Você está na página 1de 6

JUSTIFICATIVA

Sabemos que a música está presente na vida das pessoas fazendo parte de seu cotidiano. De
fato, ela é muito importante para o ser humano. A música está presente em diversas situações e com
diferentes objetivos, pois há composições usadas para ninar, para dançar. Os países têm seus hinos,
assim como as escolas e os times de futebol. Existem músicas típicas regionais. Inclusive, vemos
hoje, em diversas maternidades, som ambiental nas salas de parto (UNESCO, 2005).
Para definirmos qual a sua funcionalidade é necessário compreendermos como se deu a
relação entre o ser humano e a música. Uma das teses aponta que a criação musical nasce a partir do
desenvolvimento da comunicação ainda na pré-história, quando estes observaram os sons da
natureza e descobriram que podiam imitá-los. Assim como afirma Aidar:
Ainda na pré-história, há mais de 50 mil anos, os seres humanos começaram a
desenvolver ações sonoras baseadas na observação dos fenômenos da natureza. Os
ruídos das ondas quebrando na praia, os trovões, a comunicação entre os animais, o
barulho do vento balançando as árvores, as batidas do coração; tudo isso
influenciou as pessoas a também explorarem os sons que seus próprios corpos
produziam. Como, por exemplo, os sons das palmas, dos pés batendo no chão, da
própria voz, entre outros. Nessa época, tais experimentações não eram
consideradas arte propriamente e estavam relacionadas à comunicação, aos ritos
sagrados e à dança (2020, [s.p]).

A linguagem musical se transformou ao longo do tempo, até as formas de expressões


artísticas que conhecemos hoje. Ela é diversificada, pois está presente em distintas manifestações
culturais, como argumenta Queiroz:

A música, pensada em relação à cultura, poderia ser considerada como um veículo


“universal” de comunicação, no sentido que não se tem notícia de nenhum grupo
cultural que não utilize a música como meio de expressão e comunicação (Nettl,
1983). É importante notar que com essa afirmação não estamos concebendo a
música como uma “linguagem universal”, pois tal concepção seria errônea, tendo
em vista que cada cultura tem formas particulares de elaborar, transmitir e
compreender a sua própria música, (des)organizando os códigos que a constituem.
Dessa forma, não nos é possível compreender universalmente todas as músicas do
mundo, por ser a linguagem musical de cada cultura adequada ao seu sistema
singular de códigos (2004, p.3).

Sendo assim, a música poderá acompanhar o desenvolvimento e as relações interpessoais em


suas comunidades, pois ela é um produto cultural, assim como afirma Queiroz:
Assim, é possível perceber que, numa perspectiva etnomusicológica, a música é, ao
mesmo tempo, determinada pela cultura e determinante desta. Por essa perspectiva,
podemos conceber a educação musical como um universo de formação de valores,
que deve não somente se relacionar com a cultura, mas, sobretudo, compor a sua
caracterização, ou seja, desenvolver um ensino da música como cultura (2004, p.
2).
Sabemos que a música também acompanha a vida das crianças mesmo antes delas entrarem
em período escolar. Essa relação com a música já se inicia no ventre, quando através da mãe, o bebê
consegue sentir as diversas manifestações sonoras produzidas no meio externo, e segue, no
decorrer da sua infância, quando através das brincadeiras infantis, as crianças produzem regras,
relações sociais e aprendizagens.

Pesquisas e teorias indicam que o relacionamento com o sonoro tem início na etapa
da vida intra-uterina, com os sons provocados pelo corpo da mãe e também com
estímulos vindos do ambiente externo. E o bebê ouve e produz sons e silêncios,
realizando, à sua maneira, um jogo que parece apontar para a gênese do fazer
musical (BRITO, 2012, p. 2).

Este panorama revela a presença da música em nosso universo cultural, mas também mostra
que ela pode exercer influência na educação das crianças, seja na educação familiar ou na educação
escolar. Diante desse contexto, e compreendendo que a música pode exercer influência na formação
da criança, percebeu-se a necessidade de investigarmos este tema. Nesse sentido, partimos da
premissa de que a música pode servir como instrumento para potencializar o desenvolvimento
infantil.
O desejo de realizar uma investigação com este foco surge também das diversas vivências
musicais que obtive em meu seio familiar. Desde muito cedo, fui exposta por meus pais a um
ambiente extremamente musical, onde tal linguagem acabou contribuindo de certa maneira para
estreitar os laços familiares entre nós, e formar a minha identidade musical. Sobre a família ser um
espaço de múltiplas aprendizagens e formação musical Gomes explica:

Ao conceber família enquanto locus de práticas musicais e instituição formadora,


parto de alguns pressupostos tais como pensar a família como um contexto singular
e exclusivo de formação e meio de múltiplas aprendizagens individuais e coletivas,
incluindo a formação musical (2009, p.13).

A música pode ser usada como meio para desenvolver certas habilidades que, são
essenciais no processo de aprendizagem das crianças na educação infantil. Sabemos que desde
muito cedo a criança reage a certos estímulos sonoros, e o contato permanente com outras
linguagens musicais, como por exemplo, as cantigas de roda, fazem com que elas desenvolvam
aspectos cognitivos, sociais e emocionais.
Nesse sentido, as técnicas de musicalização podem contribuir com tais aspectos,
estimulando habilidades cognitivas tais como concentração, memória, raciocínio, linguagem,
escuta e etc. Dentre outros benefícios de se incorporar a música na vida das crianças, podemos
perceber também que nos estreitos laços de afetividade e de confiança que são desenvolvidos com
seus familiares, colegas e professores. Abordando os efeitos da música no campo afetivo, Nogueira
(2003, p.2) afirma que a : “eficácia das canções de ninar é a prova de que música e afeto se unem
em uma mágica alquimia para a criança”.
Sabemos também que, as atividades que envolvem a música facilitam a socialização entre as
crianças. Nos primeiros anos de escola, a criança ainda está muito pressa ao seu ego, e por isso, é
importante que tais atividades incentivem o espírito de cooperação entre elas, e influencie na
formação da sua personalidade. “As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da
socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Dessa forma a criança vai
desenvolvendo o conceito de grupo.” (CHIARELLI e BARRETO, 2009)
A respeito do desenvolvimento individual sobre as questões sociais, Nogueira (2003, p.3)
conclui: “ Além disso, a música também é importante do ponto de vista da maturação individual,
isto é, do aprendizado das regras sociais por parte das crianças”.
A infância é a primeira fase da vida de um ser humano. E é neste momento que os
professores e professoras da Educação Infantil podem introduzir, como uma prática diária, o uso da
música, visando auxiliar no pleno desenvolvimento integral dessas crianças. Portanto, a linguagem
musical poderá contribuir para uma formação cognitiva, mas também socioemocional da criança,
assim como afirma Nogueira:

entendemos que o processo de crescimento de uma criança está muito além apenas
de seus aspectos físicos e intelectuais; esse processo envolve outras questões,
certamente tão complexas quanto à da maturação biológica. Dessa forma, optamos
por trabalhar a ideia de desenvolvimento infantil a partir de uma abordagem mais
ampla, abarcando também seus aspectos de amadurecimento afetivo e social, sem
deixar de lado, obviamente, o aspecto cognitivo (2003, p.1).

Sabemos que a educação infantil é uma etapa em que muitas habilidades podem ser
exploradas, e por isso, compreendendo essa fase como base inicial do processo educativo, deve ser
um ambiente onde a infância possa ser vivida em toda sua plenitude, conforme estabelece a LDB
9394/96 em seu artigo 29º que diz:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o


desenvolvimento integral da criança até os 5 (cinco) anos de idade, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família
e da comunidade. (Brasil, 1996 [s.p.])

Nesse sentido, a música como expressão e possuidora de um caráter artístico, poderá ser
utilizada como instrumento para favorecer a prática diária do docente, e assim promover o
desenvolvimento integral da criança na educação infantil. Sobre a importância da linguagem
musical como recurso para o desenvolvimento da criança, o Referencial Curricular para a
Educação Infantil (Brasil, 1998, p. 47) aponta: “A linguagem musical é excelente meio para o
desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso
meio de integração social”.
Contudo, se a prática educativa que aborda o ensino de música, não for bem planejada e
organizada poderá impedir que as crianças da educação infantil se desenvolvam integralmente nos
aspectos cognitivo, social e afetivo. Este fato pode se ocasionado por uma prática educativa que
compreende a música como uma atividade recreativa.
Nesse tipo de prática pedagógica, que se utiliza da música como atividade recreativa, não há
um plano traçado para atingir um objetivo musical. A música é trabalhada de forma mecânica como
entretenimento para divertir as crianças. Porém, quando a prática educativa utiliza a música como
instrumento pedagógico, se realiza atividades pensadas e planejadas com objetivos musicais para
serem alcançados. É possível explorar as carcterísticas da música, trabalhar com diferentes sons,
ritmos e alturas por exemplo. Expondo sobre o ensino da música como atividade mecânica Brito
diz:

Ensinar música, a partir dessa óptica, significa ensinar a reproduzir e a interpretar


músicas, desconsiderando as possibilidades de experimentar, improvisar, inventar
como ferramenta pedagógica de fundamental importância no processo de
construção do conhecimento musical (2003, p. 52).

É fato que o trabalho com música é um desafio enfrentado por muitos profissionais da
educação. Pois, sabemos que incluir a música no planejamento diário requer o conhecimento sobre
o potencial de tal ferramenta. Em decorrência de tal fato surge a necessidade de investigarmos sobre
os possíveis obstáculos que impedem que a música seja utilizada como um poderoso instrumento a
favor da aprendizagem. Tais obstáculos podem estar relacionados a deficiência na formação do
professor para lidar com tal ferramenta.
O trabalho com musicalização na educação infantil, tendo em vista o desenvolvimento de
aspectos cognitivos, afetivos e sociais, requer dos docentes um planejamento antecipado e o
conhecimento da música como uma ferramenta da educação, podendo despertar as habilidades do
corpo e da mente, proporcionando vivências, momentos, experimentação, relaxamento, memórias e
criações. Diante disso, é necessário por meio deste estudo compreendermos como os professores
desenvolvem suas atividades por meio do fazer musical. Sobre o compromisso do professor sobre o
fazer musical, o Referencial Curricular para a Educação Infantil (Brasil, 1998, p. 63) aponta:
“Integrar a música à educação infantil implica que o professor deva assumir uma postura de
disponibilidade em relação a essa linguagem”.
OBJETIVOS
Desta maneira, o objetivo geral da presente pesquisa é compreender como a música
contribui para o desenvolvimento integral da criança na educação infantil. Para tanto, foram
delineados os seguintes objetivos específicos:
• Identificar como a música é inserida na educação infantil;
• investigar como o ensino de música pode favorecer o desenvolvimento dos alunos;
• Analisar a importância da confecção de instrumentos musicais.
Assim, ao longo desse trabalho de pesquisa, o foco da investigação estará diretamente ligado
ao seguinte problema: De que maneira a confecção de instrumentos musicais pode servir como
auxílio a este modelo de educação?
Parte-se da hipótese de que a música pode contribuir com o desenvolvimento do aluno da
educação infantil se utilizada como recurso didático e não como atividade mecânica e puramente
recreativa.

METODOLOGIA
Assim, para viabilizar o teste da hipótese realiza-se uma pesquisa que terá como abordagem
metodológica as técnicas de pesquisa qualitativa. Para analisar o contexto e os elementos a serem
estudados tal abordagem é essencial, pois irá permitir compreender o fenômeno em uma dimensão
mais ampla. Pois, assim como afirma Tozoni-Reis (2010): “ A pesquisa qualitativa defende a ideia
de que, na produção de conhecimentos sobre os fenômenos humanos e sociais, nos interessa mais
compreender e interpretar seus conteúdos do que descrevê-los, explicá-los”.
Deste modo, buscando compreender como a música contribui para o desenvolvimento do
aluno na educação infantil, será realizada a pesquisa bibliográfica, que tem como fonte de dados a
bibliografia especializada, que buscará os conhecimentos científicos necessários para explicar o
fenômeno pesquisado. Assim, como descreve Tozoni-Reis:

Na pesquisa bibliográfica, buscamos os dados de que precisamos para a produção


do conhecimento pretendido nos autores e obras selecionados. Nessa pesquisa,
embora seja de uma modalidade muito particular, não ouviremos entrevistados,
nem observaremos situações vividas. Antes, a partir de leituras diversas,
dialogaremos com os autores, por meio de seus escritos (2005, p.18).

Os procedimentos de pesquisa bibliográfica foram desenvolvidos através de pesquisas em


livros e artigos, de autores como Brito (2003), Aidar (2020), Queiroz (2004), Gomes (2009), e o
Referencial curricular nacional para educação infantil (1998).
Desde muito cedo fui exposta a um ambiente familiar musical, onde este contribuiu para o
desenvolvimento de laços afetivos e na minha formação musical. Dessa forma, podemos pensar na
instituição familiar “como um contexto singular e exclusivo de formação e meio de múltiplas
aprendizagens individuais e coletivas, incluindo a formação musical” ( GOMES, 2009, p.13).

Paragrafo retirado da introdução

Você também pode gostar