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Cholty da Assia Zita

Edson Belito Semente

Ernestina Janico Macuácua

Jorge Augusto Mabuie

José Carlos Banze

Pureza Manjate

Vilma Wate

Transtornos da Esfera Afectiva

Licenciatura em Ciências da Educação

2º Ano, Regular

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo

2023
1

Cholty da Assia Zita

Edson Belito Semente

Ernestina Janico Macuácua

Jorge Augusto Mabuie

José Carlos Banze

Pureza Manjate

Vilma Wate

Transtornos da Esfera Afectiva

Trabalho a ser apresentado na


Faculdade de Educação e Psicologia
na Disciplina de Psicopatologia
Infanto-Juvenil para o efeito de
avaliação, sob orientação da doutora
Cecília Xavier

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo

2023
2

Índice
Introdução.............................................................................................................................................4
Objectivos.............................................................................................................................................5
Metodologia..........................................................................................................................................5
Transtornos da Esfera Afectiva..............................................................................................................6
Sentimentos...........................................................................................................................................7
Teorias dos Sentimentos........................................................................................................................7
Tipos de sentimentos.............................................................................................................................7
Principais Transtornos Afectivos...........................................................................................................7
Depressão..............................................................................................................................................8
Sintomas e causas da Depressão..........................................................................................................10
Diagnóstico e tratamento.....................................................................................................................10
Prevenção e o impacto da Depressão...................................................................................................11
Transtorno Bipolar...............................................................................................................................11
Sintomas e causas do transtorno bipolar..............................................................................................12
Diagnóstico e Tratamento....................................................................................................................13
Transtorno de Ansiedade.....................................................................................................................16
Causas do transtorno de ansiedade e medidas de prevenção................................................................17
Distimia...............................................................................................................................................18
Transtorno Ciclotímico........................................................................................................................19
Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM).....................................................................................20
Transtorno depressivo pós-parto..........................................................................................................22
Transtorno afectivo sazonal (TAS)......................................................................................................23
Outros Transtornos Afectivos Especificados ou Não Especificados....................................................23
Causas e Factores de Risco dos Transtornos Afectivos.......................................................................24
Impacto dos Transtornos Afectivos nos Indivíduos e na Sociedade....................................................26
Considerações finais............................................................................................................................28
Referências bibliográficas...................................................................................................................30
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Introdução
Os transtornos da esfera afectiva, também conhecidos como transtornos do humor,
constituem um conjunto complexo de condições psiquiátricas que exercem um profundo
impacto no estado emocional e no humor de um indivíduo. Estas condições vão muito além
das flutuações emocionais comuns e podem influenciar significativamente a maneira como
uma pessoa percebe, expressa e lida com suas emoções.

Abarcando um amplo espectro de manifestações emocionais, desde períodos de tristeza


profunda e desesperança até episódios de euforia intensa, os transtornos da esfera afectiva
representam uma área crucial de estudo e intervenção na psicologia e na psiquiatria.
Compreender a natureza desses transtornos é essencial para fornecer suporte eficaz às pessoas
que enfrentam essas complexas condições emocionais.

Esta exploração abrangente dos transtornos da esfera afectiva busca aprofundar nosso
conhecimento sobre as causas, sintomas e abordagens terapêuticas associadas a essas
condições. Através dessa compreensão, somos capacitados a oferecer um suporte mais eficaz,
promovendo o bem-estar emocional e a qualidade de vida daqueles afectados por esses
transtornos desafiadores.
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Objectivos
Constitui objectivo Geral deste trabalho Compreender a natureza e complexidade dos
transtornos afectivos.

Para alcançar este objectivo foram formulados outros três considerados objectivos

Específicos

− Explorar as causas e factores de risco associados a esses transtornos.


− Descrever os sintomas característicos e os critérios de diagnóstico.
− Analisar o impacto dos transtornos afectivos na qualidade de vida dos indivíduos e na
sociedade.
− Investigar as diferentes abordagens terapêuticas e tratamentos disponíveis.

Metodologia
A metodologia adoptada para atingir os objectivos acima propostos será a seguinte:
Revisão Bibliográfica, que consistira na realização de uma ampla pesquisa bibliográfica em
bases de dados académicas e científicas sobre transtornos da esfera afectiva. Isso inclui
artigos científicos, livros, teses e outros materiais relevantes.
Entrevistas com Especialistas, Entrevistar profissionais de saúde mental, como psicólogos e
psiquiatras, para obter perspectivas clínicas e práticas sobre o diagnóstico e tratamento dos
transtornos afectivos.
Avaliação de Ferramentas de Diagnóstico, Analisar as ferramentas de diagnósticas
utilizadas por profissionais de saúde mental, como o DSM-5, para compreender os critérios e
métodos empregados no diagnóstico de transtornos afectivos.
Com base nos dados e informações obtidos, elaborar recomendações práticas para
profissionais de saúde mental e indivíduos afectados, visando uma abordagem mais eficaz na
compreensão, diagnóstico e tratamento dos transtornos afectivos.
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Transtornos da Esfera Afectiva


Os transtornos da esfera afectiva, também conhecidos como transtornos do humor, são
condições psiquiátricas que afectam predominantemente o estado emocional e o humor de um
indivíduo. Estes transtornos influenciam a forma como uma pessoa sente, expressa e lida com
suas emoções, podendo resultar em episódios de tristeza profunda, períodos de euforia, ou
oscilações entre diferentes estados emocionais.

Os transtornos da esfera afectiva têm sido extensivamente estudados por diversos autores,
contribuindo para uma compreensão mais aprofundada dessas condições psiquiátricas.

A depressão é amplamente abordada na teoria psicológica. Segundo Beck (1967), a Teoria


Cognitiva da Depressão destaca a importância dos esquemas cognitivos negativos na génese e
manutenção da depressão. Já Seligman (1973), com a Teoria da Desistência Aprendida,
enfatiza como a sensação de falta de controlo sobre eventos pode levar à depressão.

O transtorno bipolar também recebeu atenção significativa na literatura. Klerman e Weissman


(1989) desenvolveram o modelo psicossocial, que integra factores biológicos e psicossociais
na etiologia do transtorno bipolar. Posteriormente, Goodwin e Jamison (1990) aprofundaram
essa perspectiva, ressaltando a importância da genética na predisposição ao transtorno
bipolar.

No contexto dos transtornos de ansiedade, autores como Clark e Beck (2011) contribuíram
com a Teoria Cognitiva dos Transtornos de Ansiedade, que explora os padrões de
pensamento disfuncionais associados à ansiedade. Além disso, Barlow (2002) desenvolveu a
Teoria de Modelagem da Ansiedade, que enfatiza a aprendizagem de respostas de medo.

Além das abordagens psicológicas, a perspectiva neurobiológica também é crucial. Neste


contexto, autores como Kandel et al. (2000), destacam a complexa interacção entre
neurotransmissores e sistemas cerebrais na manifestação dos transtornos afectivos.

Na área de intervenções terapêuticas, Beck e colaboradores (1979) desenvolveram a Terapia


Cognitiva, uma abordagem amplamente utilizada no tratamento de transtornos afectivos.
Além disso, a Terapia Comportamental Dialéctica de Linehan (1993) tem mostrado eficácia
particular no tratamento de transtorno de personalidade borderline, muitas vezes associado a
transtornos afectivos.
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Sentimentos
Segundo Ribeiro, Os sentimentos são informações que todos seres biológicos são capazes de
sentir nas diferentes situações que vivenciam, todo ser é dotado de sentimentos e eles são
diferentes entre si.

Teorias dos Sentimentos


Sentimentos superiores – São conjuntos de milhares de emoções, afectos, disposições.

Sentimentos práticos –São satisfações e prosperidade humana, é o fundamento daexistência


humana (relações emocionais, positivas ao trabalho).

PETROVSKI (1980:356), afirma que qualquer esfera da prática humana da


actividadeconsciente dirigida a uma finalidade que chega a ser objecto de alguma atitude da
pessoa à ela, isto se observa em primeiro lugar na actividade laboral quando o indivíduo toma
consciênciade um e outros objectivos aceitando-os com os caminhos para chegar tais
objectivos agrupandos métodos e sentimentos de influência.

Sentimentos morais – Manifestam-se dum homem para o outro.

PETROVSKI (1980), os sentimento morais se expressão a relação do individuo para


com outras pessoas, sem colectivo, seu atitude e respeito das personalidades próprias.

Tipos de sentimentos
Primários/ Inatos – Envolvem todas as necessidades profundamente naturais dos seresanimais.

Secundários/adquiridos – Envolve todas as necessidades que o homem vai adquirindodurante


toda a vida.

Fundamentais - Todos sentimentos, apesar da sua inesgotável multiplicidade, se


podemconsiderar diversidade de um número de outros que podem considerar de
fundamentais.

Principais Transtornos Afectivos


Os transtornos afectivos, também conhecidos como transtornos do humor, constituem um
grupo complexo de condições psiquiátricas que impactam profundamente a experiência
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emocional de um indivíduo. Estes distúrbios vão além das flutuações emocionais comuns e
envolvem alterações substanciais e muitas vezes duradouras no estado emocional, na
expressão de sentimentos e na regulação do afecto.

Essas condições podem abranger um amplo espectro de manifestações emocionais, desde


episódios de tristeza profunda e desânimo até períodos de euforia intensa e, em alguns casos,
oscilações entre extremos emocionais. Essas variações muitas vezes podem ser
desencadeadas ou exacerbadas por factores biológicos, psicológicos e ambientais, tornando a
compreensão e o tratamento dos transtornos afectivos um desafio complexo e multifacetado.

A importância de reconhecer e abordar os transtornos afectivos não pode ser subestimada.


Eles têm um impacto significativo na qualidade de vida, nas relações interpessoais e no
funcionamento diário dos indivíduos afectados. Além disso, esses transtornos podem estar
associados a condições médicas que ocorrem simultaneamente, mas independentemente, com
outra condição em um paciente, como ansiedade e problemas de saúde física, ampliando
ainda mais sua complexidade e impacto na saúde global.

Portanto, a compreensão aprofundada desses transtornos, incluindo suas causas, sintomas e


abordagens terapêuticas, é essencial para oferecer um suporte eficaz e compassivo aos
indivíduos que vivenciam essas condições desafiadoras. A colaboração entre profissionais de
saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, é fundamental para um diagnóstico preciso e
um plano de tratamento personalizado, visando promover a recuperação e o bem-estar
emocional dos pacientes. Abaixo serão abordados os principais tipos de transtornos afectivos.

Depressão
A depressão é um transtorno caracterizado por uma persistente sensação de tristeza,
desesperança, perda de interesse ou prazer em actividades quotidianas. Pode ser
acompanhada de sintomas físicos como fadiga, alterações no sono e apetite, e dificuldade de
concentração.

Sigmund Freud foi um dos pioneiros na exploração dos aspectos psicológicos da depressão,
ou como ele a chamava, "melancolia". Sua associação da depressão com a experiência de
perda e luto foi uma contribuição seminal para a compreensão dessa condição.

Freud argumentava que a depressão envolve um processo intrapsíquico complexo, no qual o


indivíduo internaliza sentimentos de raiva e culpa em relação ao objecto de amor perdido.
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Essa autocrítica intensa e a incapacidade de se libertar dos sentimentos negativos em direcção


ao objecto perdido podem levar a um estado de tristeza profunda e desesperança.

Além disso, Freud também enfatizou a importância da resolução do luto como um passo
crucial para a recuperação da depressão. Ele destacou que permitir que os sentimentos de
perda e dor sejam processados e, eventualmente, integrados ao eu é essencial para superar a
melancolia. A perspectiva de Freud sobre a depressão influenciou profundamente a teoria e a
prática da psicologia e da psicoterapia. Suas ideias ainda são objecto de estudo e discussão, e
continuam a ser uma parte fundamental do campo da psicologia clínica.

Portanto, ao examinarmos a história do entendimento da depressão, é imperativo reconhecer a


significativa contribuição de Sigmund Freud na formulação das bases teóricas que continuam
a informar a compreensão contemporânea dessa complexa condição emocional.

Para Lacan (1981), a depressão é vista como uma resposta complexa à falta ou à perda de um
objecto de desejo. Ele enfatizava a importância do objecto a, que representa o objecto de
desejo primordial, muitas vezes inatingível e idealizado. Quando esse objecto é percebido
como perdido ou inacessível, pode desencadear um estado de depressão.

Além disso, Lacan também introduziu o conceito de "falta no Outro", referindo-se à sensação
de ausência ou vazio que surge quando o sujeito percebe que o Outro (a figura de autoridade,
como os pais, por exemplo) não pode fornecer plenamente o que é desejado.

Essas ideias de Lacan acrescentam uma dimensão profunda à compreensão da depressão,


abordando-a não apenas como uma condição clínica, mas também como uma experiência
intrincadamente ligada aos processos de desejo e identidade.

No pensamento de Jacques Lacan, vemos uma abordagem única e enriquecedora para


compreender a natureza da depressão a partir de uma perspectiva psicanalítica. Suas ideias
continuam a influenciar a teoria e a prática da psicanálise e da psicologia clínica.

Por tanto a depressão é uma condição de saúde mental que afecta milhões de pessoas em todo
o mundo. Ela é caracterizada por uma persistente sensação de tristeza, desesperança e falta de
interesse ou prazer na maioria das actividades do dia a dia. A depressão não é apenas uma
tristeza passageira; é um transtorno de humor que pode interferir significativamente na
qualidade de vida, nas relações interpessoais e no funcionamento diário.
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Sintomas e causas da Depressão


Os sintomas típicos da depressão incluem tristeza persistente, perda de energia, fadiga,
insónia ou sono excessivo, alterações no apetite, dificuldade de concentração, sentimentos de
inutilidade e culpa, Irritabilidade, Indecisão, Alto grau de pessimismo e pensamentos
suicidas.

A depressão pode ser desencadeada por uma combinação de factores biológicos, genéticos,
psicológicos e ambientais. Eventos de vida estressantes, trauma, histórico familiar de
depressão, Transtornos psiquiátricos correlatos, Ansiedade crónica e desequilíbrios químicos
no cérebro são todos factores que podem desempenhar um papel.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da depressão é geralmente feito por profissionais de saúde mental, como
psicólogos e psiquiatras. Eles utilizam critérios específicos do Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) para determinar se alguém atende aos critérios
para o transtorno depressivo.

A depressão é tratável, e várias abordagens terapêuticas podem ser eficazes. As opções de


tratamento incluem terapia cognitiva comportamental, terapia farmacológica (medicamentos
antidepressivos) e terapias alternativas, como a terapia electroconvulsiva (TEC). O
tratamento é frequentemente personalizado com base nas necessidades individuais.

Por tanto O tratamento com medicamentos (terapia farmacológica) deve ser orientado por um
psiquiatra e depende da gravidade da depressão. Alguns exemplos de antidepressivos que
podem ser indicados pelo médico são: Inibidores selectivos da receptação de serotonina
(ISRS) como sertralina, fluoxetina, paroxetina ou citalopram; Antidepressivos tricíclicos
como imipramina, amitriptilina ou nortriptilina; Moduladores e estimuladores da serotonina
como vortioxetina, nefazodona ou trazodona; Inibidores da recaptação de serotonina e
norepinefrina (ISRSN) como venlafaxina, duloxetina ou desvenlafaxina; Inibidores seletivos
da recaptação de noradrenalina e dopamina como bupropiona; Antidepressivos atípicos como
mirtazapina ou mianserina; Inibidores da monoaminoxidase (IMAO) como tranilcipromina,
moclobemida, fenelzina, selegilina ou isocarboxazida.

Mas também psicoterapia ajuda a diminuir as dificuldades emocionais, estimulando o


autoconhecimento e a resolução de conflitos internos da pessoa.
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Prevenção e o impacto da Depressão


A depressão não afecta apenas o indivíduo que a enfrenta, mas também tem impacto em sua
família, amigos e na sociedade como um todo. Ela está associada a custos económicos e
sociais significativos. A depressão é uma condição médica séria que pode ter um impacto
significativo na vida de uma pessoa.

A Prevenção da Depressão Embora alguns tipos de depressão possam ser causados por mau
funcionamento do cérebro e não possam ser evitados, existem boas evidências de que a
depressão pode ser prevenida com bons hábitos de saúde, Isso inclui:

 Ter uma dieta equilibrada


 Praticar actividade física regularmente
 Gerenciar o estresse e compartilhar as dificuldades do dia-a-dia
 Evitar o consumo de álcool e drogas ilícitas
 Manter uma rotina de sono regular

Segundo a organização mundial da saúde, a depressão é um transtorno mental frequente,


afectando mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Ela pode causar grande
sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar. No pior dos casos, a
depressão pode levar ao suicídio. A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o
mundo e contribui significativamente para a carga global de doenças. Além disso, a
depressão está associada a altos índices de incapacitação, prejuízo no funcionamento global,
elevados custos socioeconómicos, queda da qualidade de vida, maior risco de
desenvolvimento de outras doenças de alta mortalidade (como diabetes, doenças
cardiovasculares, câncer), piores índices de saúde geral e elevado risco de suicídio. É
importante destacar que a depressão é uma condição complexa e varia de pessoa para pessoa.
Portanto, um tratamento personalizado e o apoio de profissionais de saúde mental são
essenciais para enfrentar essa condição de maneira eficaz. Se você ou alguém que você
conhece está enfrentando a depressão, não hesite em procurar ajuda e apoio adequados.

Transtorno Bipolar
O transtorno bipolar, anteriormente conhecido como psicose maníaco-depressiva, envolve
mudanças extremas no humor, oscilando entre episódios de mania (euforia, energia
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excessiva) e episódios depressivos (tristeza profunda). Existem diferentes tipos de transtorno


bipolar, dependendo da intensidade e frequência dos episódios.

O transtorno bipolar é uma condição de saúde mental caracterizada por mudanças extremas
de humor, que incluem episódios de mania (ou hipomania) e depressão. Essas mudanças de
humor podem afectar significativamente o funcionamento diário e a qualidade de vida de
uma pessoa.

O transtorno bipolar é conhecido por seus episódios distintos de mania e depressão. Durante
os episódios de mania, uma pessoa pode se sentir extremamente energizada, eufórica e
impulsiva. Pode haver uma diminuição na necessidade de sono, pensamentos acelerados e
comportamentos de risco.

Nos episódios depressivos, os sintomas são semelhantes aos de outros tipos de depressão,
como tristeza profunda, falta de energia, dificuldade de concentração, alterações no apetite e
no sono, entre outros. Existem 3 subtipos do transtorno bipolar a destacar:

Transtorno Bipolar Tipo I: Caracterizado por episódios maníacos completos, muitas vezes
acompanhados por episódios depressivos.

Transtorno Bipolar Tipo II: Envolve episódios de hipomania (uma forma menos grave de
mania) e depressão maior.

Ciclotimia: Uma forma mais leve de transtorno bipolar, marcada por flutuações de humor
menos intensas, mas ainda assim significativas.

Sintomas e causas do transtorno bipolar


A etiologia do Transtorno Bipolar é complexa e multifactorial, envolvendo factores
genéticos, neuroquímicos e ambientais. Estudos sugerem uma predisposição genética
significativa, com uma concordância maior em gémeos idênticos em comparação com
gémeos fraternos. Alterações nos neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina,
também desempenham um papel crucial na fisiopatologia.

Conforme mencionado anteriormente os sintomas do transtorno bipolar envolvem os


Episódios Maníacos, Episódios Depressivos, Episódios de Hipomania, e Mudanças de Humor
Rápidas.
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Os episódios Maníacos são caracterizados por:

- Euforia extrema ou irritabilidade.

- Energia aumentada e actividade motora acelerada.

- Pensamentos rápidos e dificuldade de concentração.

- Comportamento impulsivo e tomada de decisões arriscadas.

- Diminuição da necessidade de sono.

Os Episódios Depressivos caracterizam se por:

- Tristeza profunda e persistente.

- Perda de interesse ou prazer em actividades quotidianas.

- Alterações no apetite ou peso.

- Dificuldade de concentração e tomada de decisões.

- Sentimentos de desesperança ou pessimismo.

Episódios de Hipomania:

- São semelhantes aos episódios maníacos, mas menos intensos e com menor impacto nas
actividades diárias.

Mudanças de Humor Rápidas (Ciclagem Rápida):

- Algumas pessoas com transtorno bipolar experimentam mudanças de humor em curtos


períodos de tempo, podendo alternar entre mania e depressão em questão de dias ou até
horas.

Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é feito por um profissional de saúde mental, geralmente através de uma
avaliação clínica abrangente e entrevistas.
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O tratamento pode incluir terapia cognitivo-comportamental, medicamentos estabilizadores


de humor e estratégias de autogestão.

O diagnóstico do transtorno bipolar começa com uma avaliação clínica abrangente realizada
por um profissional de saúde mental. Isso pode ser um psiquiatra, psicólogo clínico ou
terapeuta especializado em saúde mental. O profissional irá obter um histórico médico
completo, incluindo informações sobre a saúde mental, histórico familiar de transtornos do
humor e qualquer uso de substâncias.

Uma entrevista detalhada é conduzida para entender os sintomas actuais, padrões de


comportamento e o impacto na vida diária. O diagnóstico do transtorno bipolar é feito com
base nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). O
DSM-5 estabelece os padrões diagnósticos aceitos internacionalmente.

É crucial distinguir o transtorno bipolar de outras condições que podem ter sintomas
semelhantes, como depressão unipolar, transtorno de ansiedade ou outros transtornos do
humor.

O tratamento do transtorno bipolar geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, que


pode incluir psicoterapia, farmacoterapia e mudanças no estilo de vida.

Na Psicoterapia a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é frequentemente utilizada para


ajudar a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento disfuncionais.

A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem altamente eficaz para pessoas com


transtorno bipolar. Ela se concentra em identificar e modificar padrões de pensamento e
comportamento que possam contribuir para os episódios de humor. Alguns pontos
importantes sobre a TCC envolvem:

Identificação de Padrões Disfuncionais, Ajuda os pacientes a reconhecer pensamentos


negativos ou disfuncionais que podem desencadear ou agravar os sintomas do transtorno
bipolar.

Desenvolvimento de Estratégias de Enfrentamento, Ensina técnicas para lidar com


situações desafiadoras, estressantes ou desencadeantes.

Gerenciamento de Crises, Fornece habilidades para lidar com momentos de crise e prevenir
a escalada de sintomas.
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Promoção da Estabilidade Emocional, Ajuda a estabilizar as flutuações de humor e a


desenvolver habilidades para regular as emoções.

Na Farmacoterapia Os medicamentos desempenham um papel crucial no tratamento do


transtorno bipolar. Alguns pontos importantes sobre a farmacoterapia incluem:

Estabilizadores de Humor, Medicamentos como lítio, valproato, carbamazepina e


lamotrigina são frequentemente prescritos para ajudar a estabilizar os episódios de humor.

Antipsicóticos Atípicos, Em alguns casos, antipsicóticos atípicos como a olanzapina ou


aripiprazol podem ser utilizados para controlar os sintomas.

Antidepressivos com Cautela, O uso de antidepressivos em pacientes com transtorno


bipolar é muitas vezes feito com precaução, pois podem desencadear episódios maníacos.

A adopção de um estilo de vida saudável é fundamental para o manejo eficaz do transtorno


bipolar. Alguns pontos importantes nesse processo incluem:

Exercício Regular, A actividade física pode ajudar a estabilizar o humor e reduzir os


sintomas depressivos.

Dieta Equilibrada, Uma alimentação saudável e balanceada contribui para o bem-estar físico
e emocional.

Sono Adequado, Estabelecer uma rotina de sono consistente e garantir horas suficientes de
descanso é essencial.

Evitar Substâncias Psicoactivas, O uso de álcool e drogas pode desencadear ou agravar os


sintomas do transtorno bipolar.

O suporte Social também é importante para incentivar o paciente a construir e manter uma
rede de apoio sólida, envolvendo familiares, amigos e grupos de apoio, pode ser fundamental
para o sucesso do tratamento.

Por tanto a combinação dessas abordagens é fundamental para o tratamento eficaz do


transtorno bipolar. No entanto, é importante lembrar que o tratamento deve ser personalizado
para atender às necessidades individuais de cada paciente. O acompanhamento regular com
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um profissional de saúde mental é essencial para avaliar a eficácia do tratamento e fazer


ajustes conforme necessário.

Com isso queremos dizer que tratamento do transtorno bipolar é altamente individualizado.
Cada pessoa pode responder de forma diferente às abordagens terapêuticas, e os planos de
tratamento devem ser ajustados conforme a necessidade. A colaboração entre profissionais de
saúde mental e o paciente é essencial para um manejo eficaz do transtorno bipolar.

Transtorno de Ansiedade
Embora seja mais conhecido por seus sintomas relacionados à ansiedade, o transtorno de
ansiedade também está associado a alterações no humor. Pessoas com esse transtorno podem
experienciar irritabilidade, agitação e sentimentos de apreensão constante.

Os indivíduos com transtornos de ansiedade podem apresentar sinais de alerta que reflectem
uma preocupação excessiva e constante. Eles podem evitar situações que consideram
ameaçadoras, o que pode levar a ausências escolares ou isolamento social. Sintomas físicos
como palpitações, suor excessivo, tremores e falta de ar podem surgir em momentos de
ansiedade aguda. Esses sintomas podem ser tão intensos que interferem na capacidade do
aluno de se concentrar em tarefas académicas. Além disso, eles podem apresentar
dificuldades em se comunicar, especialmente em situações de interacção social.
O desempenho académico pode ser afectado, pois a ansiedade pode prejudicar a capacidade
de realizar testes ou apresentações em público.
Um professor identificando um aluno com transtornos de ansiedade deve aplicar técnicas de
Gerenciamento de Ansiedade, como por exemplo Ensinar aos alunos técnicas práticas, como
exercícios de respiração profunda e visualização, para reduzir os sintomas de ansiedade
quando eles surgirem. Oferecer adaptações durante avaliações, como tempo extra, ambientes
silenciosos ou a oportunidade de fazer a avaliação em etapas, para reduzir o estresse e a
ansiedade durante os teste. O ambiente de Sala de Aula deve ser positivo, onde os alunos se
sintam seguros para fazer perguntas, expressar preocupações e compartilhar suas opiniões
sem medo de julgamento.
Deve se estabelecer rotinas para reduzir a incerteza, ajudando os alunos a saberem o que
esperar durante o dia lectivo. E também a colaboração com Profissionais de Saúde Mental é
importante para fornecer terapia cognitivo-comportamental para ensinar estratégias de
enfrentamento eficazes.
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Causas do transtorno de ansiedade e medidas de prevenção.


As Causas do Transtorno de Ansiedade são:

− Factores Genéticos e Histórico Familiar, Pessoas com histórico familiar têm maior
probabilidade de desenvolvê-lo, isto é, a componente genética influencia a
susceptibilidade.
− Desequilíbrios nos Neurotransmissores, a Serotonina e noradrenalina desempenham
papel importante no desenvolvimento.
− Experiências Traumáticas, Abuso, acidentes ou eventos estressantes podem
desencadear o transtorno.
− Estresse Crónico, Pressão no trabalho, problemas financeiros, conflitos interpessoais
contribuem.
− Propensas à Preocupação, Indivíduos com tendências ao perfeccionismo têm maior
risco.
− Condições Médicas, Problemas cardíacos, doenças crónicas, desequilíbrios hormonais
podem desencadear ou piorar.

As Medidas de Prevenção do Transtorno de Ansiedade são:

− Identificação de Factores de Risco, Conhecer e estar ciente dos factores de risco, como
histórico familiar.
− Estilo de Vida Saudável, Alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares, padrão
de sono adequado.
− Gerenciamento do Estresse, Aprender técnicas de gerenciamento de estresse, como
meditação, exercícios de relaxamento, pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver
ansiedade.
− Estilo de Vida Saudável, Manter uma dieta equilibrada, fazer exercícios regularmente e
garantir um sono adequado são fundamentais para promover a saúde mental.
− Evitar Substâncias Tóxicas, O uso excessivo de álcool, drogas ilícitas e cafeína pode
desencadear ou agravar a ansiedade. Evitar essas substâncias é importante.
− Terapia e Aconselhamento, Participar de terapia, como a terapia cognitivo-
comportamental (TCC), pode ajudar a desenvolver habilidades de enfrentamento e
prevenir a ansiedade.
− Identificação Precoce, Reconhecer os sintomas iniciais de ansiedade e procurar ajuda
profissional quando necessário é crucial para prevenir o agravamento do transtorno.
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− Manter Relações Sociais Saudáveis, O apoio de amigos e familiares desempenha um


papel importante na prevenção. Manter relações interpessoais positivas pode reduzir o
estresse e a ansiedade.
− Educando-se, Aprender sobre transtornos de ansiedade e suas causas pode ajudar a
identificar factores de risco e tomar medidas preventivas.

Lembrando que a prevenção é mais eficaz quando adaptada às necessidades individuais, e é


sempre aconselhável procurar ajuda de um profissional de saúde mental se você acredita estar
em risco de desenvolver um transtorno de ansiedade ou se já estiver enfrentando sintomas
ansiosos significativos.

Distimia
O Transtorno Depressivo Persistente (TDP), anteriormente conhecido como Distimia, é uma
condição de saúde mental caracterizada por um estado crónico de tristeza e desânimo.
Diferencia-se da depressão major pela duração prolongada e pela intensidade menos grave
dos sintomas. Esta condição pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e no
funcionamento diário dos indivíduos afectados.

O TDP é classificado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5)


como um transtorno do humor. Para o diagnóstico, é necessário que os sintomas estejam
presentes na maior parte do tempo por um período de pelo menos dois anos em adultos, ou
um ano em crianças e adolescentes. Os sintomas podem incluir tristeza persistente, alterações
no apetite, distúrbios de sono, baixa energia, dificuldade de concentração e baixa auto-estima.

O TDP é uma condição comum na população, embora muitas vezes subdiagnosticada.


Estudos epidemiológicos indicam uma prevalência que varia de 2% a 5% na população geral.
A condição pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas muitas vezes se inicia na adolescência
ou na idade adulta jovem.

As causas exactas da Distimia ainda não são totalmente compreendidas, mas factores
genéticos, desequilíbrios neuroquímicos, eventos traumáticos e experiências adversas na
infância podem desempenhar um papel no seu desenvolvimento.

O tratamento para o TDP pode envolver uma abordagem multidisciplinar. A terapia


cognitivo-comportamental é frequentemente utilizada para ajudar os indivíduos a identificar
padrões de pensamento negativos e desenvolver habilidades de enfrentamento. Além disso, a
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medicação antidepressiva pode ser prescrita em casos mais graves. Estratégias de


autocuidado, como a prática regular de exercícios físicos, sono adequado e técnicas de gestão
do estresse, também desempenham um papel crucial no tratamento.

Contudo, o Transtorno Depressivo Persistente, embora menos intenso que a depressão major,
pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos afectados. O
diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para melhorar o prognóstico e a
qualidade de vida dos pacientes. A abordagem terapêutica deve ser personalizada, levando
em consideração as necessidades individuais de cada paciente.

Transtorno Ciclotímico
O transtorno ciclotímico é caracterizado por oscilações crónicas de humor que não são tão
intensas como os episódios maníacos ou depressivos completos. Os sintomas são menos
graves, mas podem ser persistentes.

O termo "ciclotimia" foi cunhado por Karl Kahlbaum no século XIX para descrever estados
de ânimo alternantes. Actualmente, é classificada no Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-5) como um Transtorno do Humor do Espectro Bipolar.

A prevalência da ciclotimia é estimada em cerca de 0,4 a 1% da população geral, sendo


menos comum que o transtorno bipolar. Geralmente, manifesta-se na adolescência ou início
da idade adulta.

A ciclotimia Caracteriza se pela presença de fase de humor elevado, expansivo ou irritável,


associada a aumento da energia, criatividade e redução da necessidade de sono. Esses
episódios são menos intensos do que na mania do transtorno bipolar.

Períodos de tristeza, desânimo, baixa energia e interesse reduzido, sem atender


completamente aos critérios de um episódio depressivo maior.

Os ciclos de humor na ciclotimia ocorrem com mais frequência do que no transtorno bipolar,
muitas vezes com duração de semanas a meses.

A etiologia da ciclotimia é multifatorial. Fatores genéticos desempenham um papel


significativo, com uma predisposição familiar observada em muitos casos. Desregulações nos
neurotransmissores, como dopamina e serotonina, também são implicadas.
19

A ciclotimia pode ter um impacto significativo na qualidade de vida, nas relações


interpessoais e no desempenho profissional. Além disso, é comum a presença de
comorbidades, como ansiedade, transtornos de personalidade e abuso de substâncias.

O tratamento da ciclotimia envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo psicoterapia


(especialmente a terapia cognitivo-comportamental), estabilizadores de humor e educação
sobre a condição.

Por tanto o transtorno Ciclotímico é uma condição psiquiátrica complexa que requer uma
abordagem abrangente para o diagnóstico e tratamento eficaz. A compreensão dos aspectos
clínicos, factores de risco e intervenções terapêuticas é fundamental para fornecer o suporte
necessário aos indivíduos afectados por esta condição.

Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM)


O TDPM é um tipo de transtorno afectivo que ocorre em mulheres e está associado a
mudanças hormonais no ciclo menstrual. Os sintomas podem incluir alterações no humor,
irritabilidade e sensação de estar sobrecarregada.

O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é uma condição psicológica que afeta um


subconjunto de mulheres em idade reprodutiva, causando sintomas emocionais e físicos
intensos e disruptivos na fase pré-menstrual do ciclo menstrual.

O TDPM, anteriormente conhecido como Transtorno Disfórico Menstrual (TDM), é uma


variação mais grave do Síndrome Pré-Menstrual (SPM). Enquanto a SPM envolve sintomas
físicos e emocionais menos intensos, o TDPM é caracterizado por sintomas emocionais
acentuados que podem interferir significativamente na funcionalidade e bem-estar da mulher.

O TDPM afecta uma percentagem significativa de mulheres em idade reprodutiva,


estimando-se que entre 3% a 8% das mulheres em idade fértil experienciem sintomas graves
o suficiente para serem diagnosticadas com TDPM. Os sintomas do TDPM podem ser
categorizados em quatro áreas principais:

A) Sintomas Emocionais:

- Irritabilidade

- Depressão
20

- Ansiedade

- Mudanças de humor abruptas

B) Sintomas Físicos:

- Fadiga extrema

- Distensão abdominal

- Dores musculares ou articulares

- Sintomas gastrointestinais

C) Sintomas Cognitivos:

- Dificuldade de concentração

- Falta de interesse em actividades usuais

- Sentimentos de desesperança

d) Sintomas Comportamentais:

- Isolamento social

- Dificuldade nos relacionamentos interpessoais

- Comprometimento nas atividades diárias

A etiologia do TDPM é multifactorial e pode envolver interacções complexas entre factores


biológicos, psicológicos e sociais. Alguns dos principais contribuintes incluem:

− Flutuações Hormonais: Alterações nos níveis de estrogênio e progesterona durante o


ciclo menstrual podem desempenhar um papel crucial no desencadeamento dos sintomas.
− Sensibilidade Neuroquímica: Desequilíbrios nos neurotransmissores, como serotonina e
GABA, podem estar associados aos sintomas emocionais do TDPM.
− Factores Genéticos e Hereditários: Estudos sugerem que existe uma predisposição
genética para o desenvolvimento do TDPM.
− Factores Psicossociais: Estresse crónico, história de trauma e determinados padrões de
personalidade podem influenciar a severidade dos sintomas.
21

O tratamento do TDPM pode ser abordado de forma multimodal, incluindo intervenções


farmacológicas, psicoterapia, estilo de vida e autocuidado. Antidepressivos, agentes
hormonais e suplementos podem ser prescritos para aliviar os sintomas. Terapias cognitivo-
comportamentais e de relaxamento são eficazes na gestão dos sintomas emocionais.
Exercícios físicos regulares, alimentação balanceada e técnicas de gestão de estresse podem
ser incorporados no tratamento.

Transtorno depressivo pós-parto


O Transtorno Depressivo Pós-Parto (TDPP) é uma condição de saúde mental que pode
afectar algumas mulheres após o parto. É caracterizado por sintomas de depressão que
surgem nas semanas ou meses seguintes ao nascimento do bebé.

Esses sintomas podem incluir sentimentos de tristeza persistente, desesperança, perda de


interesse em actividades que antes eram prazerosas, alterações no apetite e no sono, fadiga
extrema e dificuldade de concentração. Mulheres com TDPP podem também experimentar
sentimentos de culpa, pensamentos negativos sobre si mesmas e uma sensação de
inadequação como mães. Além dos sintomas depressivos, o TDPP pode estar associado a
sintomas de ansiedade, como preocupações excessivas com o bem-estar do bebé.

O TDPP pode afectar a capacidade da mãe de cuidar de si mesma e do bebé, o que pode ter
um impacto significativo na dinâmica familiar. Factores de risco para o desenvolvimento do
TDPP incluem histórico de depressão ou outros transtornos mentais, mudanças hormonais e
biológicas durante a gravidez e após o parto, altos níveis de estresse, falta de apoio social e
eventos estressantes na vida da mãe, assim como complicações durante a gravidez ou no
processo de parto.

O tratamento do TDPP pode envolver uma combinação de intervenções, incluindo terapia


individual ou em grupo, apoio psicossocial, e em alguns casos, medicação antidepressiva. É
fundamental que as mulheres que suspeitam estar sofrendo de TDPP busquem ajuda
profissional para avaliação e tratamento adequado.

Com o apoio adequado, as mulheres com TDPP podem se recuperar e desfrutar de uma
maternidade saudável e gratificante. Buscar ajuda é um sinal de força e uma etapa importante
para a recuperação.
22

Transtorno afectivo sazonal (TAS)


O Transtorno Afectivo Sazonal (TAS), também conhecido como depressão sazonal, é uma
condição de saúde mental que está associada a variações sazonais. Os sintomas de depressão
ocorrem principalmente durante os meses de outono e inverno, diminuindo ou desaparecendo
na primavera e verão.

Essa condição é caracterizada por um padrão sazonal consistente, com os sintomas surgindo
em uma estação específica do ano, geralmente no outono ou inverno. Os sintomas incluem
tristeza persistente, perda de interesse em actividades que normalmente traziam prazer,
alterações no sono e apetite, falta de energia, dificuldade de concentração e, em casos mais
graves, pensamentos de morte ou suicídio. Algumas pessoas com TAS experimentam um
aumento no apetite, especialmente por alimentos ricos em carbohidratos, o que pode levar a
ganho de peso.

O TAS é mais comum em áreas geográficas mais distantes do equador, onde há uma variação
sazonal mais pronunciada na quantidade de luz solar. Factores como histórico familiar de
TAS e desequilíbrios nos níveis de neurotransmissores, como a serotonina, também podem
aumentar o risco de desenvolver a condição.

O tratamento do TAS pode envolver terapia de luz, onde a pessoa é exposta a uma luz
artificial brilhante, terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, medicação
antidepressiva. A terapia de luz, em particular, é altamente eficaz e envolve a utilização de
uma luz especial projectada para imitar a luz natural do dia.

Em conclusão, o Transtorno Afectivo Sazonal é uma condição de saúde mental que está
directamente ligada a variações sazonais e pode ter um impacto significativo na qualidade de
vida. Com o tratamento adequado, incluindo terapia de luz, terapia cognitivo-comportamental
e, em alguns casos, medicação, é possível aliviar os sintomas e melhorar o bem-estar geral
das pessoas afectadas por essa condição. É fundamental buscar ajuda profissional ao
enfrentar o TAS para receber o suporte necessário durante os períodos de sintomas.

Outros Transtornos Afectivos Especificados ou Não Especificados


Além dos transtornos mencionados acima, existem outras formas menos comuns de
transtornos afectivos que podem apresentar características únicas ou não se encaixar
claramente nas classificações padrão.
23

A classificação e diagnóstico preciso de transtornos afectivos são feitos por profissionais de


saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, com base em avaliações clínicas e critérios
estabelecidos nos manuais de diagnóstico. É importante consultar um profissional de saúde
ao lidar com questões relacionadas à saúde mental.

Causas e Factores de Risco dos Transtornos Afectivos


Os Transtornos Afectivos, incluindo a depressão e o transtorno bipolar, são condições
complexas cuja etiologia envolve uma interacção multifacetada entre factores genéticos,
ambientais e psicossociais.

Estudos de famílias e de gémeos têm consistentemente demonstrado uma predisposição


genética para os Transtornos Afectivos. Pesquisadores como Kendler e Neale (2009) têm
destacado a influência dos genes na vulnerabilidade a essas condições. Múltiplos
polimorfismos genéticos, especialmente aqueles relacionados à regulação de
neurotransmissores como a serotonina, têm sido identificados como contribuintes para a
susceptibilidade a esses transtornos (Caspi et al., 2010).

Experiências adversas na infância, como abuso, negligência e instabilidade familiar,


desempenham um papel significativo no desenvolvimento dos Transtornos Afectivos (Brown
& Harris, 1978). O modelo diátese-estresse proposto por Monroe e Simons (1991) enfatiza a
interacção entre factores genéticos e eventos estressantes no desencadeamento dessas
condições.

Teóricos como Beck (1967) têm ressaltado a importância dos padrões de pensamento
disfuncionais na etiologia da depressão. Estresse crónico, conflitos interpessoais e eventos
traumáticos também têm sido associados ao desenvolvimento de Transtornos Afectivos
(Hammen, 2005).

A presença de transtornos afectivos em parentes de primeiro grau é um dos mais fortes


preditores de desenvolvimento dessas condições (Sullivan et al., 2000). Estudos de agregação
familiar realizados por McGuffin et al. (2003) reforçam a influência dos factores genéticos.

Experiências traumáticas, como abuso físico, sexual e emocional, aumentam


significativamente o risco de desenvolvimento de Transtornos Afectivos (Kendler et al.,
2000). Eventos estressantes na vida, como perdas significativas, também são associados a um
maior risco (Mazure, 1998).
24

A comorbidade entre Transtornos Afectivos e abuso de substâncias é bem documentada


(Regier et al., 1990). A automedicação e os efeitos neuroquímicos das substâncias podem
agravar ou desencadear episódios afetivos.

Doenças médicas crónicas (Merikangas et al., 2011), desregulação hormonal (Young et al.,
2014), isolamento social (Cacioppo et al., 2006) e histórico de outros transtornos mentais
(Kessler et al., 2005) também são factores de risco relevante.
25

Impacto dos Transtornos Afectivos nos Indivíduos e na Sociedade


Os Transtornos Afectivos, como a depressão e o transtorno bipolar, exercem um efeito
significativo na qualidade de vida dos afectados..

Autores como Aaron T. Beck (Beck, 1967) e Martin E.P. Seligman (Seligman, 1975)
destacam que a depressão pode levar a uma visão distorcida e negativa de si mesmo, do
mundo e do futuro. Essa perspectiva pessimista afecta a forma como os indivíduos percebem
e experimentam a qualidade de vida.

Goodwin e Jamison (2007) explicam que o transtorno bipolar pode resultar em flutuações
extremas de humor, influenciando directamente o funcionamento diário dos afectados.
Episódios de mania podem levar a comportamentos impulsivos, enquanto episódios
depressivos podem resultar em um sentimento de desesperança e inactividade.

Os Transtornos Afectivos não apenas afectam os indivíduos, mas também têm implicações
profundas na sociedade em geral.

Greenberg et al. (2015) e Wang e Simon (2006) analisam os custos económicos associados
aos Transtornos Afectivos. Isso inclui despesas directas com tratamentos médicos e
terapêuticos, bem como os custos indirectos relacionados à perda de produtividade no
trabalho e absenteísmo.

Autores como Patrick W. Corrigan e Bruce G. Druss (Corrigan et al., 2014) destacam o
impacto social dos Transtornos Afectivos devido ao estigma associado à saúde mental. A
discriminação pode dificultar a busca de ajuda e a participação plena na sociedade.

A crescente demanda por serviços de saúde mental devido à prevalência dos Transtornos
Afectivos pode sobrecarregar os sistemas de saúde, como argumentado por Kessler e Wang
(2006). Isso pode resultar em filas de espera e dificuldades no acesso a tratamentos.

Em síntese, os Transtornos Afectivos têm um impacto significativo tanto nos indivíduos


afectados quanto na sociedade em geral. A compreensão desses impactos é crucial para
desenvolver estratégias eficazes de prevenção, intervenção e apoio.
26

Parte II: Trabalho de campo


27

Considerações finais
os Transtornos Afectivos representam um conjunto diversificado de condições de saúde
mental, cada uma com suas próprias características distintivas e impactos específicos na vida
dos indivíduos. Desde o Transtorno Depressivo Persistente, caracterizado por uma persistente
tristeza, até o Transtorno Afectivo Sazonal, influenciado pelas variações sazonais, essas
condições podem ter um efeito profundo na qualidade de vida e no funcionamento diário dos
afectados.

Os Transtornos Afectivos, abrangendo uma gama diversificada de condições psicológicas,


representam um desafio significativo para a saúde mental contemporânea. Ao longo deste
trabalho, exploramos detalhadamente o Transtorno Depressivo Persistente, o Transtorno
Ciclotímico, o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, o Transtorno Depressivo Pós-Parto e o
Transtorno Afectivo Sazonal, delineando suas características, critérios de diagnóstico e
abordagens de tratamento.

A complexidade etiológica desses transtornos, influenciada por factores genéticos, ambientais


e neuroquímicos, sublinha a necessidade de uma avaliação clínica minuciosa e de uma
abordagem terapêutica personalizada. Compreender a interacção entre predisposição
genética, eventos traumáticos e desequilíbrios neuroquímicos é crucial para oferecer o
suporte necessário aos indivíduos afectados.

Além disso, é imperativo reconhecer o impacto dos Transtornos Afectivos na sociedade em


termos económicos, sociais e de saúde pública. Os custos associados ao tratamento, a perda
de produtividade e o estigma social são desafios adicionais que devem ser enfrentados
colectivamente.

Ao avançarmos, é essencial promover a conscientização, a educação e o acesso a recursos


para aqueles que enfrentam essas condições. A implementação de intervenções baseadas em
evidências, como terapia cognitivo-comportamental, medicamentos e estratégias de
autocuidado, desempenha um papel vital na jornada de recuperação.

Portanto, ao enfrentar os Transtornos Afectivos, a colaboração entre profissionais de saúde


mental, indivíduos afectados e suas redes de apoio é essencial. Através de um esforço
colectivo, podemos trabalhar em direcção a uma sociedade mais informada, inclusiva e
compreensiva, onde o bem-estar mental seja uma prioridade fundamental para todos.
28

A compreensão das causas e factores de risco desses transtornos é essencial para um


diagnóstico preciso e um plano de tratamento eficaz. A interacção complexa entre
predisposição genética, experiências traumáticas e desequilíbrios neuroquímicos destaca a
necessidade de uma abordagem multidisciplinar na gestão dessas condições.

Em última análise, ao abordar os Transtornos Afectivos, a personalização do tratamento e o


suporte contínuo são fundamentais. Através de intervenções apropriadas e uma rede de apoio
solidária, é possível proporcionar uma melhoria significativa na qualidade de vida e bem-
estar dos indivíduos afectados por essas complexas condições de saúde mental.
29

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https://pt.scribd.com/document/423077877/Esfera-emocional-TIPOS. 2019. Pg.4
31

Anexos e apêndices
32

Roteiro de Entrevista sobre Transtornos da Esfera Afectiva com Psicólogo

Nome do entrevistado…….…….…….…….…….…….…….…….…….…….
Data……./……./…….

Introdução

1. Apresentação e Contextualização:

- Apresente-se como futuro especialista educacional e explicar o propósito da entrevista, que


é obter percepções valiosas sobre transtornos da esfera afectiva.

Parte I: Experiência Profissional e Abordagem

Histórico Profissional

- Poderia compartilhar um pouco sobre sua formação e experiência profissional na área de


transtornos psicológicos?

Abordagem Terapêutica

-Oque são transtornos afectivos?

-Que abordagens terapêuticas você considera mais eficazes no tratamento de transtornos


afectivos? Como essas abordagens são aplicadas em seu trabalho?

Avaliação Diagnóstica

- Quais métodos e ferramentas você utiliza para conduzir uma avaliação diagnóstica de
transtornos afectivos? Como você determina o diagnóstico e a gravidade do transtorno em
seus pacientes?

Intervenções Terapêuticas Específicas

- Poderia compartilhar exemplos de intervenções terapêuticas que você acredita serem


particularmente eficazes para transtornos da esfera afetiva? Como essas intervenções são
adaptadas às necessidades individuais dos pacientes?
33

Adaptações para Ambientes Educacionais

-Tens atendido alunos com transtornos da esfera afectiva?

- Como você costuma adaptar suas intervenções para atender às necessidades de alunos com
transtornos da esfera afectiva em contextos educacionais? Que estratégias específicas você
recomenda para apoiar o desenvolvimento académico e emocional desses alunos?

Parte II: Colaboração Interdisciplinar

Colaboração com Profissionais da Educação

- Como você aborda a colaboração com educadores para apoiar alunos com transtornos da
esfera afectiva? Que tipo de informações ou estratégias você compartilha com a equipe
educacional?

Recomendações para Educadores:

- Que tipo de orientações ou estratégias você costuma oferecer aos educadores para melhorar
o ambiente de aprendizagem para alunos com transtornos da esfera afetiva? Como os
educadores podem ser aliados eficazes no suporte a esses alunos?

Parte III: Desafios e Considerações Finais

Desafios Enfrentados

- Quais são os principais desafios que você encontra ao trabalhar com indivíduos que têm
transtornos da esfera afectiva? Como você lida com esses desafios em sua prática?

Recompensas e Satisfações Profissionais

- Quais aspectos do seu trabalho com transtornos da esfera afetiva você considera mais
gratificantes? Poderia compartilhar uma experiência positiva ou um momento de realização
profissional nessa área?

Conclusão

12. Agradecimento e Encerramento

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