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TRANSTORNOS E SEUS CONCEITOS

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SUMÁRIO

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

Introdução ................................................................................................ 3

Origem dos transtornos mentais .......................................................... 4


Fatores ambientais com efeito causal .............................................. 5

Entendendo o mecanismo de ação dos agentes causais ................. 8

Fatores genéticos predispondo à exposição a estressores ambientais


.................................................................................................................. 11

Fatores genéticos moderando o efeito de estressores ambientais . 12

Sintoma psicopatológico .................................................................... 15


Síndromes e entidades nosológicas ............................................... 17

Desenvolvimento patológico: determinantes genéticos e ambientais do


comportamento ............................................................................................. 19
Forma e conteúdo dos sintomas .................................................... 22

A ordenação dos fenômenos em psicopatologia ............................ 22

Doença Mental ................................................................................... 24


Fatores Biológicos .......................................................................... 27

Fatores Psicológicos....................................................................... 28

Fatores Sociais ............................................................................... 28

A Família e os Fatores Ambientais ................................................. 30

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 32

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução

O termo transtorno abrange diferentes acepções. Pode fazer referência a


uma ligeira alteração da saúde ou a um estado de incapacidade mental, por
exemplo. Transtorno é, por outro lado, a ação e o efeito de transtornar (inverter
a ordem regular de algo ou perturbar o comportamento de alguém).

Um transtorno psicológico, por exemplo, faz referência a um desequilíbrio


do estado mental de uma pessoa. Os transtornos são condições de ordem
psicológica e/ou mental que geram comprometimento na vida normal de uma
pessoa. Essas alterações mentais são tratadas, geralmente, por psicólogos e
psiquiatras e têm aumentado na atualidade devido a situações do dia a dia, como
o estresse. Como exemplo de transtornos, podemos citar o Transtorno Bipolar,
Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno Obsessivo
Compulsivo e Transtorno de Personalidade.

A definição de transtorno parte do significado do verbo de origem,


“transtornar”, que refere se a inversão da ordem regular ou natural das coisas.
Tratando de maneira mais específica, com relação a saúde psiquiátrica, o
transtorno pode ser conceituado como a perturbação da ordem mental devido a
falha na estimulação da parte frontal do cérebro. Os transtornos afetam as

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relações interpessoais do indivíduo causando como sofrimento, confusão de
personalidade e sentimento de incapacidade.

Origem dos transtornos mentais

Os investigadores dessa área privilegiam diferentes abordagens e


conceitos, mas convergem no entendimento de que os transtornos mentais são
possíveis desfechos do processo de desenvolvimento. Convergem também no
conceito de que os transtornos mentais surgem a partir de inter-relações
dimensionais, complexas, em múltiplos níveis, entre características específicas
do indivíduo (fatores biológicos, genéticos e psicológicos), características
ambientais (cuidado parental, relacionamentos interpessoais, exposição a
eventos estressores) e sociais (rede de apoio social, vizinhança, nível
socioeconômico).

Quatro conceitos que norteiam abordagens desenvolvimentais merecem


destaque:

1. Primeiro, a psicopatologia desenvolvimental assume que há


continuidade no processo de desenvolvimento dos transtornos mentais, ou seja,
o efeito de experiências prévias é levado adiante ao longo do desenvolvimento.
Assim, a identificação de descontinuidades nesse processo caracteriza-se em
uma importante oportunidade para melhor entendê-lo.
2. Segundo, há uma tendência inata de os indivíduos de se
adaptarem ao seu ambiente; se esse é patológico, é provável que a adaptação
também o seja.
3. Terceiro, idade e momento do desenvolvimento são fatores
fundamentais a partir dos quais todos os outros fatores devem ser entendidos.
4. Quarto, comportamentos mal adaptativos ou transtornos mentais
devem ser interpretados frente ao contexto onde o indivíduo encontra-se
inserido.

Os últimos dois conceitos privilegiam a ideia de que o processo de


desenvolvimento de transtornos mentais é específico, ou seja, os mecanismos

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causais têm resultados diferentes conforme a idade, o momento do indivíduo e
o contexto familiar ou social. Como desfechos possíveis do processo de
desenvolvimento, os transtornos mentais não seriam necessariamente
categorias distintas, mas sim trajetórias desenvolvimentais dimensionais.

Como uma complexa malha rodoviária, em que diferentes rodovias podem


levar ao mesmo local, diferentes trajetórias desenvolvimentais podem levar ao
mesmo processo psicopatológico. Por outro lado, da mesma forma que as
mesmas rodovias podem, ao seu final, levar a diferentes locais, as mesmas
trajetórias psicopatológicas podem resultar em diferentes desfechos. Indivíduos
que seguem uma determinada trajetória desenvolvimental podem passar para
outra, e quanto mais cedo o desvio é feito, maior será a dificuldade para retornar
ao caminho original.

Fatores ambientais com efeito causal

Entende-se que fatores de risco ambientais para os trans tornos mentais


atuam através de múltiplos mecanismos e níveis e usualmente estão
correlacionados a uma cadeia de fatores de risco, que por sua vez podem atuar
através de diversos mecanismos. O foco não é dado apenas nos efeitos dos
fatores de risco, mas também nas suas origens, e assim pode-se entender com
mais especificidade o real mecanismo através do qual atuam.

É importante seguir uma série de estratégias para que seja demonstrada


a presença de relação de causa e efeito entre fatores de risco ambientais e
transtornos mentais. Primeiro, é fundamental que a relação exista em função de
uma base conceitual sólida, com evidências acerca de possíveis mecanismos
através dos quais os eventos operam.

Por exemplo, existe uma série de evidências neurobiológicas que


apontam o mecanismo através do qual abuso e maus tratos na infância alteram
o funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, podendo levar à
depressão na idade adulta. Evidências acerca de um possível mecanismo nem

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sempre estão disponíveis, e é frequente que a base conceitual seja revelada em
função dos achados epidemiológicos.

Entretanto, no momento atual do conhecimento, novos fatores de risco


ambientais para os transtornos mentais têm sido infrequentemente revelados.
Segundo, é fundamental mostrar uma conexão temporal consistente entre o
evento estressor e o início do transtorno. Estudos longitudinais são fundamentais
para esse objetivo, e o desafio está no estudo de eventos que ocorrem
cronicamente, que atuam através de diferentes mecanismos ou que mudam de
intensidade ao longo do tempo.

Para a elucidação da relação temporal entre ambos os fatores, é


importante diferenciar se os eventos ambientais ocorreram como resultado do
processo psicopatológico ou se esse iniciou anteriormente e foi causa do evento
ambiental, que por sua vez pode ter exacerbado o processo psicopatológico.
Como exemplo, sintomas depressivos leves podem levar à demissão de um
emprego que, como consequência, pode exacerbar o processo psicopatológico
levando a um episódio depressivo. Nesse caso, a demissão está correlacionada
ao episódio depressivo, mas não é sua causa.

Em um estudo longitudinal, se os sintomas depressivos leves anteriores


não são identificados, mesmo havendo uma conexão temporal entre a demissão
e o episódio depressivo, a interpretação de que existe uma relação causal entre
os últimos dois eventos seria errônea. As interpretações de resultados gerados
por estudos transversais apresentam maiores limitações. Terceiro, é necessário
rigor na aferição de fatores de risco e desfechos através de medidas específicas
e dimensionais. No exemplo anterior, seria necessária a utilização de medidas
sensíveis que identificassem os sintomas depressivos leves anteriores à
demissão.

Quarto, é importante contextualizar os eventos ambientais estudados. Por


exemplo, demissão de um emprego pode ter significados completamente
distintos para duas pessoas diferentes. Tal evento pode desencadear uma
cadeia de eventos estressores, como empobrecimento, depressão, violência,
atos criminosos ou pode ser o início de um novo caminho desenvolvimental
caracterizado por busca de novos objetivos e conquistas.

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As abordagens epidemiológicas utilizadas para demonstrar que
determinado evento ambiental apresenta um efeito causal são limitadas frente à
complexidade dos processos e, principalmente, frente à diversidade de variáveis
confundidoras que não são levadas em consideração. A randomização é a
estratégia metodológica mais apropriada para a demonstração de uma relação
de causa e efeito, pois os indivíduos são alocados a uma determinada
intervenção aleatoriamente.

Entretanto, questões éticas óbvias não permitem a manipulação de


indivíduos para que sejam expostos a eventos estressores. Assim, experimentos
naturais são oportunidades ímpares para entendermos as origens dos
transtornos mentais. Esses são estudos que utilizam diferenças que ocorreram
naturalmente na exposição a determinado fator entre diferentes indivíduos, como
a institucionalização e privação de estímulos de crianças na Romênia, os
atentados terroristas de 11 de setembro nos EUA ou o furacão Katrina.

Um ensaio natural em particular buscou entender a relação entre


psicopatologia e pobreza, testando se pobreza é causa de psicopatologia (social
causation) ou se psicopatologia leva à pobreza (social selection). Uma amostra
representativa de crianças de origem indígena vinha sendo avaliada anualmente
para transtornos mentais. Durante o período de estudo, um cassino foi aberto na
reserva indígena, e cada família que vivia na área passou a receber uma renda.
Nos 4 anos seguintes à abertura do cassino, algumas famílias nunca saíram do
nível de pobreza, mesmo com a nova renda; outras saíram da pobreza depois
da abertura do cassino; e um terceiro grupo de famílias nunca havia sido pobre.
As crianças continuaram sendo avaliadas anualmente, e observou-se que, ao
final desse período, os níveis de sintomas de conduta e oposição entre as
crianças de famílias que saíram da pobreza foram reduzidos para os mesmos
níveis daqueles que nunca foram pobres. Entretanto, os níveis de tais sintomas
entre as crianças provenientes de famílias persistentemente pobres
permaneceram altos.

Assim, evidenciou-se o efeito da pobreza como causa de sintomas de


transtorno de conduta e oposição. Entretanto, os mecanismos através dos quais
a pobreza leva à psicopatologia não foram revelados nesse estudo.
Especificamente, seria bastante informativo entendermos quais os fatores

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intermediários que respondem ao aumento da renda e levam à redução da
psicopatologia. Nesse sentido, o estudo de fatores de risco proximais ao
desenvolvimento da psicopatologia, como qualidade do cuidado parental,
melhores condições nutricionais ou de habitação, são mais informativos para o
entendimento dos mecanismos e, consequentemente, para a elaboração de
estratégias de prevenção do que fatores de risco distais, como pobreza.

Entendendo o mecanismo de ação dos agentes causais

A psicopatologia desenvolvimental está interessada em entender os


mecanismos ou processos específicos através dos quais os agentes causais
atuam. Inicialmente, é fundamental entender se um determinado fator atua por
via ambiental ou genética. Em seguida, entender como o efeito ambiental
“ultrapassa a pele” (get inside the skin), promovendo o desenvolvimento de
transtornos mentais, e como os genes também ultrapassam a pele (get outside
the skin) no sentido oposto, levando a comportamentos observáveis.

Um estudo recentemente publicado exemplifica a necessidade de


compreendermos o mecanismo através do qual um fator supostamente
ambiental atua. Existe uma longa e ainda não resolvida discussão na literatura
em relação ao mecanismo através do qual a exposição intraútero ao tabaco
levaria à psicopatologia nas crianças. Há evidências que apontam que tal
mecanismo se daria através de ação sobre o ambiente intraútero, enquanto
outros estudos indicam que fumar durante a gestação é um marcador de
psicopatologia materna associada a fatores genéticos que, por sua vez, são
herdados pelas crianças, levando então à psicopatologia.

Rice et al. utilizaram uma metodologia criativa para buscar entender o


mecanismo através do qual exposição intraútero ao tabaco afetava crianças
nascidas através de fertilização in vitro. A contribuição da fertilização in vitro para
a psicopatologia desenvolvimental reside no fato de que as crianças assim
concebidas podem ser geneticamente relacionadas aos pais ou não (se houve
doação de espermatozoides e/ou óvulos), sendo então possível dissociar efeitos
potencialmente genéticos de efeitos sobre o ambiente intrauterino.

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Assim, foi comparado o efeito do tabagismo materno em relação ao peso
de nascimento e comportamento antissocial entre crianças que eram e não
geneticamente relacionadas às suas mães. O peso de nascimento foi menor no
grupo de crianças expostas ao tabaco intraútero, independentemente de serem
geneticamente relacionadas ou não às suas mães. Já os níveis de
comportamento antissocial foram maiores naquelas crianças expostas ao tabaco
intraútero apenas quando eram geneticamente relacionadas às suas mães
(tabagistas), indicando então que o efeito ambiental intraútero provocado pelo
tabaco não estaria associado a comportamento antissocial nas crianças.

Esse estudo mostra que exposição intraútero ao tabaco atua através de


diferentes mecanismos sobre diferentes desfechos e que, no que se refere a
comportamento antissocial, não atua através do ambiente intraútero. Entretanto,
não podemos ter certeza se o tabagismo durante a gestação é marcador de um
risco puramente genético ou se está associado a comportamentos maternos ao
longo do desenvolvimento da criança, que por sua vez podem exercer efeito
causal para o desenvolvimento de comportamento antissocial.

Entender os mecanismos através dos quais eventos ambientais


ultrapassam a pele (get inside the skin), promovendo o desenvolvimento de
transtornos mentais, é um desafio. Destacam-se, entre diversas abordagens
possíveis para essa questão, três abordagens com maior sucesso até o
momento. A primeira foca os efeitos neuroendócrinos dos estressores
ambientais. Destaca-se a vasta literatura mostrando os efeitos neuroendócrinos
de eventos estressores sobre o eixo hipotálamo-hipófie-adrenal.

A segunda foca o estudo da ação de fatores ambientais que atuam no


período perinatal. Esses parecem apresentar influências persistentes ao longo
do desenvolvimento (programação biológica), levando indivíduos a tomar uma
ou outra trajetória desenvolvimental (plasticidade desenvolvimental). O quanto o
ambiente ao longo do tempo estará de acordo ou não com a programação inicial
estaria relacionado ao desenvolvimento de uma série de doenças físicas, como
obesidade e diabete, e também de alterações hormonais relacionadas a
transtornos mentais.

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A terceira abordagem foca a modificação da expressão gênica provocada
por estressores ambientais, através dos chamados efeitos epigenéticos. Fatores
ambientais não podem alterar a sequência gênica, mas entende-se hoje que
podem alterar, ao longo do desenvolvimento, a forma como os genes são
expressos, alterando o seu funcionamento e contribuindo para o
desenvolvimento de transtornos mentais.

O entendimento da ação epigenética de fatores ambientais é embasado


no fato de que aproximadamente 98% do genoma humano se constitui por DNA
não-codificante, localizado em regiões distantes de genes, ou seja, em regiões
que não são traduzidas. O DNA não-codificante é pouco conservado entre as
espécies, em comparação com o DNA codificante, que é altamente conservado.

Portanto, é possível que o DNA não-codificante tenha grande influência


sobre as diferenças entre as espécies. Tal influência se daria, uma vez transcrito
para RNA, através da regulação da expressão dos produtos gênicos por meio de
mecanismos dito epigenéticos (como fatores promotores e silenciadores da
transcrição, processos alternativos de splicing, desenvelopamento das proteínas
durante a translação, imprinting genômico). Ainda, a expressão de genes é
realizada de forma seletiva em diferentes tecidos, o que é determinado por
mecanismos como metilação e acetilação de histonas.

Um estudo recente mostrou dados importantes sobre os efeitos


epigenéticos do abuso na infância. Há evidências consistentes que mostram que
a expressão reduzida de receptores de glicocorticoides no hipocampo está
associada a diversas psicopatologias, como depressão, esquizofrenia e suicídio.
Paralelamente, maior cuidado materno em roedores está associado a maior
expressão desse receptor. Assim, McGowan et al. estudaram a expressão de
receptores de glicocorticoides hipocampais em cérebros de vítimas de suicídio
que sofreram abuso na infância, vítimas de suicídio que não sofreram abuso e
controles.

A expressão dos receptores estava reduzida nas vítimas de suicídio que


sofreram abuso na infância em relação aos controles, e não foi detectada
diferença nos níveis de expressão entre os grupos vítimas de suicídio sem
história de abuso e controles. Apesar de limitações inerentes ao desenho do

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estudo, tais dados fascinantes corroboram evidências anteriores em modelos
animais e sugerem que alterações na expressão destes receptores está
relacionada a abuso na infância. Tais dados, apesar de limitações na forma como
interpretá-los, indicam um caminho bastante promissor para que possamos
entender os mecanismos através dos quais eventos ambientais adversos
contribuem para o desenvolvimento de transtornos mentais.

Fatores genéticos predispondo à exposição a estressores


ambientais

Os genes envolvidos na suscetibilidade a transtornos psiquiátricos são


constituídos por variantes alélicas comuns, que não alteram funções vitais.
Esses apresentam ainda um pequeno efeito de suscetibilidade no processo
causal que, na maior parte das vezes, é dimensional e encontra-se em interação
com complexos processos.

Ainda, os genes muitas vezes apresentam um efeito indireto,


determinando sensibilidade a riscos ambientais que, por sua vez, se
correlacionarão com o processo psicopatológico. A correlação gene-ambiente é
uma das possíveis interrelações entre esses fatores, referindo-se à influência
genética na variabilidade dos indivíduos à exposição a tipos particulares de
ambientes de risco. Ou seja, determinados comportamentos que indivíduos
assumem e que se constituem em estressores ambientais são direcionados pelo
genótipo do indivíduo. Tal correlação pode assumir a forma passiva, ativa ou
evocativa.

A correlação passiva é aquela que independe da ação do indivíduo e


relaciona-se basicamente aos genes dos seus pais, que influenciam o ambiente
em que o indivíduo é criado e as experiências às quais é submetido,
principalmente durante os primeiros anos de vida. A forma ativa diz respeito ao
efeito dos genes no comportamento do indivíduo, que determina a seleção ou o
molde das experiências ambientais às quais se expõe. A forma evocativa
relaciona-se ao efeito dos genes no comportamento do indivíduo que

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desencadeará reações nas pessoas de sua relação, moldando então suas
experiências ambientais.

Fatores genéticos moderando o efeito de estressores ambientais

Há situações em que o genótipo do indivíduo altera o efeito da exposição


que um estressor ambiental provoca em relação ao desenvolvimento de
transtornos mentais, ou seja, fatores genéticos atuam como moderados do efeito
de eventos adversos. Nessas condições, diz-se que há interação gene-ambiente
(GxE), contrapondo-se a noção tradicional de que genes e ambiente agiriam de
forma aditiva, não interativa. Algumas situações se constituem em indicativos da
existência de uma verdadeira GxE.

Evidências devem apontar para riscos substanciais de desenvolvimento


de um transtorno mediados por fatores ambientais; entretanto, deve existir
marcada heterogeneidade na resposta das pessoas a tais riscos, com respeito
a diferenças na probabilidade do desenvolvimento do transtorno em questão.
Nesse sentido, observa-se que o mesmo estressor pode adquirir proporções
devastadoras em um indivíduo, enquanto em outro pode promover o crescimento
e o fortalecimento pessoal, dando origem ao conceito de resiliência.

Evidências mostram que características do indivíduo prévias ao evento


estressor, como temperamento e funcionamento cognitivo, que estão sob
influência genética, estão associadas a resiliência, além de outros fatores que
operam em diferentes momentos do tempo em relação ao evento. Outro
indicativo de possível GxE é a existência de evidências de um risco genético
substancial; essa contribuição genética de deve, no entanto, operar através de
vias indiretas, e não através de conexão direta com uma condição particular.

Interações gene-ambiente provavelmente ocorrem quando há


discordância substancial em pares de gêmeos monozigóticos quanto à
desordem em estudo. Os primeiros estudos que mostraram a existência de GxE
focaram na origem da depressão e do transtorno de conduta.

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Em relação à depressão, é bastante claro que eventos adversos que
envolvem ameaça à vida, perdas, humilhações e privações estão implicados no
seu desenvolvimento. Há, no entanto, marcada variabilidade da resposta de
diferentes indivíduos a tais eventos. Para certos indivíduos, eventos
estressantes desencadeiam um episódio depressivo, enquanto outros sujeitos
submetidos a eventos tão ou mais estressantes não desenvolvem um transtorno
mental.

Mais ainda, o peso de fatores genéticos e ambientais no


desencadeamento da depressão parece sofrer influência do momento do
desenvolvimento do indivíduo, com eventos estressores precoces apresentando
um efeito de sensibilização ao transtorno ao longo do desenvolvimento. Na
adolescência, os fatores genéticos assumem papel central no desencadeamento
da depressão, papel esse desempenhado durante a infância por estressores
ambientais.

Tais achados são fortes indicativos da presença de interação entre fatores


ambientais e genéticos no processo etiológico da depressão. Os genes do
sistema serotoninérgico são candidatos lógicos para o estudo dos componentes
genéticos da de pressão, considerando que medicações eficazes para esse
transtorno agem sobre tal sistema. O gene transportador da serotonina (5-HTT)
tem recebido particular atenção, tendo sido demonstrado o seu papel como gene
candidato para a depressão por estudos de associação.

Considerando os fortes indicativos de existência de GxE na etiologia


desse transtorno, Caspi et al. estudaram o papel moderador de um polimorfismo
funcional na região promotora do 5-HTT sobre eventos de vida estressantes no
desenvolvimento de depressão. Aqueles indivíduos com alelo curto no
polimorfismo 5-HTTLPR apresentaram um impacto significativamente maior dos
eventos estressores do que os indivíduos homozigotos para o alelo longo.

Em relação ao transtorno de conduta, tal transtorno apresenta coeficiente


de herdabilidade (proporção da variança total de uma característica explicada
por fatores genéticos) de aproximadamente 50%, havendo discordância
substancial entre gêmeos monozigóticos. Fatores de risco ambientais
apresentam importante influência no seu desenvolvimento, havendo marcada

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heterogeneidade quanto à res posta aos estres sores entre os indivíduos. Além
disso, o efeito dos estres sores parece ser mais marcado naquelas crianças e
adolescentes em risco genético. A partir de tais evidências, Caspi et al. avaliaram
o efeito da interação entre um polimorfismo funcional na região promotora do
gene para a enzima monoamino oxidase.

A (MAO-A) e situações de maus-tratos na infância sobre o


desenvolvimento de comportamentos antissociais na vida adulta. Dados
consistentes apontam para a relação da MAOA com agressividade, tanto em
modelos animais como em humanos. Essa enzima metaboliza
neurotransmissores como noradrenalina, serotonina e dopamina, sendo que sua
atividade reduzida disporia o organismo a uma hiperreatividade neural a
ameaças.

Maus-tratos na infância é um fator de risco conhecido e bem estudado


para comportamento antissocial na vida adulta. Entretanto, uma proporção
importante de crianças que sofreram maus-tratos na infância não apresenta
comportamento antissocial ao longo do seu desenvolvimento, o que levanta a
hipótese de que influências genéticas possam apresentar efeito moderador
sobre tal estressor.

Os resultados do estudo mostraram que a atividade da MAO-A não


apresentou efeito principal sobre o desenvolvimento de comportamento
antissocial. Já maus-tratos na infância apresentou efeito significativo sobre o
desfecho, e tal efeito foi moderado pelo gene da MAO-A. Ou seja, indivíduos com
baixa atividade enzimática que sofreram maus-tratos na infância apresentaram
maior chance de desenvolver trans torno de conduta, de serem condenados por
crimes graves e de apresentarem maiores pontuações nas escalas de
comportamento violento e antissocial do que aqueles que sofreram maus-tratos
mas não apresentavam baixa atividade enzimática.

Os achados desses estudos apontaram para um novo caminho de


investigação, e diversos estudos, abordando diferentes fatores de risco, genes e
desfechos, vêm sendo publicados desde então. Isso se deve principalmente ao
potencial preventivo que o desvendamento de quais fatores genéticos tornariam

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as pessoas mais sensíveis ou resistentes a desenvolver um transtorno mental,
quando expostos a fatores adversos, apresenta.

Entretanto, para alcançarmos com sucesso essa meta, é importante que


sejam identifica das interações reais, com um significado biológico plausível, e
não apenas interações estatísticas. Para tanto, além do estudo do transtorno
mental em questão, parece ser fundamental entender o efeito do evento
estressor de interesse em indivíduos sem psicopatologia (do ponto de vista
fenotípico e neurobiológico), assim como o estudo de modelos animais e o
entendimento da relevância funcional dos polimorfismos de interesse.

A complexidade e a especificidade dos processos que levam ao


desenvolvimento de transtornos mentais desafiam a nossa capacidade de
entendê-los em detalhes. O desenvolvimento de estudos longitudinais, que
acompanham indivíduos ao longo do tempo, desde os momentos iniciais do seu
desenvolvimento, é um caminho promissor.

A psicopatologia desenvolvimental, como uma lente para olharmos e


entendermos os transtornos mentais, minimiza e privilegia determinados
aspectos. Cabe a cada investigador avaliar criticamente a utilização desse
modelo conceitual. A psicopatologia desenvolvimental refuta a ideia de que
fatores de risco atuam de forma isolada e não se satisfaz apenas com a
identificação de associações ou correlações. Para que possamos traduzir o
conhecimento gerado em benefícios para a população, precisamos entender os
mecanismos através dos quais fatores de risco levam ao desenvolvimento de
transtornos mentais. Para tanto, estudos com abordagens complementares, que
integrem diferentes conceitos e utilizem desenhos proporcionados por eventos
naturais, têm um grande potencial para a elucidação das origens
desenvolvimentais dos transtornos mentais.

Sintoma psicopatológico

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Os sintomas médicos e psicopatológicos têm, como signos, uma
dimensão dupla. Eles são tanto um índice (indicador) como um símbolo. O
sintoma como índice indica uma disfunção que está em outro ponto do
organismo ou do aparelho psíquico; porém, aqui a relação do sintoma com a
disfunção de base é, em certo sentido, de contiguidade. A febre pode
corresponder a uma infecção que induz os leucócitos a liberarem certas citocinas
que, por sua ação no hipotálamo, produzem o aumento da temperatura. Assim,
o sintoma febre tem determinada relação de contiguidade com o processo
infeccioso de base.

Além de tal dimensão de indicador, os sintomas psicopatológicos, ao


serem nomeados pelo paciente, por seu meio cultural ou pelo médico, passam
a ser “símbolos linguísticos” no interior de uma linguagem. No momento em que
recebe um nome, o sintoma adquire o status de símbolo, de signo linguístico
arbitrário, que só pode ser compreendido dentro de um sistema simbólico dado,
em determinado universo cultural.

Dessa forma, a angústia manifesta-se (e realiza-se) ao mesmo tempo


como mãos geladas, tremores e aperto na garganta (que indicam, p. ex., uma
disfunção no sistema nervoso autônomo), e, ao ser tal estado designado como

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nervosismo, neurose, ansiedade ou gastura, passa a receber certo significado
simbólico e cultural (por isso, convencional e arbitrário), que só pode ser
adequadamente compreendido e interpretado tendo-se como referência um
universo cultural específico, um sistema de símbolos determinado.

A semiologia geral é a ciência dos signos, postulada pelo linguista


Ferdinand Saussure. Embora esteja intimamente relacionada à linguística, a
semiologia geral transcende a comunicação verbal, visto que os gestos, atitudes,
comportamentos não verbais, sinais matemáticos também são signos.

Os signos de maior interesse para a psicopatologia são os sinais


comportamentais objetivos, verificáveis pela observação direta do paciente, e os
sintomas, isto é, as vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, suas queixas
e narrativas, aquilo que o sujeito experimenta e, de alguma forma, comunica a
alguém.

Todo signo é constituído por dois elementos: o significante que é o suporte


material, o veículo do signo; e o significado, que é a aquilo que é designado e
está ausente, o conteúdo do veículo. A semiologia psicopatológica, portanto,
cuida especificamente do estudo dos sinais e sintomas produzidos pelos
transtornos mentais, signos que sempre contêm essa dupla dimensão.

Síndromes e entidades nosológicas

Na prática clínica, os sinais e os sintomas não ocorrem de forma aleatória;


surgem em certas associações, certos clusters mais ou menos frequentes.
Definem-se, portanto, as síndromes como agrupamentos relativamente
constantes e estáveis de determinados sinais e sintomas. Entretanto, ao se
delimitar uma síndrome (como síndrome depressiva, demencial, paranoide, etc.),
não se trata ainda da definição e da identificação de causas específicas e de
uma natureza essencial do processo patológico. A síndrome é puramente uma
definição descritiva de um conjunto momentâneo e recorrente de sinais e
sintomas.

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Denominam-se entidades nosológicas, doenças ou transtornos
específicos os fenômenos mórbidos nos quais podem-se identificar (ou pelo
menos presumir com certa consistência) certos fatores causais (etiologia), um
curso relativamente homogêneo, estados terminais típicos, mecanismos
psicológicos e psicopatológicos característicos, antecedentes genético-
familiares algo específicos e respostas a tratamentos mais ou menos previsíveis.

Em psicopatologia e psiquiatria, trabalha-se muito mais com síndromes


do que com doenças ou transtornos específicos, embora muito esforço tenha
sido (há mais de 200 anos!) empreendido no sentido de identificar entidades
nosológicas precisas. Cabe lembrar que o reconhecimento dessas entidades
não tem apenas um interesse científico ou acadêmico (valor teórico); ele
geralmente viabiliza ou facilita o desenvolvimento de procedimentos terapêuticos
e preventivos mais eficazes (valor pragmático).

Uma síndrome é conjunto de sinais e sintomas que podem aparecer em


um sujeito em um determinado momento. Para Dalgalarrondo (2008, p. 304-
389), uma síndrome pode estar presente em vários transtornos diferentes, como
a síndrome delirante-alucinatória (que apresenta como característica delírios e
alucinações) que pode estar presente tanto na esquizofrenia como também no
transtorno bipolar. Os sujeitos podem ter diferentes e diversas síndromes ao
longo de sua vida. Uma pessoa portadora de esquizofrenia pode iniciar seu
quadro com uma síndrome negativista, para algum tempo depois apresentar
uma síndrome delirante-alucinatória.

Nas doenças clínicas, temos a etiologia, os sinais e sintomas, a evolução,


o prognóstico e a resposta dos pacientes aos tratamentos. Mas, nos transtornos
mentais temos os sinais e sintomas, a evolução, o prognóstico e a resposta dos
pacientes aos tratamentos, mas não inclui a etiologia, porque até ainda hoje não
podemos precisar uma causa que justifique todos os sinais e sintomas que os
pacientes apresentam.

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Desenvolvimento patológico: determinantes genéticos e
ambientais do comportamento

O funcionamento psíquico baseia-se em uma complexa interação de


elementos biológicos, psicológicos e sociais. Na psicopatologia e na medicina há
vários critérios de normalidade e anormalidade. A adoção de um ou outro
depende, entre outros motivos, de opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas
do profissional.

Quando se avaliam o estado psicológico e o comportamento de uma


pessoa, três fenômenos devem ser considerados:

1. Os tipos de comportamento ou estado emocional, caracterizados como


normais ou anormais, variam enormemente com a idade.

2. O desenvolvimento psicológico não prossegue de modo uniforme:


ocorre em estágios descontínuos, separados por períodos de mudanças bruscas
ou de transição de um estágio para outro.

19
3. O terceiro diz respeito ao ambiente ou à cultura em que cada pessoa
vive, com suas peculiaridades, tradições e costumes. A interação de fatores
como a herança genética, condições ambientais e experiências ao longo da vida
determina o que tem sido descrito como equação etiológica das disfunções
psíquicas.

Considera-se que aspectos genéticos, tais como inteligência e


temperamento, marcam as diferenças principais entre as pessoas, enquanto
fatores ambientais como cultura, classe social, família e grupos sociais tendem
a tornar as pessoas parecidas. Contudo, apesar dos vários pesquisadores
enfatizarem mais algumas variáveis em detrimento de outras, ocorre hoje um
consenso quanto à multideterminação da personalidade.

Cada pessoa vivencia a realidade e interage com o outro com base na


sua história genética, nas aptidões e limitações herdadas, no seu processo de
aprendizagem, nas trocas estabelecidas nos diversos grupos do qual fez parte
ao longo da vida, nos valores e modelos compartilhados na cultura. E, diante da
interação entre tantos determinantes, a tendência é que cada pessoa torne-se
cada vez mais diferenciada ao longo da vida.

Os fatores genéticos desempenham um papel importante na


determinação da personalidade, particularmente em relação àquilo que é único
no indivíduo. Os fatores genéticos são geralmente mais importantes em
características como a inteligência e o temperamento, e menos importantes com
relação a valores, ideias e crenças.

O fato de que algumas diferenças surgem cedo, de que são duradouras e


parecem ser relativamente dependentes da história de aprendizagem do
indivíduo, sugere que essas diferenças se devem a características genéticas ou
hereditárias. Em síntese, os genes desempenham o papel de nos tornar
parecidos como humanos e diferentes como indivíduos.

20
Os determinantes ambientais abrangem influências que tornam muitos de
nós semelhantes uns aos outros, assim como as experiências que nos tornam
únicos.

As experiências que os indivíduos têm como resultado de fazerem parte


de uma mesma cultura são significativas entre os determinantes ambientais da
personalidade, pois, apesar de frequentemente não termos consciência das
influências culturais, a maioria dos membros de uma mesma cultura terão
características de personalidade em comum. Poucos aspectos da personalidade
de um indivíduo podem ser compreendidos sem referência a um grupo ao qual
a pessoa pertença.

Os fatores relacionados com a classe social determinam o status dos


indivíduos, os papéis que eles desempenham, os deveres que lhes são
atribuídos e os privilégios de que desfrutam.

Assim como os fatores culturais, os fatores relacionados com a classe


social influenciam a maneira como as pessoas definem situações e como
respondem a elas. Um dos fatores ambientais mais importantes na determinação
da personalidade é a influência da família.

Cada padrão de comportamento parental afeta o desenvolvimento da


personalidade da criança de pelo menos três maneiras importantes:

1. Através de seu comportamento, eles apresentam situações que


produzem certos comportamentos nas crianças;

2. Eles servem como modelos de identificação;

21
3. Eles recompensam comportamentos de forma seletiva. Tais interações
independem do fato dos pais compartilharem com a criança uma herança
genética.

Os estudos mais recentes têm demonstrado que as diferenças de


personalidade entre irmãos não estão apenas nas diferenças constitutivas, mas
também nas diferentes experiências que os irmãos têm como membros da
mesma família e em experiências fora da família e que as experiências, a partir
de ambientes não compartilhados (escola, amigos), têm maior influência sobre
a personalidade do que os ambientes compartilhados (contexto familiar).

Forma e conteúdo dos sintomas

Em geral, quando se estudam os sintomas psicopatológicos, dois


aspectos básicos costumam ser enfocados: a forma dos sintomas, isto é, sua
estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos pacientes (alucinação,
delírio, ideia obsessiva, labilidade afetiva, etc.), e seu conteúdo, ou seja, aquilo
que preenche a alteração estrutural (conteúdo de culpa, religioso, de
perseguição, etc.). Este último é geralmente mais pessoal, dependendo da
história de vida do paciente, de seu universo cultural e da personalidade prévia
ao adoecimento.

De modo geral, os conteúdos dos sintomas estão relacionados aos temas


centrais da existência humana, tais como sobrevivência e segurança,
sexualidade, temores básicos (morte, doença, miséria, etc.), religiosidade, entre
outros. Esses temas representam uma espécie de substrato, que entra como
ingrediente fundamental na constituição da experiência psicopatológica.

A ordenação dos fenômenos em psicopatologia

O estudo da doença mental, como o de qualquer outro objeto, inicia pela


observação cuidadosa de suas manifestações. A observação articula-se

22
dialeticamente com a ordenação dos fenômenos. Isso significa que, para
observar, também é preciso produzir, definir, classificar, interpretar e ordenar o
observado em determinada perspectiva, seguindo certa lógica.

Assim, desde Aristóteles, o problema da classificação está intimamente


ligado ao da definição e do conhecimento de modo geral. Segundo ele, definir é
indicar o gênero próximo e a diferença específica. Isso quer dizer que definir é,
por um lado, afirmar a que o fenômeno definido se assemelha, do que é
aparentado, com o que deve ser agrupado e, por outro, identificar do que ele se
diferencia, a que é estranho ou oposto. Portanto, na linha aristotélica, o problema
da classificação é a questão da unidade e da variedade dos fatos e dos
conhecimentos que sobre eles são produzidos.

Classicamente, distinguem-se três tipos de fenômenos humanos para a


psicopatologia:

1. Fenômenos semelhantes em todas as pessoas. De modo geral,


todo homem sente fome, sede ou sono. Aqui se inclui o medo de um animal
perigoso, a ansiedade perante uma prova difícil, o desejo por uma pessoa
amada, etc. Embora haja uma qualidade pessoal própria para cada ser humano,
essas experiências são basicamente semelhantes para todos.

2. Fenômenos em parte semelhantes e em parte diferentes. São


fenômenos que o homem comum experimenta, mas apenas em parte são
semelhantes aos que o doente mental vivencia. Assim, todo homem comum
pode sentir tristeza; mas a alteração profunda, avassaladora, que um paciente
com depressão psicótica experimenta é apenas parcialmente semelhante à
tristeza normal. A depressão grave, por exemplo, com ideias de ruína,
lentificação psicomotora, apatia, etc., introduz algo qualitativamente novo na
experiência humana.

3. Fenômenos qualitativamente novos, diferentes. São praticamente


próprios apenas a certas doenças e estados mentais. Aqui incluem-se
fenômenos psicóticos, como alucinações, delírios, turvação da consciência,
alteração da cognição nas demências, entre outros.

23
Doença Mental

Ao longo da história, a doença mental foi encarada de maneira diversa:


como a ligação com os deuses, como manifestações do demónio, como objeto
do saber científico e como doença que necessita de ser tratada e cuidada.

A separação dos conceitos entre saúde mental e doença mental tem


contribuído para alguma confusão nos conceitos. Um exemplo é o uso do termo
saúde mental para descrever os tratamentos e os serviços de suporte para as
pessoas com distúrbio mental ou de comportamento.

Na maioria dos países, e até recentemente, os serviços para tratamento


da doença mental estavam separados dos outros cuidados médicos, havendo
asilos, comumente denominados de manicómios, para os doentes, pois eram
considerados alienados e a sua doença incurável.

A evolução social (com definição de direitos universais e da importância


da democracia) e dos conhecimentos em medicina, farmacologia e noutras áreas
do saber científico, assim como o reconhecimento da importância das
componentes psicológica e sociológica na etiologia da doença mental,
possibilitou a evolução ao nível do tratamento dos distúrbios mentais.

Foram desenvolvidas outras estruturas de assistência e serviços locais,


não hospitalares, com vista ao tratamento e reabilitação das pessoas com
distúrbios mentais e do comportamento: estas deixaram de ficar fechadas em
instituições e o seu tratamento passou a ser o mais próximo possível da sua
comunidade de origem, possibilitando o seu empowerment.

Nos distúrbios mentais e do comportamento incluem-se doenças como a


depressão, o uso de substâncias psicoativas, atrasos mentais, esquizofrenia e
demências, entre muitas outras.

Conforme é apresentado no relatório da OMS (WHO, 2008), existe em


todo o mundo um elevado número de pessoas a apresentarem doença mental
ou distúrbios do comportamento, acrescido do sofrimento causado pelo estigma
e discriminação por serem portadores deste tipo de doenças, prevendo-se um

24
aumento destas patologias associados ao envelhecimento da população, ao
aumento da miséria social e dos distúrbios civis (WHO, 2001, 2004).

No seu relatório sobre o impacto global de doenças - Global Burden of


Disease, GDB (WHO, 2008) mostra que as condições neuro-psiquiátricas
aparecem em todas as regiões como a terceira causa de incapacidade, medida
em YLD (years lost due), entre as pessoas com mais de 15 anos, sendo a
depressão, a terceira condição clínica que provoca incapacidade moderada ou
severa, tanto no sexo feminino como no masculino. Outra medida utilizada e
exposta é o DALY (disability-adjusted life years).

Também neste indicador a depressão contribui largamente para a


incapacidade ocupando o terceiro lugar em todo o mundo, o oitavo lugar nos
países pobres e o primeiro lugar nos países desenvolvidos ou em
desenvolvimento. De salientar ainda que nas causas de doença as
lesões/violência (lesões auto-infligidas ou suicídio, violência e guerra) aparecem
em sexto lugar, sendo que nos países desenvolvidos o suicídio é a maior causa
de doença, neste item. Apesar de a OMS prever uma diminuição de 10% dos
DALYs entre 2004 e 2030 (de 1,53 para 1,36 biliões), projeta também mudanças
nas causas de doença antevendo que a depressão seja a maior causa de doença
em 2030.

Carmona (1996) realizou um estudo epidemiológico que pretendia avaliar


a prevalência de perturbação mental não diagnosticada, em clínica geral. Os
resultados revelaram uma prevalência de doença mental não diagnosticada em
39,8% da amostra, sendo mais frequente no sexo feminino (59,4%), embora não
estatisticamente significativo. No estudo as perturbações mentais foram mais
frequentes nos solitários (54,2%) enquanto para os casados o valor foi de 34,8%.

Os progressos na genética, nas neurociências, na psicologia e na


sociologia entre outros, têm contribuído de forma relevante para o conhecimento
de alguns determinantes da saúde, das causas da doença e das interações entre
os múltiplos fatores causadores dos distúrbios mentais e de comportamento,
diminuindo a ignorância e o estigma das pessoas portadoras deste tipo de
doenças.

25
YLL (WHO, 2008) - refere-se aos anos de vida perdidos por morte
prematura na população e é calculado a partir do número de mortes em cada
idade multiplicado pela esperança média de vida de cada idade;

YLD (WHO, 2008) - reporta-se aos anos perdidos por incapacidade pela
incidência de casos do distúrbio ou ofensa e calcula-se pelo produto do número
de casos incidentes em determinado período, pela média da duração do distúrbio
e pelo fator de ponderação;

DALY (WHO, 2008) - estende o conceito de potenciais anos de vida


perdidos por morte prematura, incluindo o equivalente a anos de vida saudável
perdidos em virtude de estados de pouca saúde ou incapacidade. O DALYs para
um distúrbio ou ofensa é calculado pelo somatório dos YLL na população e YLD
para os casos incidentes do distúrbio ou ofensa.

Os distúrbios mentais e de comportamento são o resultado da interação


de uma variedade de fatores que influenciam o seu início, prevalência e curso.
A revisão realizada pela OMS (WHO, 2001,2004) inclui fatores biológicos,
psicológicos, sociais, económicos, demográficos (como a idade e o sexo), sérias
ameaças como os conflitos e os desastres, a presença de doenças físicas graves
e o ambiente e contexto familiar.

Fazer-se-á uma pequena abordagem sobre os fatores que estão


associados à doença mental e aos distúrbios do comportamento considerados
pela OMS (WHO, 2001).

26
Fatores Biológicos

A doença mental tem como base alterações no cérebro; este órgão é


responsável pela fusão da informação genética, molecular e bioquímica com a
informação do mundo e reflete o determinismo de complexos programas
genéticos mas também do desenvolvimento ocorrido, desde o período pré-natal
até ao ocorrido durante a vida. Os distúrbios mentais e de comportamento estão
associados com interrupções da comunicação neuronal, a nível de circuitos
específicos.

Lewis e Lieberman (2000) encontraram na esquizofrenia, anormalidades


na maturação dos circuitos neuronais que produzem alterações patológicas a
nível celular e tecidular, que resultam em processos de informação inapropriados
ou mal adaptativos.

27
A dependência de substâncias psicoativas é encarada como o resultado
de alterações nas conexões sinápticas que ao longo do tempo originam
alterações no pensamento, nas emoções e no comportamento.

Na depressão existem variações nas respostas dos circuitos neuronais,


podendo traduzir-se em alterações na estrutura, na localização ou nos níveis de
proteínas.

Fatores Psicológicos

Durante a infância e a adolescência o desenvolvimento de várias funções


como a linguagem, a inteligência e a regulação emocional é influenciado pela
presença de afeto, atenção e o cuidado estável. A falta destes pode dever-se à
existência de problemas de saúde mental, de doença ou de morte dos pais ou
do cuidador, ou à separação destes devido à guerra, pobreza ou migração.

A psicologia também mostra que alguns distúrbios, nomeadamente a


depressão e a ansiedade, resultam da falha dos mecanismos de adaptação aos
eventos de vida estressantes. Geralmente as pessoas que procuram evitar
pensar ou lidar com agentes estressantes, desenvolvem mais este tipo de
doenças, do que aqueles que partilham os seus problemas com os outros e
procuram encontrar maneiras de gerir o stress ao longo do tempo.

O comportamento humano individual também é parcialmente moldado


pelas interações com o ambiente natural e social: geralmente, são apresentados
mais comportamentos reforçados pelo ambiente e evitam-se os que são punidos
ou ignorados. Os distúrbios mentais e de comportamento podem ser vistos como
comportamentos mal adaptativos aprendidos através da observação.

Fatores Sociais

Fatores sociais como a urbanização, as mudanças tecnológicas e a


pobreza estão associados aos distúrbios mentais e de comportamento.

28
Desjarlais e colaboradores (1995) afirmam que o urbanismo tem
consequências na saúde mental por influência do aumento de agentes
estressantes e eventos de vida adversos, assim como por ambientes
densamente povoados e poluídos, pobreza e dependência da economia,
elevados níveis de violência e redução do suporte social.

Contudo, também a nível rural, podem ocorrer problemas, tais como o


isolamento, falta de transporte e comunicações, diminuição das oportunidades
educacionais e económicas, sendo que existe maior limitação de cuidados de
saúde mental nas populações rurais. Xu e colaboradores (2000) encontraram
maior taxa de suicídios para as populações rurais do que para as urbanas.

A relação entre a pobreza e os distúrbios mentais é universal (ocorrendo


em todas as sociedades independentemente do nível de desenvolvimento),
complexa e multidimensional. A pobreza refere-se não só à falta de dinheiro e
valores materiais, mas também de forma mais ampla, à inexistência ou
insuficiência de meios que podem incluir falta de recursos sociais e educacionais.
A pobreza e outras condições associadas como o desemprego, baixo nível
educacional, privação e a ausência de casa ocorre em países pobres mas
também numa grande minoria dos países ricos.

Patel e colaboradores (1999) em pesquisas no Brasil, Chile, Índia e


Zimbabwe encontraram duas vezes mais distúrbios mentais nas pessoas pobres
do que nas ricas. Costello, Keeler e Angold (2001), nos EUA, em populações
rurais, afirmaram que as crianças vindas de famílias mais pobres apresentam
risco aumentado de desenvolver distúrbios emocionais (depressão, ansiedade)
e de distúrbios de comportamento. Em estudos realizados pela a OMS (WHO,
2001) na Etiópia, Finlândia, Alemanha, Holanda, EUA e Zimbabwe, a depressão
é mais comum nos pobres do que nos ricos.

Patel e Kleinman (2003) defendem que fatores como insegurança,


desespero, rápidas alterações sociais, risco de violência e doenças físicas
podem explicar a maior vulnerabilidade para a doença mental das pessoas
pobres de qualquer país.

Patel (2001) encontrou nos pobres e os excluídos maior prevalência de


distúrbios mentais e de comportamento, incluindo os do uso de substâncias. A

29
evolução destes distúrbios também é determinada pelo estatuto socioeconómico
do indivíduo, que possibilita ou dificulta o acesso aos cuidados. Os países pobres
têm poucos serviços de saúde mental que não estão disponíveis aos segmentos
mais pobres da sociedade e nos países ricos, a pobreza está associada à falta
de cobertura de seguro de saúde, baixo nível educacional, desemprego e
minorias da raça, etnia e linguagem que criam barreiras no acesso aos cuidados.
Os pobres identificam mais facilmente as doenças físicas que a doença mental.

A Família e os Fatores Ambientais

Ao longo da vida ocorrem acontecimentos que podem ser desejáveis,


como a promoção no trabalho, ou não (perda súbita de alguém, falência do
negócio), tendo sido observado que antes do início do distúrbio ocorreu a
acumulação de eventos de vida.

Pollett (2007) afirma que nos adultos o emprego e as condições de


trabalho são determinantes importantes na sua saúde. Atribui à combinação
entre o baixo controlo no trabalho, exigentes solicitações, condições precárias e
insegurança no trabalho, o stress, o burnout e a depressão.

Os distúrbios depressivos foram comuns mas também foram encontradas


associações com a esquizofrenia e outros distúrbios mentais ou de
comportamento. Estudos sugerem que os acontecimentos de vida surgem como
agentes estressores, sendo que a sua rápida sucessão predispõe o indivíduo a
distúrbios mentais e físicos, por exemplo, enfarte do miocárdio. É claro que os
eventos de vida interagem com outros fatores como a predisposição genética, a
personalidade e as capacidades de adaptação, contudo o seu reconhecimento
é útil na identificação de pessoas em risco.

Barrett e Turner (2005) encontraram níveis mais baixos de sintomas


depressivos entre jovens adultos de famílias biparentais quando comparados
com outros tipos de família (mono-parentais ou a residir com outros familiares);
nestes últimos identificaram a existência de acontecimentos de vida

30
estressantes, maior consumo de substâncias e menores relações familiares de
suporte. Os mesmos investigadores encontraram no seu estudo que todas as
medidas de stress examinadas, traumas, acontecimentos de vida recentes,
stress crónico e discriminação são preditores de significativos sintomas
depressivos. Por seu lado, ao examinarem o nível socioeconómico da família de
origem (composto pelo nível educacional dos pais, profissão e o rendimento do
agregado), verificaram que cada um dos componentes contribuía para a
associação entre a estrutura da família e a doença mental, estando associado a
um nível económico mais elevado significativa baixa de sintomas depressivos.

Murry e colaboradores (2001) referem que o stress tende a diminuir a


qualidade das relações familiares, sugerindo que influencia a saúde mental
através da erosão das ligações familiares de suporte. A influência do ambiente
familiar e social também foi associado à doença e recaídas na esquizofrenia,
sendo que comentários críticos, hostilidade e emoções exageradas favorecem o
distúrbio. Este facto valorizou a integração no tratamento, dos familiares e as
mudanças a efetuar na família.

Estudos realizados a nível de gémeos monozigóticos e dizigóticos,


concluíram que o risco de distúrbios mentais é complexo: estes estão mais
associados à interação dos genes com os fatores de desenvolvimento
estressantes para cada patologia, como por exemplo, a exposição a substâncias
psicoativas durante o período fetal, a nutrição desadequada, infecções,
alterações familiares, negligência, isolamento e trauma.

As rápidas mudanças tecnológicas apesar de terem imensas


potencialidades e utilidades também podem ser fator de desenvolvimento de
doença mental. Dill e Dill (1998) encontraram que os media exercem influência
nos níveis de violência, comportamentos sexuais e interesse na pornografia.
Polman, Orobio de Castro e Van Aken (2008), verificaram que a exposição à
violência dos videojogos, aumenta os comportamentos agressivos e outras
tendências agressivas. Noutra vertente, é reconhecido o papel do marketing na
utilização de álcool e do tabaco pelos jovens, tendo Klein (1999) encontrado um
maior risco de distúrbios relacionados com o consumo de substâncias e
associado a doenças físicas.

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