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TEXTO DE APOIO
As informações relativas a custos não se podem limitar a permitir a avaliação das existências
e ao apuramento de resultados, mas devem, também, e fundamentalmente, servir como
orientação para a tomada de decisões, relativamente ao planeamento e controlo da gestão.
Quando um gestor tem de escolher entre várias alternativas, não poderá fazê-lo racionalmente
se não dispuser das informações suficientes para prever as consequências económicas de cada
acção, em termos de custos e proveitos.
Então, o processo de obtenção de custos não poderá deixar de estar associado à natureza das
decisões a tomar, devendo a contabilidade de gestão preocupar-se em fornecer precisamente
aquelas que possam conduzir às soluções mais eficazes e rentáveis.
Na medida em que todo o gestor tem de tomar uma multiplicidade de decisões de variada
natureza, não devemos estranhar que ao longo do nosso estudo encontremos também uma
multiplicidade de custos - cada custo tenta responder a uma determinada necessidade de
gestão.
Então, podemos compreender que os custos a determinar que em cada empresa dependem do
seu domínio de actividade (empresa industrial, de distribuição, de serviços, etc.) e da
respectiva organização (ilustrada no seu organigrama), para além do tipo de informações
desejadas (no que se refere à sua fiabilidade, qualidade e oportunidade, à possibilidade de
Deste modo, a adjectivação dos custos confere a indispensável precisão à nossa linguagem,
permitindo distinguir os vários custos de acordo com as suas principais características: o seu
objecto, o seu conteúdo e o momento do seu cálculo.
CIRCUITO ECONÓMICO
▲ CUSTO PROVEIT ▼
DESPESAS RECEITAS
(Facturas)
Fornecedore (Facturas)
Clientes
s
▲ ▼
PAGAMENT Serviços RECEBIMENTOS
OS
◄ Administrativo ◄
s
CIRCUITO MONETÁRIO
A todo o fluxo real (do exterior para a empresa ou da empresa para o exterior) corresponde
um fluxo monetário de sentido inverso.
Acresce que o período em que se verifica a despesa pode não coincidir com aquele em que
deve ser considerado como componente negativa do período, como custo de período.
Vejamos a parte 3, do circuito real, cujo fluxo pode não ser o mesmo igual ao fluxo
verificado no circuito monetário. No primeiro caso nasce o direito de receber, verifica-se a
receita, e no segundo dá-se o recebimento. O período em que se verifica a receita pode não
coincidir com aquele em que se dá o recebimento.
Também o período em que se verifica a receita pode não coincidir com aquele em que o
respectivo valor dever ser considerado como componente positiva do resultado, como
proveito do período. Os custos e os proveitos respeitam pois a factos económicos enquanto as
despesas e receitas se referem a factos financeiros. Por conseguinte, só os custos e os
proveitos devem ser considerados para efeitos de apuramento de resultados. A
Como já referimos, quando falamos em custo pensamos geralmente em custo monetário, isto
é, numa soma de produtos de quantidades por preços, mas convém pensar ainda nos
chamados custos material e psíquico, indagando até que ponto estas espécies de custos
podem ser úteis ao nosso estudo.
Custo material (ou tecnológico) é a soma das quantidades dos meios aplicados.
Referimo-nos ao custo material, quando dizemos, por exemplo, que determinado produto
custa x kg de matérias e y horas de trabalho.
Custo monetário é soma dos produtos das quantidades utilizadas pelos respectivos preços
unitários.
Naturalmente, designando por K o custo monetário, teremos:
K = x p1 + Yp2 + z p3
Este custo, sendo a expressão monetária do consumo dos meios de exploração, permite a
decomposição dos custos nos seus dois elementos essenciais: as quantidades e os preços.
Ora, enquanto os consumos em quantidade são variáveis de ordem interna, sobre as quais a
empresa pode exercer uma acção mais ou menos sensível, os consumos em valor são
variáveis de ordem externa, reflectindo a flutuação dos preços no mercado, sem qualquer
interferência da empresa.
Por isso mesmo, como já dissemos, não se podem comparar os custos monetários em épocas
afastadas - sabemos que a unidade monetária é uma medida essencialmente variável, podendo
comparar-se, no dizer do prof. Teixeira Ribeiro, a «um metro que cresce e mingua».
Na realidade, a simples análise dos resultados por produtos, embora indispensável para a
tomada de certo tipo de decisões, é geralmente insuficiente para o controlo de gestão, pois
não fornece quaisquer informações particulares quanto à localização de possíveis insucessos
ao longo do processo de exploração.
Notemos, desde já, que os custos funcionais facilitam a determinação dos custos dos
produtos, como veremos, para além de permitirem a distinção entre os custos controláveis e
os custos não controláveis pelos responsáveis de cada função ou departamento da empresa.
CONTAB. GERAL CONTABILIDADE DE GESTÃO
CUSTOS CUSTOS
Convém salientar, entretanto, que todo o objecto de custo corresponde sempre a uma acção
ou actividade: um custo é sempre a soma das despesas necessárias para «fazer qualquer
coisa»: para exercer uma função, para realizar o trabalho dum departamento, para fabricar um
produto, para prestar um serviço - a função exercida, o departamento considerado, o produto
fabricado, o serviço prestado, são o objecto dos respectivos custos.
Assim, quando se fala em «custo funcional» ou « custo departamental», estas expressões são
formas abreviadas de dizer: «a soma das despesas necessárias para fabricar o produto» e
«para prestar o serviço».
Quer dizer, são directos todos aqueles custos especificamente originados por este ou aquele
serviço (custos directos das funções e departamentos) ou por este ou aquele produto
(custos directos dos produtos).
Assim, em relação aos custos directos é sempre possível conhecer, imediata, evidente ou
praticamente, ou o seu destino funcional, ou o seu destino final, ou ambos.
São geralmente custos directos as matérias-primas e o trabalho dos operários (mão-de- obra).
São indirectos todos aqueles custos originados não por este ou aquele serviço ou produto,
mas sim por vários serviços ou produtos (gastos gerais da empresa), desconhecendo-se, no
momento da sua efectivação, o seu destino funcional e/ou final.
Convém salientar que, em relação aos produtos (assim como em relação aos serviços), não é
a natureza dos elementos que determina a respectiva classificação, mas sim a sua conexão
circunstancial aos produtos (ou aos serviços).
De facto, por um lado, em certos casos a mão-de-obra pode ser um custo indirecto; por outro
lado, poderão ser custos directos os fornecimentos e serviços de terceiros, a força motriz e a
amortização de certas máquinas, verificando-se tal sempre que estes elementos estejam
especialmente ligados ao custo de determinado produto.
Nesta ordem de ideias, também alguns «custos de período» podem ser relacionados com
determinados produtos, como certos gastos de distribuição (as despesas de expedição -
embalagem e frete - deste ou daquele produto, embora seja mais difícil encontrar elementos
directos entre os gastos de administração e financiamento.
Pelo contrário, os elementos indirectos, desconhecendo-se o seu destino funcional e/ou final,
podem ser directamente afectados aos respectivos objectos de custo, sendo necessária a sua
repartição para que possam ser imputados aos serviços e aos produtos.
Assim, a afectação respeita aos custos directos e a imputação aos custos indirectos.
Resumo:
Na empresa, para se prosseguirem os objectivos particulares definidos pelos seus detentores
e gestores, há que suportar custos, que têm contrapartida nos benefícios (proveitos),
resultantes desses objectivos.
O custo é um sacrifício de recursos com vista a atingir determinado objectivo.
2. Os custos e os produtos
Em primeiro lugar, temos o custo industrial que é a parte que lhe respeita nos custos de
produção ou industriais.
Convém referir que nos casos de produção múltipla raramente se determina o custo unitário
complexivo dos produtos, dadas as dificuldades - e mesmo frequentemente a impossibilidade
- de distribuírem alguns dos custos não industriais pelos diversos produtos.
Custo Complexivo - adição ao custo industrial dos custos não fabris (gastos Gerais da
empresa) Custos de venda, custos administrativos, financeiros (preço de venda mínimo)
Lucro
Puro Preço
de
Gastos Custo
Venda
Figura Económico
Efectiv
- tivos ou
o
Gastos Custo Preço
Comerciais Comercial de
Rendimento
G. Fab. Custo ou Venda
Bruto
M. Obra Custo Industrial Complexivo Normal
ou
Mat. Primo Total
Primas
O ciclo produtivo da empresa começa com a compra das matérias e termina, no que respeita à
fase de fabricação, com o acabamento do produto. O custo industrial deve incluir todos os
gastos referentes a esta fase do ciclo.
Todos aqueles custos relativos às matérias são custos industriais. Mas o custo industrial do
produto não se limita ao custo das matérias, da mão-de-obra e de outros gastos
especificamente ocasionados pelo fabrico do produto, pois inclui também uma quota parte
dos gastos comuns a todos os produtos, como sejam os ocasionados pelos serviços auxiliares
ou de apoio à fabricação. Constituem exemplos os custos relativos à planificação da
produção, oficinas, serviços administrativos da fábrica, direcção fabril, etc.
No estádio final da produção temos os custos com a embalagem dos produtos. Com
frequência acontece que se podem distinguir duas embalagens: aquela em que o produto é
acondicionado logo que é acabado e uma posterior, para expedição.
Se o produto não pode ser armazenado sem a embalagem e esta é feita na fábrica sob a
responsabilidade do director fabril, é considerada custo industrial. A segunda, feita na altura
da expedição para o cliente, sob a responsabilidade do director comercial, é considerada custo
de distribuição.
A soma dos custos das matérias directas consumidas e da mão-de-obra directa designa-se
custo primo (CP). Por outro lado, à soma dos custos da mão-de-obra directa com os gastos
gerais de fabrico chama-se custo de transformação (CT).
Temos pois:
Custo GGF
de
Transf. MOD Custo
MD Primo
Matérias directas
As matérias directas são os bens que se laboram para obter o produto final, aparecendo
geralmente incorporado neste (madeira e móvel, farinha e pão, papel e livro, etc.).
Designa-se por mão-de-obra directa o custo com o pessoal que trabalha directamente na
fabricação do produto, excluindo-se os encargos com o pessoal da área industrial, que tem
funções de supervisão (encarregados, chefes de secção, directores) ou de apoio (direcção
fabril, planeamento e controlo de produção, etc.) que são considerados gastos gerais de
fabrico.
Sobre estas remunerações pagas pela empresa, esta suporta segundo a lei geral os seguintes
encargos, geralmente designados de encargos patronais:
- Segurança social;
- Seguros de acidentes de trabalho e doenças profissionais, cuja taxa é variável com
os sectores de actividade;
- Férias, subsídio de férias e subsídio de Natal.
Resumindo, o custo de mão de obra directa será o somatório das remunerações e de encargos
da entidade patronal do pessoal directamente afecto à produção.
Fazem parte dos gastos gerais de fabrico os restantes custos da função industrial. Entre as
diversas naturezas de custos salientamos:
Não existem, em princípio, dificuldades de maior no apuramento dos custos das matérias
directas e da mão de obra directa a considerar no custo do produto. Com efeito, tratam-se de
custos directos dos produtos.
Com os gastos gerais de fabrico não se passa o mesmo, pois neles são fundamentalmente
englobados gastos que são comuns aos diversos produtos que se fabricam.
Por esta razão, têm de definir-se critérios de imputação (de distribuição ou de repartição) dos
gastos gerais de fabrico verificados no período pelos produtos fabricados nesse período.
As bases de imputação de base única enferma de muitas limitações, pois só por mero acaso se
encontrará uma relação de proporcionalidade aceitável entre todos os GGF e a base de
imputação escolhida. Com efeito, repare-se que alguns GGF variarão com a mão de obra
directa, outros com as horas de trabalho das máquinas, etc. Por outro lado, um produto pode
recorrer a uma secção em que o trabalho se encontra sensivelmente mecanizado, outro a uma
secção em que o trabalho é sobretudo manual. Podem mesmo todos os produtos recorrer às
mesmas secções, mas ser diferente o contributo que cada uma delas dá para cada produto.
Concluindo, o custo industrial de produção do mês (CIP) é o somatório das matérias directas
(MD), da mão-de-obra directa (MOD) e dos Gastos Gerais de Fabrico (GGF), isto é:
CIP = MD + MOD + GGF
Por último, para se apurar o custo industrial dos produtos vendidos (CIPV ou custo das
vendas), deverá ter-se em atenção as existências iniciais (PAi) e finais (PAf) de produtos
acabados, isto é:
CIPV = PAi + CIPA - PAf
Para podermos fabricar os produtos que pretendemos vender torna-se necessário consumir,
bens e serviços (matérias, instalações, mão de obra, etc.). Desses consumos e sacrifícios
nasce o produto, cujo custo unitário é necessário determinar, pois, entre outras finalidades, há
que proceder à valorização dos produtos acabados que se encontram em armazém no fim de
cada período.
Por conseguinte, todos os custos que entram na determinação do custo industrial dos produtos
são custos de produtos e não custos de períodos.
Vendas
Nas organizações é necessário a todo o momento tomar decisões com vista a que perdurem e
se desenvolvam. Grande parte dessas decisões envolvem o conhecimento dos custos.
Abordaremos seguidamente alguns conceitos de custos que se relacionam com a tomada de
decisões.
A - Custos diferenciais
Para se decidir entre as diferentes alternativas há que medir os resultados (ou os cash-flow)
associados a cada uma delas e compará-los. Esta comparação deve ser feita relativamente a
uma das alternativas, que se toma como referência.
De qualquer forma, haverá sempre duas alternativas para decidir, que consistem:
- Na alteração da situação que é o objecto de análise;
- Na manutenção da situação (que será a alternativa de referência).
Exemplo
Uma empresa produtora de álcool pode aumentar a sua produção através da montagem de
uma nova coluna de destilação, que lhe permitirá resolver o estrangulamento existente entre
aquela fase e a refinação. A capacidade de produção anual passaria de 2.000.000 litros e não
existem quaisquer dificuldades na venda da produção adicional.
B - Custos irrelevantes
Há custos que quando se toma uma decisão se mantêm invariáveis. São, pois, irrelevantes
para a tomada dessa decisão, não é necessário tê-los em consideração na apresentação da
decisão.
Se a empresa dispõe de uma capacidade de produção sensivelmente superior aquela que está
a utilizar, há custos relacionados com a estrutura produtiva (mão de obra directa,
amortizações, etc.) que não se alteram pelo facto de se aumentar o volume de produção. Os
custos efectuados no passado com a concepção de um novo produto são irrelevantes para a
decisão que se pretende tomar relativamente ao seu lançamento no mercado, pois já
ocorreram e portanto existem quer se comercialize ou não o produto.
C - Custos de oportunidade
Com frequência verifica-se que certos recursos que se encontram aplicados na empresa têm
alternativas de aplicação. Esta aplicação alternativa possibilitaria proveitos que é necessário
comparar com os que estão a obter na que está a ser dada ao recurso. Assim, uma forma de
verificar o interesse da aplicação actual é considerar, como custo desta, na determinação da
sua rentabilidade, o proveito da alternativa, que designamos como custo de oportunidade da
aplicação actual.
O grupo de Contabilidade de Gestão
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Como exemplo, admitamos que a empresa dispõe de edifício que serve de armazém da
actividade comercial de grossista que também desenvolve. Aquele edifício pode ser
facilmente arrendado a terceiros, para armazém, por 12.000 contos por ano. Na análise
daquela actividade da empresa, deverá considerar-se como seu custo de oportunidade o valor
de arrendamento possível, ou seja, 12.000 contos/ano.
O volume é sempre uma quantidade por período de tempo, podendo reportar-se ao número de
unidades produzidas (volume de produção), ao número de unidades vendidas (volume de
vendas), ao número de horas mão-de-obra directa ou de trabalho das máquinas (volume de
actividade de uma secção fabril).
Custos fixos
São aqueles que não variam quando se altera o volume ou pelo menos são pouco sensíveis às
alterações deste.
É o caso da renda do edifício, das amortizações (calculados pelo método das quotas
constantes), dos seguros de incêndio, etc.
Custos
Custos Fixos
Globais
0
Volume
Capacidade
Instalada
Os custos fixos mantêm-se inalteráveis com as variações do Volume
O grupo de Contabilidade de Gestão
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O grupo de Contabilidade de Gestão
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Custos variáveis
São aqueles que variam necessariamente quando o volume aumenta ou diminui, mesmo que
este aumento ou diminuição seja diminuto.
São casos que resultam da utilização da capacidade existente para fabricar ou vender
produtos. Exemplos: energia eléctrica consumida por uma máquina é um caso variável com o
tempo de trabalho; as comissões pagas aos vendedores são custos variáveis com o valor das
vendas.
Custo Fixo
Custos Degressivos
0
Volume
Capacidade
Instalada
Custos semivariáveis
São custos constituídos por uma parte fixa e outra variável. É o caso do vendedor que tem
como ordenado mensal (parte fixa) e comissões sobre as vendas que efectua (parte variável).
Custos
Custos Fixos
Globais
CUSTOS VARIÁVEIS
MÉDIOS
0 Capacidade Instalada
Volume
O custo variável médio é constante quando todos os custos variáveis são proporcionais
0
Volume
Capacidade Instalada
Custos
0
Volume
Capacidade Instalada
O custo total médio é decrescente quando o custo varável global é proporcional
A análise que temos vindo a fazer da variabilidade dos custos é feita numa óptica de curto
prazo. Esta consiste em considerar a capacidade existente e verificar nesse contexto o
comportamento dos custos com as variações de volume que podem observar-se no quadro
dessa capacidade. É uma análise estática pois considera apenas os custos existentes em certa
data e que correspondem à capacidade existente.
Calculemos que, como o custo fixo por unidade de produto para diversos volumes de
produção, dentro da sua capacidade de 500.000 tons./ano.
Volume de produção Custos fixos anuais Custo fixo unitário
anual (em tons.) (em contos) (por ton.)
100.000 125.000 1.250,00
200.000 125.000 625,00
300.000 125.000 416,00
400.000 125.000 312,00
500.000 125.000 250,00
Constata-se que, como os custos fixos globais se mantêm sem alteração para os diversos
níveis de utilização da capacidade, o custo fixo médio vai diminuindo à medida que aumenta
o volume de produção.