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“ CURSO DE CONTABILISTAS SENIORES ”

MANUAL
DE CONTABILIDADE ANALÍTICA I

ELABORADO PELA SOF – FORMAÇÃO, LDA

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INDICE

1. INTRODUÇÃO

2. OBJECTIVOS E TÉCNICAS DO CONTROLO DE EXPLORAÇÃO

A) DETERMINAR O CUSTO DOS BENS E SERVIÇOS PRODUZIDOS

B) CONTROLAR AS CONDIÇÕES INTERNAS DE EXPLORAÇÃO

3. NOCÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS

4. OS CENTROS DE CUSTOS; SUAS CARACTERÍSTICAS E FINALIDADES

5. MÉTODOS DE CUSTEIO DA PRODUÇÃO; ESTUDO DOS MAIS ADAPTÁVEIS À EMPRESA

6. ESTUDO DAS CONTAS DA CLASSE 9

7. ANÁLISES DE RENDIBILIDADE

ANEXOS:

ESQUEMA 13 – FLUXOS
ESQUEMA 14 – CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS
ESQUEMA 15 – CENTROS DE CUSTOS
ESQUEMA 16 – DIRECT COST
ESQUEMA 17 – DIRECT COST

TESTE

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1. INTRODUÇÃO

Os apontamentos que se seguem, de forma escorreita e abreviada, têm como único objectivo servir
como intróito útil à melhor apreciação da problemática relativa à Contabilidade Analítica de
Exploração, Contabilidade Interna, ou Contabilidade de Custos.

2. OBJECTIVOS E TÉCNICAS DO CONTROLO DE EXPLORAÇÃO

Tradicionalmente associada, as empresas industriais e suas necessidades de controlo da produção, a


Contabilidade Analítica de Exploração tem de facto um papel muito mais vasto, pois aplica-se a
qualquer actividade económica publica ou privada, comercial, industrial ou de prestação de
serviços, com idênticos objectivos de:

a) Determinar o custo dos bens e serviços produzidos;


b) Controlar as condições internas de exploração.

Na prossecução desses objectivos recorre a técnicas tais como:

a) Organização interna da empresa em áreas ou centros com determinadas


afinidades, e que podem assumir a forma de secções homogéneas, centros de
custo, centros de responsabilidade, etc;
b) Definição de classes de contas apropriadas a usar isoladamente ou em
conjugação com as áreas acima referidas.
c) Sistema de custeio da produção (real, padrão, etc.) mais conforme as
necessidades de análise da actividade;
d) Método de custeio da actividade (global, por encomenda, etc.) mais adequado à
especificidade da empresa;
e) Elaboração de planos e programas de actividade, consubstanciáveis em
orçamentos, para controlo e comparação com dados reais e crítica dos desvios.

3. NOÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS

Associado à ideia de custo surge normalmente a de proveito, despesa, receita, gasto, consumo,
convindo antes de mais assentar ideias acerca do significado técnico de cada uma das palavras.

Socorrendo-nos para isso do esquema 13, podemos sintetizar que Custos e Proveitos se identificam
com as componentes negativas e positivas, respectivamente, dos Resultados, enquanto que despesas
representam o pagamento dos Custos e as Receitas o recebimento dos Proveitos.

Constituem, portanto, Custos e Proveitos um fluxo económico, interno, e as Despesas e Receitas um


fluxo financeiro, com ligações externas.

Podemos, então, adiantar que Custos é um somatório de gastos, consumos e encargos que é preciso
suportar para obter um produto, um serviço ou mesmo o funcionamento duma secção.

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Esta definição abrange, como se vê, uma vasta área de situações, sendo necessário, quando nos
referimos a custos, caracterizar o seu objecto e elementos de que se compõem.

Como meio de melhor entendimento o que são custos, vejamos no esquema 14 as classificações que
podem ter.

4. OS CENTROS DE CUSTOS. SUAS CARACTERÍSTICAS E FINALIDADE.

Por “Centro de Custos” pode entender-se uma área real ou fictícia de colecção de gastos com
determinadas afinidades.

Pode, assim, corresponder a uma secção, a um departamento, ou a uma espécie bem definida de
gastos indirectos comuns (comunicação, benefícios sociais, encargos financeiros, etc).

Também o resultado do somatório de centros de custos afins constitui um centro de custos.

Uma obra poderá ser também um centro de custos, se a organização administrativa e contabilística o
permitir.

Um centro de custos coincide, na grande maioria dos casos, com um centro de responsabilidade,
isto é, corresponde na organização interna da empresa a uma unidade, com um responsável que
controla a sua actividade e deve responder pelos seus gastos.
(ver no esquema 15 exemplo duma lista de centro de custos).

Os objectivos do sistema de centros de custos são fundamentalmente:

a) Proporcionar e atribuir responsabilidade pelo controlo dos gastos a vários e


necessários níveis de chefia.
b) Promover uma mais exacta determinação do custo das actividades a que a
empresa se dedica.

Associada a este sistema, é de grande conveniência que exista a prática de elaboração de


orçamentos de actividade, estruturados de modo a possibilitar a comparação dos seus valores com
os dados reais obtidos nos centros de custos.

Como complemento e corolário do sistema, serão produzidos relatórios, a nível dos centros de
custos, apurando desvios, para análise das chefias aos vários níveis, que deverão responder e tomar
medidas em relação aos desvios.

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5. MÉTODOS DE CUSTEIO DA PRODUÇÃO. ESTUDO DOS MAIS ADAPTÁVEIS À
EMPRESA.

Serão as características da produção a definir o método de custeio a seguir; será, com efeito, muito
diferente o tratamento contabilístico a dar a uma produção contínua, como por exemplo, a do
fabrico de sabões ou de margarinas, ou duma outra dedicada à construção, montagens, reparações,
etc.

Enquanto que no primeiro género, de produção ininterrupta, os gastos com a fabricação respeitam a
toda a produção, só se apurando o custo dos produtos acabados no final do mês, já na actividade de
construção, por exemplo, é possível individualizar com exactidão os consumos e gastos directos
imputáveis a cada trabalho ou obra.

É pois, o método de custeio por obra ou encomenda o recomendável para a actividade da empresa,
quer no que se refere à actividade das oficinas quer à das obras de construção civil.

Vejamos, então os requisitos e procedimentos associados a este método:

o Folha de obra ou encomenda em que se registem:

Descrição do trabalho
Destinatário
Datas de início e previsão de conclusão
Colecção de custos directos
Atribuição de custos indirectos
Custos totais

o Numeração sequencial das obras


o Registo permanentemente actualizado dessa numeração
o Documentos de suporte das imputações:

Cópias das requisições aos armazéns


Cópias de documentos de outros gastos
Pontos de trabalho
Guias de transferência de materiais entre obras
Guias de entrega de trabalhos produzidos na oficinas

o Atribuição de custos:

Directos – a cada obra os identificados com cada uma


Indirectos – a cada obra em função de chaves de repartição

o Comparação com custos planificados e determinação dos desvios.


o Avaliação da produção em curso no fim de cada mês:

Por cálculo
Por contagem física

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6. ESTUDO DAS CONTAS DA CLASSE 9

Como já sabemos é na classe 9 que se desenvolvem as contas da Contabilidade Analítica de


Exploração.

Assim, procederemos aqui apenas a uma breve resenha sobre as mesmas:

90 – Contas reflectidas
91 – Inventário permanente
92 – Custos de produção
93 – Gastos de manutenção e conservação
94 – Gastos gerais por secção
95 – Actividades acessórias
96 – Resultados da contabilidade analítica

90 – Destina-se a evidenciar a ligação entre as contabilidade geral e a analítica


relativamente aos movimentos que são comuns a ambas:

01 – Existências iniciais reflectidas


02 – Compras reflectidas
03 – Custos por natureza reflectidas
04 – Proveitos por natureza reflectido

91 – Recebendo à partida o valor das existências iniciais, registará os


movimentos de armazém e as transferências originadas no processo
produtivo.

92 – Nestas contas apuram-se os custos variáveis da produção e os desvios em


relação aos valores planificados.

93 – Para coligar todos os custos de conservação e manutenção dos Meios Fixos.

94 – Para apurar os custos de funcionamento das secções ditas auxiliares ou de


estrutura.

95 – Para os custos e eventuais proveitos das actividades acessórias

96 – Esta conta relevará os resultados correntes do exercício, coincidentes com


os apurados na contabilidade geral na c/80.01 (ver esquema 12).
Receberá, pois, o valor das vendas e através das contas reflectidas 90.03 e
90.04 os custos e proveitos.

Como Corolário:

Saldo da c/96 = Saldo da c/90+Exist.Finais = Saldo da c/80.01

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7. ANÁLISES DE RENDIBILIDADE

Como já vimos anteriormente, os custos podem, de acordo com a sua relação com a actividade, ser
classificados em fixos e variáveis.

Vejamos que interesse terá esta classificação, cuja aplicação ao custeio duma actividade é
conhecida pelo sistema de “Direct Cost”.

Como facilmente se verá, qualquer preço de venda deverá ser:

PV = C + L

Em que PV = Preço Venda


C = Custo
L = Margem de Lucro

Assim, se estivermos a tratar com custos fixos e variáveis, teremos:

PV = Cf + Cv + L
para C = Cf+Cv

Em que: Cf = Custos Fixos


Cv = Custos Variáveis

Donde se conclui que para não perder nem ganhar a empresa terá que ter

PV = Cf + Cv

Vejamos, agora, como se comportam neste sistema os custos totais e unitários em função de vários
níveis duma produção. Esquema 16.

Vimos um exemplo simples da análise que proporciona este sistema.

Consideremos agora outra hipótese, envolvendo a opção de exportar ou manter-se no mercado


nacional.

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Empresa de frigoríficos, com custos fixos de 30 000 contos/ano e uma capacidade instalada de
10 000 unidades ano. O mercado nacional só absorve 60% a um preço de venda de 20 contos.

O custo variável é de 16 contos por unidade.

Há a possibilidade de exportar 4 000 unidades a um preço de 25 contos mas envolvendo despesas


de transporte de 3 contos por unidade.

Vejamos os cálculos e as decisões que podem ser tomadas (esquema 17).

Estes cálculos e considerações podem levar-nos facilmente a pensar que então é importante
determinar qual o volume de vendas mínimo para não se entrar em perda.

È o que se chama determinar o ponto crítico das vendas, isto é, o volume de vendas com o qual a
empresa não perde nem ganha.

Voltando à equação dada, mas agora referida não ao preço de venda mas aos valores globais:

V = Cf + Cv + L

Em que: V = Total de Vendas


Cf = Total Custos Fixos
Cv = Total Custos Variáveis
L = Lucro

O ponto crítico das vendas será, portanto, aquele em que, na equação dada, L= 0 ou seja

V = Cv + Cf

ou, o que é o mesmo,

V – Cv = Cf

Logo, o ponto crítico da vendas é a quantidade de vendas que permite cobrir completamente os
custos fixos e os variáveis ou ainda, a quantidade de vendas que deduzida dos respectivos custos
variáveis (logo, a margem) permite cobrir os custos fixos.

FLUXO ECONÓMICO
FLUXO FINANCEIRO

ESQUEMA 13

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PRODUÇÃO
A R M A ZÉM GASTOS, PRODUTOS A R M A ZÉM PR O D U T.
ACABADOS
CONSUM OS ACABADOS

C U STO S IN V E S T IM E N T O S

C L IE N T E S

P R O V E IT O S

FORNECEDORES
M A T E R IA IS
TRABALHAD.

FORNECEDORES
S E R V IÇ O S

D ESPESA S T E S O U R A R IA R E C E IT A S

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ESQUEMA 14

CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS (1)

DE APROVISIONAMENTO
DE PRODUÇÃO (*)
SEGUNDO AS COMERCIAIS
FUNÇÕES DA ADMINISTRATIVOS
EMPRESA FINANCEIROS DAS MATERIAIS
DOS COMBUSTÍVEIS
SEGUNDO OS DE MÃO DE OBRA
ELEMENTOS DE AMORTIZAÇÕES
ECONÓMICOS DE OUTROS GASTOS
DE PRODUÇÃO

PRODUTO A
( *) PRODUTO B
PRODUTO C

SECÇÃO 1
SECÇÃO 2 FABRICAÇÃO DO
SECÇÃO 3 PRODUTO C

(*)

SECÇÃO 15 PRODUÇÃO
SECÇÃO 16 SUPLEMENTAR

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ESQUEMA 14

CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS (2)

DIRECTOS
VÃO DIRECTAMENTE AO CUSTO DOS PRODUTOS
(MATÉRIAS PRIMAS, MÃO DE OBRA)

SEGUNDO O
MÉTODO DE
IMPUTAÇÃO
INDIRECTOS
DIZEM RESPEITO A TODA A PRODUÇÃO (DIRECÇÃO FABRIL,
(ENCARREGADOS, MANUTENÇÃO, ETC.)

VARIÁVEIS
QUE VARIAM COM O NÍVEL DE ACTIVIDADE
(MAT.PRIMAS, M. OBRA DIRECTA, ENERGIA ETC.)
SEGUNDO A SUA
RELAÇÃO COM A
ACTIVIDADE
FIXOS
OU DE ESTRUTURA. QUE OCORREM SEMPRE INDEPENDENTEMENTE
DA ACTIVIDADE (AMORTIZAÇÕES, CHEFIAS,DIRECÇÃO, ETC.)

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ESQUEMA 15

CENTROS DE CUSTOS

100 - DIRECÇÃO GERAL

300 - DIRECÇÃO REC. HUMANOS E ATENDIMENTO


320 – DEPARTAMENTO F. TRABALHO

360 - DEPART. LOGÍSTICA A. E ALOJ.

365 - REFEITÓRIO

369 - APOIO À COOPERAÇÃO ESTRANGEIRA

500 - DIRECÇÃO ABASTEC – TÉCNICO – MATERIAL


520 – DEPARTAMENTO ABASTECIMENTO

540 - DEPARTAM. PRODUÇÃO INDUSTRIAL


545 – CENTRAL DE BETÃO

549 - SERRAÇÃO E POLIM. MÁRM.

549.1

549.2 - POLIMENTO

600 - CONSTRUÇÃO CIVIL

600.01 - OBRA X

600.02 - OBRA Y

900 - GASTOS GERAIS COMUNS

901 - COMUNICAÇÕES

903 - AMORTIZAÇÕES DE EDIFÍCIOS

904 - ACÇÃO SOCIAL

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ESQUEMA 16

“DIRECT COST”

PV = Cf + C v +L

OU QUANDO L = O

PV = Cf + Cv

CUSTOS UNITÁRIO

QUANT. C.VARIÁV. C.FIXO C.TOTAL VAR. FIXO TOT.

1000 2000 5000 7000 2,0 5,0 7,0


3000 6000 5000 11000 2,0 1,7 3,7
4000 8000 5000 13000 2,0 1,3 3,3
5000 10000 5000 15000 2,0 1,0 3,0
7000 14000 5000 19000 2,0 0,7 2,7
8000 16000 5000 21000 2,0 0,6 2,6
10000 20000 5000 25000 2,0 0,5 2,5

O preço de venda ao público do produto acima é de 3,0.

Que quantidade fabricar:

a) Para não perder nem ganhar


b) Para ganhar

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ESQUEMA 17

“DIRECT COST”

SÓ COM MERCADO INTERNO

1. VENDAS – 6000 X 20,0 120 000 C


2. CUSTOS VARIÁVEIS – 6000 X 16,0 96 000
3. MARGEM (1 – 2) 24 000
4. CUSTOS FIXOS 30 000
5. RESULT. LIQUIDOS (3 – 4) (6 000) PREJUIZO

COM MERCADO INTERNO E EXPORTAÇÃO

M.INTERNO EXPORT. TOTAL

1. VENDAS
6 000 X 20,0 120 000
4 000 X 25,0 100 000 220 000
2. CUSTO VARIÁVEL
6 000 X 16,0 96 000
4 000 X 16,0 64 000 160 000
3. DESPESAS VENDA
4 000 X 3,0 - 12 000 12 000

4. MARGEM 24 000 24 000 48 000

5. CUSTOS FIXOS 30 000

6. RESULT. LIQUIDO LUCRO 18 000

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TESTE

1 – INDIQUE COM UMA CRUZ AS RESPOSTAS CERTAS:

A contabilidade Analítica de Exploração aplica-se

Apenas à análise da produção duma Fábrica______

A toda e qualquer actividade empresarial______+___

Apenas às unidades E. Estatais___________

2 – ASSINALE COM UMA CRUZ AS RESPOSTAS CERTAS:

Custos é um somatório de gastos___+______

Despesas é o mesmo que custo___________

Um proveito só é receita quando se cobra___+_________

Uma saída do armazém de Mat. Primas para a produção é um custo__+___

A produção que entra no armazém de produtos acabados é um proveito_____

3 – DEFINA:

Custo variável (segundo a sua relação com a actividade)

Custo indirecto (segundo o método de imputação)

4 – DIGA SE É VERDADEIRA OU FALSA:

Um centro de custos só colecciona gastos directos____F______

Um centro de custos pode englobar uma Oficina de Pneus e uma Secção de Dactilografia, por
exemplo____F_____

Uma obra pode ser um centro de custos__V______

Um centro de custos fictício não se identifica com uma área física___V_____

No orçamento apura-se o custo real da produção____F______

Nome ________________________________________________________________

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