas a uma
terceira não são idênticas entre si.
baseia-se neste tipo de raciocínio. Da produção em série, gcral, sc-
I'r trrt'i1ti, de contradição:IJmacoisa não pode ser e deixar de ser,
lecionam-se algumas amostras que serão analisadas dctalhatlir-
mente. De tal exame resulta aavaliação que é então estenclida ii sc-
no nr o. Ninguém pode ser pai
rie toda. t' lillr aspecto, ou seja, alguên
t. piri é gerado. Neste caso al_
Este exemplo pode ser formulado do seguinte modo: - Torlus p,rrúrrr podc ser pai e filho sucessivamente e ao rtesmo tempo
as amostras examinadas são de qualidade X. Logo, o lote lcn.r ir rrrrrs sob aspectos diferentes.
qualidade X.
l'rittt'í1ti, rle exclusão do terceiro termoi Trata-se da aplicação do
Embora seja um modo considerado legítirno de se estabclcccr. prirrcípio de contradição na lógica. Tal princípio afirma que en-
determinadas verdades, convém lembrar que suas conclusões corrr- Irc scr c não ser não há meio termo, ou que urna coisa é ou não é.
portam sempre um alto grau de probabilidade, o que constitui urrr orr X c semelhante a Y ou não é; e Z é senelhante a y ou não é;
sério problema filosófico desde David Hume e que encontra sctr nrirs lril meio termo ou mais ou menos. Ou uma conclusão é ver-
maior crítico em Karl R. Popper. Segundo Popper, um enunciaclo rlutlcira ou é falsa, não há terceira possibilidade ou meio termo.
científico, via indução, para ser admitido como legítimo devcrir

46 47
Embora,ão se tenha consciência, e é urna clzrs I'irrlrlitllrrlt.:, tl,r
lógica tomá-los conscientes, estes princípios estão irnPrit.rr.r, rr, Capítulo V
discorcr do pensamento em geral.
As várias espécies da atgumentação dedutiva scr.i. rlr.st.rrr,,l
vidas em capítulos posteriorcs e constituem a granclc: r l. t lr r I.r,
Plr r
r,ts t, BCIBS DE ARGUMENTAÇÃO
ca fonrral, essencjalmente dedutiva, enquanto quc a irrtrrrçr().(,
pa urr espaÇo rrenol erx tennos de lógica c por nã() hrrvt'r rrrrr,1rr,r
DEDUTIVA
dro completamente sistematizado.

§t/,r,qi,r'ar,r: I o pclsa_
tncttltr". D em que'
rl, rrrrr lrrrlcr:ctlcl.tt. re-se ull]
, ()n,,('(lii('lllc (lrrc ulre estes dois tenrros entre
si.
l'slr rrlrrnr lillmal do silogismo:

\ l'l I I ( 'll l )lrN'lll rodo homem é morlal - premissa ,raior

Pedro é homem - Premissa menor

t oNSll(ltlliNTIl Pcdro é mortal - Conclusão

\r;rril. (lrc lro raciocínio é chamado de anteccdentc,a estru-


trr , ri l, sil.gisrno aparcce como premissas (o quc e e,viado antes),
, (, ilu(' ('t:hirnrado de conseqücnte aparcce como conclusão. para
,lr( "(' p.ssrr inltrir ulna conscqüôncia é nccessário quc dois ter-
rrr,'. ,,('l'un tllt rills a ulr trrcslt-to terceiro. No excmplo, rttortal e pc_
,1r,, ,,r. rllrtl.s co,ro idônticos a holnenr porqLre são afirmados e,
, .r l()J'r( rr,.llnlaró identificarLlm colr-r o outro, assimcorlo
ncgar
, ,lr',,rrlt'rrlillcirr ou scparar. Ao ato dc identifica. o, co',,por, p"[a
,rlrrrrrrqio, orr dccompor ou dcsidcntificar, pcla ncgação, cha_
nt,t :,1' lui::o. l)oflanto, cada premissa é unr juizo.
Nr r t.rr:r,1tlo, poclc-se obseryar que os termos mortal, homuu. e
/', ,/r rr ;)r)ssucn] cxtensão difcrente . A cxtensão de um tenno lefe-
r, ',( ;ro rrÍrrrrcro dc indivíduos aos quais o termo é atribuído. Assim,

48 49
'l'orkl
lror-r.rcr-n é mortal O conjunto dos indivíduos.aos quais
observa-se que o termo mortal é um termo que é atribuíclo a urrr -
núrnero maior de indivíduos qlue homeru e Pedro, porquc mrtrtttl t ,,,' irlr ilrtri o tcrrno homem está contido na extensão do conjunto das

atribuível a muitas e diversas outras coisas, além de hontettr c <le lr)rsns iis rprais se aplica o termo mortal.
Pedro. Do mesmo modo, o termo homem atribui-se aPeclrut c,tlo-
dos os outros indivíduos hurnanos, tendo assim uma cxtcrrsíio
maior que este. Por apresentar uma extensão maior quc Pctln, ,:
rnenor que mortal, homem é o termo médio, A premissa quo oon
ténr o termo de maior extensão chama-se premissa mctior', it;trc-
missa que contém o termo de menor extensão chama-sc 1;r'cnrissrr
menor e a proposição que deriva dos terrnos flrenor e uraior clrir-
ma-se conclusão. Abreviadamente: T (t maiúsculo) para o tcrnro
maior; t (t rninúsculo) para o temo menor; e M (m rnaiÍrsculo)
l'ctlrrr ó homem - O indivíduo ao qual se atribui o termo Pe-
para o tenno rnédio.
r/rrr cstii contido no conjunto das coisas às quais se aplica o terrno
(M) (r) Ittttttt'ttt.
Todo homem é moltal
(t) (M)
Pedro é homem
(t) (r)
Pedro é mortal

O raciocínio pode ser feito sob o aspecto da extensão (visto


acima) ou sob o aspecto da compreensão. A compreensão l'cíc- l'ctlro é mortal - pelo fato de Pedro estar contido no conjunto
re-se ao número de notas ou qualidades que são atribuívcis conto r h li
tttl i v ícluos representados por ltontern, e por homem estar con-
i

inerentes ao temo e que possibilitam identificar e distinguir unrir lrrlrr rrrr r:oujunto dos indivíduos representados por mortal, segue-se
coisa de outra. rltl. l'ttlnt fazparte do conjunto das coisas que estão contidas sob
rr lrlt'rrsíio do termo mortal.
Para tentar esclarecer o aspecto da extensão, utilizam-sc t'ls
círculos de Leonard Euler (1707-83) que dão uma represcntaçii«r liob o aspecto da compreensão, mas fundamental para o racio-
figurativa da relação dos termos entre si no silogismo. lltrto srlogístico, utiliza-se a seguinte representação:

50 51
Todo homem tem o atributo mortalidade - a rr.r'rrrlirlrrrrt. l)rrrir rirrrrl, a argumentação silogística nofteia-se
por alguns
uma nota ou qualidade que auxiha na compreensã. ckr t;rrt. t. , lr. Ir rrr.ipi.s lrndarncntais que garantem o pensamento correto.
mem, embora não seja a única. l rrrlrr st' tkr p,incípio da tríplice identidade,lá
comentada anteri-
.rrrt'rrrc; ó «r p'i,cípio da afirmação universal, formurado
do se-
;1rrrrrl. rrrotl.: tudo o que é afirmado universahnente de um sujeito
. irlrr rrrrrkr tlc todos os indivíduos que estão co,tidos neste
. rIrprirrr:í;litl cla,cgação universál: fudo o que é negado suj'eito;
rniu.r_
',rrlrrrt'rre rlc u, sujcito é ,egado de todos os indivídúos
contidos
trt'slt' srrjcit«r.
l')xcrrrlllilicar,-se estes dois últirnos princípios com a afirma-
r,'rkr: l.rl«r lrrrirnal é urn corpo vivo implrcitamentc
- sc está atriúu_
Pedro tem o atributo humanidade A humauiclarlc (, rrrrr;r rrrkr ir cirrirctcrística "corpo vivo" a aídu u-
dos indivíduos con-
- rr,
lirltrs rrr cxrcnsão do termo animar,porque está atribuído
ou qualidade que auxilia na colnpreensão do quc c l'<,tlr.o a todos;
.' ('( ),l . rrcg.ção: nenrrum homem é transparente irnplicitamen-
Ir', r't' t'srri rrcgando a característica de "transparente,,
-
a cada unr
rlrrs rrrrlivítltr.s contidos na extensão do termo
/zo rru*,porqr"
rrt';irrrkr rlc loclos. ":^tá
'l'rris
1l'irrcípios, na argumentação silogística, são concretiza-
r l,r, rrl'irvós dc oito regras
básicas da estrutulra formal, que indicam
rr ('0il'cçíi() ou incomeção de um silogismo,
sendo que as quatro pri_
nt('uns tcgcln as relações entre os termos:
l"'lirrlo silogismo contém somente três termos: maior, médio
Pedro tem o atributo mortalidade
- é lógico quc sc ir rrr'rlrlr I'ill(.ll()t'.
dade entra como nota ou qualidade paru a co[rprccrsíitl tr«r t;rrt.
sejahomem: e se humanidade entra como nota ou quaIiclirtlc pirr rr :r .'" N,t)ca, na conclusão, os termos podem ter extensão
maior
compreensão de Pedro, então moÍalidade entra como n«ríir ou (llrir rlrr r;rrc rrirs prcllissas.
lidade paru a compreensão de Pedro. l" ( ) tcrn.ro niédio não pode entrar na conclusão.
A expressão característica, tradicional, da argun.tcnllçio tlt, ,1" ( ) tc,,o médio deve
ser universal ao flrenos utrta vez. e as
dutiva encontra-se no silogismo. Na conversação coticriarrr, rrilit rl (lultlt() r'cstantes regem as relações entre
as premissas.
mente se encontrará de forma rigorosa e sintética, conro o cx(.nl
5" l)c duas premissas negativas, nada
plo acima citado. o silogismo tem em vista o rigor da fitr.ttttt,,, se conclui.
seja, interessa-Lhe a conexão necessária que rege a relaçã. rl.s tr,r (r" l)c cluas premissas afirmativas não pode haver conclusão
mos entre si e entre as premissas, não se preocupando conr o ('()il ttr'11trl rvir.
teúdo verdadeiro ou falso. Isto quer dizer que não cabc ii líruit.rr 7" A conclusão seguc sompre a premissa mais fi.aca.
discutir sobre a verdade ou falsidade das premissas, tarcfzr cstl t;rrt'
8" I)c duas premissas particulares, nada se conclui.
pertence à teoria do conheciurento, e, portanto, simplcsmcntc
Prt.s
suposta por ela, que visa única e exclusivamente a correção ou rl l)crrtro. cssas regras, as três principais são: todo silogismo
.',rrcrrtc trôs termos; de duas premissas tem
correção da/onna do pensamento. negativas nada ú conclui;
r lt' tlrurs prcmissas particulares
, nada se coiclui.

52 53
O rigor da forma silogística é tal que basta uma incor-rt.1.;ro
Capítulo VI
cour relação a uma das oito regras para ser invalidado. Ii irnpor trrr
r

te obselarque estas regras são concernentes ao erro. Blus irllolllrrrr


o erro e não o caso cerlo. Daí a dificuldade inicial panl o c:rrlcrrtlr
mento, pois normalmente as regras indicam o ccrto, o corr.clo, It lrl(i I{AS RELATIVAS AS PREMISSAS

piu'ir sabcr se ulna argumentação é correta ou não, é necessá-


' r'io rcduzi-la à forma do silogismo e confrontá-la com as
oilo rcgras cnunciadas acima. A título de esclarecimento, o méto-
rkr irrlotirrlo scrá o seguinte: enunciação da regra, seguida de expli-
lrrr,'iio c cla cxplicitação dos elementos componentes, que em ou-
Iros lllrlatlcls de lógica são apresentados separadamente.
Assinr colrro a construção de uma casa requer materiais com
os rpriris ó Í-cita e uma estrutura onde estes materiais serão distribuí-
rlos, tlc lrraueira semelhante ocorre com o silogismo. Existem os
rtrrrlcriiris (tcrmos e proposições - que serão explicados opoftuna-
rrrurrlc) c unta estrutura composta pelas regras que serão tlatadas a
.'t'lqrrir'; iniciando pelas quatro regras finais, relativas às prernissas.

(r.1. Oitava regra: de duas premissas particulares nada


sr. cortclui
( ) silogismo é estruturado por premissas. Em lógica, as pre-
nrssirs rcccbcm a denominação de proposições e são, por sua vez,
rr t'xlrrcssão oral ou gráfrca do juízo. Jlízo é composição ou sepa-
rrrl,rrio rlc iclóias ou conceitos, através da aÍinnação ou negação. Por
t'xclrrlrlo, quando a inteligência aftrma: a casa ébranca, ela está
t'ornporrtlo, ou ela está dizendo a si mesma que branco é urn atri-
lrrrlo t;uc làz conhecer a casa. Quando a inteligência nega: a casa
rrijo c branca, ela está separando, ou ela está dizendo a si mesma
r;rrt: o branco não é atribuível à casa e isto tambérrr faz conhecer a
t'rrsir, cnrbora de um modo negativo.

55
54
O que caracteiza fundamentalmente o juízo ó cslc..rlrzt.r ,r .,r \rr, rrrr, (lr(' rr«r silogismo será chamado de premissa ott conclursão,
mesma" da inteligência, de modo consciente, quc r.cc.clrt. () ,.rr, r oilloilile o cilso.
de assentimento, trazendo consigo a verdade ou ir l.rsirrrrtrt. I ,r
composição ou a separação que a inteligência ltr.orirrz t;r rr. r. r ,.r ,1,
() p',rlrrr. proveniente do processo do juízo será a composi-
r
r, ,rr | .lr
st,Pir|irção de dois conceitos entre si, via um verbo, qrr"
r"
deira ou falsa, ou seja, a verdade ou a falsidade são irrrilrrrr.s tr. rrrr
r l. rr rr r r i r ril prrrp«rsi
zo enã,o de coisas. Chama-se assentimento (ou-jLrlgtrr.) rr t.orrr;ro,,r
r
ção s i ntples o,, cate gó rica. E assim como reari-
,',r , ('orrl)()siçlio ou separação de conccitos, a inteligência
ção ou scparação conscientc que a inteligôucia cxccull tam_
lr.rrr rt'rrlizlr rr c.,rposição de duas ou mais proposiçães si,rples
A intcligência compõe ou divide conccitos otr irl(.irrs. r,,.rr,1,, orr Ilrlt,litilicirs cntre si, servindo_se pala e
um a título de sujeito e, outro, a título de preclicarlo, scr'rrrrlr, ,,, rllt(' Illo ir vcrltal, mas de partículas. A esta
para tanto dc umveúo. Na lógica formal todo c cltrrlt;rrt,r r,.r1,,, ,,rr,'ot.s sirrrplcs
cntrc si, via partículas rião v
equivale ao verbo ser seguido de um atributo. Ao vcr.lr. st.tlrr rr ;rrr;rrsrçrr. <'.rtt1t.sr,a ou hipotetica, q,e será desenvolvida no fi-
norne de cópul a courposiçi() ou s(.l);r rrirl rlt,slc cir;lítulo.
ração dos conc a sapolciio /i;i Pr.rrrrr.r A .rlrr'rr rcgra refere-se à relação entre proposições particura-
vc I (t ) t'l,
tttttt I
rr"' l'.r'r.rrtrl, r'cí'cre-se à extensão da propoiiçáo. Ea extensão da
I!,ll,L1l];iilmaginaria (Dorn euixo,., ];lXJl];í Ir.Prsil:a. c dctcrminável a partir da extensão do sujeito que ela
Os elementos do juízo são: sujeito Napolcão, cirptrlrr lirr,
- ,.,1(,,r, t;.c ltode ser considerado: universahnente, particular_
predicado - o primeiro cônsul. Admite-se como su-jcito l(ruir:. rrrrl, rrrt'rlr', si.grlur c indefinidamente. para se exprimir a extensão
do
o que estiver antes do verbo e cor-no predicado lógico lutl. . (1.(. ('s ',rr1r'rl. us.ln-sc as partículas quantificadoras: Toclo para
a exten-
tiver após o verbo, conste de quantas palavras consta' clrrr, plr11t.. ',, rr r rrrr ivt'r s.l; Álgtun paÍa a extensão
tomada puri" ou particu-
O processo da formação do juízo se desenvolvc, nir in(cligC.rr lu I trr'llirrir ir cxtensão restrita a um i,divíduo; "- a extensãá, quan-
cia. vencendo as seguintcs etapas: r I r rrrt lt'l irr itlir, scrá reduzida
a universal ou particular, conforme a
rrrlut t'zl rkr prcdicado.
a) A inteligência tem diante de si dois co,ccit.s .rr itlú,irrs:
casa,furanco; Nir lc«rria das proposições, o singurar equivale ao universal.
N, t ;rs«r rlc 1l*lposições indefinidas, a extensão ó detenninável
c,r
b) A inteligência aproxima e ordena estes conccitos ., itli.irrs
Irrrr, r. rl. prcclicado: universal, quando o predicado
entre si, um a título de sujeito e ouko a título de prcclicaclo. é necessário à
r nrrslirrriçii«r do sujeito, como por exemplo:
c) A inteligência passa a cotnparar os conccitos ou - o homem é mortal -
itlú,irrs,
''rIrrr'irle t'llxlohomem é moúal, pois o predicado moftal é neces-
como sujeito e predicado, relacionando-os com a existôncilr (Plrs ',rilrrr l)i,il il constituição do sujeito homem; particular quando
o
sada, presente, possível ou imaginária);
Ir.rlrt rrtkr c acide,tal à constituição do sujeito, colno por àxernplo
d) Percebendo que urn conceito pode ser atribuíclo iro oulro, o lrorrrcr)r c nrúrsico - equivale aAlgum homem ó músico, pois
o
segundo o modo de existir, a intcligência"diza si l.rresr.r..xr,,, c.rrs Irt'rlicirrkr rn[rsico não é necessário para a constituição do sujeito
cientemente, qu assim; a casa ebtanca; ou l)ct(.(.. lr.rrrcrrr. A na(ureza hurnana não depende do atributo rnúsico para
bendo que um c ser atribuído a outro, scgtintl,, ,, ;rorlt,r sc:r' dctcrminada como hurrtana.
nrodo de existir, z a si mesma", conscienlcr.r.rcrrlt., l'i c'r'irtlo concluir de duas premissas particurares, porque
o si-
que a composiçã,o não é assim, e separa: a casa não ébtancr: lrr;1rsrrr. c rrrgume,taçáo deduliva, que é á pur.ug.r, dà geral
para
e) A intcligência pronuncia o seu julgarnento, cxpriminckr-o . pirr l ic.lirr'. Portanto, inenoJu-a dà premis-
é necessário que ao
oral ou graficanrente , e a csta expressão é que se dâ o norne prolto ',rrs s. jir r,r ivcrsal, verdadeira ou falsa, não vem ao
caso, poi, o qra
colrltr ú ir I'orma. Exemplos:

56 5
rtrrtvt'rsirl rrogativa; O (maiúsculo) para significar a proposição par-
a) Tudo o que é veneno é nocivo ao homem.
Irt'rrlrrl rrcgirtiva. E e O porqte são duas vogais da palavra nEgO.
Alguns frutos são venenosos.
I )c llossc dc tais elementos, pode-se entender melhor o que se
Alguns frutos são nocivos ao homem. llrirrrur oposição lógica das proposições, regida pelo princípio de
Este silogismo não fere a oitava regra, porquc uma rlirs corrllirrliçiÍo. Duas proposições se opõem entre si quando têm o
1lrt.
missas do antecedente é universal- Tudo o que é vcncrroso ú' rrot.r nr('snlo su.jcito e o mesmo predicado, mas diferem entre si em
vo ao homem. r
;rrirrrl i«lirtlc c/ou qualidade.
b) Algum soldado é corajoso. ('lrirrrraur-se contrárias as proposições universais, que se
opircrn cntrc si pela qualidade, uma afirma e a outra l1ega um rres-
O covarde é soldado.
nrrr lrrctlicado de um mesfllo sujeito, universalmente; Stbcontrárias
Algurr covarde é corajoso. (rrs corrtriirias de baixo) são duas proposições particulares que se
O silogisrno fere a oitava regra, porque consta ent scu anlcr.t. o;lôcrn cntrc si pela qualidade, uma afima e a outra nega um [Ies-
dente duas premissas parliculares: algum soldado é cor.ajoso; o t.o rrro lrlctlicaclo de um mesmo sujeito, particularmente; Contraditó-
varde é soldado, equivale a algum covarde é soldado, por(1rc o lirr,r siio cluas proposições que possuem o meslno sujeito e o mes-
predicado soldado não é atributo necessário para a courl.tr.ccrrsrro rrro ;lrcrlicardo, rnas que diferem entre si tanto em quantidade como
do sujeito covarde. lrrr r;rrirlitl:rclc. Trata-se daoposição mais forte, porque não hánada
('nr (plu clas possam convir, ou seja, sua oposição é absoluta, urna
rlcslrrii sinrplcsmente a outra. Chamam-se subalternas as proposi-
6.2. A conclusão segue sempre a premissa mais Íiaczr r,''r)t's llirrliculares em relação às universais quando possuem a mes-
Assim como as proposições comportam uma quantidaclc cluc c rrrrr tlrrirlitlaclc. A subalternação não é oposição propriamente dita,
dada pela extensão do sujeito, expressa pelos quantificacl,orcs lorftt n rirs unrir rclação de superior e inferior, porque diz a mesma verda-
e algum, elas também compoftam o que se chama dc qualiclatlc rlt' orr Íalsicladc de modo restrito.
conforme anatuLreza da cópula. Quando a cópula compõc, atravcs
 o;losição entre as proposições e melhor visualizada no se-
da afirmação, a proposição chama-se afirmativa; ao contr.tirio,
lirtttrlc tluadro:
quando separa, através da negação, a proposição é negativa.
Desse modo, unindo-se os elemento s quantidade e qualitludt',
as proposições são classificáveis em:
'lirrlo livro é instrutivo Nenhum livro é instrutivo
contrarlas
Proposição universal afirmativa (A): Todolivro e instrutivo. E

Proposição universal ne gativa(E): Todolivro não é instmtivo.


Proposição particular af,rrmativa (I): Alguml:ro e instrr,rtivo.
r,ltl)il Ilctl tas S ubalternas
Proposição pafiicular negativa(O): Algumliwo não é instrutivo.
Para facilitar o trabalho com as proposições, convencionou-sc
representá-las porletras, a saber: I (maiúsculo) para signihcar. ir
proposição universal afirrnativa; 1 (maiúsculo) para significar a subco: rtrárias o
proposição particular afirmativa. A e Iporque são as primeiras vo-
gais da palavraAfhmo. E (maiúsculo) para signiflrcar a proposição Âlgurn Iivro é instrutivo Algum livro nâo é instr-r.rtivo

59
58
O processo de oposição das proposições pcrnritc, rlt. urrr;r rrr.r proposição particular afirmativa. Segue daí que a conclusão, para
neira totalmente formal, identificar e excluir as contl)orit\,ot.,, rlr,, sellrril ir rnais fraca, deve ser negativa sc houver no antecedente
tintas. Isto significa que é possível, de um modo lollrlrrrt.nlr. l,r prt'rrrissa ncgativa, e particular se houver no antecedente premissa
mal, inferir da verdade ou falsidade de uma propos içio rr I r 1,, rr l, r, l,
r ;
rrr I icrr lirr. Exemplos:
ou verdade de outra que tenha o mesmo sujcito c plcrlit'rrrlo l,,rr,r rr) 'l'oclos os lógicos são matemáticos. 4
tanto, existem as assim chamadas leis das oposiçCrcs: Alguns filósofos não são lógicos. 0
a) Contrariedade: duasproposições contrárias não pork.rrr i\(.r \,,1 Alguns filósofos não são matemáticos. 0
dadeiras ao mesmo tempo, mas podem scr falsas ito l) tr.rin t(, t(.n t
l'rrrir l vcrificação do argumento frente à regra, o primeiro
po. Elas convêm entre si na quantidade e airrda putle nr (,()nvu n,r prrsso scrii a identificação das proposições. Assim:
falsidade. Exernplo: Todo homerr é rnoftal - r.rculrurrr lronrt,rn , 'l'«rtlos os lógicos são matemáticos A: porque
nrortal, arnbas são universais sendo que uma c vcr tllrt[.rlt (. l ou - aproposição
t' rrrrivcrsirl :rfirmativa.
tra falsa. Todo homem é loiro -Nenhum horncnr c loiro, rrrrrlr,r.,
são universais mas falsas. A lguns Íilósofos não são lógicos - O: porque a proposição e
rrr t it'rr liu' ncgativa.
b) Subcontrariedade: Duas proposições subcontrár'iirs rrio ;rorIt.r r r
I

ser falsas ao mesmo tempo, mas podem ser vcrdacloil'its ir() nr(,r, Â lguns filósofos não são matemáticos
- O: porque a propo-
mo tempo. Elas convêm entre si na quantidadc c airrtlir llorlt.rn ',rr, rro ú'
llalticular negativa.
convir na qualidade. Exemplo: algum homem c raciorurl rrll,,rrrrr ( ) scgundo passo será a análise da relação entre as proposi-
homem não é racional, ambas são particularcs scnrkr clrrc rrrrrr i' r,ot's, rrlilizundo-se sornente os símbolos. Assim: no exemplo aci-
verdadeira e a outra falsa. Algum animal é quadrúrpcclc irlgurrr rrrrr, rr conclusão é uma proposição O. No antecedente, encon-
animal não é quadúpede, ambas são particulare s c vcrdlrtlcir rrs Irrrru st' urna proposição A e uma O, das quais a proposição O é a
c) C ontraditor ie dade: duas proposições contraditóri as n ão por I t. r r r
ser verdadeiras ao mesmo ternpo, nem poden scr firlsits lr() nr(.\
mo tempo, o que quer dizer que se ufila é verdadcira a outril r. nt. lr) Alguma planta é nociva - I.
cessariamente falsa e vice-versa. Elas não convênr orn nirrlir t.rr 'f 'trdo o que é nocivo zbem-8.
tre si, nem em quantidade nem em qualidade c ncnt 'l'otla planta fazbem
nrr rrlrrlrur
ção de verdade ou falsidade, sendo por isso a mais lirrtc rlrrs opr r A rrrriilisc do símbolo referente à quantidade e à qualidade de-
sições lógicas. Exemplo: Todo livro é instrutivo algurrr livro rrronstrir ir incorreção do silogisrno pela sétima regra da scguinte
não é instrutivo, uma é universal e a outra particulal'; trrnir (. rrlrr rrrur('rrir: A conclusáo A é uma proposição universal afirmativa. E
mativa, outra é negativa; a universal afinnativa ó Íalsa, Lrr(luul rro rrllccctlcntc a mais fraca quanto à qualidade está rcpresentada
to a particular negativa é verdadeira. pclrr lcllrr /i', dc negativo, e quanto à quantidade está representada
A sétima regra refere-se à relação de oposição culrc as l)r()l)( ) pt'lrr lt'lrir /, clc particular. Portanto, a conclusão para o argumento
sições. Poftanto refere-se à quantidade das proposiçõcs. Ncssrr rt. ,,r'r t'orrcto, quanto a esta regra, deveria ser: negativa e particular,
lação, a qualidade de negativa, em primeiro lugar, ó r.r'ritis lrircrr r;rrr, rrrr st' jir: unra proposição O.
a qualidade de afirmativa, porque o juízo negativo sigrrilicrr rrre rrr
afinaação, isto é, uma advertência de que algo devc scr colocirtIr (r..1. l)c «luas premissas aÍirmativas não pode haver
no lugar. Em segundo lugar, a quantidade particulanzacltr ú rrrrrs t'orrclusão negativa
fraca que a quantidade universalizada, por motivos óbvios. I)cslt. ( ) plincípio supremo do silogisrno é o princípio da tríplice
modo uma proposição universal ncgativa é mais fraca cltrc rrrrrr rr['rrlitlrtlc. Sc duas coisas são idênticas a urna terceira, é lógico

60 61
que elas serão idênticas entre si, na medida e no aspecto ern (luc l,t'lgo, qualquer inferência que se faça estará, quanto à regra, inva-
são idênticas a esta rlesma terceira. Afirmar é ideniificar. Sc,'r,, lirlirtlir clc princípio, porque não há neúuma conveniência dos termos
antecedente, há duas afirmações entre os mesmos temos, ,o c().- t'rrlrc si pela simples razão de que não há terceira coisa entre eles.
seqüente ,ão poderá haver a negação destes temtos, porquc isl«r
-
infringe o princípio da tríplice identidade. Exemplos: EXERCÍCIOS
a) Alguma planta é nociva - I. I l)tlarminar a extensão das seguintes proposições:
Tudo o que é nocivo deve ser evitado _ A.
tr) 'l'oclo pássaro tem asas.
Algurra pTanta deve ser evitada - I.
b) Alguns homens são virtuosos.
Se foi identificado no antecedente ,,planta com nocivo,'c ,.sct.
evitado corn nocivo", não se pode, para ser concreto, dcixar tlc: c) Judas traiu.
identificar "planta " com "ser evitado,, na conclusão. tl) os judeus foram massacrados na Segunda Grande Guerra.
b) Tudo o que é nocivo deve ser evitado A. c) Pcdro cstá sentado.
-
Algurna planta é nociva - L Í) O hornern não é imoúal.
Algurna planta não deve ser evitada _ O. g) Os animais são irracionais.
A análise direta dos símbolos das proposições demonstra a in- h) A porta está fechada.
correção do argumento.
i ) ( ) inscto tem oito patas.
6.4.De duas premissas negativas nada se conclui .j) O hourcm não é estudante.
coúecer é identificar. Ao se argumentar, se está identifica,do, li) ()nda cavalo é mamífero.
no antecedente, dois tennos a um mesmo terceiro, tendo em vistir l) 'l'otlos os insetos são não-aranhas.
inferir um conseqüente que una estes dois termos entre si. ora, se as
rrr) Sc ó estudante, é homem.
duas premissas do antecedente são ambas negativas, não há idcnti-
ficação requerida destes termos com o terceiro, o que implica quc .' ()ttttl u quantidade e a qualidade das proposições:
não é possível extrair daí conclusão nenhuma. Eiemplôs:
rr) I)r:clro é homem.
a) Todo animal é vivente
- A. lr) Âlguns neuróticos não são bem ajustados.
Algum vivente é planta - I.
t') Alguris filósofos são não-matemáticos.
Algurna planta é animal - I.
rl) Alguns filósofos não são não-matemáticos.
No antecedente encontram-se dois termos: animal e pla,ta,
que são identificados a urt mesmo terceiro (porque ambas à, p,."- c)Os lógicos são rnatemáticos.
missas são afirrnativas). Logo, se são semelhantes a este terceiro, ó l) Algumas pessoas não ajustadas não são ambiciosas.
lógico que são semelhantes entre si. E*r relação à quinta regr.a o g) 'l'odo carro é veloz.
argumento está correto, no entanto, o silogisrno é inconeto com
lr) Ilír plantas comestíveis.
relação a outra regra, que será desenvolvida a seguir.
b) Nenhum silogismo válido tem duas premissas negativas _ E. I l)r'lt't'tttinar o símbolo e elaborar, conforme o caso, a con.tradi-
Nenhum silogismo neste livro é válido E. titt'itt, tt t'onlraria, a subcontrária e a subaltern.a:
-
Logo.,. ir)'l'odo A é B.

62 63
b) Algum B não é A. r., r'cÍ'crcntes a silogismos, são extraídos de diversos manuais
dc
lír11icir, clLlc se encontram relacionados na bibliografia final):
c)NenhumFéG.
d)AlgumAéB. rr ) A lgrrrn hornern não é virtuoso.
Algtrns uraus são homens.
4. Dada a proposição; "TodoF é G"; Algrrns ruaus são virtuosos.
a)Porqueéparticular? u" :-, :(' i "'-,,n lr) A lguns neuróticos não são bern ajustados.
b) Alterá-la na quantidade e símbolo /- Algunras pessoas ajustadas não são ambiciosas.
A lguns neuróticos são arnbiciosos.
c) Alterá-la na qualidadc e símbolo. @,
d) Alterá-la na quantidade, qualidade e símbolo. e ) ÂlgLrns A são B.
'l'oclo C ó A.
e) Toniá-la singular.
Ncrrhum C é B.
f) Torná-la particular.
tl; 'l'«rtla borboleta não é ave.
g)Torná-la negativa particular. Ncrrhuma abelha é ave.
h) Tomá-la universal negativa. 'l'ocla abelha
não é borboleta.

5. Dadq a proposição; "Algum F não e G". t') AlliunrPéH.


- 'lorloPóI.
a)Fazer a oposição em quantidade e sírnbolo. Âlgum H é I.
b) Fazer a oposição em qualidade e símbolo.
Í') 'l'.rkrs os silogismos válidos distribuern seus termos médios em
c)Fazer a oposição em quantidade, qualidade e símbolo. llclo n.rcnos urna das premissas.
lislc silogismo distribui seu termo médio eln uma premissa.
6. Elaborar outras proposições, diferentes das apresenlcultr.s, ut'i-
listc silogismo é válido.
ma, e realizar os tnesmos exercícíos pedidos.
g ) A lgunras cobras não são animais perigosos, mas todas as
cobras
7. Responder:
sli«r róptcis. Portanto, alguns animais perigosos não são
répteis.
a) Que proposição se opõe a uma universal em quanticlarlc,/ Ir) Nc.lrurn dcrivado do alcatrão é alimento nutritivo, porquc to-
b) Que proposição se opõe a uma universal em qualicluclc,/ rlrs .s corantes artificiais são derivados do alcatrão,^e nenhum
c) Que proposição se opõe a uma particular afimativu crrr t:oralrte arlificial é alimento nutritivo.
quantidade e qualidade? l) Ncrrh de recreio, porque os barcos de re_
d) Que proposição se opõe a uma pafticular negativa cm quarrti_ crcio água e todos oJbarcos que andam
dade? tlcbai nos.
e) Que proposição se opõe a ulra universal em quanticlaclc r: .j) Alguns sempre-verdes são objetos de culto, porque todos os
qualidade? .bctos são sempre-verdes, e alguns objetos de óulto são abetos.

B. idtrtlt,
t). l/erificar a coweção
ou incorreção dos argumentos acinta, quan_
da i,s.t.rr,r,,
ttt ti:t regras relativas às premissas.
qu abrri_ (\tm os terrnos X,
10. Y e Z, .formular argumentos que violem as
(luulro regras relativas às premissas.

64 65
11. Valendo-se unicamente dos símbolos, determinar a corre(1to
ou incorreção dos seguintes silogismos, quanto às regras relati-
vas às premissas:
a) AA/A d) OA/A g) OA/I
b) EO/O e) AA/I h) E O/1
e) AA/ E f)IO/A i) II/O
12. Determinar a conclusão correta para os argumentos 1//1('
apresentam a seguinte relação das premissas:
a) A E/. .. d) AA/... g) AO/...
b) OA/.. . e) IO/... h) O li...
e) EO/... f)IA/... i) E E /...

Respostas

66 67
t'orrlcrrrporânca, é considerar o elemento necessário qug constitui
ir t'oisir no clLlc ela é, apartir dos dados sensíveis. Os elementos ne-
Capítulo VII t't'ssiirios «: que possibilitam à inteligência produzir uma imagen-t
nrt'rrlnl da coisa em questão.
A irrurgcm mental produzidapelo processo de sirnples apreen-
REGRAS RELATIVAS AOS TERMOS siio c o cprc lecebe o nolrre de icléia ou conceito. O conceito é a re-
prcscntaçiio intclectual da coisa na qual e pela qual a inteligência
corrlrccc ou rcconhece o objeto. O conceito possui três característi-
t'irs lirntlarncntais: abstrato, universal e compreensivo.
( ) couccito é abstrato porque é a representação intelcctual e in-

lcrrciorrirl cla natureza ou essência de um objeto. Por representação


irrlclcctual c intencional deve-se entender que a inteligência, de
t't'r'lir rnancira, reconstrói o objeto de um modo ideal e por isso dei-
vr tlc Iaclo os aspectos sensíveis da coisa.
( ) conccito é universal porque anatureza ou essência que ele
rr'plcscnta, por ser abstrato, é o que há de comum às coisas que por
rirri() sr.i rlizcm semelhantes. Historicamente, universal quer dizer
gras relativas a estes termos' rrir lirrguagcm de Aristóteles "o que pode ser por sua naíxezapre-
O termo é a expressão oral ou grâficado conceito, quc pol
sua r lrt:rrtkl dc muitas coisas", ou seja, urna característica ou proprieda-

atravós do quc r le tprc ri comum a várias coisas, válida para estas rnesrnas coisas.
vez é aidéia ou irnàgem mental das coisas captadas
se chama simples aPreensão. Alórn de abstrato e universal, o conceito é compreensivo por-
tprc ó constituído de um conjunto de aspectos inteligiveis ou pro-
prictlndcs que a inteligência disceme como constituintes da natu-
r('/.ir or.r cssência da coisa. Estes aspectos ou propriedades discerní-
vt'rs, rcunidos pela e na inteligência, atraves da imagem mental
rlrrc crrtão se forma, é que possibilitam a compreensão da coisa
t'orrro lal. Este é mais um pressuposto da lógica formal, que antes
rlt' lrrtltl ó uma lógica de compreensão.
I lrn cxemplo pode ajudar a entender tais características: ao
orrvil otr lcr a palavra ou tenno relógio, desencadeia-se o seguinte
l)r'()ccsso: os sentidos são postos ern contato colll o sorll ou com a
cscritir; a partir deste lado sensível a inteligênciaproduz (sirnples
irprccrrsão) uma imagem sensível; desta irnagem sensível a inteli-
1iônciir rctira o elemento essencial, que terá como produto o concei-
gêneros, espécies, classes... lo rro rlual c pelo qual a inteligência conhece ou reconhece tal es-
As das no qual ritirrcirr. Assim, o conhecimento ou reconhecimento será de urn ob-
a inteli na es aPrc- jt'lo "pura rnarcar horas" (conceito), e não de urn relógio de pulso,
ensão. em guagclll tlt' lrirrcrlc, digital, a qtartzo, ou seja, deste ou daquele relógio em

4a
IJ
72
parlicular. Trata-se de um conceito por tratar-se de uma naturczir A irrtcligôncia pensa em níveis de compreensão e extensão
ou essência; abstrato, por ser \atttrezaou essência ideal; ulivcrsll rkrs lcrlrrros, quc se encontram distribuídos nas premissas que com-
porque não se restringe a este ou àquele objeto parlicular rnas upli- lr()('nr ir irlgumentação. A referência da regra a três termos: maior
cável a todos os objetos de mesma espécie: conrprecnsivo. l)or.r.c- rrrd'tli. ,,,",.,o., diz respeito à extensão qú eles possuem nu..lu-
" clcs, propriedade esta decorrente
r,'rl, t'rrllc
velar um conjunto de propriedades inteligíveis. de sua compreensão. O
prrrrt'ipiu sr.rprcrlo do silogisrro exige a ideritidade de duas coisas
Quando a inteligênciaproduzum conceito, dois aspcctos ncs rr illlrir llrcsr.nzr terceira. Esta terceira é a média de identidade das
ta produção devem ser considerados, por serem elemcntos corrsl i
orrlrirs tlrrirs cntre si, que por isso são chamadas de extremas. Daí
tutivos do conceito: a compreensão e a extensão. A conrl;rccrrsii.
se r logicanrcnte correto que o silogismo só possa operar com três
de um conceito diz respeito aos aspectos inteligíveis, ou so.jtr, iro
lcrnros, scndo o rnédio arazã.o da união do menor ao maior, na
conjunto de notas ou qualidades que possibilitam o conhccirrcrrto
t'or rr: I rrsão. Iixemplo:
ou reconhecimento do objeto ao qual o conceito se rcfcrc. l)or.lrrrr-
to, compreender é captaÍ, via simples apreensão, os elcrncntus r;rrc
rr)'l'orlo lrorncm é mortal.
possibilitam a distinção das coisas entre si. A extensão, por- suir
l'ctlro ó homem.
vez, refere-se ao número de indivíduos aos quais o conccito porlc
l,ogo, Pcdro é mortal.
ser aplicado, porque ele os agrupa. I
lislc silogisrlo não fere a primei raÍegraporque possui somen-
A comprecnsão e a extensão têm entre si uma lci dc razão irr-
lc lrôs ícntros e a relação correta entre eles: mortal, termo de maior
yersa: quatxto ntaior e a compreensão, tanto nlenor sará u a-tlcrt-
lrlt'rrsiio; hornem, termo de média extensão; pedro, termo de me-
sâo. Isto significa que o conhecimento de um grande núntcl.o clc
rror cxlcnsãro; hornem, termo de média extensão; pedro, termo de
notas ou qualidades a respeito de alguma coisa possibilita à intcli-
nr('not'cxtcnsão.
gência urna distinção mais precisa desta coisa em relação às dcmais.
Por exemplo: qual o conhecimento é de maior compreensão: A) Ilc- lr) (.)rrorn ó privado da liberdade não pode agir contra a lei.
lógio a qrtartzo, de pulso, à prova d'água, à prova de choquc, cnr- ( ) cscravo é privado da liberdade.
nógrafo; ou B) Relógio a quartzo? E lógico que a altcrnativa A ( ) cscravo não pode agir contra a lei.
apresenta urna compreensão maior, pot trazer um maior nírr.ncro
de notas ou qualidades, resultando daí um conhecimento nrais cs- listc silogisrno fere a primeira lei por apresentar mais de três
pecífico do objeto em questão. O conceito relógio na primcir.a al- Ilnrrrrs: O tcrmo privado de liberdade pode ser entendido em vá-
ternativa é aplicável a um gmpo específico de relógios, ao passo rrrrs rrt:c1rçõcs diferentes: fisica, juridica, moral...; o tetmo agir
que a alternativa B, relógio a qtartzo, deixa a inteligência crrr t't,tttt'(t t le i ta.nbém pode ser entendido em acepções diversas:ju-
aberto para poder aplicá-lo, porque se estende a urn númcro irrdc- rlrlit'rr, rnrlral, psicológica...; somente o termo escravo é emprega-
finível de objetos relógios aqtartzo. rlo lro rncsr.tro sentido.

7.1. Primeira regra: todo silogismo contém somente três 7.2. Nrrnca, na conclusão, os termos podem ter extensão
termos: maior, médio, menor tlrrlí)r (lue as premissas
No capítulo anterior a ordem de apresentação das regras liri  cxtcnsão das proposições partir do sujeito,
é determinável a
r rr' (' l o r naclo universalmente ou
particularmente conforme expli-
invertida para facilitar sua compreensão porque o conteúdo rclc- ;
r

r rr1'rIr tkr capítulo anterior. No entanto, o predicado também pos-


rente a tais regras permite um tratamento em separado. As rcgras
relativas aos termos, por sua vez, estão intrinsecamente ligadas
,,
rr i rrrr ri r cx tcnsão determinável a partir da qualidade da proposição
rrltr rrrrrlivir ou negativa.
enü'e si tendo uma scparação por motivos didáticos.

74 75
I L') 1.ra: em toda proposição afirmativa o predicado é tomado em
Assim como o silogismo é constituído de proposições, as p1 ()
pnr!L' (particularmente) de sua extensão. Contrariamente, em toda
posições por sua vez são constituídas de tennos, unidos (ali rn 1:1
p1 oposição negativa o predicado é tomado em toda a sua extensão
ção) ou separados (negação) entre si por um verbo. O verbo, prn
( 11111versalmcnte), porque não há identidade entre os tennos.
ter a função de união ou separação dos tem1os, chama-se 1·,í1 111l11
Aqui se apresenta mais um pressuposto da lógica fonnal: o l'.tlo d\' A segunda lei do silogismo diz respeito à extensão dos termos
ser uma lógica existencial, por se finnar no princípio de que tod() L' d,, ,·011<'l11sc7o. Qs tennQ§ sujeito e predicadQ da conclusão devem
qualquer verbo equivale ao verbo ser, seguido de um atributo (llJ IL'I, para não incorrer contra a regra, e�tell._São menor ou igual
predicado. O verbo ser, como cópula, une ou separa dois te111H1s :\q11l'l:ts que possuíam nas premissas. Exemplos:
entre si, um a título de sujeito e outro a título de predicado, c111 11111
modo de existência real, possível ou somente imaginária. a) Algum vivente é homem.
Nenhuma planta é homem.
Desta fonna afinnar: "o pássaro voa", equivale a afír111ar: "( 1 Nenhuma planta é vivente.
pássaro é voador", porque todo verbo exprime uma ação e toda :t(;:u1
pressupõe um sujeito. Assim, o verbo ser identifica um sujeito (tudo () sujeito da conclusão "plai;i.ta" tem extensão universal; na
p1'l·111issa, "plan!a" também tem extensão universal; portanto, o su­
o que estiver antes do verbo) a um predicado (tudo o que estiver
wito desta conclusão não fere a regra. O predicado "vivente" tem
após o verbo), em uma existência, que no exemplo acima é real L'
n tL·nsão universal, por se tratar de proposição negativa; "viven-
atual. Ao se tratar de negação, a cópula realiza a separação dos ter­
1!'", 11:1 premissa, tem extensão partícula� porque é sujeito de uma
mos entre si, implicando a não identidade entre elas num modo de
p1 llposiçiio particular. Daí, segue-se que feriu a segunda regra
existência real, possível ou somente imaginária. Negar: "o pássaro
pois na c5rnclusão sua extensão foi maior que na premissa-. -
não voa", equivale a dizer: "o pássaro não é voador", ou seja, o
atributo "voador" não tem existência no pássaro "agora" (real). li) Algum vivente é homem. :!:.
Ao se servir dos termos para elaborar proposições, a inteligên­ Alguma planta não é homem. O
cia os utiliza em compreensão e extensão. Cada termo terá uma Nl'nhuma planta é vivente.
extensão ou universal ou particular. Quando o termo é usado como A :111úlisc do silogismo demonstra que tanto o sujeito como o
sujeito de uma proposição (aquele a quem a cópula atribui alguma p1l'dil':tdo, na conclusão, passaram a ter uma extensão maior que
coisa), sua extensão será universal ou particular confonne visto no 1111', prl'llllSSas.
capítulo anterior. Quando é usado como predicado (aquilo que se
afirma ou nega do sujeito), sua extensão será detenninada como: 1) Algum vivente é homem.
universal (tomada em toda sua extensão) ou particular (tomada cm Nl'lll111111a planta é homem. ·
parte de sua extensão). Alp,111n:1 planta é vivente.
Nas proposições afim1ativas o predicado é identificado como Nesta formulação o silogismo se apresenta correto quanto à
uma das notas que permitem compreender melhor o sujeito que 0 11'111�·:10 da extensão dos termos da conclusão e das premissas, em­
identificado como um dos elementos que fazem parte da extensão l11,1a l'sleja incorreto quanto à sétima regra.
do predicado. Ao afirmar "o livro é verde", a inteligência apreende
o "verde" como uma das qualidades que auxiliam a compreender
7 .. \. O lermo médio não pode entrar na conclusão
melhor o sujeito "livro" e ao mesmo tempo apreende o sujeito "li­
vro" como uma das coisas que são "verdes". Por isso, a proposição Hl'lcmhrando: silogismo é uma argumentação na qual de um
"o livro é verde" diz que o livro é alguma das coisas verdes. Daí a ,111l1'1T1il-nlc que une dois termos a um terceiro infere-se um canse-

77
76
qüente que une estes dois termos entre si. O terceiro termo cla clcl'i- ( ) Íirt«r tlc soldado ser parlicular produz uma equivocidade:
nição do silogismo é o termo médio, cuja finalidade é servir corrro rrir plirrrcirir prcmissa corajoso é umadas partes de soldado. Na se-
meio de identificação entre o termo maior e o termo mcnor. Â lirrrrrlir c o lcnlo soldado que é uma das partes de covarde. O equí-
identificação destes termos com o mesmo terceiro ocoÍrc no urrlc- vot'o cor)sis(c cm não se poder determinar se a conclusão refere-se
cedente, para que eles possam então ser ou não idênticos cutrc si ii prrr lc tkrs soldados corajosos ou dos covardes soldados, ou seja,
na conclusão. Exemplos: tr lt'rrr, ,t'oltla.clo apresenta-se com dois significados diferentes.
l'ot isso, irlóm de estar incorreto cotrr relação à quarta regra, é in-
a) Todo chumbo é metal. t'ouclo ltrrnbém quanto à prirreira, pois contérn quatro termos:
Todo metal é corpo. so I t li rr kr coraj oso ; coraj oso; covarde; covarde soldado.
Todo metal é corpo ou chumbo.
)rrll'a incoreção consiste em possuir duas premissas particu-
(
Neste argumento o termo médio é metal, porque ó a nrcsrrur lirrt:s, í'crindo assim arcgra oitava.
coisa identiÍicadaa outras duas: chumbo e corpo. Metal ao allllc-
cer na conclusão torna o argumento incorreto, porque o rnóclio l«ri EXERCÍCIOS
descaracterizado como médio.
L l)clcrminar a correção ou in.correção dos seguintes argumen-
b) Todo chumbo é metal. Itt.t, ttltli<:trn.do as regras relativas aos termos e às premissas;
Todo metal é corpo. 'l'otlo círculo é redondo.
rr )
Todo chumbo é corpo. 'l'otlo círculo é Íigura.
Nesta formulação o argumento se apresenta de forma corrcta. 'l'o«ll Ílgura é redonda.
lr) liukl anirnal é vivente.
7.4. O termo médio deve ser universal ao menos uma Alg,um vivente é planta.
vez Algtrnra planta e animal.,

A argumentação dedutiva parte, por definição, de princípios r') ( )s ctíopcs são negros.
'l'orkl ctíope é homem
gerais aos casos particulares que eles contêm. O termo médio,
'l'otlo horncm é negro.
usado como elo de identidade entre os termos, deve ser univcr-
sal para que possa ser aplicado às partes. Se o termo médio sc rl)'l'otl«r ktlo é aborrecido.
apresenta como particular, não permitirá a dedução propriamcnto A lgurn falante não é abor-recido.
dita. Exemplo: A lgrrrn Íirlante não é tolo.

Algum soldado é corajoso. .t ltrn'rt ltrsdcr aplicar as regras e verificar a correção ou incorre-
Algum covarde é soldado. \ttt,, t" n(('(',\.sário tran.spor as seguintesformulações para afonna
Algum covarde é corajoso. It1t11'11;

Alguns aspectos, a serem lembrados, tornam este argumcnto ir) Ncnlrum submarino de propulsão nuclear é um navio mer-
incorreto: r'rurle ,irssirr, nenhufir vaso de guerra é navio mercante, visto que
lorkrs os subrnarinos de propulsão nuclear são vasos de guena.
- Soldado é particular nas duas premissas, pois na primcira c b) Alguns sempre-verdes são objetos de culto, porque todos os
precedido pelo quantificador Algum e na segunda, por ser predica-
do de uma proposição afinnativa. irlrclos são scrnpre-verdes e alguns objetos de culto são abetos.

78 79
c) Todas as bombinhas de chocolate são alimento qul' l'lli'111 li) Muitas pessoas não apreciam a pintura moderna abstrata
da, porque todas as bombinhas de chocolate são sobremes:1s I ll :1·. 11111q11L' ela não retrata nenhum objeto familiar. Essas pessoas acre-
e alguns alimentos que engordam não são sobremesas nc1s 1l1l;i111 que o valor estético é proporcional ao grau de realismo. Esse
p111ll'ipio 0 totalmente falso. Precisamos compreender que o méri­
d) Nenhum derivado de alcatrão é alimento nutritivo, p()1q1ll'
ll 1 .111 i.�tirn não depende de representações realistas. Ao contrário,
todos os corantes artificiais são derivados de alcatriio, e 11l'lll111111
1· 11111:i lJIICstiio de estrutura e forma. Somente os puros estudos das
corante artificial é alimento nutritivo.
1111111:is <.· q11c têm verdadeiro valor artístico. Esse é o princípio fun­
e) Nenhum derivado de alcatrão é alimento nutritivo, prnq11t· d:1111l·11tal. Segue-se que uma pintura não tem real valor artístico a
nenhum derivado de alcatrão é produto cerealífero natural, L' l()d():, 11H·1u,.� que seja abstrata, pois nada é abstrato se não for puro estu­
os produtos cerealíferos naturais são alimentos nutritivos. do dl' liinnas.
f) Algumas cobras não são animais perigosos, mas todas as r11
' ldl'!lti/irnr as seis premissas do seguinte argumento e reduzi-lo
bras são répteis, pmianto alguns animais perigosos não são n:·pln�
,i /im1111l11<·iio típica:
g) Todas as pessoas que vivem em Londres são pessoas q11l·
bebem chá, e todas as pessoas que bebem chá são pessoas que g( 1.� Numa de suas célebres aventuras, Sherlok Holmes esbarra
tam disso. Podemos concluir, portanto, que todas as pessoas q11L· 1111111 vl'lho chapéu de feltro. Embora não conheça seu proprietário,
vivem em Londres são pessoas que gostam disso. l l11l11ws conta a Watson muita coisa a seu respeito - afim1ando,
,·1111 l' outras coisas, que se trata de um intelectual. A afirmação não
h) João não foi trabalhar esta manhã porque vestia suéter, e ek d 1 ·,pl ,v dt.: qualquer apoio. Holmes podia saber da existência de
nw1ca veste um suéter para trabalhar. n 1dt·11t·ias, mas não as deu.
i) Deve haver uma greve na fábrica, pois há um piquete ú por­ 1 > doutor Watson, como de hábito, não percebe o que se passa
ta, e os piquetes só estão presentes durante as greves. , · 1 w1 k que Holmes o esclareça. À guisa de resposta, Holmes colo­
j) Nenhum escritor de artigos licenciosos e sensacionais é ci­ ' 1111 11 chapéu sobre a cabeça. O chapéu resvalou pela testa e foi
dadão honesto e decente, mas alguns jornalistas não são escritores ,q 1111;11· -st.: 110 seu nariz. "É uma questão de volume", disse ele. "Um
de artigos licenciosos e sensacionais, por conseguinte, alguns jor­ 1111111(·111 com a cabeça tão grande assim deve ter algo dentro dela".
nalistas são cidadãos honestos e decentes. :\ a 11111iat,:iio de que o proprietário do chapéu é um intelectual não
, ·,l:'i 111ais sem apoio.
3. Concluir corretamente as seguintes argumentações:
a) Todas as aranhas têm oito patas e nenhum inseto tem oito Respostas
patas, logo ...
b) Se todo P é H e ainda uma vez que sempre P é I, logo ...
c) Onde há fumaça há fogo, assim quando não há fumaça no
porão é porque ...
d) Maria está chorando agora e isto só se dá sempre que Pedro
lhe fala asperamente. Logo... (

4. Reduzir os seguintes argumentos à forma típica:


a) Nem todos os diamantes são jóias - os diamantes industriais
não se prestam para fins ornamentais.

80 81
Capítulo VIII

l,'iguras e modos do silogismo

argunrcntação dedutiva é composta de proposições, que,


,\
l)or sua vcz, são compostas de termos. A disposição das
lrrolrrrsiçilcs lra argumentação denomina-se de mod.os do silogis-
rrro. r'nt;rrilnto quc a disposição do tcrmo médio, como sujeito ou
;rr t'tlicrrtlo nas premissas, denomina-se.figura do silogismo. Co-
rrr, t'xis(cnr quatro tipos básicos de proposições (4, E,, I, O),
potlt' lrirvor'64 cornbinações possíveis entre elas, das quais so-
rnt'rr(t' l9 st-io legítimas, sendo que as demais violam utna ou mais
,l;n oilo lcgras.
rlszcnove modos legítimos das possíveis combinações en-
( )s

lrt' rrs prcurissas distribuem-se por três figuras confonrre a posição


,rt'rrprrrllr pclo termo médio na premissa maior ou ffIenor de cada
ru tirrrrrcrtlo.

tl. l. l'l'irneira figura


Irlcrrlillca-se urn argumento legítimo como seudo de primeira
Ir;,rrm t;rrlndo o seu tenlo médio ocupa a posição de sujeito na pre-
rrrrssrr rrurior c de predicado na premissa lrenor. Esta frgura é dita
pcr ll'ill lx)r'cluc nela a extensão dos termos tnaior, rnédio e metror é
rt'spt'itlrrlir. Quanto ao modo, a relação que as premissas mantêm en-
lrr'si tlc:vc obedecer à seguinte rcgÍa: a premissa ntaior não pode
\t't l,(u'li('uler e a n'Lenor não pode ser n.egativct Exernplo:
'l'trrlornctalócorpo. -A -BAR
'l'otkrclturnboémctal. -A -BA
'l'r,tkrchunrboécorpo -A -RA

87
- Cujo esquema de representação é: T > M > t r l.', I t'r r r rori r rir( ) c lcspoi tada porque o termo maior é maior que o ter-
rrro rrr('rlro (luc (cr'n cxtensão menor que a do termo menor, o que
Premissamaior :M T metal colpo lrrrrrlr('rrr i' ilirgic.. Quar-rto ao modo, deve respeitar a seguinte regia:
Premissamenor :t M chumbo metal tt ltt t'tilt,\"\'(t tilt'not' cleve ser afirmativa e a conclusão particul.ar.
Conclusão :t T chumbo corpo l,lxt'rrplo:
Nr.rrlrrutrntantífcroópássaro. -E -FE
- Tendo quatro modos legítir-nos: AAA - EAE - AII - EIO, rrsso
ciados aos seguintes temos: BARBARA, CELARENT, D/1titt t' A lllrrrrr rnantífero é anirnal que voa.
-I - À1S
FERIO. Algrrrn unintal que voa não é pássaro.- O - ON
8.2. Segunda figura é:
('u.jo csrprclra dc representação T>t >M
IdentiÍica-se uln argulneltto legítirao como sendo dc scgtrrrlrr l'r'crrrissarraior :M T mamífero pássaro
figura quando o seu tenno médio ocupa a posição de prcdicaclo crrr l'r'crnissa lrrellor : M t marnífero animal quo voa
ambas as premissas. Nesta figura, dita imperfeita, a cxtensão rl«rs ('orrclusão : t T animal que voa pássaro
termos não é respeitada porque nela o termo médio possui cxtcrr-
são maior que o termo maior do silogismo, o que é ilógico. 'l't'rrtl«r scis
modos legítirnos: AAI - EAO - IAI - OAO AII _
rl(), -
Quanto ao rnodo, deve respeitar a seguinte regra.. urua dq.s f irssociados aos seguintes termos: DARA?TI, FELA?TON,
prentissas deye ser negativa e a maior não pode ser particulur. I ) I,\"1 A4 I,S, B OCAKDO, DATISI, FERISON.
Exemplo:
Todocírculoéredondo. 1.l.4. Quarta figura ou primeira indireta
-A -CAM
Nenhumtriânguloóredondo. -E Itlcntifica-se um argumento legítimo como sendo de quarla fi-
-Et llrrlir rluando o seu tenno rnédio ocupa a posição de predicado na
Nenhumtriânguloécírculo. -E -TRES plt'rrrissa maior e de sujeito na premissa menor. Não se trata de uma
- Cujo esquema de representação é: M > T > t rr.vir Íigura, mas sim da primeira, cujas premissas estão transpostas
(rrrvcrti«Jas), o que causa a inversão dos termos rnaior e
Premissamaior :T M círculo rcdondo -"Àor.
Premissamenor :t M triângulo redondo lixcrnplo:

Conclusão :t T triângulo círculo l'ctlro ó homem.


'l'odo homem é mortal.
- Tendo quatro modos legítimos: EAE - AEE - EIO - AOO,
associados aos seguintes termos: Algun-r mortal é Pedro.
CESARE, CAMESTRES, FESTINO, BAROCO. Ncstc exemplo, basta efetuar a transposição das premissas
l)iu'il quc se tenha urn silogismo perfeito de primeira figura:
8.3. Terceira Íigura 'lirclo homem é mortal.
Identifica-se um argumento legítimo como sendo da terceira l'cdro é homem.
figura quando o seu tenlo rnédio ocupa a posição de sujeito nas Pcclro é mortal.
duas premissas. Nesta figura, também dita imperfeita, a extensão

88 89
)lrsclvirção: as palavras mnemotécnicas deverão, para que se
(
-Obserue-se que a conclusão do argumento, "algltur rrorlltl r.
possir cÍclrrirr a redução de modo correto, ser divididas da seguinte
Pedro", é indireta. O esquema de representação desta pscLrtkrligtt-
ra é o seguinte: ilIIre lril:

Premissa rnaior: TM Pedro homem lt,.l ll/lt//ll/ - CE/LA/fuENT - DA/RI/I - FE/RI/O - primeira fi-
Premissa menor: Mt homem mortal l.ii r 11 l

Conclusão: tT mortal Pedro (' t,;,\i,1/lt li - CAM/ES/TRES - FES/TI/NO - BANOC/O- segunda


l'ilr,trlir
- Possui cinco modos legítimos: AAI-EAE -AII -AEO - I [( ), t;rrc
são associados às seguintes palawas : BARALIP TO N, C E L A l',1'I' l',\',
I),,1/IIIP/TI FE/LAP/TON _ DIS/AM/IS DA/TIS/I
DAB ITIS, FAP E SMO, FMSE SOMORUM.
ll( )('/,1\\/DO - FE/NS/ON - terceira figura.
lixcrlplos:
8.5. Redução dos modos
ir) Ncnhurn homem sárbiofala muito. -E
Os modos imperfeitos devem ser reduzidos aos rrodos pcr'Íci-
tos da primeira figura, rtmavez que, embora sejam coretos cluirnto
Alguns velhosfalam muito. - I
à fonna, pois respeitam as oito regras, não respeitam contudo ar hic:- Alguns velhos não são sábios. - O
rarquia dos termos. Os lógicos, para facilitar a rnemorização dirs l'i unr silogismo correto quanto às oito regras, mas imperfeito
figuras, modos e redução, elaboraram versos, selindo-se dc pala- tlo scgunda figura. É de segunda figura porque o termo mé-
Iror scl
vras convencionais (BARBARA, CELARENT) que trazem a sc- rlio ú ;rrcclicado na maior e na menor e "uma das premissas é nega-
guinte indicação: as três primeiras vogais indicam a quantidadc c it
lrvir c ir nlcnor não é particular". Seu rnodo é FES/TI/NO.
qualidade das proposições, na seguinte ordem: premissa rnaior,
premissa menor e conclusão. As consoantes § P, M, C tndicarn lt Ncrrhum homem sábio fala muito. - FES
maneira paÍa se efetuar a redução. As consoantes iniciais indiciurr Algrrns velhos falammuito. - TI
o modo da primeira figura, ao qual deverá ser feita a redução.
Alguns velhos não são sábios. - NO
A redução à prirneira figura poderá ser feita, ou:
Nit prirneira premissa encontra-se a consoante ^S, que determi-
- Diretamente - converÍendo simplesntente, quando a propo- nlr (luc osta proposição deverá ser convertida simplesmente. A
sição em questão for assinalada pela consoante S. Exemplo: Torlo lolrsoilntc inicial ,F indica o modo de primeira figura a que o silo-
mortal é homem - Todo homem é mortal. p,rsrrro tlcvcrá se reduzido. O modo de prirneira figura que inicia

- Convertendo acidentalmente, qtando a proposição em qucs- t'rrrrr /,' [, lrE/RI/O. A redução resultará no seguinte silogisrno:
tão for assinalada pela consoante P. Exemplo: Todo mortal ó hu- Ncttltunr homem que fala muito é sâbio. - FE
mem - Algum hometn é mortal.
Alguns velhosfalam muito. -N
- Transpondo as premissas, quando uma delas for assinalarlit
Algurrs vclhos não são sábios. - O
com a consoante
Alxis csta redução tem-se um silogismo perfeito de primeira fi-
- Por absurdo formando a contraditória da conclusão c
- lqrrlir, ontlc o tcnno rnédio é sujeito damaior e predicado na lnenor.
substituindo-a pela premissa assinalada com a consoante C, corr-
cluindo novamente.

91
90
b) Algum rico époderoso. -I Irrliirr,
'rci.cirrando-se
novamente para extrair a concrusão. Sua
rt'rlrtr,'irrl sc altrcsentará da seguinte maneira:
Todo rico é um homem temido. - A
'l'orlo nrincral é chumbo.
Algum homem temido - BAR
é poderoso. - I
'l'otkr rnctal é mineral.
Trata-se de um silogismo de terceira ftg:ura, pois o tcr-nto nr(. - BA
'lorlo rnctal ó chumbo.
dio ocupa a posição de sujeito em ambas as premissas, scrrtkr rr -RA
premissa metlor afirmativa e a conclusão particular. É urtr silogis Ap«is cstn rcdução tem-se urn silogismo perfeito de prirneira
mo correto, pois não falha com relação a nenhuma das oito r.cgr irs, lrlirrrir, onclc o termo médio é sujeito na maior e predicado na me-
no entanto e irnperfeito quanto à figura. Seu modo é: rror', crrrbrlra sua conclusão seja um absurdo.
Algurn rico poderoso.
é - DIS A rcclução tem por finalidade restituir a correta extensão dos
Todo rico é homem ternido. - AM lclnros c;uc somente ocorrern na primeira figura e que por isso é
clrirrrrircla clc perfeita. Na conversão sirnples e acidental, as propo-
Algurn homem temido é poderoso. - 1S
srçocs convcrtidas devem expressar a rlesrlla verdade das primiti-
A consoante inicial D indica o modo correspondente da pr.i- vrrst ir tlansposição tem o objetivo de deslocar o termo rnédio para
meira figura à qual será reduzido. A consoante s da primcira pr.c- rr p«rsição de primeira figura. A redução pelo absurdo, também
missa e da conclusão indicam que elas deverão ser converticlirs t:lriurrircla de demonstração indireta, é emprega daparatornar craro
simplesmente, a consoante M indica que a premissa rnenor clcvc- (1re ur))a dctcrminada conclusão de argumentação, embora imper-
rá ser transposta em premissa maior. Daí resulta o seguinte silo- ilrr, c corrcta, através de sua contraditória, o que leva a deduzir
Íe
gismo convertido: rurrir conclusão reconhecidamente falsa. Esta conclusão falsa de-
Todo rico é homem temido. - DA
nrorrslrir indiretamente a verdade da conclusão anterior, embora
scjl unra argumentação de figura imperfeita.
Algum poderoso é rico. - kI
A rcdução pelo absurdo é uma argumentação muito efi.caz
Algum poderoso é homem temido. - I t;rrirnclo cmpregada para refutar o adversário, pois se ele aceitar as
Após esta redução tem-se um silogismo perfeito de primci- prcrrrissas, não esquecendo que é uma contraditória da conclusão
ra figura, onde o termo médio é sujeito na maior e predicado na rrrrlcrior, e negar a nova conclusão, então se encenaránuma con-
menor. llrrtlição. Exemplos deste procedimcnto são encontrados nas já
c) Algum metal nã,o échumbo. - BOC t'lrissicas refutações de Sócrates, Platão, Zenào de Eléia e nas anti-
rrorrriirs kantianas.
Todo metal é mineral. - AR
Algurn mineral não é chumbo. - DO EXERCÍCIOS
Trata-se de um silogisrno de terceira figura, pois o tenno mó-
L l)a,1('yru insr a validade ou invalidade dos argumentos, indicar o
dio é sujeito em ambas as premissas, sendo a tnenor afirmativa c a
tttotlo e a figura e reduzir, se for o caso (dentre alguns dos argu-
conclusão particular. E um silogismo correto porque não viola nc-
rrrcrr(«ls a seguir, é necessário extrair a conclusão ou traduzi-los
nhuma das oito regras, no entanto, é imperfeito quanto à figura, c
pirrl a lonna típica):
sua redução deverá ser pelo absurdo. A consoante B indica que dc-
verá serreduzidaaBAMBA/RA,modo da primeira figura; a conso-
ir) 'l'odas as estrelas são dotadas del:uz própria.
ante C indica que a contraditória da conclusão deverá ocupar o scu
Ncnhum planeta brilha com luz própria.

92 93
1) Iodas as cobras são répteis.
Logo, ...
A lg11111as cobras não são animais perigosos.
b) Nenhum silogismo válido tem duas premissas ncgaliv;1s
Alguns animais perigosos não são répteis.
Nenhum silogismo neste exercício é inválido.
Portanto, nenhum silogismo, neste exercício, possui duas p1 (º ' ( '11111 os termos H, P e I fonnar argumentos correspondentes a
missas negativas. 1, 111,,s tis 111odos das três figuras e reduzir os que não são da primei-
1a l q•,11ra.
e) Todos os mamíferos são animais de sangue qucnlc.
Nenhum lagarto é animal de sangue quente. Respostas
Logo, ...
d) Todos os criminosos são parasitários. Alguns ncurúlico.\
não são parasitários porque alguns neuróticos não são criminosos.
e) Todas as coisas inflamáveis são coisas inseguras, assi 111
como todas as coisas que são seguras são não-explosivas, visto
que todos os explosivos são coisas inflamáveis.
f) Todos os defensores de mudanças políticas e econômicas
fundamentais são críticos declarados dos líderes conservadores do
governo, e todos os defensores de mudanças políticas e econômi­
cas fundamentais são comunistas. Segue-se que todos os críti cos
declarados dos líderes conservadores do governo são comunislas.
g) Deve ter chovido recentemente, porque os peixes não mordem.
h) Somente o trem expresso não pára nesta estação, e, como o
último trem não parou, deve ter sido o trem expresso.
i) Algum X é Y.
Todos os X são Z.
Logo, ...
j) Todos os X são Y.
Todos os X são Z.
Logo, ...
k) Alguns Y não são X.
Todos os Y são Z.
Logo, alguns Z não são X.

95
1
94
Capítulo IX

FORMAS DERIVADAS DE
SILOGISMO

O que caracteri2a, rigorosamente, a argumentação silogísti-


·a ·orno dedutiva é a passagem de wn princípio universal
011 !' •rnl pnra conclusões particulares ou, a meno , do mais uni­

' 1·1,,II para o menos universal. Para que isto se realize, a inteligên-
1 1n Tr ·-se de um lerceiro teimo o termo médio, que deve er to-
1111th univ r. almente ao menos uma vez. No entanto em algw1s
1 ,1. os H argumentação pode não seguir a forma rigorosa, categóri-
1 a, · po sta nos capítulos anteriores, não deixando de ser menos
\' 'tl1d,1 ror isso.

•). I. Silogismo expositório


Nfio se trata propriamente de um silogismo, mas de um escla­
t l·1·i11H.:11to ou exposição da ligação entre dois tennos, via um ter-

11111 1116dio singular. Exemplo:


Aristóteles é discípulo de Platão.
< )ra, Aristóteles é filósofo.
l ,ogo, algum filósofo é discípulo de Platão.
N 'slc exemplo, os termo filósofo discípulo estão unidos en-
11 • si na conclusão, via termo sin ular Aristóteles. ão é verda­
d'-·1ra a argumentação, pois s�e1:_ que Alistóteles é discí ulo de
Platãojá é saber que alg�m filó�fo é discfpul d� Platão. Em ver­

1
dnd · 111 há argumentação mas exp siçã ou esclarecimento da
l 1 •.içi'io entre dois termos.

96 97
9.2. Silogismo informe t|.5. l,ollssilogismo (do grego:
muitos)
Não aprcsenta estrutura formal rigorosa clássica, mas stur lirr ( ) p^'rPrit'r
indica tratar-se de um silogismo rnúltipro, de
guagem é mais ou menos lógica, técnica, perfeita. Excrrplo: 'rome
rrr.r k l rltrc , conclusão serve cotrlo premrssa menor para o próximo
"A defesa pretende que o réu não é responsávcl polo cr i c irssirrr irrtlcllnidamente. Exemplo:
me por ele cometido. Esta alegação e gratuita. Acrlrrr (.)rrcrrr agc de acordo
com sua vontade é livre.
mos de provar por testemunhos irrecusáveis r;rrc, rrt,
( )r'ir, o racional
perpetrar o crirne, o réu tinha o uso perfeito cla llrziro, age de acordo cotr sua vontade .

nem pode fugir às graves responsabilidades deslc nlo" l,ogo, o racional é livre.
O modo formal desta argumentação é: ( )r'ir, clucm é livre é responsável.
Todo aquele que perpetra um crirne quando no trso rlrr L«rgo, o racional é responsável.
razão é responsável por seus atos.
Ora, quem é responsável é capaz de direitos.
Ora, o réu perpetrou urn critne. no uso da razão.
Logo,...
Logo, o réu é responsável pelo seu ato.

9.ír. Sorites (do grego: amontoado)


9.3. Entimema ou silogismo truncado
t'i r
Primeira se totna
É uma argumentação na qual uma das premissas é subentcndi- o su.icil
da. Exemplo:
Deve ter chovido recenternente, porque os peixes não mordcm.
*,c o r,
"A (lrécia é governada por Atenas.
ff:Lj:fflÍ:"
Neste argumento subentende-se a seguinte premissa: Todir Atcnas é goveraada por mim.
vez que chove os peixes não mordem. Sua formulação categórica
é a seguinte:
llu sou governado por minha mulher.
Todavez que chove os peixes não mordem. Minha mulher governadapormeu filho, criança de l0 anos.
é

Ora, os peixes não mordem.


l-ogo, a Grécia é governada por esta criança de 10
anos,,.
Logo, deve ter chovido recenternente. (Temístocles)

9.7. Silogismo Ilipotético


9.4. Epiquerema (do grego: prova)
Quando uma ou ambas as premissas são munidas de sua pro-
va ott razáo de ser. Exernplo:
O dernente é irresponsável, porque não é livre.
Ola, Pedro é demente, porque o exa[le médico revelou ser clc
portador de paralisia geral progressiva.
Logo, Pedro é irresponsável. O silogismo hipotético, por sua vez, recebe este nome por
c«rntcr ploposições hipotéticas ou compostas _
duas ou mais pro_

98 99
As rlrrirs proposições são: a espécie humana é racional; nenhu_
posições simples, anteriormente formuladas, unidas ctttrc sl pot rrrir orrllir rrs;lócic ó racional.
uma-cópula não verbal, mas por partículas' As proposiçircs crrttt ()
silogislno hipotético é aquele que tem como premissa maior
postas ou hipotéticas dividem-se:
rrrrrr p|tlposição Iripotética ou conlposta e tern como premissa llle-
lr()r ililllr rlfls ;rartes da alternativa, ahrmada ou negada. o silogis-
a) Clarantente conxposta§: a composição entre duas ott tt.tltis lttrr
rrro lripolótioo apresenta três variações:
posições é claramente indicada pelas parlículas: e, rttt, 'st''
Copulativa- tlilri l)l() ('rttrtli(irttal, cuja partícula de ligação das proposições simples
posiçõás simples i'tvcttlrr (',rr'. lixcnrplo:
ãeira somente qu tlcitrts
cscl t'tlc t I l" .
Sc l :igua tiver a temperatura de 100o, a água ferve.

rcsltl(lttlto  tcrnperatura da âgua é de 100".


Du
em das l.llttlt's Logo, a água ferve.
componentes for verdadeira. listc silogisrno apresenta duas f,rguras legítimas:
condicional-',Se vinte é núrnero ímpar, vinte não c divisivcl /)
por dois". Duas proposições simples unidas pela partícula 'rc' qtte'
l'onen.do pon.ens - pondo acondição,põe-se o condiciona-
r/o llxclnplo:
iesultanr ellr uma proposição composta verdadcira quando lltlttvct
Sc a água tiver a temperatura de 100o, a água ferve.
conseqüência boa entre elas.
A tcrnperatura da itg:ua é de 100..
b) ocultamente cornposta.§.. a composição entre duas ou mais pro- l,ogrl,...
posições pelrnanece subentendida pela partícula de lígaçáo" 'sulwt'
enquanto, só.
l'»)'hllendo tollens - destruindo o condicionado, destroi-se a
t'rtrtIição. Exemplo:
Exceptiva - A parlícula salvo oculta a composição dc trts
Sc a água tiver a temperatura de 100o, a água ferve.
proposiçães e somente será verdadeira se as três proposiçõcs Íir-
rem verdadeiras. Ora, cla não ferve.
Ex..' Todos os corpos, salvo o éter, são ponderáveis' Logo,...
As três proposições cotnponentes são: Todos os corpos sãtr
I )i,t juntivo, cuja parlícula de ligação das proposições sirnples
ponderáveis; o ét"t é um cotpo; o éter não é ponderável' é ou.

a composiçã«r tlc Ilxcmplo:


Reduplicativa- Apartícula enquanto oculta
duas proposições e somente será verdadeira se as duas ploposi- Ou a sociedade tem um chefe, ou tem desordem.
ções forern verdadeiras' Ola, a sociedade não tem um chefe.
Ex.; A arte, enquanto arte, é infalível' l-ogo, a sociedade tem desordem.
As duas proposições componentcs são: A arte tem uura dctcr- Iistc silogismo apresenta duas figuras legítirnas:
rninação X; ó que cai sob esta determinação é infalível'
ir) Ponendo tollens - pondo parte da alternativa na premissa
Exclusiva- A partícula só oculta a composição de duas pro-
lrcnor, destrói (ou nega) a conclusão. Exemplo:
posições e sotnente será verdadeira se arnbas forem'
Ou a sociedade tem um chefe, ou tem desordem.
Ex.'. Só a esPécie humana é racional'

101
100
Ora, a sociedade tem urn chefe. t).t1. l)ilcma (do grego: insolúvel)
Logo,... l'r rrrrr conjunto de proposições, sendo a primeira
proposição
b) Tollendo porrcn.s- destruindo ou negandoparte daaltcr.rrir rrrrrir tlis.iunção tal que, aceito qualquer
um d. s"r, _"rrt.or'ru
tiva na premissa firenor, põe ou afirma a conclusão. Excmplo: pr.rrrissit menor, resulta,arrpre u r,esrna
conclusão. Exemplo:
A sociedade tem urn chefe, ou tem desordem. clizcs o que é justo, os homens te odiarão;
se dizes o que é
irrjLrsl., os dcuses te odiarão; mas terás d,e dizeruma
Ora, a sociedade não tem chefe. coisa o, or_
Ilrr; portanto, de qualquer modo, serás odiado.
Logo,...

- Conjuntivo, cuja partícula dc ligação das proposições simplcs c r,:


Trata-se de duas proposições de mesrno sujeito quc não po-
dem ser verdadeiras ao meslro tempo. Possui uma única figura le:-
gítima.
Ponendo tollens - pondo ou afirmando qualquer urn dos ntcrrr-
bros da prernissa maior, destrói-se ou nega-se o outro. Exemplo:
Ninguém pode ser, simultaneamente, mestre e discípulo.
Ora, Pedro é mestre.
Logo,...
Os silogismos conjuntivo e disjuntivo reduzem-se ao condicio- A habilidadeparaenfrentar o dilema está em saber
como con_
nal e o silogismo condicional reduz-se ao categórico quando con- lrl-argurnentar. Isto é possível se se obserwar que
o dilema:
dição e condicionado possuem o mesmo sujeito, do seguintc a) encera, explícita ou implicitamente, quatro proposições:
modo: tomando-se por maior uma proposição universal que tenha
como sujeito o predicado da condição e como predicado o predica- - a prinreira é disjuntiva efiuliano,
do do condicionado. Exemplo:
t;uo demonstra ser injusta a le contra os
cristãos): "Os cristãos, ou são
Se a água tiver a temperatura de 100", a água ferve.
é uma condicional causal, porque é constituída
Ora, a temperatura da âgua é de 100". te da disjunção e dela conclui coirtra o adversário
Logo, a água ferve. conclusão: ,,Se são réus,porqueproíbes que
se_
Este silogisrno se reduz ao categórico da seguinte maneira:
A 100o, a água ferve. - a terceira tambérn é condicional causal, agora constituída
com a segunda partc da disjunção e impugna
o adversário: ,,Se são
Ora, a água ferve. irrocentes, por que os condenas quandã denunciados,,?
Logo,...
ente do todo o que,
rlc : "Logo' a lei Por ti
l)r'(
b) contém cm si dois entimemas, como demonstra
o exemplo.

102 103
c) difere do silogismo disjuntivo, porque este, admitickr rrrrrr I ogo, os livros da Biblioteca de Alexandria
devem ser quei_
parte, cxclui a outra e vice-versa, ao passo que o dilenta clctlrrz rlt' rlrtt los.
cada uma das partes a mesma verdade contra o advcrsário. () tlilcrna ó fomralmente coneto, mas pode
ser refutado pe_
d) só será efrcaz se a disjunção for completa. 11;rrrrkr'. glclos clrifi'es, pois: nern ludo o que e inútir
deve scr *"
dcs-
e) só será efrcaz se o nexo entre a conclusão e as partcs rla
Irrírl. c ltú outras verdacles, além das *in,ia",
tl i s
junção for necessário. c) r'c,licar com um contradilema: constrói_se "o';;r;-,.;;'.
o contradilema
t'' jir.c'rrcltrsão seja oposta à concrusão
f) para ser eficaz, deverá ser irrpossível retorquir. do originar. o .orrtiàJitã
rnrt rlcrv om as proposições que o dilema orjsi-
Há três maneiras para se frustrar ou refutar um dilcma,
cebem nolnes pitorescos :
clr.rc r(.

a) esquivar-se ou escapar entre os chifres: consiste en r-cÍirlirr


lrrl
, íc
([rc
rr,.,i. " ;ffiff.",1i:"Í1,',ü.i:;,*.,:y,,,X:;
c.rr
r)ir praÍica não é rcfutação e, sim, uma tentativa de ferir
o ad_
sua premissa disjuntiva, caso a disjunção não seja corrplcta, orr,
'crsriri.
co,l as próprias alf,as, o que não ó Iouvável. Exemolã:
em outros termos, que uma parle não seja a contraditória cxplícilrr ( l,ilígi._c-ntre Protágoras, rrestre, e Eulato, dú;J;,
da outra. Exemplo: s('r:rrlo V aC):
;;ffi;;;
Ou tu estavas dormindo em teu posto, ou tu não estavas, c nào Mcstre e discípulo
srrvrpurw acordaram
ovurLrdrdru entre
clrre si
s1 que o primei
prlmeuo ensinaria
assinalaste a passagem do inimigo. ir irr'(c cla retórica e o segundo
sBuruo lhe
rne pagaria
pagarra o ..rrino quando da
ô ensrno
l)rnlctra causa garúa. Eulato, após aprender, protela o início de
d" sua *;
Se tu estavas, faltaste a teu dever (e deves ser punido).
sr,r ividad. p;"tás;;J,:; :T
ililliTilá",1t11."" uma co- ffl".::
Se tu não estavas, fugiste covardemente (e deves ser punido). lrlirnç:r .judicial.
Portanto, nos dois casos, nereces castrgo. l)ilcma de protágoras
A refutação, neste caso, é possível escapando entre os chiír.cs,
pois a disjunção não é completa, ou seja, uma parte não é contrarli- .. - S.c Eulato perde este caso, então terá que pagar
(sentença do
l ri bunal).
tória da outra, o que não estabelece nexo de necessidade cntrc ir
disjunta e a conclusão. Pode-se contra-argumentar da seguiltíc - Sc Eulato ganha o caso, terá que pagar (pelos termos do
ircordo entr-e discípulo e mestre).
manelra:
Não mereço castigo, pois estava eln meu posto, não cstavir - Ele perde ou ganha o caso.
donlindo, mas o inimigo passou disfarçado. Logo, de qualquer modo ele deve pagar.
b) pegar o dilerna pelos chifres: por se tratar de uma disjunçt'io Contradilema de Eulato
completa, refuta-se uma das partes, demonstrando-se que uma clas
condicionais é falsa. Exemplo (dilema do Califa Orrar):
- Se ganho o caso, não terei que pagar a protágoras (decisão
tlo tribunal).
Os livros da Biblioteca da Alexandria repetem ou não repctcrrr
- Se não ganho, não terei que pagar a protágoras, porque pelos
o que diz o Alcorão. [cnnos de nosso acordo não ganhLi ã
Se repetem, todos dizem a lnesrna coisa e são inúteis (dcvcrrr
-"u primeiro caso.
ser queimados).
- Devo perder ou ganhar o caso.
Logo, de modo algurn, devo pagar aprotágoras.
Se não repetem, falseiam a verdade (devem ser queimados).

104 l0s
1) ,'°ll' 111lcrl'crirmos com a difusão de dou
Em seu contrad·lema
1 , Eulato recorre a um contcxlo i rrl'kv;111 trinas falsas e prejudi­
. , 11111,, -�l'l'l�11111s culpados de suprir a liberdad
te,po1s o que est'a em questa~o_, de fato,é a dívida antcnonnrnll' ;1•, �" 111111 illll'rlcrirmos com a publicação
e de outros; enquanto,
sumida e não a decisão do tribunal. de tais doutrinas,correre-
111, •.� , , risn I de perder a nossa própria libe
rdade.Devemos interfe-
111 1111 111!11 inlerfcrir com a difusão de dou
EXERCÍCIOS trinas falsas e prejudiciais.
l .11µ,11, dt·veremos fazer-nos culpados de supr
Determinar os argumentos desdobrando, quando m·,· ·s.1,i1 '''. imir a liberdade de
, 111ln·111 <Ili correr o risco de perder a noss
_1 a própria liberdade.
(condicional, disjuntivo, conjuntivo), nas suas.figuras le,!.!,1/1111,11 '
k) Pedro é uma criança quieta.
refutá-los quando dilema:
a) Nenhum B é A porque são B. A criança quieta é amada por todos.
Ora, todos os e são B porque são H. O que é amado por todos é feliz.
Logo, nenhumC é A. Logo, Pedro é feliz.
1) O estranho é um velhaco ou um imbecil
b) Se o detem1inismo é legítimo não é livre a vontade hum:111:1. .
111) e o general fosse leal teria obedecido
Newton era cientista ou então não era físico. às ordens, e se fosse
1111 ·lig ·ntc lê-las-ia compreendido. O gen
eral desobedeceu as or-
c) A é B. 1 ·11s < u não as compreendeu. Portanto,
o general deve ter sido
B éC. d �sr · li ou estúpido.
C éD. ll) Se a fumaça existe, o fogo existe.
D éC. < ''... um homem não pode investigar sobr
e aquilo que já
·, 11 ·111 sobre aquilo que ignora; pois se sabe
Logo, A éC. não precisa inves-
1 ii 11r; . e ignora, não pode; pois ela não sabe
, sequer, que assunto
d) Se minha avó materna está me falando, ainda é viva. ui iuv ügar" (Platão, Ménon).
e) Se A é B, C éD; se E é F,C éD; mas ou A é B ou E é F.
Logo, em qualquer caso,C éD. Respostas
f) Se os homens são bons,as leis não são necessárias par� 11�1
_
edir malfeitorias; ao passo que, se os homens sa� ��us, a� k:1.�
�ão conseguirão impedir que eles cometam malfe1tor1�s. Os h,o:
__ ,
mens são bons ou maus. Portanto, ou não sao nec�ssan�s as leis
para impedir as malfeitorias ou as leis não logram unpedir que se
pratiquem malfeitorias.
g) Este homem não é honesto.
Ora, este homem é brasileiro.
Logo, algum brasileiro não é honesto.

1
h) Se o presidente está em Roma, está na Itália.
i) Ou serves aDeus ou serves ao diabo.

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