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DE SURDOS
2ª Edição
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
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ISBN XXXXXXXXXXXXX
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CDD XXXX.XXX
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
CONDIÇÕES DE ENSINO DE LIBRAS............................................ 7
CAPÍTULO 2
A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO
FUNDAMENTAL.............................................................................. 43
CAPÍTULO 3
O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS.............................. 81
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, a Didática e Educação de Surdos tem se destacado pelo
modo como apresenta a educação bilíngue de surdos, incidindo na constituição
de identidade e subjetividade dos surdos, moldando maneiras de ser, de viver, de
pensar, enfim, ela se destaca pela forma como procura conhecer, ensinar e usar a
didática para alunos surdos. É também o que pretendemos neste livro.
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Capítulo 1 CONDIÇÕES DE ENSINO DE LIBRAS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Iniciaremos a nossa disciplina estudando alguns critérios que consideramos
fundamentais para a análise do ensino de Libras. Nossa perspectiva é a de
alcançarmos, pelo esforço da formação dos professores surdos e dos professores
bilíngues no ensino de Língua de Sinais, um ambiente linguístico na Educação
Bilíngue de Surdos voltada na área de Pedagogia Bilíngue, em universidades
públicas e privadas que se situam na posição de mais elevadas em qualidade.
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Capítulo 1 CONDIÇÕES DE ENSINO DE LIBRAS
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Capítulo 1 CONDIÇÕES DE ENSINO DE LIBRAS
Chartier (1990) afirmará uma história cultural que busca o confronto, localizar
as lutas discursivas e de poder no campo do saber. Essa trajetória cultural nos
trouxe, principalmente:
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2.2 PROFISSIONAIS
Trata-se dos profissionais surdos que desenvolvem suas pesquisas voltadas
para a realização de alguns objetivos importantes: o atendimento às crianças
surdas para estimular sua aquisição de linguagem e difundir a Língua de Sinais
nos sistemas universitários. Os professores surdos têm papel fundamental,
mas também os profissionais e os pesquisadores surdos que não estão ligados
diretamente às crianças surdas, como os que ensinam a Língua de Sinais para
os ouvintes. Estes sujeitos surdos, além do desenvolvimento das suas tarefas
específicas, devem também ser considerados como participantes do projeto
educativo vinculado à área de Educação de Surdos, de Educação Bilíngue e de
Linguística aplicada à Língua de Sinais, devendo ter consciência da Educação de
Surdos, conhecimento e compreensão da realidade vivida como identidade surda.
5 FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO
PROFISSIONAL
Ainda é frequente e equivocada a concepção de que o sujeito surdo possui,
naturalmente, as habilidades necessárias para a educação de crianças surdas,
portanto, há a necessidade de formação profissional para o trabalho nos espaços
educacionais onde estão os alunos surdos.
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Capítulo 1 CONDIÇÕES DE ENSINO DE LIBRAS
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3 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Os professores surdos nos espaços educacionais precisam estar
constantemente envolvidos nas pesquisas científicas sobre a Educação de
Surdos e Educação Bilíngue, valorizando a importância da reflexão e utilização de
conhecimentos produzidos.
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Então, esse pensamento tem por objetivo mostrar como tem sido construída a
ideia de pesquisa levando em consideração a escolha metodológica do ensino de
Libras junto aos professores surdos e professores bilíngues e a identificação dos
professores surdos como perspectiva a um tema restrito com foco no ensino de
Libras. Apresentaremos aqui os caminhos de qualidade do ensino de Libras e as
metodologias escolhidas para construir o material didático em Libras.
Para entender a cultura surda, basta entender uma base teórica nos Estudos
Culturais, pois estes oferecem a oportunidade de escolher entre diferentes
metodologias a partir do objeto de pesquisa em questão, neste caso, o ensino de
Libras, bem como para o professor de Libras poder tecer seus próprios caminhos
em suas metodologias. De acordo com Wortmann (2005, p. 46), “os Estudos
Culturais valem-se de procedimentos e de metodologias que não lhes são próprios
ou particulares, mas dos quais se apropriam em determinadas circunstâncias e
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4 ACESSIBILIDADE DE USO EM
LÍNGUA DE SINAIS NOS ESPAÇOS
EDUCACIONAIS
Nesta seção, falaremos sobre acessibilidade e a importância que isso tem para
que os alunos ou as pessoas surdas tenham independência e uma vida normal como
às demais pessoas. Além disso, a tecnologia favorece para que os surdos consigam
se comunicar e exercer as diversas práticas sociais do dia a dia.
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A escola de surdos e a escola bilíngue são direitos que toda criança surda tem
para adquirir, como primeira língua, a Língua de Sinais. No entanto, o poder público
ou sociedade vem tendo dificuldade para cumprir sua obrigação constitucional e
precisa, nesta circunstância, priorizar o atendimento de comunicação em Língua
de Sinais para surdos, principalmente em famílias de filhos surdos.
MOÇÃO
PARÁGRAFOS A INCLUIR
FONTE: A autora.
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5 A ESCOLA BILÍNGUE
A escola de surdos e a escola bilíngue para surdos, considerada como
espaço visual e privilegiado de educação e desenvolvimento das crianças surdas,
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Identidade:
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6 SISTEMAS DE RELAÇÕES EM
LÍNGUA DE SINAIS
Nesta seção, estudaremos o sistema de relações em Língua de Sinais,
além disso, compreenderemos essas relações tanto na visão dos pais como da
comunidade surda.
Capovilla (2008) comprova que a criança surda, desde bem pequena, é capaz
de estabelecer relações com o ambiente em que vive, ou seja, com as pessoas
se comunicando em Língua de Sinais, principalmente pais surdos e filhos surdos
com estimulação precoce em Língua de Sinais. Quanto mais elaborado e rico for
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8 COMUNIDADE SURDA
Por que dizer comunidade surda? Tem alguma relação com os sujeitos
surdos? Por que sempre nos referimos à comunidade surda? Onde fica essa
comunidade? O termo “comunidade” pode gerar língua e cultura em qualquer
parte do mundo, conforme o conceito básico e geral da palavra.
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Capítulo 1 CONDIÇÕES DE ENSINO DE LIBRAS
Para que você conheça alguns desses livros infantis, a seguir você poderá
visualizar as capas desses livros, assim como uma pequena resenha de cada um
deles.
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Viu como é importante conhecer e entender a legislação voltada para a
área de Língua de Sinais? Então, continuaremos estudando sobre a prática do
conhecimento nas legislações, que é uma grande aliada nestas horas, quanto
mais exercitarmos, melhor entenderemos os nossos direitos linguísticos!
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Capítulo 1 CONDIÇÕES DE ENSINO DE LIBRAS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis
nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às
pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/
D5296.htm. Acesso em: 27 jul. 2020.
PADDEN, C.; HUMPHRIES, T. Sharing a Culture. New York: WFD News, 1993.
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C APÍTULO 2
A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO
INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
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Capítulo 2 A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Faremos uma leitura a respeito do ser surdo, mas em uma experiência visual,
em que há uma inclusão na identidade cultural e na Educação de Surdos.
2 PRIMEIRA CONSTRUÇÃO DE
IDENTIDADE: “A CRIANÇA SURDA
OU A IDENTIDADE NEGADA”
Nesta primeira seção, conversaremos sobre a criança surda e a construção
da sua identidade. Para iniciar a nossa conversa, convidamos você, caro
acadêmico, a assistir ao documentário “Sou surdo e não sabia”.
Depois de assistir a esse filme, podemos fazer uma relação entre ele, seu
título e o texto que leremos a respeito da identidade surda. É muito importante
refletir sobre as crianças surdas nos espaços educacionais, onde devem construir
a sua identidade. Vamos assistir a esse filme!
FONTE: <http://filmessurdez.blogspot.com/2011/02/sou-
surdo-e-nao-sabia.html>. Acesso em: 10 jul. 2020.
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Capítulo 2 A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
É mais provável que não houvesse lugar para a criança surda nesse mundo, cuja
visão dos ouvintes predomina, em que não há muito espaço para que os surdos
adultos ajudem as crianças surdas a se construírem na sua identidade surda, e
não pela identidade negada às crianças surdas, bem como pela imposição de
uma tentativa de normalização perante a sociedade.
Até os treze anos e nove meses permaneci em casa sem receber educação
de espécie alguma. Eu era totalmente analfabeto. Expressava minhas ideias com
sinais e gestos manuais [...] os sinais que eu usava a fim de expressar minhas
ideias para a minha família eram muito diferentes dos sinais dos surdos-mudos
instruídos. As pessoas estranhas não nos compreendiam quando expressávamos
nossas ideias com sinais, mas os vizinhos, sim. [...] As crianças de minha idade
não queriam brincar comigo, desprezavam-me, eu era como um cão. Passava o
tempo sozinho, brincando de pião, com um bastão e uma bola ou andando com
pernas de pau (SACKS, 1990, p. 58-59).
Percebe-se que ele teve uma ausência de uma língua genuína (tipo de língua
primitiva, mas usava os sinais nativos, que ele e seus irmãos haviam criado,
o que constituía um sistema gestual complexo, mas quase sem gramática).
Prosseguindo com o relato de Massieu: “Eu via bois, cavalos, burros, porcos,
cães, gatos, verduras, casas, campos, vinhas e, depois de ver todas essas coisas,
recordava-me bem delas” (SACKS, 1990, p. 59).
O que impressiona ao ler o relato de Massieu, é que ele não tinha uma noção
de números. “Antes de minha educação eu não sabia como contar; meus dedos
ensinaram-me. Eu não conhecia os números; contava nos dedos e, quando a
contagem ultrapassava dez, fazia marcas num pedaço de pau” (SACKS, 1990, p.
59).
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https://prezi.com/e20wrlnnrei4/jean-massieu/.
O que acontece com as crianças surdas quando não têm acesso à linguística
desde o seu nascimento? Hoje em dia, quase 10% são filhas surdas de pais
surdos, expostas desde o início à língua de sinais, e se tornam usuárias nativas
dessa língua. As demais têm de viver num mundo auditivo-oral, mal-equipado
biológica, linguística e emocionalmente para lidar com elas, pois as crianças
surdas, em sua maioria, crescem como estranhas na própria família (SCHEIN,
1984). É fundamental a aquisição de uma língua numa idade no ínicio da vida
– essa primeira língua pode ser a de sinais ou a falada, pois é a língua, e não
qualquer língua específica, que desperta a competência linguística e, com isso,
também a competência intelectual.
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Capítulo 2 A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
O que fazer com as crianças surdas quando negam assumir sua identidade
surda?
Como ocorre quando se tem um bebê surdo no meio de sons? Oliver Sacks
(1990, p. 75) explica:
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Capítulo 2 A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
Para isso, é preciso tirar muitas dúvidas para os filhos surdos de pais
ouvintes, é preciso entender que a criança simplesmente é surda e trabalha mais
na visualidade. Quando surgem as angústias, sempre aparecem muitas perguntas
pelos pais ouvintes à procura de causa e significado: meu filho é surdo, e agora?
Por quê? Como? E se? Esses questionamentos e a falta de compreensão dessas
formas interrogativas parecem ominosas. O que podemos refletir sobre a visão
das crianças surdas?
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[...] A típica criança surda, que nasceu surda ou que ficou surda
antes de aprender o inglês, está completamente perdida no
banco da turma de ouvintes. O que diz o professor? Como lhe
posso tornar claros os meus pensamentos? O que posso fazer
para ser aceito pelas outras crianças? Está aqui alguém que
possa me explicar certas coisas depois das aulas? (LANE,
1992, p. 39).
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FONTE: <http://www.porsinal.pt/index.
php?ps=biblioteca&idt=liv&cat=31&idbib=917>. Acesso em: 27 jul. 2020.
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Capítulo 2 A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
trazida das famílias surdas para a vida da escola dos surdos. Da mesma forma,
as suas visitas à escola de Raymond foram também sintetizadas em linguagem
igualmente poderosa: “levou-me a respeitar os surdos como comunidade, uma
forma de vida, uma cultura, antes de conhecer estas palavras” (LADD, 2013, p.
112).
https://cutt.ly/BcJhuau.
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Assim como os pais surdos de duas filhas surdas têm de ser, em certo
sentido, “superpais”, também as crianças surdas precisam ser, ainda mais
obviamente, “supercrianças”. Desse modo, a Fiorella, aos cinco anos, já lia com
fluência e demonstrava uma verdadeira e espontânea paixão pela leitura, e nessa
idade estava começando a mergulhar no mundo bilíngue e bicultural, enquanto
a maioria das crianças surdas passa a vida inteira com uma só língua e uma só
cultura.
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O ENSINO DE LIBRAS
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COMUNICAÇÃO EM LIBRAS
Aquilo que estava no outro surdo era o igual que eu queria, tinha
a comunicação que eu queria, o que era dele era meu também.
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Fazendo as suas narrativas para que ele chegue não como uma construção
de identidade unificada, mas diferentemente dos ouvintes, como a cultura visual
e diferenciada e a Língua de Sinais Brasileira, que é a nossa língua. Somos
professores surdos e eles são professores ouvintes, e esta é a nossa identidade
diferenciada, como afirma Atena (2014):
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forte, pois ao usar a língua de sinais ele demonstra o seu poder” (Afrodite 2014)
(REIS, 2015, p. 133).
Grossberg (1997) explica que as lutas pela identidade não mais envolvem
questões de distorção ou adequação, mas lutas de representação e de cuidado
de si, de produção de identidades adotadas pelas práticas de representação.
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FONTE: <http://www.terceironome.com.br/antropologia/
surdos1.html#>. Acesso em: 29 jul. 2020.
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Capítulo 2 A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
É possível deduzir que a cultura visual usada pelo ouvinte lhe é de importância
máxima para o acesso de conhecimento, embora muito pouco reconhecida e
apreciada. Já a cultura dos surdos é constituída com signos visuais especifícos.
Não é necessário dar uma descrição da cultura surda em sua essência, como
pura ou unificada, falamos de uma cultura surda composta de signos culturais
contemporâneos surdos e em crescente reinscrição. Ela é acrescida daqueles
signos e significados culturais constituídos pelos agentes que a compõem, no
caso, os surdos.
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6 PRESENÇA E RECONHECIMENTO
DA CULTURA SURDA NA EDUCAÇÃO
SUPERIOR
Então, comece a refletir: que tipo de presença de reconhecimento é
este para se colocar a questão de cultura surda na Educação Superior? Essa
presença e reconhecimento da cultura surda são sempre complexos. Eles têm
a sua especificidade histórica; e embora sempre exponham semelhanças e
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Capítulo 2 A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
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Essa professora surda produziu sua narrativa com sua relação usuária em
Língua Brasileira de Sinais e com o conhecimento da cultura visual na Educação
Superior, porém, a Libras é algo que se faz na produção da cultura, para ela, é
criar, simbolizar e fazer circular sentido, é um processo de interação na Educação
Superior.
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Capítulo 2 A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A identidade surda é muito importante. Os surdos podem pensar em concordar
que uma pessoa que não seja surda nunca pode adquirir completamente aquela
identidade e tornar-se um membro habilitado da comunidade surda, porém falar
e pensar como uma pessoa ouvinte é negativamente considerado na cultura dos
surdos. Eles pensam como um pertencimento da cultura surda, como sentem a
mesma família, uma metáfora que é fundamental e que nunca vai se dissolver e
nem acabar com a cultura surda.
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Capítulo 2 A EXPERIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
REFERÊNCIAS
BHABHA, H. K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana Lourenço
de Lima Reis, Glaúcia Renata Gonçalves. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
GROSSBERG, L. Identidade e estudos culturais: é tudo que há? In: HALL, S.;
GAY, P. D. (Orgs). Questions of cultural identity. Londres: Sage, 1997.
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SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo:
Companhia das letras, 1990.
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C APÍTULO 3
O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE
SURDOS
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Capítulo 3 O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, estudaremos sobre o currículo na Educação de Surdos e o
porquê de trabalhar com tal currículo por meio do jeito cultural dos surdos na sala
de aula, bem como com toda a dinâmica em Língua de Sinais e a adequação da
cultura surda dentro do currículo. Vamos, também, conhecer, pesquisar e discutir
sobre esse currículo completamente diferente do jeito dos ouvintes, devido ao fato
de a primeira língua ser a de Sinais e a segunda, a Língua Portuguesa.
2 O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE
SURDOS
Iniciaremos discutindo sobre o currículo na Educação de Surdos. Você já
ouviu falar nesta discussão? Trata-se de um material elaborado e publicado pela
pesquisadora surda Carolina Hessel Silveira, intitulado “O currículo de Língua de
Sinais na Educação de Surdos” (2006). O próprio nome já explica que é um texto
fundamental para a estruturação do currículo, sendo de caráter cultural para a
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Educação Infantil. É um currículo que deve ser amplamente divulgado, por isso,
dedicaremos esta seção para a apresentação dos detalhes necessários.
Esse currículo cultural sofreu e ainda sofre críticas por parte de alguns
educadores que não são favoráveis à cultura surda, porém, é consenso o seu
valor de normalizar e padronizar o currículo escolar perante a sociedade. Isso
porque a Educação Infantil costuma ser posta em segundo plano e, neste caso, a
publicação desse currículo cultural significou relevante avanço para a Educação
de Surdos e educação bilíngue para surdos. Considerando que os materiais,
práticos e teóricos, nesta área são muito raros, o que a pesquisadora produziu
sobre o currículo da Língua de Sinais na Educação de Surdos acabou sendo um
marco, reforçando a importância da Educação de Surdos.
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Capítulo 3 O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
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Capítulo 3 O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Agora você entende como é a Educação Bilíngue, mas e a posição dos alunos
surdos na sala de aula? Como devemos trabalhar com eles, adaptando o jeito dos
surdos? O importante é entender que a posição cultural dos alunos surdos na
sala de aula mostra os resultados das mudanças de visão que os surdos têm hoje
sobre ‘um novo jeito de ser surdo’, ou seja, sobre buscar identificação naquilo
que rompe com os aspectos que envolvem a educação, que nos entendia como
deficientes.
Assim, vemos como é a didática cultural para trabalhar com os alunos surdos,
que se encaixa no currículo cultural, por exemplo:
FONTE: A autora
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Sobre esta questão, aqui estamos nos referindo ao sujeito surdo, somos
sujeitos diferentes, somos os outros, somos estranhos, como se fôssemos
estrangeiros. Há uma visão dos surdos distinta da visão dos ouvintes. Como
afirma Hall (2000, p. 90), “o conceito de representação desenvolve-se como uma
teorização sobre identidade e diferença”.
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Capítulo 3 O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Então, o que surge com essa nova teorização, a qual relaciona a nova
didática cultural, envolvendo os sujeitos surdos do seu ponto de vista cultural
como um ‘estranho’, ‘diferente’ (alteridade), é uma forma de visão cultural sobre
os surdos.
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2 Por que é importante usar a didática não como ouvinte, mas sim
ensinar de forma cultural?
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FONTE: <https://www.feedobem.com/single-post/2019/11/26/A-
Sociedade-dos-Poetas-Mortos>. Acesso em: 27 jul. 2020.
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Capítulo 3 O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
FONTE: <http://clenio-umfilmepordia.blogspot.com/2017/10/
filhos-do-silencio.html>. Acesso em: 27 jul. 2020.
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a) Cultura Surda.
b) Identidades Surdas.
c) Escrita de Língua de Sinais.
d) Significados de normalidade/anormalidade.
e) Literatura Surda.
f) Políticas Educacionais de Surdos.
g) História Cultural de Surdos.
h) Dia dos Surdos.
i) Dia do Índio Surdo.
j) Crianças Surdas.
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https://cutt.ly/UcJQAUa.
3 PEDAGOGIA DA DIFERENÇA OU
DOS SURDOS
A educação ocupa um lugar estratégico no pensamento dos professores
surdos. Ela é a própria prática de que se ensina enquanto se produz o próprio
processo de transgressão pedagógica, seguindo uma nova pedagogia da
diferença, mesmo que nem todos os professores surdos tenham a mesma
estratégia. A preocupação em incentivar professores surdos capazes de
transformar a pedagogia de surdos que está no povo surdo é sempre presente.
Os professores surdos intelectuais traçam os caminhos da pedagogia dos
surdos. Hoje em dia, há uma articulação explícita entre educação e luta política.
A educação traz um objetivo em si para guerrear contra a ignorância e a miséria,
e, também, é instrumento de atuação política contra os privilégios, as injustiças e
todas as formas de exploração.
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Com tudo isso, torna-se muito importante criar um novo currículo específico
para os surdos. Os currículos, além de sempre apresentarem novas estratégias
pedagógicas, também necessitam de disciplinas que em suas práticas estimulem
e promovam a identidade cultural. Ao utilizar na sala de aula a primeira língua
como contação de histórias dos surdos, a utilização de recursos como poesia e
narrativa dos surdos, isto levaria a uma maior consciência sobre a cultura surda.
O ensino de uma forma escrita da língua de sinais dentro de uma disciplina de
língua de sinais, além da discussão em torno da teoria de identidade surda,
apresenta-se como muito importante a transmitir aos alunos surdos. Isso é
uma abordagem da pedagogia dos surdos que levaria em conta precisamente
as contribuições da teoria cultural e da qual emergiria uma nova produção da
identidade e da diferença do professor surdo na sala de aula.
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Vê-se que um professor surdo na sala de aula tem a sua liberdade em dar as
suas aulas. Dentro da sala de aula regular ele é posto numa situação em que se
lhe impõe uma aparente norma, ele é incluso dentro da diversidade. Muitas vezes,
a inclusão está trabalhando na perspectiva da diversidade na escola regular, mas
na verdade os surdos não estão dentro desta, porque são considerados como
pertencentes à diferença devido ao uso da sua própria língua, de sua cultura, de
sua identidade. Um fato que pode atestar isso é o olhar de pedagogos surdos na
sala de aula e de seu bom relacionamento com os alunos surdos devido ao uso
de mesma língua e identificação cultural.
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desenvolvem como uma política pedagógica, que traz a marca da sua identidade,
sua diferença, ao questionarem, reconhecerem e celebrarem a identidade. Como
afirma Lara (2003, p. 11), “então, o que é dado se apresenta diante de nós como
algo que não só não deve ou não pode ser superado como também com o que
está ainda por ser alcançado em sua plenitude, visto que é o desejável”.
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permanece à deriva, diz-se que não se esforça para aprender, não se sabendo
ver o outro lado nobre e rico da pedagogia dos surdos.
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Vê-se que o currículo surdo não pode ser entendido apenas no âmbito
das práticas cotidianas, de metodologias, de ter ou não ter domínio de um
vocabulário em língua de sinais; ele nem mesmo pode ser entendido como sendo
uma inclusão simplificada de conteúdos sobre a história surda, sobre a língua
escrita dos surdos etc. Um currículo surdo exige que nós pensemos na nossa
capacidade de olhar para os surdos colocando-os em outras tramas, que não
aquelas atreladas às pedagogias corretivas.
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Enfim, pensar em um currículo surdo que possa produzir, nas relações que
se estabelecem dentro dele, outros marcadores surdos, pressupõe espaços para
a leitura do devir e para o sabor de viver o acontecimento. Devir e acontecimento
não podem constituir nem propostas pedagógicas acabadas nem, muito menos,
um currículo surdo, só podem estabelecer no acontecimento e na possibilidade de
espaço nas escolas para que outras relações e outras verdades possam circular
e formar outras marcas naqueles que vivem o currículo e fazem dele algo sempre
em movimento.
Para finalizar esse capítulo, esperamos que você tenha gostado dessa
reflexão a respeito do currículo e de como usar a didática para os alunos surdos,
respeitando o seu jeito de ensinar de uma forma cultural.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao longo desse livro, vimos o currículo na Educação de Surdos, aprendemos
como usar o currículo por meio do jeito cultural dentro da identidade cultural e
as diversas possibilidades de identidade, bem como a questão da diferença e
da alteridade como ponto de fuga da representação proposta pelo ouvintismo.
Também evidenciamos a necessidade de usar um material didático adequado a
este sujeito e priorizar o ensino de Língua de Sinais, que se encaixa na cultura
surda. Ressaltamos que é preciso analisar a didática aplicada em Língua de
Sinais nas escolas de surdos para captar essa prática dos professores surdos e
entender o jeito como eles ensinam os alunos surdos.
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tem, mas é importante perguntar a opinião dos professores surdos, o que pensam
desse currículo adequado à cultura surda e o que pensam que deve ser inserido
na grade curricular? Devemos pensar sobre como situar o papel do professor
surdo nas escolas de surdos e a visão dos ouvintes sobre ele, bem como o
currículo na Educação de Surdos. Por isso, é importante trabalhar nessa prática
para perceber como é o jeito cultural de se ensinar para alunos surdos na sala
de aula de uma forma diferenciada, específica e bilíngue, promovendo, assim, a
transgressão pedagógica dos professores surdos.
Sucesso!
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REFERÊNCIAS
BHABHA, H. K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana Lourenço
de Lima Reis, Gláucia Renata Gonçalves. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
PADDEN, C.; HUMPHRIES, T. Sharing a Culture. New York: WFD News, 1998.
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SKLIAR, C. Um olhar sobre nosso olhar acerca da surdez e das diferenças. In:
SKLIAR, C. (Org.). A surdez, um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre:
Mediação, 1998.
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