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LICENCIATURA EM DIREITO
2º Ano
Disciplina: DIREITO FISCAL E ADUANEIRO
Código: ISCED21-CJURCFE008
Total Horas/1o Semestre: 125
Créditos (SNATCA): 5
Número de Temas: 07
INSTITUTO SUPER
1
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e
Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos.
É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste
manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos,
mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa
de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a
Distância (ISCED).
Fax: 23323501
E-mail: isced@isced.ac.mz
Website: www.isced.ac.mz
2
Agradecimentos
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)
agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na
elaboração deste manual:
3
Contents
Avaliação ………………………………………………………………………………………………………………………………14
UNIDADE Temática 1.1. Conceitos: Direito Financeiro, direito tributário e direito fiscal ……………17
INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………………………………………………17
OBJECTIVOS: …………………………………………………………………………………………………………………17
UNIDADE Temática 1.1. Conceitos: Direito Financeiro, direito tributário e direito fiscal. ……………17
4
Direito Fiscal e Direito Tributário …………………………………………………………………………………………19
Exercícios: ……………………………………………………………………………………………………………………………..21
Introdução ………………………………………….………………………………………………………………………………….22
Objectivos: ………………………………………………………………………………………22
Taxa ……………………………………………………………………………………………………………………………33
Impostos sobre o rendimento, impostos sobre o património e imposto sobre o consumo …41
5
EXERCÍCIOS …………………………………………………………………………………………………………………43
Sumário ……………………………………………………………………………………………………………………………..44
6
TEMA VI. RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL …………………………………………………………………………58
Incidência …………………………………………………………………………………………………………………………….64
BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………………………………………………………….98
7
Visão geral
Objectivos do Módulo
8
Páginas introdutórias
Um índice completo.
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por um
sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática
ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de auto-
avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os exercícios
de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios
teóricos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algumas
incluído estudo de casos.
Outros recursos
9
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação
Comentários e sugestões
Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens
das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica
de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de
actividade, etc.
10
Habilidades de estudo
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto
11
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar
que já domina bem o anterior.
12
a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está
a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens,
definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para
colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor
altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do
texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário
sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe
é familiar;
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas
ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de atendimento e
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms,
E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a
preocupação.
Avaliação
1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária,
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.
14
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e concistente.
15
16
TEMA – I: INTRODUÇÃO AO DIREITO FISCAL
UNIDADE Temática 1.1. Conceitos: Direito Financeiro, direito tributário e direito fiscal
INTRODUÇÃO
A realização da despesa pública tem como pressuposto a arrecadação de
receitas com vista a tornar possível a efectivação dos interesses da
colectividade. As receitas fiscais constituem a principal fonte de
financiamento do Orçamento do Estado. Deste modo torna-se fundamental
para os estudantes do curso de Direito o estudo do sistema fiscal e
aduaneiro moçambicano.
OBJECTIVOS:
Ao completar esta unidade, você será capaz de:
UNIDADE Temática 1.1. Conceitos: Direito Financeiro, direito tributário e direito fiscal.
Antes de mais, e de modo a estabelecer melhor a delimitação do nosso
módulo, importa compreender os conceitos de Direito Financeiro, Direito
Tributário e Direito Fiscal.
2
NABAIS, J., Direito Fiscal, 4ª Ed. Almedina, Coimbra 2007, p. 4.
18
- Direito patrimonial;
3
NABAIS J. Op cit p6.
19
Assim, o direito fiscal é o conjunto de normas que disciplinam as relações
que se estabelecem entre o Estado e outros entes públicos, por um lado, e
os cidadãos, por outro lado, por via do imposto em suas fases,
nomeadamente, a incidência, o lançamento, a liquidação e a cobrança. Ou
seja, o direito fiscal estabelece normas que regulam o “nascimento, o
desenvolvimento e a extinção das relações jurídicas suscitadas pela percepção
do imposto”4
Direito aduaneiro
4
PEREIRA M., Fiscalidade, 2a Ed. Coimbra, 2007, p.126.
20
Coloca-se a questão de saber se o direito aduaneiro é ou não um sub-ramo
do direito tributário?
Exercícios:
1. Defina o Direito Fiscal.
2. Distinga o direito financeiro do direito fiscal.
3. Defina o direito de crédito e indique os respectivos sub-ramos.
4. Distinga o Direito Fiscal do Direito Tributário.
5. Direito aduaneiro é mesmo que direito fiscal?
5
TREVISAN, R. Temas actuais de direito aduaneiro, Ed. Lex/Aduaneiras, 2008.
21
TEMA- II: ÂMBITO E NATUREZA DO DIREITO FISCAL
UNIDADE TEMÁTICA 2. Âmbito e enquadramento do Direito Fiscal
Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira conhecimentos
básicos sobre o âmbito e o enquadramento jurídico da cadeira que estamos
a estudar. O direito fiscal regula ainda matérias sobre as infracções fiscais
e respectivas sanções, o exercício da soberania financeira e formulação de
leis fiscais e estabelece normas que disciplinam os conflitos internacionais de
tributação (Direito fiscal internacional).
Objectivos:
Entender o enquadramento jurídico da cadeira
Conhecer A lei nº 2/2006 de 22 de Março, Lei Geral Tributária
(LGT), que trata sobre as matérias infracções tributarias
Distinguir o Direito Fiscal adjectivo do Direito Fiscal Substantivo
Compreender a natureza do Direito Fiscal
23
e) Normas relativas ao processo fiscal:
Estabelecem as garantias contenciosas dos contribuintes (processo de
impugnação judicia) e regulam a cobrança coerciva dos impostos (processo
de execução fiscal).
6
Normas que informam a Constituição fiscal, que constitui a garantia da legalidade dos impostos e da liberdade
dos particulares contra abusos da Administração Pública (BRAZ, A., Princípios do direito Fiscal I, p.p. 20 e 23).
24
não só tendo em conta as finalidades prosseguidas pelo imposto como
também por o seu sujeito activo ser o Estado, ou outro ente público, que
intervêm nas relações jurídico-fiscais dotados de poder de autoridade.
Exercícios
25
TEMA III: IMPOSTO E FIGURAS AFINS
Unidade temática 3. Definição de imposto
Introdução
26
ou parte dela, através do pagamento de prestações exigíveis dos
particulares que utilizam tais serviços
Objectivos
Definir o imposto;
Caracterizar o imposto;
Conhecer as figuras afins ao imposto;
Classificar os impostos e Conhecer a sua evolução e conceito.
DEFINIÇÃO DE IMPOSTO
Ao longo dos tempos o conceito de imposto tem vindo a sofrer alterações
consideráveis, variando a mesma segundo a época e segundo as
características que o iam informando. Desde da ideia da relação da
subordinação de vencido para vencedor até à obrigação de contribuir para
a satisfação das despesas publicas, o conceito de imposto passou, na sua
evolução, por diversas fases, nomeadamente, na idade Média tinha a
característica de presente dado ao soberano, traduzindo, por vezes, a ideia
de humilde pedido feito por este aos seus vassalos para prover à sua
subsistência.
27
de imposto na honrosa obrigação de cada um contribuir para a satisfação
das despesas públicas.
Não existe uma definição constitucional do imposto, limitando-se a lei
fundamental a afirmar no seu artigo 100o CRM que: “os impostos são criados
ou alterados por lei, que os fixa segundo critérios de justiça social”, ou ainda
no artigo 127, nºs 2 e 3 que:
“2.Os impostos são criados ou alterados por lei, que determina a incidência, a
taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.”
“3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não tenham sido criados
nos termos da Constituição e cuja liquidação e cobrança não se façam nos
termos da lei.”
7
JEZE, G, Cours de Finances Publiques, 1931.
28
das finalidades do imposto, pois para além da obtenção de receitas o
imposto contribui para o desenvolvimento económico e social.
De forma completa o imposto pode ainda ser definido como “uma prestação
coactiva, patrimonial, positiva, definitiva, não sinalagmática, sem carácter de
sanção, estabelecida por Lei, a favor de uma entidade pública ou com funções
públicas, para a satisfação de necessidades públicas e redistribuição de
riqueza, independentemente de qualquer vínculo anterior”8. Neste conceito
pode se perceber-se que, o sujeito activo não é apenas o Estado, como
também todas as entidades públicas ou com funções públicas.9
8
WATY, T., Direito Fiscal, 3ª Ed. W&W Editora, 2007, p. 148.
9
Segundo Guimarães (1993), conceitualiza o imposto como sendo uma prestação definitiva e unilateral estabelecida
por Lei a favor de uma pessoa que exerce funções públicas para a realização de fins públicos, e que não constitui
sanção de um acto ilícito. Para Teixeira (1995), imposto é uma prestação definitiva e unilateral, estabelecida pela Lei
a favor de uma pessoa colectiva de direito público, para a realização de fins públicos, a qual não constitui sanção de
um acto ilícito.
29
- O imposto é uma prestação sem carácter de sanção
30
o contribuinte não tem a prerrogativa de optar em não pagar a dívida
tributária ou de negociar ou determinar livremente o montante do imposto.
Caso o contribuinte não cumpra com as suas obrigações dentro do prazo
estabelecido por lei, o Estado e outros entes públicos, podem recorrer ao
processo de execução de modo a obrigá-lo a cumprir o seu dever de pagar
o imposto.
31
diferentemente do imposto. O confisco e a multa São exemplos de sanções
patrimoniais
Sobre esta questão uns consideram que trata-se de uma pessoa colectiva
de direito público e para outros autores o ente público refere-se a entidades
que que exercem funções públicas. A Constituição da República de
Moçambique, no que tange ao sistema fiscal, no seu artigo 127, refere-se
ao facto de o sistema fiscal estar estruturado “com vista a satisfazer
necessidades do Estado e das demais entidades públicas…”. Já o artigo 13
da lei nº 2/2006 de 22 de Março, dispõe que “ Sujeito activo da relação
juríudico-tributária é a entidade de direito público, titular do direito de exigir
o cumprimento das obrigações tributárias, quer directamente quer através de
representante”. Os demais entes públicos podem ser por exemplo as
Autarquias Locais.
32
que as despesas públicas são o fundamento e contribuem a medida do
imposto.
- A taxa,
- A contribuição especial,
- O empréstimo forçado e
Taxa
O conceito de taxa remete-nos a figura de tributo, a qual apresenta uma
classificação binária, nomeadamente os tributos unilaterais ou impostos e
tributos bilaterais ou taxas. As taxas são diferentes do imposto na medida
em que aquelas designam prestações avaliáveis em dinheiro, exigidas por
uma entidade pública como contrapartida individualizada pela utilização
de um bem do domínio público, (Ex: taxas de aterragem, taxa de lixo, taxa
de rádio, Taxa de Serviços: licença de caça, licença de exploração de
minas, licença de corte de florestas).
Portanto a taxa, é um valor pago pelo cidadão como resultado dos serviços
prestados pelo Estado e outros entes públicos. Trata-se portanto de um
33
tributo bilateral, com origem sinalagmática e corresponde a uma prestação
específica. Estas só podem ser cobradas quando associadas a uma acção
do Estado.
Tarifas
As tarifas são um tipo de taxas que exprimem não apenas uma
equivalência jurídica, como sucede com as taxas, mas também uma
equivalência económica, como é característico dos preços.
Assim, consideram-se tarifas, as contraprestações de serviços, geralmente
prestados pelas autarquias locais, ou concessionários, nomeadamente:
- Actividades de exploração de sistemas públicos de distribuição de
água;
34
- Serviços de drenagem de águas residuais;
- Serviços de recolha, depósito e tratamento de resíduos sólidos;
- Serviços de transporte colectivo de pessoas e mercadorias;
- Serviços de distribuição de energia eléctrica;
- Etc.
Contribuição especial
Nas figuras afins ao imposto, dentro do conceito de tributo, para além do
imposto e da taxa, podemos encontrar a contribuição especial, que faz a
ponte entre o imposto e a taxa.
A contribuição especial assenta num benefício individualizado reflexamente
derivado da actuação de um sujeito público, como exemplo podemos citar
o caso das mais-valias prediais resultantes de uma obra pública, que dariam
lugar a contribuições de melhoria.
35
Empréstimo forçado
Para a realização das suas despesas o Estado pode recorrer ao crédito ou
empréstimo público. Assim, o empréstimo concedido ao estado pode
apresentar as seguintes características:
36
e são consignadas às entidades públicas que prosseguem a actividade
ligada à segurança social em substituição da acção directa do Estado.
38
podemos citar o Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singular, o Imposto
Pessoal Autárquico, etc.
39
pressuposto da tributação assenta portanto na característica de
estabilidade ou continuidade, por exemplo: a propriedade de um imóvel, o
exercício de uma actividade comercial, industrial ou agrícola.
Os Impostos não estaduais têm como sujeito activo, uma pessoa colectiva
pública diferente do Estado, por exemplo uma autarquia local ou um
instituto público.
40
Impostos sobre o rendimento, impostos sobre o património e imposto
sobre o consumo
Os Impostos sobre o rendimento têm como base de incidência o
rendimento, por exemplo o IRPS e o IRPC.
Imposto de Mais-valia
O imposto sobre mais-valia está plasmado na lei 33/2007 de 31 de
Dezembro, no art. 40 (Determinação das mais-valias).
41
UNIDADE TEMÁTICA 3.4. FUNÇÃO DOS IMPOSTOS.
Segundo Tavares (1982, p. 313 e 314,), pode-se ver que foi tratado as
funções do imposto num regime de economia liberal evoluída. Entender-se-
á que com a expressão de funções do imposto se pretenderá fazer ressaltar
apenas a utilização que lhe é dada, a missão que lhe é assinalada, ou seja
fazer ressaltar as consequências que, com a sua aplicação, se pretendem
atingir. Verifica-se, assim, que ao imposto podem ser atribuídas três funções:
42
c) Uma função social
EXERCÍCIOS
1. O que entendes por imposto?
2. Distinga os impostos de outras figuras afins.
3. Indique as características do imposto.
4. Classifique os seguintes impostos: IRPS, IRPC, ICE e IVA
5. Qual é a importância do imposto?
CASO PRATICO:
Num seminário de direito fiscal, um dos palestrantes convidados diz que: “A
classificação dos impostos tripartida, ou seja, sobre o rendimento, património
e consumo é, actualmente, a mais completa, encontrando-se aliás tipificada no
sistema fiscal moçambicano”.
43
Sumário
Como vimos ao longo dessa unidade temática, não existe uma definição
constitucional do que vem a ser imposto, mas encontramo-la na Lei Geral
Tributaria, Lei nº 2/2006 de 22 De Marco, a qual define no art. 3 nº 3 e
ao longo da mesma vai apresentando as características e descreve as
figuras afins do imposto, diferenciando-a da taxa, credito forçado.
44
TEMA IV. FONTES DO DIREITO FISCAL
UNIDADE TEMÁTICA 4.1. Leis e Decretos-Leis
Exercícios
Introdução
Objectivos
45
UNIDADE TEMÁTICA 4. A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA;
A constituição da República é a lei fundamental e ocupa o lugar cimeiro na
hierarquia das leis. É portanto o primeiro modo de formação e revelação
do direito fiscal.
E é a própria CRM, no n.º 2 do art. 127 que dispõe que a lei deve regular
os elementos essenciais do imposto.
NB: Sobre esta matéria veja também o artigo 4 da LGT e artigo 3 da Lei
n° 15/2002 de 26 de Junho.
46
1.2 Princípio da Tipicidade
Este princípio está relacionado com o princípio da legalidade e significa
que são considerados impostos aqueles que se encontram especialmente
previstos na lei. Assim, o n.º 1 do art. 3 da Lei n° 15/2002 de 26 de Junho
dispõe que:
“ Não há lugar a cobrança de impostos que não tenham sido estabelecidos por
lei.
47
impõe limites com vista a evitar a aplicação de normas descontextualizadas
e prejudiciais aos cidadãos.
A matéria fiscal não é susceptível de referendo. Esta questão tem a ver com
questões partidárias, no sentido de que questões ligadas as manipulações
políticas podem influenciar no processo de tomada de decisão num assunto
tão importante como a questão dos impostos.
48
1.7. Princípio da consideração fiscal da família
10
NABAIS J. op. Cit, p. 161.
49
Artigo 11, al. b) “ A edificação de uma sociedade de justiça social e a
criação do bem-estar material, espiritual e de qualidade de vida dos
cidadãos”;
De acordo com este princípio entende-se que deve-se ter em conta uma
maior ou menor tributação, ou mesmo tributação e não tributação de acordo
com as circunstâncias. Orienta-se para a tributação ou para maior tributação
na medida em que suporta a progressividade dos impostos, a tributação do
capital, a extrafiscalidade e a tributação das prestações sociais (se e na
medida em que excedam os mínimos existenciais estabelecidos e assegurados
pelas prestações sociais).11
11
Idem p. 163
50
IVA, que aprovam a incidência, taxas e benefícios fiscais relativos aqueles
impostos.
Esta limitação do artigo 100 (reserva de lei), pode, em alguns casos, ser
afastada por aquilo que se designa Decreto-Lei. Ou seja, estas matérias
podem ser reguladas pelo governo, mas mediante autorização legislativa
prévia da Assembleia da República, que definirá o objecto, o sentido e a
duração do decreto-lei.(Veja artigo 143 nº 3, 180 e 181 da CRM).
51
UNIDADE TEMÁTICA 4.3. CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
Nos termos do nº 1 do artigo 18 da CRM, os tratados e acordos
internacionais validamente aprovados e ratificados na ordem
jurídica moçambicana, vigoram na ordem jurídica moçambicana
após a sua publicação oficial e enquanto vincularem internamente o
Estado moçambicano.
52
Quando o tribunal para decidir determinada questão não tenha
normas aplicáveis aquele caso/situação, e como o tribunal não
pode recusar se a julgar invocando ausência ou não clarificação
das normas, o legislador impõe ao juiz que ele próprio crie uma
norma jurídica aplicável aquele caso concreto, como se ele fosse
um autentico legislador. Neste caso diz-se que a jurisprudência
é fonte de Direito Administrativo.
O caso dos assentos12. As leis orgânicas (dos tribunais
administrativos e judiciais) determinam que compete ao plenário
dos tribunais supremos proceder a uniformização de
jurisprudência o resultado desta deliberação (assentos) será de
cumprimento obrigatório. Assim, só no caso de uniformização de
jurisprudência è que esta è considerada fonte de Direito
Administrativo.
EXERCÍCIOS
12
As anteriores Constituições nunca se referiram aos assentos enquanto a actual faz menção expressa aos
mesmos.
53
CASO PRÁTICO:
Havendo dúvidas quanto a norma de incidência do imposto X
existente, a Assembleia da República, concedeu ao Governo uma
autorização legislativa, com o seguinte teor:
54
TEMA V. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE LACUNAS NA LEI FISCAL
UNIDADE TEMÁTICA 5. Interpretação e integração da lei fiscal
Introdução
Objectivos
55
UNIDADE TEMÁTICA 5. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI FISCAL
Tal como as restantes normas jurídicas, as normas fiscais carecem de
critérios de interpretação, ou seja, de regras que nos habilitem a fixar seu
sentimento e alcance do legislador, determinar o conteúdo do comando
nele contido.
No que respeita a sua eficácia, é de natureza das leis que, em geral apenas
disponham para o futuro. Os comandos normativos aplicam-se, em regra, a
56
factos que lhe são posteriores (veja art. 12.º do Código Civil). Aliás, trata-
se de um princípio constitucional previsto no n° 5 do artigo 127 da
Constituição da República.
Assim, esta regra geral também se aplica a matéria fiscal. Ou seja, as leis
tributarias dispõem sempre para o futuro, salvo se a sua aplicação
retroactiva beneficiar ao contribuinte. É nesse sentido que dispõe o n° 1 do
artigo LGT, nos seguintes termos:
EXERCÍCIO
57
TEMA VI. RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL
Introdução
Objectivos
58
se do nexo de correspondência recíproca entre direitos e vinculações
encabeçados em pessoas jurídicas.
A relação jurídica fiscal consiste no vínculo jurídico por virtude do qual uma
pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação de
natureza tributária. É uma relação obrigacional de direito público em que
os sujeitos passivos estão obrigados para com o sujeito activo à realização
de obrigações tributárias que têm como finalidade o pagamento da
prestação tributária.
1. Obrigação fiscal
59
obrigação como qualquer outra, apresenta características peculiares, que
as diferenciam de outras obrigações do direito privado.
a) Obrigação legal
Trata-se de obrigação pois é ex lege, na medida em que a mesma resulta
da lei, tem como fonte a lei. Por isso nasce do encontro do facto gerador ou
facto tributário com a hipótese legal. A relação jurídica fiscal se constitui
com a verificação do facto tributário.
b) Obrigação pública
Constitui obrigação pública na medida em que a sua disciplina jurídica se
integra no direito público, o que tem tradução nomeadamente na presunção
de legalidade do acto de liquidação ou acto tributário que suporta a sua
exigibilidade.
c) Exequível e executiva
Trata-se de uma obrigação exequível e executiva na medida em que, por
um lado, o acto tributário não é auto exequível, carecendo, portanto de
execução e, por outro lado, a sua execução não está dependente de
qualquer outra pronúncia para além da constituída pelo próprio acto
tributário.
60
d) Semi-executória
A obrigação fiscal é semi-executória na medida em que a sua execução
corre, em parte, na Administração Tributária (nos serviços de finanças do
domicílio ou sede do devedor ou da situação dos bens) e, em parte, nos
tribunais fiscais. É assim que o artigo 23 da Lei n° 2/2004 de 21 de Janeiro,
Lei Orgânica dos Tribunais Fiscais, dispõe que compete aos tribunais fiscais
conhecer:
a) conhecer dos processos relativos às infracções jurídico-fiscais;
b) conhecer dos actos de liquidação de receitas fiscais;
c) conhecer dos actos de fixação dos valores patrimoniais, bem como dos
actos de matéria colectável susceptíveis de impugnação jurisdicional
autónoma;
d) conhecer dos actos praticados por entidade competente nos processos de
execução fiscal;
e) conhecer da impugnação de decisões relativas à aplicação de multas e
sanções acessórias em matéria fiscal;
f) conhecer das acções destinadas a obter reconhecimento de direitos ou
interesses legalmente protegidos em matéria fiscal;
g) Conhecer dos incidentes, embargos de terceiro, verificação e graduação
de créditos, anulação de venda, oposição e impugnações de actos lesivos,
e ainda quanto a todas as questões relativas à legitimidade dos
responsáveis subsidiários suscitadas;
h) Do pedido de produção antecipada de prova feito em processo pendente
ou a instaurar em tribunal fiscal;
i) Dos pedidos de providência cautelares para garantia dos créditos fiscais;
j) Do pedido de execução das suas decisões;
k) Do pedido de intimação de qualquer autoridade fiscal para facultar a
consulta de documentos ou processos, passar certidões e prestar
informações, e;
l) Das demais matérias que lhes sejam deferidas por lei.
61
- A instauração da execução
- A citação dos executados,
- A reversão da execução contra terceiros,
- A penhora dos bens,
- A venda dos bens penhorados,
- A anulação da divida,
- A extinção da execução etc.
e) Indisponível e irrenunciável
62
f) Auto titulada
Trata-se de uma obrigação em relação a qual a administração fiscal cria
os seus próprios títulos executivos, constituídos pelas certidões de divida
extraídas pelos serviços competentes das notas de cobrança ou de outros
elementos que tiverem ao seu dispor, sendo estas certidões que servirão de
base à instauração do correspondente processo de execução fiscal.
g) Especialmente garantida
A obrigação fiscal é especialmente garantida devido às garantias especiais
que rodeiam o crédito tributário, garantias que colocam o credor tributário
numa posição vantajosa face aos credores comuns.
63
f) Momentos da obrigação de impostos
Os momentos da obrigação de impostos, momento que cronologicamente se
sucedem, desde a ocorrência do facto gerador do imposto até a sua
cobrança, são classificados em: incidência, lançamento, liquidação e
cobrança. Analisemos cada uma dessas fases;
- Incidência;
- Lançamento;
- Liquidação;
- Cobrança.
Incidência
A incidência é a definição geral e abstracta, feita pela lei, dos actos ou
situações sujeitas a imposto e das pessoas sobre as quais recai o dever de
prestar.
Nascida a obrigação do imposto pela incidência, desenrola-se um processo
administrativo que inicia justamente na fase de lançamento. (ver art. 88 a
97 da LGT).
Constituição ou lançamento
Consiste no conjunto de operações de natureza administrativa que visam a
identificação do sujeito passivo e a determinação da matéria colectável.
A obrigação do imposto constitui-se quando se verifica algum dos factos
previstos nas normas de incidência real ou pessoal do respectivo imposto
(ver art. 40 da Lei n.º 02/2006). As formas de determinação da base
tributária estão estabelecidas nos art. 88 e 97 da Lei n.º 02/2006.
Por exemplo, os salários, os honorários, os juros, as rendas e as operações,
entre outros factores auferidos por pessoa singulares, geram uma obrigação
de pagamento do IRPS.
64
Liquidação
Com o surgimento da obrigação de imposto, é necessário torná-la líquida e
exigível, apurar o montante da dívida de imposto e notificá-la ao
contribuinte são os actos a praticar. Assim, a liquidação compreende a
determinação da matéria colectável, a aplicação da taxa do imposto e a
respectiva notificação ao contribuinte. Ver art. 78 a 87 da Lei n.º 02/2006
e art. 26 a 31 da Lei n.º 15/2002.
Cobrança
Este é o momento final do imposto, a forma de extinção da dívida tributária,
que visa a entrada, a colecta do imposto para os cofres do Estado,
terminadas as operações de liquidação e notificação, onde se
compreendem as operações necessárias à sua arrecadação, reguladas
pelas normas de cobrança (ver art. 142 a 149 da lei n.º 02/2006 –
modalidades de cobrança).
O poder tributário,
A competência tributária,
65
A capacidade tributária activa, e
A titularidade da receita fiscal.
a) Poder tributário
Este poder consubstancia-se no poder conferido constitucionalmente ao
legislador para a criação, instituição, estabelecimento ou “invenção” dos
impostos e a sua disciplina essencial. Por isso distingue-se das outras
titularidades activas aos impostos, isto é, da competência tributaria, da
capacidade tributária activa e da titularidade da receita fiscal.
b) Competência tributária
66
relação jurídica tributaria e que cabe aos credores tributários, entre os
quais se destaca, pelo seu significado e importância, o credor do imposto.
67
O contribuinte é o devedor directo do imposto e não indirecto como
acontece com a figura de substituto tributário, é ainda um devedor
originário e não derivado como o sucessor legal. É também um devedor
principal e não acessório como acontece com o responsável fiscal.
- Substituto tributário
Segundo o artigo 20 da LGT, substituto tributário é o sujeito passivo que,
por imposição da lei, está obrigado a cumprir prestações materiais e
formais da obrigação trinitária em lugar do contribuinte
Ou seja,
68
A obrigação tributária é exigida a pessoa diferente do contribuinte. Tal
facto materializa-se através do mecanismo da retenção na fonte do imposto
devido, reduzindo o substituto a um retentor do imposto. Por exemplo ao
pagar os salários a entidade empregadora é obrigada a proceder à
dedução do IRPS devido pelo trabalhador e entregar o valor deduzido à
Administração Tributária.
- Responsável tributário
O responsável tributário é o sujeito passivo a quem é exigido o pagamento
de uma dívida tributária de outrem, que não foi atempadamente paga.
Regra geral a responsabilidade tributária é subsidiária face ao devedor
originário, embora possa também ser subsidiária ou solidária na relação
entre os diversos responsáveis no caso de pluralidade de responsáveis
tributários. Como exemplos de situações de responsabilidade tributária,
podemos citar os seguintes:
Responsabilidade dos administradores, directores ou gerentes e outras
pessoas que exerçam funções de administração nas sociedades,
cooperativas e empresas públicas (Veja artigo 29 da LGT);
Responsabilidade dos sócios de sociedades de responsabilidade
limitada (veja artigo 30 da LGT);
Responsabilidade em caso de substituição tributária (que acabamos de
ver- artigo 20 da LGT).
69
passivos não residentes, estão obrigados a fixar um domicílio fiscal em
Moçambique.
Sobre a gestão de negócios, a lei permite que certos actos sejam praticados
pelo gestor de negócios, produzindo efeitos em relação ao dono do negócio
nos termos da lei civil.
NB: veja artigos 17, 18 e 19 da LGT.
70
O NUIT deve constar de todas as transações, e actos, declarações, facturas,
correspondências com a Administração Tributária e outros documentos
ligados às obrigações fiscais.
2. Facto tributário
71
Assim, o Fisco é titular de privilégio creditório, concedido pela lei (ver. artigo
162 da mesma lei) o que lhe permite ser pago com preferência em relação
a outros credores.
Garantias gerais
Como qualquer credor, também o Estado ou outro credor tributário tem no
património do credor a garantia geral do seu crédito. É nesse sentido que
dispõe o artigo 161 da LGT.
Garantias especiais
Para além da garantia geral os credores tributários dispõem de outras
garantias especiais, quer de natureza pessoal que se traduz na figura de
responsabilidade tributária, de que já falamos, quer de natureza real.
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c) Do direito de retenção de quaisquer mercadorias sujeitas à acção fiscal ou
aduaneira de que o sujeito passivo seja proprietário, nos termos da lei de
processo tributário e o regime jurídico de infracções aduaneiras fixarem.
Privilégios creditórios
A Administração Tributária goza de privilégios creditórios sobre os bens do
sujeito passivo, quando concorra com credores que não tenham constituído
e registado uma garantia real sobre esses bens ou alguns deles,
anteriormente à constituição de garantias reais pela Administração
Tributária.
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Administração Tributária, lesivos dos seus direitos ou interesses
legalmente protegidos;
Poder ser esclarecido, pelo competente serviço tributário, acerca da
interpretação das leis tributárias e dos modos mais cómodo e seguro de
as cumprir;
Poder ser informado sobre a sua concreta situação tributária.
NB: Veja artigos 50 e 161 a 165 da LGT e artigo 17 da Lei n.º 15/2002
de 26 de Junho.
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NB: Veja também artigo 43 da LGT e artigo 21 da Lei n.º
15/2002 de 26 de Junho.
EXERCÍCIOS:
- Defina obrigação fiscal e indique as respectivas características.
- Refira-se às garantias dos contribuintes na relação jurídica fiscal.
- Como se extingue a relação jurídica fiscal?
CASO PRÁTICO 1:
Carlos Magaia obteve a sua carteira profissional na Ordem dos Advogados
ainda não tinham decorridos seis meses, quando um amigo de infância, João
Tembe também ele advogado há pouco tempo, procurou concencê-lo no
sentido de ambos formarem uma sociedade de advogados.
Pese embora a explicação que foi oferecida, dias depois, os dois amigos e
colegas permaneceram com dúvidas, principalmente no que se refere á
responsabilidade tributária, termo utilizado pelo colega de profissão.
a) Não querendo incomodar novamente o amigo Jaime de Jesus,
actualmente preenchido com inúmeros trabalhos, suponha que é
contactado por algum deles que lhe pergunta o que é responsabilidade
tributária e como é que se aplicaria na sociedade por eles constituída.
CASO PRÁTICO 2:
Em Abril de 2014, João Morais, distinto comerciante na área de gasolineiras
há mais de 30 anos, recebeu no seu domicílio fiscal, sito na cidade de
75
Maputo, uma notificação da Administração Tributária para proceder ao
pagamento do imposto adicional incidente na sua actividade económica.
76
TEMA VII: SISTEMA FISCAL MOÇAMBICANO: ORIGEM HISTÓRICA DA
FISCALIDADE EM MOÇAMBIQUE
Introdução
A origem do sistema fiscal moçambicano está intimamente ligado com os
grandes períodos históricos no país, a saber o período primitivo ou pré-
colonial; o período colonial; o período pós- independência, onde se destaca
as reforma ligada ao programa de Reabilitação Económica (de 1987). O
estágio actual do sistema fiscal está relacionado com as reformas ocorridas
em 2002.
13
Veja WATY, oo. Cit. Pp 189-204.
77
impostos aos chefes tribais, os mambos ou hosi, como sinal de vassalagem.
As oligarquias cobravam impostos aos povos de territórios que ocupavam,
utilizando o sistema de organização fiscal encontrado que tinha os régulos
no topo e que deixaram de ter a titularidade dos tributos.
Os prazos no século XVI desempenharam um papel assinalável sob um ponto
de vista tributário.
79
de excedente conseguida pelo trabalho assalariado nas minas da África do
Sul e do trabalho forçado, por membro do agregado familiar.
80
Contribuição industrial (que tributava os lucros das empresas);
Imposto Profissional e seu adicional;
O Imposto sobre a Aplicação de Capital;
O Imposto Complementar;
O imposto Geral mínimo;
O Imposto de Consumo;
Imposto de Selo.
a) Reforma de 1978
O código de Impostos Sobre o Rendimento de 1967 vigorou até depois da
independência, sofrendo algumas alterações. Com a adopção do Socialismo
em 1977, o Sistema Fiscal colonial em vigor mostrou-se inadequado para
satisfazer os objectivos da justiça social consagrados na Constituição. Em
1977, através da Resolução nº 5/77, de 1 de Setembro, o Sistema Fiscal
Moçambicano passa a ser um instrumento de direcção central da economia,
que serviu de base para a realização da primeira reforma em 1978.
81
b) Reforma de 1982
A reforma tributária de 1978 permitiu o aumento das receitas até 1982,
onde foram reformulados os princípios fundamentais do Imposto sobre o
Rendimento no que se refere aos sujeitos da obrigação fiscal, às isenções, à
determinação da matéria colectável, liquidação, garantias, fiscalização e
penalidades e fez-se o ajustamento do Imposto Complementar, isentando os
rendimentos do trabalho sujeito ao IRN (imposto de reconstrução nacional),
passando a aplicar-se as taxas progressivas. Passa a tributar-se as
pesquisas e exportações de petróleo.
c) Reforma de 1987
A degradação da economia nacional, a ineficácia do sistema fiscal e
resultante das negociações com o Fundo Monetário Internacional e o Banco
Mundial, no âmbito do Plano de Reabilitação Económica levaram à
aprovação de um novo Sistema Fiscal com os seguintes objectivos:
82
A criação de um imposto proporcional sobre os rendimentos do trabalho;
O tratamento diferenciado, para efeitos de sujeição ao Imposto
Complementar dos rendimentos do trabalho e de capital, resultando na
tributação mais suave dos primeiros;
Reformulação do IRN, passando a apresentar uma contribuição mínima
exigida a cada cidadão para o Tesouro Público;
Isenção de impostos sobre as remunerações da Função Pública, ficando
sujeitos apenas ao IRN.
d) Reforma de 1997
Esta reforma está relacionada com a grande reforma de 1996, que
introduziu a política de descentralização no país. Portanto, para além do
Estado, passaram a existir outras pessoas colectivas públicas territoriais,
dotadas de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, as
autarquias locais.
83
Derramas;
Taxa por Actividade Económica.
e) Reforma de 1999
Este período é marcado pela adopção do IVA, Imposto Sobre o Valor
Acrescentado, que substitui o Imposto de Circulação e cujo código foi
aprovado por Decreto nº 51/98 de 29 de Setembro. Trata-se portanto, de
uma reforma do sistema de tributação indirecta dos impostos em
Moçambique.
Importa referir que neste período também foi criado outro imposto, que é o
Imposto Sobre o Consumo Específico (ICE), que como já nos referimos quanto
tratamos da classificação dos impostos, incide sobre determinados bens
como o tabaco, o álcool etc. Constantes da tabela anexa ao respectivo
código, aprovado por Decreto nº 52/98 de 29 de Setembro.
84
Actualização da série de legislação colonial respeitante ao contencioso
fiscal, ao regime geral das infracções e ao funcionamento dos tribunais
fiscais para a modernização da máquina administrativa fiscal.
Esta reforma fiscal, que havia sido iniciada com a introdução do IVA e a
alteração do Imposto de consumo para imposto de consumo de produtos
específicos, visou prosseguir os seguintes
Objectivos:
Alargamento da base tributária;
Aumento do nível de receitas;
Simplificação dos procedimentos;
Modernização do sistema de impostos, e;
Racionalização do sistema dos benefícios fiscais.
85
Lei nº 2/2006, de 22 de Março, que estabelece os princípios e normas
do ordenamento;
Lei nº 33/2007, de 31 de Dezembro, que aprova o Código do IRPS;
Lei nº 34/2007 de 31 de Dezembro, que aprova o Código do IRPC;
Lei nº 1/2008 de 16 de Janeiro, sobre o sistema tributário autárquico
jurídico tributário moçambicano e aplicáveis a todos tributos nacionais e
autárquicos;
Decreto nº 46/2002 de 26 de Dezembro, que aprova o Regime Geral
das Infracções Tributárias;
Decreto nº 6/2004 de 01 de Abril, que aprova o Código do Imposto
do Selo;
Decreto nº 46/2004, de 27 de Outubro, que aprova o Código do SISA.
EXERCÍCIOS
Defina e caracterize o Mussoco.
Que impostos tradicionais vigoravam no período pré-colonial?
Em que é que se basearam as reformas do período pós- independência?
Quais foram os principais aspectos que constituíram o fundamento para
a existência do sistema fiscal actual?
86
TEMA VIII: OS IMPOSTOS DO SISTEMA FISCAL MOÇAMBICANO
Unidade temática 8. Impostos Estaduais
Unidade temática 8.1. Impostos Autárquicos
Introdução
O Sistema Tributário Moçambicano integra impostos Estaduais, de âmbito
nacional e Autárquicos, aplicáveis nos territórios das autarquias locais. O
Regime geral do Sistema Tributário moçambicano consta dos artigos 56 e
seguintes da Lei nº 15/2002 de 26 de Junho.
Objectivos
Definir os impostos autárquicos e os estaduais;
Diferenciar os impostos Estaduais dos impostos autárquicos;
Saber a base de incidência dos impostos descritos nesse tema;
Saber preencher o modelo 10 de Calculo d imposto;
Conhecer as isenções vigentes no sistema jurídico moçambicano;
Impostos directos:
IRPS;
IRPC;
Impostos indirectos:
IVA;
ICE;
Direitos aduaneiros
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Imposto Pessoal Autárquico;
Imposto Predial Autárquico;
Imposto Autárquico de Veículos;
Imposto Autárquico de Sisa;
Contribuições de Melhoria;
Taxas por Licenças concedidas e por Actividade Económica;
Tarifas e Taxas pela Prestação de Serviços.
Vejamos a seguir, cada um dos impostos nacionais, principalmente quanto a sua definição,
incidência e isenção e taxas.
88
Com relação aos impostos autárquicos, remetemos ao estudante para a consulta da Lei nº 1/2008
de 16 de Janeiro, que aprova o Sistema Tributário Autárquico.
89
Sejam tripulantes de navios ou aeronaves, desde que estejam ao serviço
de entidades com residência;
As pessoas que constituem agregado familiar em território nacional
desde que nele resida qualquer das pessoas a quem incumbe a direção
do mesmo.
90
Terceira Categoria: São os juros e os lucros, incluídos os apurados na
liquidação, colocados à disposição dos sócios das sociedades ou do
associado; as quantias postas à disposição dos membros das cooperativas,
a título de remuneração de capital; os rendimentos provenientes de
contratos que tenham por objecto a cessação ou utilização temporária de
direitos de propriedade
Intelectual ou industrial; os ganhos resultantes de transmissão onerosa de
bens imóveis ou de partes sociais e outros valores imobiliários, da cessão do
arrendamento e de outros direitos e bens, afectos, de modo duradouro, ao
exercício de actividades profissionais independentes, da transmissão
onerosa da propriedade intelectual, industrial ou científico, quando o
transmitente não for o seu autor ou titular originário.
Taxas
As taxas do IRPS são graduadas pelo Conselho de Ministros, entre entre 10
a 35%. Estão sujeitas à taxa liberatória, por retenção na fonte, até 20%,
os seguintes rendimentos:
Juros de quaisquer depósitos à ordem ou a prazo.
Rendimentos de títulos nominativos ou ao portador, incluindo as
obrigações.
Os ganhos em numerário, provenientes de jogos de diversão social, tais
como lotarias, rifas, apostas mútuas, loto, bingo, sorteios, concursos e
outras mobilidades de diversão social, por lei
91
A taxa dos rendimentos da primeira categoria é definida tendo em conta a
tabela de dependentes aprovada por Decreto do Conselho de Ministros.
EXERCÍCIOS
Conceito
O IRPC é um imposto directo que incide sobre os rendimentos obtidos, mesmo
proveniente de actos ilícitos, mesmo quando provenientes de actos ilícitos,
no período de tributação, pelos respectivos sujeitos passivos.
92
Imposto Estadual: porque é o Estado o sujeito activo da relação jurídico
– tributária
Imposto Proporcional: a uma taxa geral de 32%
Imposto Global: Incide sobre um conjunto de rendimentos provenientes
de diversas fontes;
Imposto Principal: Goza de autonomia quer a nível normativo quer ao
nível das relações tributáveis concretas.
Incidência subjectiva:
93
Incidência objectiva
O IRPC é devido por cada exercício económico, que coincidirá com o ano
civil (ver. art. 7 da Lei n.º 34/2007).
Isenções do IRPC
Ficam isentos deste imposto:
O Estado;
As autarquias locais e as associações ou federações de municípios,
quando exerçam actividades cujo objecto não vise lucros;
As Instituições de Segurança Social e de previdência social;
As associações culturais recreativas e desportivas, legalmente
constituídas e com relação aos rendimentos que sejam directamente
derivados do exercício destas actividades;
As cooperativas agrárias, de artesanato e culturais, em 50% das
respectivas taxas;
As Associações de utilidade pública
94
Importa referir que isenção das alíneas não abrange as empresas públicas
e estatais, as quais estão sujeitas a imposto nos termos regulados no Código
do IRPC.
Taxas
A Taxa do IRPC é estabelecida pelo Conselho de Ministros, até ao limite
máximo de 35%, podendo ser fixadas transitoriamente, taxas
diferenciadas, em função das actividades.
Exercícios
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O “Núcleo do canto” é uma uma associação cultural legalmente constituída
e possui uma equipa um grupo coral.
Tributação indirecta
Incidência
Constituem sujeitos passivos do IVA:
96
Pessoas singulares ou colectivas residentes ou com estabelecimento
estável ou representação em território nacional, que, de um modo
independente e com caracter de habitualidade, exerçam, com ou sem
fim lucrativo, actividades de produção, comércio ou prestação de
serviços, incluindo as actividades extractivas, agrícolas, silvicolas,
pecuárias e de pesca.
As pessoas singulares ou colectivas que, segundo a legislação
aduaneira, realizem importações de bens.
Taxas
Actualmente a taxa em vigor está fixada em 17%
e) Direitos Aduaneiros
Os direitos Aduaneiros incidem sobre as mercadorias importadas e
exportadas no território aduaneiro e estão consignadas na pauta
aduaneira,
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BIBLIOGRAFIA
GOMES, Nuno de Sá (1999). Manual De Direito Fiscal. Rei dos Livros, Vol I.
98
SANCHES, José Luís Saldanha (2007). Manual de Direito Fiscal. 3. ed.,
Coimbra, Coimbra Editora.
VASQUES, Sérgio (2006). Casos práticos do direito fiscal. 2.ª ed., Coimbra,
SAlmedina.
LEGISLAÇÃO PERTINENTE:
99
17 de Outubro e pelo Decreto nº 16/2002, de 17 de Junho;
100