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GRADUAÇÃO

Musicalidade e Educação
MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS Núcleo de Educação a Distância

Musicalidade e Educação.
RIOS, Prof.ª. Dª. Ana Lúcia Moreira
Foz do Iguaçu - PR 2015.
42 p.

Pedagogia - EaD

CDU: 371

NEAD – Núcleo de Educação a Distância


Av. Bartolomeu de Gusmão, 1324 - Centro – CEP: 85.852-130
Foz do Iguaçu – Paraná / ead.udc.br / 3574-6900

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

APRESENTAÇÃO

Prezado (a) Acadêmico (a),

Bem-vindo(a) à Graduação na modalidade a distância, ofertado pelo Centro


Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC. Sabemos que o seu percurso de
aprendizagem necessita ser acompanhado e orientado, para que você obtenha
sucesso nos estudos e construa um conhecimento relevante à sua formação
profissional e acadêmica.
Preparamos este material didático, possibilitando, assim, guiá-lo no auto estudo
da disciplina e na realização das atividades. Além disso, você conta com o
ambiente virtual de aprendizagem como espaço de estudo e de participação ativa
no curso. Nele você encontra as orientações para realizar atividades e avaliações
on-line, além de recursos que vão enriquecer a proposta deste material didático,
tais como links para sites da Internet, vídeos gravados pelo professor e outros por
ele sugeridos, textos, animações, ilustrações, dentre outras mídias.
Lembre-se, no entanto, de que você deve se organizar para criar sua própria
autonomia de estudo. Isso inclui o planejamento do seu tempo de dedicação ao
estudo individual e de participação colaborativa no ambiente virtual.
Este material é o seu livro-texto e apoio importante no percurso de aprendizagem!

Bom estudo!
Reitoria UDC

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 3
UNIDADE I – CONCEPÇÕES MUSICAIS ................................................................. 5
1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................... 5
1.2 A MÚSICA COMO LINGUAGEM .......................................................................... 5
1.3 CONHECENDO ALGUNS EDUCADORES MUSICAIS ........................................ 7
UNIDADE II – ELEMENTOS DA MUSICALIZAÇÃO ............................................... 10
2.1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 10
2.2 ELEMENTOS DA COMPOSIÇÃO MUSICAL ..................................................... 10
2.2.1 O ritmo ............................................................................................................ 10
2.2.2 Ordenação Temporal ...................................................................................... 11
2.2.3 Objetivação do tempo ..................................................................................... 11
2.2.4 Melodia ............................................................................................................ 11
2.2.5 Timbre ............................................................................................................. 12
UNIDADE III – A PRÁTICA MUSICAL NA SALA DE AULA ................................... 13
3.1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 13
3.2 FASES DO DESENVOLVIMENTO MUSICAL .................................................... 13
3.3 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS .......................................................................... 18
3.3.1 Exploração Corporal........................................................................................ 18
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 42

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

UNIDADE I – CONCEPÇÕES MUSICAIS

1.1 OBJETIVOS

1) Conhecer as concepções que envolvem a música como linguagem;


2) Identificar as tendências no ensino da música a partir das relações
cultura/sociedade;
3) Conhecer os elementos que contribuem para o desenvolvimento da
musicalização;
4) Reconhecer os elementos da linguagem musical;
5) Apreciar metodologias musicais de alguns artistas.

1.2 A MÚSICA COMO LINGUAGEM

Tanto o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil quanto os


Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental apresentam o ensino
da música como uma linguagem que deve levar em consideração a escuta, o
envolvimento, a compreensão, a identificação, percepção, comparação, execuçaõ,
criação, análise e audição (DECKERT, 2012).
Na sala de aula, a música tem de ser um momento especial, no qual as
crianças aprenderão a afinar os ouvidos, despertar os sentidos, pensar imagens,
sons, movimentos e histórias; reconhecer tipos de música existentes nas diferentes
culturas por meio da contextualização. Conforme Jordão (2012), a prática musical
pode ser um ótimo exercício para qualidades transversais a toda a educação, como
a paciência, a cooperação, gentileza, a escuta de si e do outro, além de ser propícia
ao fluir da criatividade
É importante pensar a música como um movimento que propicia a
percepção no sentido amplo. Ouvir é um estímulo externo e o movimento pode ser
determinante para que seja possível ver e como os alunos percebem as músicas
(MÖDINGER et al, 2012).

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

Como qualquer outra linguagem é importante sabermos os elementos


envolvidos no ensino da música como ritmo, melodia, timbre, intensidade, harmonia
e forma musical (DECKERT, 2012).
O compositor, ao escrever uma obra, considera os seguintes elementos: o
instrumento, que determinará o timbre e o tema (melodia); na melodia aparecem os
ritmos diferentes – o ritmo, a harmonia, a dinâmica (intensidade), que pode variar os
sons e a forma musical.
Muitos estudiosos passaram a estudar a música como um sistema de
linguagem. De acordo com Deckert (2012), a pesquisadora Lucia Santella constatou
que os conceitos utilizados em musicalização vieram da linguagem verbal. Se na
linguagem verbal palavras ou frases têm o poder de comunicar, na música, as notas
isoladas não têm significação sem estar em uma estruturação. Assim, as músicas
podem representar significados diferentes, conforme a cultura em que estão
inseridas.
De acordo com Deckert (2012), a analogia entre a linguagem verbal e a
musical faz com que esta seja estudada e analisada dentro de sua própria
característica, como linguagem dos sons. Dessa forma, deve-se atentar às seguintes
considerações: a música constitui-se como linguagem expressiva, não verbal, cujos
elementos são essencialmente sonoros e devem estar estruturados sob a forma
musical e o conteúdo de uma música não é universal, mas de diferente sentido,
decorrente da cultura em que está inserida.
A linguagem musical na educação infantil deve contemplar atividades como:
trabalho vocal; improvisação; interpretação de canções; brinquedos musicais e
cantados; jogos de improvisação e que reúnem som, movimento, dança;
sonorização de histórias; arranjos vocais e instrumentais; escuta sonora e musical.
Você deve estar se questionando: mas como fazer tudo isso? Parece
complicado, mas não é. Trabalhar a musicalização na sala de aula torna-se
agradável, divertido e muito produtivo. Você não tem que ser um expert em música,
mas deve saber o fundamental para que seus alunos possam compreender e
aproveitar ao máximo todos os elementos musicais que o auxiliarão no
desenvolvimento pleno como indivíduo. Ao contar uma história, por exemplo, você
pode inserir sons que contemplem ritmos e estados, por exemplo: suspense, barulho

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

de chuva e trovão, riacho, sons de animais. Tudo isso vai fazendo com que o ouvinte
se atente a pequenos detalhes, aprenda a ter ritmo.
Lembre-se que o objetivo da educação musical é levar a criança a construir
conhecimento musical, interagir com esta linguagem e os demais elementos que a
constituem.
De acordo com uma reportagem veiculada no jornal O GLOBO (20/02/2014),
um experimento realizado por pesquisadores da Escola Médica da Universidade
John Hopkins, EUA, em jazzistas, confirmaram que a improvisação realizada pelos
músicos durante apresentações musicais ativam áreas cerebrais correspondentes à
linguagem oral, ou seja, é como se, por meio dos instrumentos, as falas dos músicos
interagissem (MILHORANCE, 2014).

Nota:
Leia mais sobre esse assunto em
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/musica-linguagem-dividem-mesmo-
espaco-no-cerebro-11657603#ixzz3meezyTGh

1.3 CONHECENDO ALGUNS EDUCADORES MUSICAIS

Aprender música significa ampliar a capacidade de expressão e reflexão do


uso da linguagem musical, como vimos anteriormente. Com o advento do
nacionalismo, no século XX, surgiram vários educadores musicais que contribuíram
com suas metodologias e exemplos de ensino da música para crianças, como
Kodály (Hungria), Dalcroze (Suíça), Orff (Alemanha), Suzuki (Japão) e Villa-Lobos
(Brasil) (DECKERT, 2012).
• Kodály - Seus estudos estão centrados no folclore. A partir do
recolhimento das canções folclóricas de seu país, desenvolveu um
sistema de educação musical que utilizou a música folclórica como base.
A aplicação desse método na escola modificou e transformou a vida
musical e cultural da Hungria. Em seus estudos, acreditava que a
educação musical deveria começar pelo estudo da língua materna. Outro
aspecto utilizado na sua metodologia foi o uso da voz: o canto auxiliava

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

no desenvolvimento emocional e intelectual do indivíduo. Para Kodály, a


música e o canto deviam ser ensinados de forma a proporcionar
experiências prazerosas.
• Émile Jaques-Dalcroze - Trabalhando como professor, constatou que
seus alunos não conseguiam ouvir a música escrita em uma partitura e
por isso a executavam de maneira mecânica. Suas observações levaram-
no a compreender que faltava aos alunos a coordenação entre olhos,
ouvidos, mente e corpo. Percebeu, então, que o corpo era o primeiro
elemento a ser treinado e traduziu a linguagem corporal em linguagem
musical. A ideia é revelar através da expressão corporal o que se está
ouvindo, pois, cada indivíduo traz o seu próprio movimento corporal.
• Carl Orff - Em sua concepção, o processo de aprendizagem envolve o
cantar, movimentar-se, tocar instrumento, fazer improvisação e criação
musical. Sua metodologia envolve a aprendizagem musical por meio de
padrões rítmicos simples e progride até as mais complexas e sonoras
peças. Seu trabalho está centrado no emprego de instrumentos musicais,
pois acreditava que com estes, a criança poderia executar ritmos,
melodias, compreender a forma musical experimentar a música
contemporânea, utilizar técnicas de composição e usar a leitura de
notação musical tradicional.
• Shinichi Suzuki – Tem como premissa que todo indivíduo possui talento.
Seu método baseia-se na observação de como as crianças aprendem a
língua materna. Dentro de sua metodologia, apresenta os princípios da
motivação, alegria e autoconfiança, aprendizagem dentro do ritmo
individual, aplicação desses conhecimentos na prática cotidiana,
imitação dos modelos, identificação com os mestres. O método tem
como objetivo capacitar a criança à medida que progride, adeuqnado as
atividades às estapas de seu desenvolvimento natural.
• Heitor Villa-Lobos – Usa de elementos culturais musicais do Brasil,
tendência do século XX. Seu trabalho está centrado no canto orfeônico1,

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O canto orfeônico surgiu na Europa do século XIX como um projeto de educadores que desejavam
mudar os padrões estéticos das classes sociais menos favorecidas. O nome foi inspirado no deus
grego Orfeu, que encantava e amansava as feras com sua música. Os Estados nacionais europeus
do século XIX queriam ensinar o povo a ler, a escrever e a contar. Logo acrescentaram o cantar,
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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

divulgando a música brasileira e a formação da cultura da sociedade. O


compositor também concebeu a música como meio de renovação e
formação moral, cívica e intelectual. Diferente dos outros compositores,
seu método não frutificou dada a carência de estudos musicais que o
Brasil apresentava na época.

pretendendo cultivar costumes e uma moral “civilizada” na população. Musicalmente, significava


ensinar a partitura, a apreciar a tradição erudita ocidental e a evitar a música baseada na oralidade,
forma dita “primitiva” e “bárbara”. (GILIOLI, 2011)
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UNIDADE II – ELEMENTOS DA MUSICALIZAÇÃO

2.1 OBJETIVOS

1) Conhecer os elementos que compõem a música como linguagem;


2) Identificar os diferentes ritmos no ensino da música;
3) Conhecer os elementos que contribuem para o desenvolvimento da
musicalização: ritmo, melodia, timbre, tempo;
4) Incentivar o desenvolvimento musical da criança.

2.2 ELEMENTOS DA COMPOSIÇÃO MUSICAL

Conforme observamos anteriormente, Dalcroze percebeu a dificuldade


rítmica de seus alunos e concluiu que a falta de ritmo e compreensão harmônica
dificultavam a execução de partituras musicais. Para sanar estas dificuldades,
elaborou uma série de exercícios que buscavam estabelecer relações entre o
movimento e a audição, os sons e as durações, o tempo e a energia, o dinamismo e
o espaço, a música e o gesto (MATEIRO; ILARI, 2011).

2.2.1 O ritmo

Platão (428 a. C. – 347 a.C.) conceituava o ritmo como “a ordem do


movimento”. Essa ordem está presente em praticamente todos os eventos da vida
humana: o pulsar do coração, o andar, o respirar, a rotina cotidiana, a noite, o dia, as
estações do ano, as mudanças climáticas.
Assim, é fácil percebermos que o ritmo não é um elemento presente apenas
na música, ele faz parte de nossa vida. Por esse motivo, Dalcroze postula que o
ritmo deva ser o primeiro dos elementos musicais a ser abordado na Educação
Musical (DECKERT, 2012).
É importante que o professor, no início do desenvolvimento da Educação
Musical trabalhe com atividades rítmicas direcionadas, por meio da música, da
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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

contação de história (como imitar passos, respiração pausada e rápida, bater palmas
ao som d uma música ou do ritmo da chuva entre outros).

2.2.2 Ordenação Temporal

A ordenação temporal consiste na execução de movimentos em uma série.


Esta execução vincula a criança à percepção da sequência rítmica como um todo e
não célula por célula. É o antes e o depois. Neste estágio, a criança só consegue
perceber o que ela faz, não consegue perceber o ritmo do outro.

2.2.3 Objetivação do tempo

Nesta fase a criança é capaz de lembrar-se de acontecimentos e ações.


Musicalmente significa que a criança consegue descrever um trecho rítmico
realizado pelo outro. O tempo correlacionado à memória possibilita a reconstituição
de breves sequências musicais.

2.2.4 Melodia

A melodia é obtida por meio de sons altos e baixos. A altura é a qualidade


que nos permite diferenciar sons agudos ou graves. É importante familiarizar a
criança com a terminologia dos nomes e não os simplificar como “voz grossa”, “voz
fina”; mas, voz grave, voz aguda.
A altura é convencionada pelas notas dó, ré, mi, fá, sol, lá e si. Essas notas
se localizam na pauta musical e em diferentes lugares. Todo som é causado por
vibrações que geram ondas sonoras que se espalham em todas as direções.
O que determina o som grave ou agudo é a velocidade da vibração das
ondas sonoras. Essa velocidade recebe o nome de frequência. Quanto menor a
velocidade, mais grave será o som; quanto maior a velocidade, mais agudo o som.

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2.2.5 Timbre

A qualidade de um som é denominada timbre. Uma flauta e um clarinete não


possuem o mesmo som quando produzem a mesma nota musical. Essa diferença é
o timbre. O timbre é o que produz o contraste entre os instrumentos musicais.
De acordo com Deckert (2012), o que caracteriza o timbre dos diferentes
instrumentos é a quantidade de notas harmônicas que irão soar junto com a nota
fundamental.

Harmônicos em um tubo com ambas as extremidades abertas.


Fonte:www.pt.wikipedia.com

Uma vez conhecidos os elementos da musicalização, o professor poderá


explorar com as crianças todas as possibilidades de musicalização por meio de
jogos musicais, brincadeiras, cantos, bandinha entre outras atividades.
A atividade de musicalização auxiliará as crianças em todas as áreas do
conhecimento, como vimos anteriormente, o estudo do tempo auxilia a coordenar os
movimentos e os momentos para cada ação, da mesma forma que o ritmo, o qual
fará com que cada criança descubra o seu próprio ritmo de aprendizagem.
A próxima unidade é dedicada a atividades que você poderá desenvolver em
sala de aula sem nenhuma complicação.

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UNIDADE III – A PRÁTICA MUSICAL NA SALA DE AULA

3.1 OBJETIVOS

1) Identificar as fases do desenvolvimento musical;


2) Conhecer atividades práticas que envolvem a música como linguagem;
3) Identificar ritmo; melodia; tempo a partir da ludicidade musical;
4) Confeccionar instrumentos musicais em sucata.

3.2 FASES DO DESENVOLVIMENTO MUSICAL

Deckert (2012), apresenta uma tabela das pesquisas desenvolvidas por


Swanwick e Tillman em composições de crianças na fase escolar, seguindo a teoria
de Piaget. Esses autores apontam que na fase de 1 a 2 anos as atividades infantis
são somente sensórias, usando de material sonoro porque as crianças
experimentam tudo e é o início da caracterização de sentimento, humor e
temperamento.
Na fase de 3 a 7 anos, as estruturas sonoras e padrões, as experimentações
vocais e os gestos expressivos são reconhecidos e reproduzidos.
Na fase de 8 a 13 anos, já há o uso de convenções de produção musical
conhecida (as notas musicais), compartilhando com o mundo adulto.
Dos 14 anos em diante, desenvolve-se o grau de significação da música e
de seu papel individual e social.
Deckert (2012) ainda diz que as pesquisas encontraram elementos dos
jogos, de acordo com os estudos realizados por Piaget: a mestria, imitação, jogo
imaginativo e metacognição.
A mestria corresponde à passagem do modo sensório para o manipulativo, o
que equivale dizer que a criança manuseia instrumentos sonoros e musicais por
meio de habilidades. Ela deve apresentar controle sobre leitura de partituras, por
exemplo, e coordenação motora para manipular os instrumentos.
A imitação tem caráter expressivo, contendo gestos, movimentos, embora
não configure expressão do sentimento e do pensamento. A imitação não se refere
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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

somente à cópia de sons dos instrumentos, mas a eventos da própria vida, como
identificação de sons da natureza ou outro de interesse da criança.
O Jogo Imaginativo traz um novo foco sobre a estrutura da arte, da música.
Consiste no reconhecimento de repetições e contrastes facilmente identificáveis.
A metacognição ocorre a partir dos 15 anos e traz uma consciência dos
próprios processos do pensamento. Nesta etapa, o indivíduo reconhece seus
interesses e a música corresponde mais de perto a suas necessidades pessoais.
A seguir, apresentamos uma tabela, baseada em Ilari (2002) apud Deckert
(2012):

DESENVOLVIMENTO MUSICAL DA CRIANÇA


Fase Descrição
Do • Percepção global e diferenciada.
nascimento • Reconhecimento da voz materna.
aos 6 meses • Reconhecimento de histórias, rimas, parlendas e músicas
ouvidas durante a gestação.
• Preferências: no início da fase, por sons graves; ao final, por
sons agudos.
• Procura de fontes sonoras: inicialmente, com movimento dos
olhos; depois, com virada de cabeça.
• Redução do movimento corporal quando há música.
• No final da etapa, respostas corporais generalizadas aos sons
musicais.
• Capacidade de ouvir qualquer tipo de escala.
Dos 7 meses • Balbuciar musical.
aos 12 meses • Movimentos corporais não necessariamente sincronizados à
música.
• Percepção de contornos melódicos, padrões rítmicos, forma,
timbre, vozes e modos de cantar.
• Modulação de comportamento em resposta aos diferentes tipos
de música.
• Distinção entre acordes consonantes e dissonantes.

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• Preferência por consonâncias e por música e capella (canto


sem acompanhamento de instrumentos).
• Reconhecimento de música conhecida, ouvida repetidamente.
• Preferência pelo timbre da voz humana em relação ao timbre
dos instrumentos.
Dos 13 meses • Vocalizações: experimentação vocal.
aos 18 meses • Jogos musicais: aprendendo a vez de cada um.
• Expressão das primeiras palavras.
Dos 19 meses • Aumento do vocabulário.
aos 24 meses • Experimentação livre de canções.
• No canto, uso de intervalos melódicos de segundas, terças
maiores e menores.
• Surgem canções espontâneas curtas, em geral pequenos
intervalos melódicos, com padrão rítmico flexível.
2 anos de • Uso de padrões melódicos de canções conhecidas em cantos
idade espontâneos.
• Manifestação da habilidade de cantar partes de canções.
• Imitação de partes de canções, embora sem acertar todas as
notas.
• No canto, no início do uso de intervalos de quarta e quinta.
• Movimentos de braços e pernas; sincronização temporária com
o pulso (10%).
• Ritmos constantes, porém, nem sempre corretos.
• Nenhuma evidência da consciência de forma musical.
Dos 3 anos • Melhora na imitação de canções, cada vez mais próxima do
aos 4 anos modelo.
• Início do uso de jogos solitários, cada vez mais próxima do
modelo.
• Início do uso de jogos solitários e de associação, como
classificação de diferentes sons e timbres.
• Representação de papéis de personagens em canções.
• Adaptação gradual à prática musical coletiva, como cantar em

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

grupo.
• Aprendizado de canções na seguinte sequência: movimento,
palavras, ritmo, frase.
• Diminuição da variedade dos movimentos corporais (as
crianças tornam-se mais seletivas em relação aos movimentos).
• Prática e exploração de movimentos conhecidos.
• Melhora sensível da coordenação motora.
• Surgem os padrões rítmicos; a repetição é fundamental.
• Execução de ritmos corretos e obstinatos (repetição de um
padrão de ritmo diversas vezes).
• O senso de tonalidade começa a emergir.
• Representação inventada: rabiscos que seguem o curso do
ritmo musical.
Dos 5 anos • As estruturas do pensamento tornam-se cada vez mais aptas a
aos 6 anos perceber os parâmetros do som.
• A música é assimilada por imagens, depois imagens-símbolos,
seguidas de representação.
• Senso de tonalidade mais estável, tornando-se estável no final
da etapa.
• Consegue cantar, de maneira cuidadosa, a maioria das
canções aprendidas.
• Resposta mais comum ao ritmo: palmas e movimentos curtos
são mais fáceis de controlar.
• Pulso correto e firme.
• Repetições rítmicas e melódicas são comuns nessa fase.
• Senso de forma e padrão na improvisação.
• Representações inventadass: uso de figuras e símbolos
abstratos para mostrar estruturas musicais ou elementos da
forma.
• Aos 6-7 anos de idade: uso das primeiras representações
figurativas, agrupando unidades de duração em notações
inventadas.

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• Abertura para música de outras culturas.


Dos 7 anos • Atividades de jogos podem seguir regras e normas sociais.
aos 8 anos • Identificação de formas simples: AB, ABA e cânones.
• Identificação de família de instrumentos.
• Uso de representações figurativas e representações inventadas
de música.
• Escolha de música para ouvir.
• Abertura para vários tipos de música.
• Emergem as questões de sexo e de gênero.
• Iniciação à notação musical tradicional.
Dos 9 anos • Dissocia e diferencia os parâmetros do som.
aos 11 anos • Diferencia os intervalos e faz seriações em escala temperada.
• Mantém e reproduz padrões rítmicos e melódicos.
• Habilidade de manter uma parte quando cantando ou tocando
cânones ou rondós.
• Habilidade de ler música: cantar a partir de uma partitura.
• Habilidade de acompanhar o canto com instrumentos simples
de percussão.
• Danças folclóricas de diversas culturas.
• Consciência de que música é um fenômeno cultural.
• O uso de símbolos musicais atinge seu ápice quando o assunto
é notação inventada.
• Formação de conceitos musicais a partir da experiência e
experimentação musical.
• A abertura para a música “diferente” começa a diminuir na pré-
adolescência.
Fontes: Baseado em Ilari (2002); McDonald & Simons (1989); Mend Standars (1990); Tafuri (2000);
Trehub & Trainor (1990); Beyer (1988); Manfrinato Justi (2011) (DECKERT, 2012, p.29-30)

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

3.3 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS

3.3.1 Exploração Corporal

Esta atividade visa a desenvolver na criança o conhecimento do corpo e o


reconhecimento dos limites individuais.

• ATIVIDADE 1: MÚSICA IMAGINÁRIA

Para esta atividade, disponha as crianças em círculo, em um espaço livre ou


amplo para que elas possam se movimentar livremente.
Inicialmente, peça a elas que fiquem em silêncio e que façam o movimento
que o corpo delas pede (leitura interna do movimento); peça que IMAGINEM ouvir
uma música e que dancem conforme a música imaginada.

Atenção! Para esta atividade as crianças devem permanecer em silêncio, mas


movimentarem conforme a música que imaginam. Se houver necessidade, faça
você, professor(a) o movimento para demonstrar.

• ATIVIDADE 2: DANÇANDO CONFORME A MÚSICA

Faça uma seleção musical com vários ritmos: samba, bolero, rock, MPB,
jazz, pagode, sertanejo entre outros. Prepare o ambiente, deixe as crianças livres
para movimentarem-se, mas lembre-se: deixar livre não significa sem limites.
Explique às crianças que elas deverão movimentar o corpo conforme as músicas
que forem ouvindo. Se preferir, pode conduzi-las aos movimentos de acordo com os
ritmos.
Coloque a seleção preparada para tocar e vá fazendo movimentos corporais
com as crianças.
É interessante notar que, à medida que vão se soltando, as crianças
começam a imitar umas às outras porque acham o movimento das outras crianças
mais interessantes que delas próprias.
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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

Neste momento, você introduz às crianças a noção de ritmo, espaço e


tempo. Cada música tem um RITMO, um som que faz com que se movimentem
conforme a música; cada música tem seu ESPAÇO, os ritmos variados fazem com
que as crianças realizem movimentos com intervalos maiores ou menores ou que
executem movimentos mais amplos ou menos amplos e; por último, cada música
tem um TEMPO, uma marcação melódica que percebemos pela batida dos
instrumentos (1, 2, 3, 4; 1, 1, 2; entre outros).

• ATIVIDADE 3: FAZENDO LEITURAS

Esta atividade consiste em introduzir a ideia de leitura musical. Como as


crianças não têm ainda o conhecimento das notas musicais, é importante que elas
percebam que toda música é escrita a partir de um padrão. Para isso, trabalhe com
figuras geométricas, as quais passarão a representar o som. Disponha as crianças
em círculo e combine com elas o seguinte código visual:

- Bater palmas. - Bater pés.

Assim, quando virem o triângulo, deverão bater palmas e quando virem o


círculo, deverão bater os pés. Faça uma sequência ritmada e observe o que
acontece. Vocês estarão fazendo música! Após a atividade, poderá trabalhar com
uma música infantil ou folclórica atentando ao ritmo.

Ex.:

Com esta atividade, você também poderá acrescentar chocalhos, tambores,


caixas com objetos dentro, latinhas ou outro material que faça barulho e que auxilie
na marcação do ritmo.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

• ATIVIDADE 4: REPRODUZINDO ESCALAS

Esta atividade é semelhante à anterior, porém, quem determina o ritmo é a


criança. Dê a ela folha de papel em branco e peça que elas criem a própria música
usando os símbolos (triângulos, círculos, por exemplo) e depois, faça com a turma a
atividade de marcação de acordo com o desenho da criança.
Peça para que as crianças observem se o desenho reproduzido traz um
ritmo adequado ou não.

• ATIVIDADE 5: RECONHECENDO SONS

Para esta atividade você precisará de folhas com desenhos impressos. Os


desenhos representam os sons que as crianças ouvirão: avião, trem, chuva,
pássaro, instrumentos musicais entre outros.
Em um pen-drive ou cd, grave sons diferentes e pausados e coloque-os para
que as crianças vão identificando cada um em uma sequência. Para cada
sequência, peça que identifiquem o objeto que emite o som, pintando o mesmo. Ex.:
Som de trem; sequência de figuras

• ATIVIDADE 6: ALTERNÂNCIA DE SONS GRAVES E AGUDOS (ALTOS E


BAIXOS)

Esta proposta tem por objetivo fazer com que a criança modere a
intensidade sonora. Assim como ela foi capaz de perceber por meio dos sons da
natureza que existem sons mais graves e sons mais agudos, será capaz de
perceber a alternância dos símbolos.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

Por exemplo, pode usar figuras grandes e pequenas. As grandes significam


o som grave (forte) e as pequenas o som agudo (fraco). Assim, na sequência de
exercícios terão que alternar as batidas de mão ou de pé.

Ex.:

• ATIVIDADE 7: APRESENTAÇÃO DOS INSTRUMENTOS MUSICAIS

Para esta atividade é ideal que você tenha o objeto real, mas caso não o
possua, leve a imagem e o som que ele produz para que as crianças aprendam a
reconhecer cada um dos instrumentos musicais. Além disso, é preciso mostrar que
os instrumentos musicais possuem uma família, que é a família sonora:
• De cordas: Violino, Viola, Violoncelo, Contrabaixo, guitarra, bandolim,
banjo, cavaquinho, charango, piano, cravo.

• De sopro: Flauta doce, Flauta transversal, Flautim, Clarinete, Clarone,


Requinta, Saxofone Soprano, Saxofone Alto, Saxofone Tenor, Saxofone
Barítono, Oboé, Corne Inglês, Fagote e Contrafagote; Trompete, trompa,
trombone, bombardino e Tuba.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

• De percussão:

A apresentação da família dos instrumentos ajuda a criança a compreender


a música erudita ou clássica, porque todos esses instrumentos integram a orquestra.

• ATIVIDADE 8: HISTÓRIA COM MÚSICA

Esta atividade é bastante prazerosa e as crianças se divertem muito. Por


isso, escolha um ambiente que seja favorável às modificações e situações que vão
surgir no decorrer da história.
Primeiramente, escolha uma história que seja interessante para a criança.
Estude-a antes para que você possa adaptar as passagens com elementos
sensoriais, como por exemplo, o barulho do vento, a porta fechando, o ranger da
tábua, o barulho das árvores, o canto dos pássaros, o barulho da moto, o choro, o
latido, enfim, todos os elementos dos quais você poderá explorar. Prepare os
materiais sonoros e distribua entre as crianças.
Explique às crianças que, quando você falar a parte “o cavalo corria”, por
exemplo, a criança que estiver segurando duas cascas de coco deverá batê-la
contra o chão ou outra superfície para imitar o barulho (mostre à criança como fazê-
lo); o barulho da chuva (sequência de chaves tilintando) e assim sucessivamente.
As crianças estarão ansiosas aguardando o momento em que deverão
entrar com o barulho e isso desenvolverá nelas a atenção, a concentração, a
coordenação e a percepção espaço-temporal que será significativa para o
aprendizado de outras áreas.
Ao final da história, observe o resultado e a empolgação das crianças. Peça
que elas relatem o que acharam de trabalhar com os sons e os instrumentos que
utilizaram.
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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

• ATIVIDADE 9: CONFECÇÃO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS

Nem sempre temos em sala todo o material musical de que necessitamos,


por isso é preciso criá-lo, adaptá-lo ou transformar os materiais que temos
disponíveis. É importante a confecção de instrumentos musicais, pois, além de
desenvolver a criatividade, estará também desenvolvendo a habilidade manual e
perceptivo-sonora das crianças.
Para isso, você não precisa de muitos materiais. Procure confeccionar
materiais que não forneçam perigo às crianças. Se tiver que perfurar ou cortar latas
ou garrafas, faça-o com antecedência para que ninguém saia ferido. Após a
confecção dos materiais você poderá brincar com as crianças de bandinha e criar os
próprios ritmos.
Aqui seguem algumas dicas:

MATERIAIS:
• Garrafas PET;
• Latas de leite ou achocolatado;
• Tampinhas de garrafa;
• Sobras de fio de cobre;
• Pedrinhas;
• Sobras de madeira.

INSTRUMENTOS:
Todas as sugestões abaixo foram retiradas do site:
http://educaja.com.br/2008/01/instrumentos-musicais-com-sucata.html ( Acesso em
05/10/2017)

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

PANDEIRO

Materiais:
• 1 prato de vaso;
• 8 tampinhas achatadas;
• Arame.

Como fazer
1) Abra quatro fendas nas laterais do prato de vaso, usando uma serrinha
manual (dando um espaço de 8 a 10 cm entre uma fenda e outra);
2) Com um prego, faça um furo acima e um abaixo de cada fenda;
3) Fixe um pedaço de arame nos furos de cima e perfure o meio das
tampinhas achatadas de garrafa;
4) Prenda o arame nos buracos de baixo, fixando bem as tampinhas.

Como tocar
Toque na sequência que mostra a figura: primeiro bata o dedão, depois a
ponta do dedo-médio, o punho e a palma da mão.
Use a convenção:
✓ Dedão 1;
✓ Ponta 2;
✓ Punho 3;
✓ Tapa 4.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

ZAMPONHA

Materiais:
• Cano fino de PVC e;
• Fita-crepe.

Como fazer
1) Corte 2 pedaços de cano PVC, um com 30 cm, outro com 20 cm, usando
uma serrinha manual;
2) Tampe um buraco de cada cano usando a fita-crepe;
3) Com os buracos tampados virados para baixo, alinhe os canos por cima e
grude-os com fita-crepe.

Como tocar
Assopre a parte aberta do cano, buscando a embocadura ideal, e toque uma
nota de cada vez.
FLAUTA D’ÁGUA

Materiais:
• 30 cm de cano fino de PVC;
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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

• Fita-crepe;
• 1 bexiga.

Como fazer
1) Encaixe o bico da bexiga inteiro na ponta do cano e grude com fita-crepe.
2) Coloque um pouco de água dentro da bexiga.

Como tocar
Encha a bexiga de água. Depois, assopre a parte aberta do cano, buscando
a embocadura ideal, e toque uma nota de cada vez.

Dica: puxe a bexiga enquanto toca para conseguir notas diferentes.

SAX

Materiais:
• 40 cm de cano fino de PVC;
• Fita-crepe;
• 1 garrafa de plástico.

Como fazer
1) Com uma régua, meça 3,5 cm da ponta do cano e faça uma marca;
2) Faça um corte em diagonal a partir da ponta do cano até a sua marca;
3) Use um pedacinho de garrafa de plástico no formato da ponta cortada do
cano e fixe-o com fita-crepe.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

Como tocar
Cubra a parte de fita-crepe com a boca e assopre devagar até sair som.

BELISCOFONE

Materiais:
• 40 cm de cano grosso de PVC;
• Fita-crepe;
• 1 bexiga (se possível, mais resistente).

Como fazer
1) Corte o bico da bexiga fora e encaixe a outra parte na boca do cano,
esticando bem.
2) Grude a borda da bexiga no cano com a fita-crepe.

Como tocar
Puxe e solte a bexiga dando beliscões.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

CLAVA

Materiais:
• 40 cm de cano PVC com espessura média;
• 1 tampão de PVC que encaixe na ponta do cano.

Como fazer
Bata a ponta marrom em piso duro, cerâmicos ou em pedras.

Como tocar:
Puxe e solte a bexiga dando beliscões.

CHOCALHO

Materiais:
• 1 latinha de refrigerante;
• Pedrinhas;
• Fita adesiva.

Como fazer
1) Lave a latinha de refrigerante;
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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

2) Pelo furo, coloque muitas pedrinhas pequenas, até preencher cerca


de 1/3 da latinha;
3) Tape o furo com a fita adesiva.

Como tocar
Balance o chocalho no ritmo da música.

CHINCALHOS

MATERIAL:
• Cartão;
• Pregos;
• Caricas.

FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS
Tesoura, martelo e cola.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

EXECUÇÃO

Tem a forma de uma pá, onde existe uma pega e um sítio mais largo onde
vais pregar as caricas. Cole várias tiras de cartão para ficar com a consistência
devida, de modo a aguentar os pregos. As caricas devem ser furadas com um prego
mais grosso do que aquele que vai utilizar para fixar ao cartão. O tamanho e o
número de caricas que vai utilizar é variável. Não te esqueças de tirar o vedante que
existe no interior da carica, porque sem ele, obténs uma melhor sonoridade.
Decore de acordo com seu gosto.

REQUE-REQUE

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
1) Uma garrafa de água de 5 litros;
2) Uma cana;
3) Canetas de plástico que já não escrevam;
4) Uma rolha ou a própria tampa da garrafa.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS
Uma pequena serra, um canivete e cola de contato.

EXECUÇÃO

Cortar as pontas das canetas e retire o filtro onde a tinta fica embebida. Com
a cola de contato faça a junção das canetas às reentrâncias do garrafão de água.
Se passar a cana dum modo ritmado pelas canetas, logo ouvirás o som do
teu REQUE-REQUE. No entanto, se rachar a cana numa das extremidades o som é
mais claro e forte.

COMO TOCAR
Comece a tocar, para baixo e para cima, para baixo e para cima. E assim
está um” REQUE-REQUISTA” de se tirar o chapéu.

TAN-TANS

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Duas latas com capacidades diferentes, um cordel com cerca de dois metros,
plástico forte e linha de coser das valentes.

FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS
Uma tesoura.

EXECUÇÃO

Prenda e estique bem o plástico em cada uma das latas. Esta operação
deve ser feita por duas pessoas: uma ata e a outra vai esticando o plástico.
Depois das duas latas terem o respectivo plástico bem esticado, ate uma
lata à outra, de tal modo que os plásticos fiquem à mesma altura.

COMO TOCAR
É importante que os teus TAN-TANS, tenham o plástico bem esticado. Com
a ponta dos dedos bata ritmadamente no tambor maior e depois no pequeno ou
vice-versa.
Os TAN-TANS, seguram-se entre as pernas, para poder utilizar as duas
mãos na sua execução. Agora tente acompanhar o ritmo de uma canção.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

MARACAS

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Uma lata de refrigerante e cerca de 30 cm de um cabo de vassoura.

FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS
Tesoura, serra, martelo, prego, cartão e pedrinhas.

EXECUÇÃO

Uma lata de refrigerante ou outra qualquer que tenha uma capacidade de


cerca de 30 cm cúbicos. Atravesse a mesma com um pedaço de pau com cerca de
30 cm de comprimento. Coloque no interior da lata algumas pedrinhas (não coloques
muitas) e com uma rodela de cartão, que tenha um furo ao meio para passar o pau,
vede a saída da lata de modo a que as pedrinhas não saiam. Pode utilizar vários
cartões colados para dar uma maior resistência e evitar a saída das pedrinhas
quando estiver tocando.

COMO TOCAR
Pegue no cabo da Maraca e tenta chocalhá-la ao ritmo da música.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

CÍTARA

A CÍTARA é um instrumento histórico. Modernamente as CÍTARAS utilizam


uma caixa acústica de madeira, são baixas e têm muitas cordas. Mas como a vida
está cara, a tua, só vai ter oito cordas: DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI, DÓ.

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Caixa de sapatos de cartão forte, 2 ripas de pinho (30 x 3 x 1 cm), 8
camarões (não é de comer), 3 ripas de pinho (30 x 1 x 1 cm), 8 parafusos de 2 cm
de comprimento, 60 cm de arame e fio de nylon de 1mm e 0,5 mm (2 metros de
cada - pode ser fio de pesca).

FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS
Serrote cabo de faca, tesoura, furador, cola de contacto e berbequim com
broca de 1,5 mm.

EXECUÇÃO

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

Faça um orifício redondo na tampa da caixa de sapatos (a boca ou abertura


musical);
Reforce a parte debaixo da caixa de cartão, com as ripas maiores;
Pode colá-las ou pregá-las;
Estas servem de reforço aos furos que fará para aplicar os parafusos e
camarões;
Para aumentar a resistência da estrutura, cole a tampa à parte de baixo;
Faça 8 furos equidistantes nos topos da caixa de cartão, que devem furar
também a madeira. Neles, enrosque, de um lado os parafusos e do outro os
camarões;
Na parte superior da CÍTARA, o tampo nos cordofones, tem de colocar dois
apoios de cordas e um cavalete móvel, que fica no meio destes;
Os pontos de apoio de uma corda devem ser finos e duros.
Por esse fato, deve colocar sobre estes um arame;
A técnica é simples: com um serrote, faça um rasgo ao correr da madeira,
que serve de sulco para que o arame não se desloque;
Finalmente, coloque as cordas de nylon;
As mais grossas, para as notas mais graves e as mais finas para as outras;
O cavalete do meio deve ter uma inclinação de cerca de 60 graus e ficar o
mais próximo possível dos carrilhões (os camarões);
Deve afinar a tua CÍTARA, comparando as notas com as de outro
instrumento, como um Órgão Eletrônico ou uma Flauta de Bisel.

DECORAÇÃO
Como sempre, a tua imaginação é quem manda.

COMO TOCAR
As cordas na CÍTARA são beliscadas com uma palheta, igual à das violas
elétricas. A palheta, normalmente, é um pequeno triângulo de plástico.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

FLAUTA DE PÃ

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
• 1 metro de tubo PVC,
• 8 rolhas de cortiça, cerca de 20 cm de cana;
• Metros de fio de lã.

FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS
Serrote para ferro, lima paralela para ferro, canivete e lixa nº 150

EXECUÇÃO

Para iniciar a construção, corte o tubo em 8 bocados com alturas diferentes.


Ao fazer estes cortes, não confunda o” ar da serra “, com os cuidados ao serrar.
Os tubos maiores produzem um som mais grave e os menores mais agudo.
Para que tenham uma sonoridade bonita e cristalina, eles devem ser bem fechados
num dos lados. A altura dos oito tubos é: 16,5;15;14;13;12;11;10;9 cm.
A operação de corte deve ser seguida do bolear do tubo, com a lima e
depois com a lixa, uma vez que para tocar esta flauta terá de encostar o tubo aos
lábios e se o tubo estiver rugoso pode machucar. Agora, coloque uma rolha em cada
um dos tubos.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

Peça auxílio a um professor de música para afinar corretamente estas notas.


A afinação faz-se subindo ou descendo a rolha no interior do tubo; depois de ter as 8
notas afinadas, junte-os com o auxílio de tiras de cana e corda ou fio de lã.
O atar dos tubos com lã de várias cores dá um aspecto alegre à FLAUTA DE
PÃ.

COMO TOCAR
Encoste os lábios a um só tubo e sopra com força. Primeiro começa por
fazer escalas ascendentes (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó) e depois descendentes (do
agudo para o grave).

METALOFONE

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
• Uma garrafa de água de 1,5 litros;
• Duas mais pequenas,
• Espuma de nylon,
• Tubo de ferro;
• Pau de vassoura velha.

FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS
Serra para ferro, canivete, lima paralela para ferro e cola de contato

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

EXECUÇÃO

Começa por construir o suporte dos diversos tubos (no total oito).
Na garrafa maior abre uma fenda longitudinal, ou seja, ao correr da garrafa,
com a largura de 6 cm. Cola por baixo desta, as duas mais pequenas.
Junto à abertura da garrafa maior, cola bocadinhos de espuma de nylon, que
têm por função segurar e separar os tubos de metal.
Vamos agora serrar os 8 tubos. Começa por serrar um com 10 cm de
comprimento e verifica qual é a nota mais próxima do som que dá quando percutido.
Como na flauta quanto maiores, mais grave é o som.
Assim para afinar uma nota tem de cortar pequenos anéis, com cerca de
1mm, até obter uma afinação exata.
O cabo de uma vassoura velha serve muito bem de baqueta.
As garrafas pequenas servem para guardar os tubos, quando transportar o
METALOFONE.
Se quiser que o METALOFONE afine bem, conta com umas boas horas para
cortar tubos.

COMO TOCAR
Segue os exemplos da FLAUTA DE PÃ.
Primeiras escalas, depois pequenas melodias que possam ser tocadas com
a extinção de uma oitava.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

Os tambores com baquetas

Material para a construção:


• 1 copo de iogurte de vidro; 1 balão;
• 2 paus de espetada;
• 1 pedacinho de pano de veludo ou lã;
• Cola e fita-isoladora;
• (1 tesoura).

Material para a decoração:


• Fita-isoladora de várias cores.

Proposta de decoração:

1. Passa uma ou duas tiras de fita-isoladora à volta de cada uma das


extremidades do copo.

Modo de construção:
1. Lava e seca o copo de iogurte;
2. Corta o balão ao meio;
3. Coloca a parte que enche na boca do copo;
4. Passa a fita-isoladora na extremidade do balão para o fixares aos lados
do copo (terá o tambor).
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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

5. Corta duas tiras de pano em forma de triângulo;


6. Põe cola num dos lados das tiras de pano;
7. Enrola a tira de pano no pau de espetada;
8. Faz a mesma coisa no outro pau (terá as baquetas).

As clavas

Material para a construção:


• 1 cabo de vassoura;
• (1 serra).

Modo de construção:
1. Pede a um adulto que serre dois pedacinhos do cabo de vassoura;
2. Aí tens as tuas clavas.

Material para a decoração:


• Fita-adesiva de várias cores;
• Pionaises;
• Alguma lã;
• (1 tesoura).

Proposta de decoração:
1. Passa duas ou três tiras de fita adesiva à volta de cada um dos
pedacinhos do cabo da vassoura em forma de espiral;
2. Corta um fio com cerca de 5/10 cm. De comprimento e coloca-o na tua
mesa de trabalho;
3. Volta a pegar na lã e enrola uma parte à volta da mão de forma a cobrires
completamente os dedos;

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

4. Antes de tirares a lã da mão corta com a tesoura a parte junto ao dedo


mínimo, segurando com o polegar a parte oposta junto ao dedo indicador;
5. Pega no fio que cortaste antes e ata os outros fios que seguras na mão
(no meio dos fios, ou seja, na parte entre o polegar e o indicador);
6. Pega agora num pionaise e aplica-o na base de um dos pedacinhos do
cabo da vassoura, passando pelo nó que deste para atar a lã;
7. Faz a mesma coisa no outro pedacinho do cabo da vassoura.

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MUSICALIDADE E EDUCAÇÃO

REFERÊNCIAS

DECKERT, Marta. Educação Musical: da teoria à prática na sala de aula. Anos


iniciais do ensino fundamental regular Arte. Coleção Cotidiano Escolar – Ação
Docente. 1.ed. São Paulo: Moderna, 2012.

GILIOLI, Renato de Sousa Porto. Erudição nas escolas. 19/01/2011. Revista de


História. Disponível em:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/erudicao-nas-escolas.
Acessado em 20/08/2015.

JORDÃO, Gisele (et al). A Música na Escola. São Paulo: Allucci & Associados
Comunicações, 2012.

MATEIRO, Teresa; ILARI, Beatriz (Orgs.). Pedagogias em Educação Musical.


Curitiba: IBPEX, 2011. (Série Educação Musical)

MÖDINGER, Carlos Roberto (et al). Práticas Pedagógicas em Artes: espaço,


tempo e corporeidade. Erechim, SC: Edelbra, 2012.

MILHORANCE, Flávia. Música e linguagem dividem mesmo espaço no cérebro.


20/02/2014, 6:00. Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/musica-
linguagem-dividem-mesmo-espaco-no-cerebro-11657603. Acessado em:
03/08/2015.

SWANWICK, Keith & TILLMAN, June. The sequences of musical development: a


study of children´s composition. British Journal of Musical Education. Londres, v.3,
n.3, nov.1986, p.305-339.

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