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Escola de implementação: Colégio Centro Educacional Conexão.

Professora: Michelly Santos

Disciplina: Artes

Público-alvo: 26 alunos matriculados no segundo ano do ensino fundamental.

Ano: 2023

Tema: Música Arte Fundamental

INTRODUÇÃO

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em dezembro


de 2017, a educação musical encontra-se entre as linguagens, na área das artes:
artes visuais, dança, música e teatro, a ser desenvolvida no ensino infantil,
fundamental e médio das redes de ensino pública e privada. Quanto ao ensino
da música, o objetivo é estruturar conhecimentos musicais em diversos aspectos
sonoros através de práticas coletivas e individuais no âmbito escolar.

Considerada uma ferramenta de ensino capaz de fortalecer as


potencialidades dos discentes, o ensino musical contribui no desenvolvimento de
novas competências e linguagens artísticas, proporcionando aos educandos
saberes essenciais para sua formação: cognitiva, social e afetiva. Assim, “É na
aprendizagem, na pesquisa e no fazer artístico que as percepções e
compreensões do mundo se ampliam no âmbito da sensibilidade e se
interconectam, em uma perspectiva poética em relação à vida[...]" (BRASIL,
2017, p.474).

Mediante ao exposto e seguindo as orientações da BNCC, a disciplina de Música,


como prática de estágio no Centro Educacional Conexão, dará continuidade a
abordagem prática e teórica de ensino desenvolvida no decorrer do ano letivo de
2021, com a proposta de introduzir a linguagem musical, desenvolver a
percepção auditiva, apreciação do som e silêncio, autonomia corporal e a
organização de pensamentos críticos relacionados ao meio ambiente e
sustentabilidade a partir de práticas pedagógicas no fazer artístico musical. As
aulas de música oportunizarão aos alunos experimentações através de
atividades utilizando recursos como: sinos, pandeiros, guizos, pau de chuva e o
próprio corpo.

A elaboração das atividades terão como embasamento teórico as ideias


dos métodos Gazzi de Sá, Murray Schafer, Lucas Ciavatta e Luciana Del Ben
educadores musicais que propõe a aplicação do ensino da música como requer
a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017, p. 203)

1. JUSTIFICATIVA

O presente projeto propõe uma formulação pedagógica acerca das


tendências com metodologias ativas no ensino da música dentro do âmbito
educacional usando a música como ferramenta didática na grade curricular do
ensino fundamental introduzindo a linguagem com caráter pedagógico,
auxiliando no desenvolvimento das habilidades, motricidade, criatividade e do
cognitivo, de forma lúdica e prazerosa através de atividades sonora, contação de
histórias, jogos e brincadeiras musicais.

Acreditamos que as atribuições da prática musical transcende o processo de


ensino-aprendizagem, a musicalidade também contribui no processo de
integração social, preservação da cultural, formação cidadã e consciência
sustentável, tornando, assim, o projeto Música Arte Fundamental de suma
importância, pois beneficiará os estudantes do segundo ano do colégio Centro
Educacional Conexão, proporcionando vivências musicais que contribuirão
diretamente no desenvolvimento pleno dos estudantes.

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Permitir que as questões relacionadas à importância do escutar e do trabalho


em equipe sejam trabalhadas por meio da musicalidade; um projeto que
compõem a educação musical como instrumento principal de educação dentro
do nível fundamental da educação básica.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Promover a educação a partir do ensino da música;

● Vivenciar práticas musicais em sala de aula de forma lúdica por meio


de atividades, brincadeiras e jogos musicais;

● Explorar: o corpo, a voz, instrumentos musicais, promovendo a


construção do conhecimento musical numa perspectiva didática,
artística e social cultural;

● Explorar a percepção auditiva, proporcionando diversas


experimentações sensoriais.

● Proporcionar a assimilação dos conceitos preliminares da música,


como: cantar, tocar, exercitar, ouvir, comparar, interagir;

● Conscientizar sobre a importância da integração social e do trabalho


em equipe.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A música está inserida no universo infantil desde a primeira infância


desempenhando um importante papel como ferramenta no desenvolvimento da
criança. Ela atua diretamente como estímulo para as habilidades motoras,
cognitivas e socioafetivas.

É na infância que as conexões neurais se apresentam mais ativas e


sensíveis tornando o momento mais propício para o uso da música como
instrumento para despertar múltiplas inteligências. Consequentemente foi
inevitável o uso dessa poderosa ferramenta no ambiente escolar, ainda que sua
inserção tenha passado por diversas transformações.

Definida como conteúdo indispensável na grade curricular brasileira,


conforme as alterações publicada no Diário Oficial da União no dia 19 de agosto
de 2008, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) — nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996, a educação musical passa a ter maior valorização nas
instituições.
A música pode contribuir para a formação global do aluno,
desenvolvendo a capacidade de se expressar através de uma linguagem
não verbal e os sentimentos e emoções, a sensibilidade, o intelecto, o
corpo e personalidade [...] a música se presta para favorecer uma série
de áreas da criança. Essas áreas incluem a “sensibilidade”, a
“motricidade”, o “raciocínio”, além da “transmissão e do resgate de uma
série de elementos da cultura”. (DEL BEM; HETSCHUKE, 2002, p.
5253).
Ainda que a educação musical não tenha sido amplamente inserida em
todas as instituições públicas e privadas, em razão de obstáculos encontrados
no sistema educacional, observa-se que a musicalidade é uma proposta
progressista capaz de promover significativas mudanças na sociedade.
Entretanto, para tais mudanças, se faz necessário uma reflexão sobre o fazer
musical e suas práticas, para que o discente tenha uma ampla imersão na
disciplina, investigando diversas sonoridades, novas formas de produzir sons e
criar música como afirma Murray Schafer, compositor canadense
(SCHAFER,1991 p. 68).

Sabendo da necessidade dessa reformulação pedagógica musical e da


importância de sua aplicação no ensino fundamental, surgem questões
relevantes no processo de ensino-aprendizagem da música no contexto escolar
e nas principais condições para maior eficácia nos resultados almejados.

Frequentemente estratégias para implantação da música na grade


curricular têm sido tema de debate entre educadores musicais com o propósito
de abordar formas inovadoras possibilitando melhor desenvolvimento dos
conteúdos em sala de aula, resultando no aprimoramento das habilidades
psicomotora, cognitivas, emocionais e sociais do aluno. Souza (2004, p.10, 11)
ressalta a

[...] necessidade de construirmos uma educação musical escolar que


não negue, mas leve em conta e ressignifique o saber de senso comum
dos alunos diante das realidades aparentes do espaço social e se
realize de forma condizente com o tempo espaço da cultura
infantojuvenil, auxiliando a construírem suas múltiplas dimensões de
ser jovem/criança.

Seguindo esta linha de pensamento, Schafer (1991, p. 74) defende a


necessidade de estruturar uma educação musical de preservação cultural, uma
educação onde o aluno desenvolva a habilidade de escutar e encontrar no
silêncio prazer. A segmentação entre o som e o silêncio compõe uma experiência
excitante ao educando, sua sensibilidade pode alterar de forma destoante
conforme a quantidade de ruídos é capaz de se habituar (1991, p. 69).

[...] o silêncio torna-se cada vez mais valioso, na medida em que nós
perdemos para vários tipos de ruídos: sons industriais, carros, esportes,
rádios Transmissores, etc..[...] o homem gosta de fazer som e rodear-se
com eles. Silêncio é o resultado da rejeição da personalidade humana.
O homem teme a ausência de som como teme a ausência de vida
(SCHAFER, 1991, p. 71).

Será este o motivo da dificuldade de se obter silêncio em sala de aula e


em demais ambientes? Carlos Jardim, em um artigo publicado na revista online
Galileu em agosto de 2014, afirma que a sociedade vive em constante poluição
sonora, ruídos indesejáveis no qual o homem tem se habituado, excesso sonoro
que está danificando a audição, resultando em sua perda precocemente. Para
Brito (2013, p.41) a forma como as crianças compreendem e convivem com os
sons, reflete o modo como elas o entendem e aprendem a conviver com os
ambientes.
Ruídos excessivos, falta de percepção auditiva, conotação de valor são
resultados dos hábitos infantis de investigação e exploração sonora.
Portanto o ambiente escolar torna-se propício para uma reeducação
auditiva, conscientizando a criança da importância do saber ouvir, diferenciar
som e ruídos, compreender e filtrar os sons ao seu redor com o auxílio do
professor através de jogos e brincadeiras musicais em grupos e/ou individuais
voltadas para o trabalho de percepção auditiva. A aprendizagem e a influência
da música também favorece uma nova visão sobre a perspectiva infantil,
conscientizando-os sobre valores culturais, formas sustentáveis de se “fazer
música” e possibilita uma transformação no comportamento do indivíduo.

Caetano e Gomes (2012, p. 73) afirmam: “a música está inserida na vida


social e individual de todos os povos e culturas. Seja no trabalho, na religião, no
entretenimento, a música faz parte do cotidiano do ser humano”. Já Souza e Joly
(2010, p.106) destacam que

É possível trabalhar diferentes ritmos, sons, timbres e até mesmo


diferentes tipos de músicas, sensibilizando os alunos com as
diferenças. É possível se movimentar, fazer gestos, e até mesmo os
momentos de pausas, força ou leveza podem fortalecer a concentração
e a disciplina.
Para Kebach (2013, p.72) a proporção que as práticas e atividades
musicais se tornam rotineiras na vida da criança, há possibilidade destas
acompanharem a música com instrumentos, trabalhando pulso, ritmo e
parâmetros sonoros. Representando um importante crescimento no objetivo da
disciplina.

Em vista dos fatos apresentados, as práticas em sala de aula não devem


reduzir o conteúdo musical em cantar “musiquinhas” como forma de
entretenimento, há muito mais relevância e seriedade ao inserir a música na
grade curricular. Experimentações sensoriais, práticas em grupo, improvisação,
composição, apreciação musical de diversos estilos devem compor o conteúdo
para formação da criança em amplos aspectos. Para Penna (1990, p.22),

[...] musicalizar é desenvolver os instrumentos de percepção


necessários para que o indivíduo possa ser sensível à música,
aprendêla, recebendo o material sonoro musical como significativo pois
nada é significativo no vazio, mas apenas quando relacionado e
articulado ao quadro das experiências acumuladas, quando compatível
com os esquemas de percepção desenvolvidos.

A prática de composição por parte do aluno é um processo relevante para


estimular a criatividade, sensibilidade e autonomia, visto que a prática é um
estímulo cognitivo que aborda vários conceitos, tanto musicais como literários,
acessível a todos os educandos.

Ainda que o projeto não tenha seu foco na composição é necessário dispor
de um específico momento para sua execução. A Base Nacional Comum
Curricular (BNCC, 207, p.194) complementa:

Criação: refere-se ao fazer artístico, quando os sujeitos criam,


produzem e constroem. Trata-se de uma atitude intencional e
investigativa que confere materialidade estética a sentimentos,
ideias, desejos e representações em processos,
acontecimentos e produções artísticas individuais ou coletivas.
Essa dimensão trata do apreender o que está em jogo durante
o fazer artístico, processo permeado por tomadas de decisão,
entraves, desafios, conflitos, negociações e inquietações.

Ainda conforme a BNCC (2018, p.14) na necessidade de aprender a


aprender, implica em estratégias, autoconhecimento, atitudes autônomas, propor
atividades para resolução de problemas. Vivenciar a música e suas
competências na escola viabiliza todo esse processo de aprendizagem além de
experimentação dos sentidos, a consciência que somos parte de um grupo, uma
sociedade e que cada atividade individual afeta todos ao redor de forma positiva
ou negativa, ou seja, o início de uma consciência cidadã pensando na construção
do indivíduo como parte da sociedade.

5. ESTRATÉGIA DE AÇÕES

O projeto “Música Arte Fundamental” será executado em 3 etapas:

1. Primeira Etapa - Aulas práticas de música / percussão;


a) Aulas lúdicas e práticas de música uma vez por semana com duração de
cinquenta minutos cada, durante a disciplina de Artes.

2. Segunda Etapa – Escolha e ensaios de repertório;


a) Elaboração participativa de toda a turma para a escolha do repertório
musical;
b) Ensaios uma vez por semana, com duração de cinquenta minutos cada,
durante a disciplina de Artes.

3. Terceira Etapa – Apresentação:


a) Execução do repertório selecionado pela turma em formato de apresentação na
Quadra da escola para os pais e familiares.

CRONOGRAMA

Agosto / setembro / Outubro Aulas coletivas e práticas de música /


percussão.

Novembro Ensaio de Repertório

Dezembro Recital
6. RESULTADOS

No dia da apresentação, os alunos do segundo ano executaram com êxito e


sincronia o repertório com oito canções para um publico com 60 pessoas.

Ao término do projeto, a turma apresentou significativa melhora nas habilidades


motoras e cognitivas, ampliou sua percepção musical, e 19 alunos despertaram
interesse pela prática coletiva musical.
7.REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília,


2018.

BRITO, Teca de Alencar. Música na Educação Infantil: propostas para a


formação integral da criança. São Paulo: Peirópolis, 2013.L;

DEL BEN, L. (Orgs.). Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala
de aula. São Paulo: Ed. Moderna.

GOMES, Roberto Kern et al. A Importância da Música na Formação do Ser


Humano em Período Escolar. Educação: em Revista, São Paulo, v. 13, n. 2, p.
71-80, 11 maio 2012. Disponível em:
https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/educacaoemrevista/article/view/3288.
Acesso em: 15 out. 2021.

JARDIM, Carlos (ed.). O som e a fúria : efeitos da poluição sonora não causam
só a perda da audição. 2014. REVISTA: Galileu. Disponível em:
https://revistagalileu.globo.com/blogs/segunda-opiniao/noticia/2014/08/o-som-
efuria-efeitos-da-poluicao-sonora-nao-causam-so-perda-da-audicao.html.
Acesso em: 15 out. 2021.

KEBACH, Patrícia Fernanda Carmem (org). Expressão musical na educação


infantil. Porto Alegre: Mediação, 2013.

PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Loyola,


1990.

SCHAFER, R. Murray. O Ouvido Pensante. São Paulo: Unesp, 1991.

SOUZA, Jusamara. Educação Musical e práticas sociais. Disponível


em:http://abemeducacaomusical.com.br/revista_abem/ed10/revista10_artigo1.p
df. Acesso em: 10 de out de 2021.

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