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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ALBERTO

CHIPANDE
Escola Superior de Ciências Políticas e Sociais

CURSO: PSICOLOGIA

NÍVEL: 2ºANO
Iº SEMESTRE-2024
Disciplina: Psicopatologia do ciclo vital 1
Tema: Vontades e suas alterações

DISCENTES:
André Manjate
Crepson Ngovene
Dams Bila
Daniela Chunguane
Virginia Matsinhe

DOCENTE:
Anastácia Lucas

ISCTAC

Maputo, Junho de 2024


Sumário

1. Introdução............................................................................................................................................2

1.1. Objetivo Geral.............................................................................................................................3

1.2. Objectivos específicos.................................................................................................................3

1.3. Justificativa..................................................................................................................................4

1.4. METODOLOGIA....................................................................................................................5

2. Quadro teórico.....................................................................................................................................6

2.1. Conceitos Fundamentais: Exploração Dos Significados De Vontade, instinto, desejo e impulso 6

2.3. Fases e etapas do processo volitivo..............................................................................................9

Fase da Intenção..................................................................................................................................9

Fase da deliberação................................................................................................................................10

Fase da decisão......................................................................................................................................11

Fase da execução...................................................................................................................................12

2.4. Alterações da vontade....................................................................................................................13

3. Considerações Finais.........................................................................................................................15

4. Referências bibliográficas.................................................................................................................17

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1. Introdução
A psicopatologia, campo de estudo da psicologia dedicado à compreensão dos transtornos
mentais e dos processos psicológicos subjacentes, revela-se essencial para desvendar a
complexidade da mente humana. Dentro dessa vasta área, a vontade e suas alterações emergem
como elementos cruciais, moldando diretamente os comportamentos e a saúde mental dos
indivíduos. A vontade é um fenômeno multifacetado, implicando na capacidade de fazer
escolhas e agir de acordo com os próprios valores e objetivos. No entanto, essa capacidade não
surge isoladamente; é profundamente influenciada por uma variedade de fatores, incluindo
experiências passadas, predisposições genéticas, traumas emocionais e contextos sociais. Assim,
para compreender a vontade em sua totalidade, é imperativo realizar uma investigação
abrangente que considere não apenas seus aspectos conscientes, mas também suas raízes
inconscientes e os mecanismos de regulação que a permeiam.

Explorar os conceitos correlatos, como instinto, desejo e impulso, oferece uma perspectiva
enriquecedora sobre a natureza da vontade. O instinto, por exemplo, representa padrões
comportamentais inatos e automáticos, moldados pela evolução para garantir a sobrevivência e a
adaptação ao ambiente. Por sua vez, o desejo surge como uma força motivadora complexa,
influenciada por uma interseção de fatores individuais, culturais e biológicos, moldando
aspirações e metas de vida. Já os impulsos constituem forças imediatas que impulsionam a ação,
muitas vezes de forma impulsiva e irrefletida, podendo tanto favorecer quanto prejudicar o bem-
estar do indivíduo. No entanto, a vontade transcende essas manifestações instintivas e
impulsivas.

O ato volitivo representa a expressão consciente e deliberada da vontade, envolvendo processos


cognitivos complexos, como a análise de consequências, o estabelecimento de objetivos e a
regulação emocional. É por meio do ato volitivo que os indivíduos exercem controle sobre seus
impulsos, adiam gratificações e perseguem metas alinhadas com seus valores mais profundos e
aspirações de longo prazo.

No âmbito psicopatológico, os processos volitivos frequentemente se tornam alvo de disfunções


e alterações significativas. Transtornos como compulsões, vícios e distúrbios de personalidade

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podem comprometer a capacidade do indivíduo de exercer controlo sobre seus impulsos e
comportamentos, minando sua autonomia e comprometendo seu bem-estar psicológico.

Portanto, este trabalho se propõe a explorar as interações entre vontade, instinto, desejo, impulso
e ato volitivo, com o objetivo de aprofundar nossa compreensão dos mecanismos subjacentes aos
transtornos mentais e informar estratégias de avaliação e intervenção mais eficazes no campo da
psicopatologia

1.1. Objetivo Geral


Compreender a vontade e suas diversas alterações, especialmente no contexto da psicopatologia,
visando desenvolver estratégias terapêuticas eficazes para promover o bem-estar mental.

1.2. Objectivos específicos

 Definir e distinguir os conceitos de vontade, instinto, desejo e impulso, destacando suas


inter-relações.

 Analisar o processo volitivo em suas diferentes fases, desde a formação de intenções até a
avaliação dos resultados das ações.

 Investigar como esses conceitos se manifestam no comportamento humano, utilizando


exemplos práticos e estudos de caso.

 Identificar implicações práticas da compreensão da vontade e propor estratégias para


promover uma vontade saudável e eficaz.

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1.3. Justificativa
A seleção deste tema para o estudo é guiada por uma série de motivações pessoais, acadêmicas e
sociais que refletem o interesse na compreensão da mente humana e na aplicação desse
conhecimento para promover o bem-estar mental.

Em um nível pessoal, a curiosidade sobre a complexidade da mente e o funcionamento dos


processos psicológicos, especialmente a vontade, tem sido uma motivação contínua em minha
jornada acadêmica e profissional. A vontade é um aspecto fundamental da experiência humana,
influenciando diretamente nossas escolhas, comportamentos e aspirações. Portanto, compreender
suas nuances e suas alterações é essencial para uma compreensão mais profunda de nós mesmos
e dos outros.

Academicamente, este estudo oferece uma oportunidade empolgante de aprofundar o


conhecimento em psicologia e desenvolver as habilidades de pesquisa. Ao explorar a interação
entre vontade, instinto, desejo, impulso e ato volitivo, expande-se a compreensão dos processos
psicológicos subjacentes aos transtornos mentais. Essa investigação não só ampliará meu
domínio teórico, mas também me capacitará a aplicar esse conhecimento na prática clínica e em
futuras pesquisas, contribuindo assim para o avanço do campo da psicopatologia.

Alem dos meandros acima delineados, reconhece-se a relevância social deste estudo em um
contexto mais amplo. O aumento da prevalência de transtornos mentais na sociedade
contemporânea é uma preocupação urgente que exige uma resposta informada e eficaz.
Compreender as causas e os mecanismos subjacentes aos transtornos psicológicos é crucial para
desenvolver intervenções terapêuticas mais eficazes e promover a saúde mental em nossa
comunidade. Portanto, ao investigar a vontade na psicopatologia, espera-se contribuir para a
melhoria do bem-estar psicológico das pessoas e para a redução do estigma em torno das
questões de saúde mental, promovendo assim uma sociedade mais saudável e compassiva.

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1.4. METODOLOGIA
Para Prodanov (2013) metodologia é uma exposição que o pesquisador faz sobre os passos a
serem seguidos no desenvolvimento do trabalho, com a identificação dos métodos e técnicas a
serem usados para o efeito.

Para o alcance dos objectivos traçados nesta proposta recorreu-se à uma metodologia que ajudou,
não só, a melhor compreender as práticas de funcionamento do Instituto Nacional de Estatística,
como também a dar maior sustento na melhoria da organização, controle e recuperação da
informação. Olhando na perspectiva de procedimentos técnicos, foi feita a pesquisa bibliográfica
que consistiu na seleção e levantamento de livros e artigos sobre o tema, colheu-se fontes
secundárias que forneceram maior proximidade com a temática do problema,

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2. Quadro teórico

2.1. Conceitos Fundamentais: Exploração Dos Significados De Vontade, instinto,


desejo e impulso
Os conceitos de vontade, instinto, impulso e desejo são fundamentais para compreender os
motivadores por trás do comportamento humano, abrangendo uma variedade de forças que
influenciam nossas ações e escolhas, de forma a entendermos aspectos apontados, recorremos a
Dalgalarrondo (2019), que os define cada um como:

vontade

Segundo Dalgalarrondo (2019), A vontade, ou volição, é una dimensão complexa da vida


mental, relacionada intimamente com as esferas instintiva, afectiva e intelectiva, que incopora a
avaliação, o julgamento, analise e deciusao, bem como o conjunto de valores, princípios, hábitos
e normas éticas socioculturais do individuo;

Para Amaral (2012), vontade é a capacidade de uma pessoa de fazer escolhas conscientes e
deliberadas, guiadas por seus valores, crenças e objetivos pessoais. Ela envolve um processo de
tomada de decisão racional, onde o indivíduo avalia diferentes opções e seleciona aquela que
melhor se alinha com seus interesses e aspirações. Este conceito tem sido explorado ao longo da
história por filósofos como Arthur Schopenhauer, em sua obra "O Mundo como Vontade e
Representação" de 1818, onde argumentou que a vontade é a força motriz subjacente a todas as
formas de vida, moldando não apenas nossas ações, mas também nossas percepções do mundo.

Instinto

O instinto, por sua vez, refere-se a padrões de comportamento inatos e automáticos, que são
desencadeados por estímulos específicos do ambiente. Diferentemente da vontade, o instinto não
envolve um processo consciente de tomada de decisão, mas sim respostas automáticas e pré-
programadas, desenvolvidas ao longo da evolução para garantir a sobrevivência e a reprodução.
Este conceito foi amplamente explorado por psicólogos como William James, em seu livro
"Principles of Psychology" (1890), que estudou os instintos humanos e sua influência no

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comportamento, observando como eles operam em níveis inconscientes para orientar nossas
ações em situações de perigo ou oportunidade.

Impulso

O impulso é uma forma de motivação mais imediata e urgente, caracterizada por um forte desejo
ou necessidade de satisfazer uma determinada vontade ou instinto. É uma força interna que
impulsiona o comportamento em direção a um objetivo específico, muitas vezes associado a uma
recompensa ou gratificação. O conceito de impulso tem sido estudado em diversas áreas,
incluindo psicologia, neurociência e economia comportamental, onde pesquisadores como
Kahneman, em seu livro "pensando Rapido e lento" (2011), examinaram os efeitos dos impulsos
na tomada de decisões humanas, destacando como eles podem influenciar nossas escolhas
mesmo quando não estamos conscientemente cientes deles.

Desejo

O desejo refere-se a uma forma de motivação mais ampla e abstrata, que pode envolver múltiplos
aspectos da experiência humana, incluindo necessidades físicas, emocionais e sociais. Os desejos
podem variar em intensidade e duração, desde desejos momentâneos e passageiros até aspirações
de longo prazo e metas de vida. O conceito de desejo tem sido explorado em diversas tradições
filosóficas e religiosas, bem como em campos como psicologia motivacional e estudos culturais,
onde autores como Roland Barthes, em "The Pleasure of the Text" (1973), analisaram os desejos
humanos em relação à linguagem e à cultura, destacando como eles são moldados por contextos
sociais e históricos específicos.

Os conceitos trazido acima evidenciam a importância do seu conhecimento no desenvolvimento


psicológico e sua forte nas accoes quotidiana, aspectos que se relacionam a vários aspectos,
como ambientes, culturas e demais elementos.

2.2. Acto volitivo: conceito e fase do seu processo

O ato volitivo, também conhecido como volição, é um conceito fundamental na psicologia e na


filosofia, referindo-se à capacidade de uma pessoa tomar decisões e realizar ações com base em
sua vontade consciente. É o processo pelo qual uma pessoa escolhe entre diferentes opções

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disponíveis e se compromete com uma ação específica. Este fenômeno complexo tem sido objeto
de estudo e debate ao longo da história, com diversas abordagens teóricas e conceituais. A
concepção do ato volitivo segundo Dalgalarrondo (2019), remonta aos primórdios da filosofia
ocidental, com importantes contribuições de pensadores como Aristóteles e Santo Agostinho.
Aristóteles, em sua obra "Ética a Nicômaco", escrita por volta de 350 a.C., discute a vontade
como uma faculdade racional que guia a acção humana em direção ao bem. Para ele, a virtude
está relacionada à capacidade de escolher livremente o que é moralmente correto, na mesma
vertente, Santo Agostinho, em seus escritos do século IV, como "Confissões", aborda a vontade
como um componente central da natureza humana, influenciada pelo desejo de buscar a Deus e
alcançar a felicidade eterna. Ele introduz o conceito de livre-arbítrio, defendendo que os seres
humanos têm a capacidade de escolher entre o bem e o mal, mesmo que essa escolha seja
influenciada pelo pecado original.

No contexto da psicologia moderna, o ato volitivo foi amplamente estudado e teorizado por
diversos psicólogos, incluindo William James, Sigmund Freud e Jean Piaget. James (1890) , em
sua obra "Princípios de Psicologia" , descreve a vontade como um aspecto fundamental da vida
mental, argumentando que nossas ações são motivadas por desejos e intenções conscientes.

Sigmund Freud, com sua teoria psicanalítica, introduziu o conceito de "ego" como a parte da
mente responsável pela tomada de decisões e controle das pulsões instintivas. Em suas obras "O
Ego e o Id" (1923) e "Além do Princípio do Prazer" (1920), Freud explora a dinâmica entre os
impulsos inconscientes e a capacidade do ego de exercer controle e direção sobre o
comportamento.

Jean Piaget, em sua teoria do desenvolvimento cognitivo, destaca a importância da vontade na


fase operatória concreta e na fase operatória formal do desenvolvimento humano. Em suas obras
"A Psicologia da Inteligência" (1947) e "O Juízo Moral na Criança" (1932), Piaget investiga
como as crianças adquirem a capacidade de tomar decisões autônomas e desenvolver um senso
de responsabilidade moral.

Salienta Dalgalarrondo (2019), que alem dos acima citados, outros autores contemporâneos
continuam a explorar e refinar o conceito de ato volitivo, incorporando aspectos da

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neurociência, da psicologia cognitiva e da filosofia da mente. De uma forma geral, o ato volitivo
é um fenômeno complexo e multifacetado que desempenha um papel crucial na vida humana,
influenciando nossas escolhas, ações e valores morais.

2.3. Fases e etapas do processo volitivo


O processo volitivo, ou seja, o conjunto de etapas que envolvem a tomada de decisão e ação, é
um fenômeno complexo que tem sido objeto de estudo e reflexão em diversas áreas do
conhecimento, desde a filosofia até a psicologia e neurociência. Ao longo do tempo, vários
autores contribuíram para a compreensão detalhada desse processo, destacando as fases
envolvidas e os fatores que influenciam cada etapa. De forma a entendermos essas etapas
evocamos Amaral (2012) apud Dalgalarrondo (2019) que os descreve em quatro etapas, a
intenção, deliberação, decisão e execução.

Fase da Intenção
A motivação é o primeiro elemento a ser considerado nesta fase. Ela é a força interna que
impulsiona o comportamento em direção a um objetivo específico. A motivação pode ser
influenciada por uma variedade de fatores, incluindo necessidades biológicas, como fome e sede,
desejos emocionais, como amor e pertencimento, e aspirações pessoais, como realização
profissional e autoexpressão. Teorias motivacionais, como a hierarquia de necessidades de
Maslow, propõem que os indivíduos são motivados a satisfazer diferentes tipos de necessidades
em uma hierarquia, começando por necessidades básicas, como alimentação e abrigo, e
progredindo para necessidades mais elevadas, como autoestima e autorrealização.

Ao lado da motivação está a intenção, que é a determinação consciente de realizar uma ação
específica para alcançar um objetivo desejado. A intenção é o resultado da avaliação das opções
disponíveis e da escolha deliberada de um curso de ação entre elas. Ela envolve uma série de
processos cognitivos, emocionais e motivacionais, incluindo a análise dos custos e benefícios de
cada alternativa, a consideração das consequências a longo prazo e a avaliação da própria
capacidade de realizar a ação.

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Autores como Albert Bandura, em sua teoria da autoeficácia, enfatizam a importância da crença
na própria capacidade de realizar uma ação como um determinante chave da intenção. Segundo
Bandura (1977), indivíduos que têm alta autoeficácia estão mais propensos a estabelecer
intenções fortes e perseverar em face de obstáculos, enquanto aqueles com baixa autoeficácia
podem duvidar de sua capacidade de sucesso e, portanto, são menos propensos a agir, nesta
senda acopla-se a teoria da fixação de metas, desenvolvida por Edwin Locke e Gary Latham
(1990), destaca o papel das metas específicas e desafiadoras na formação da intenção. De acordo
com essa teoria, estabelecer metas claras e alcançáveis aumenta a motivação e a direção do
comportamento, fornecendo um senso de propósito e orientação.

Na fase da motivação e intenção, portanto, ocorre uma interação complexa entre motivações
internas e externas, processos cognitivos e emocionais, e crenças pessoais sobre capacidade e
eficácia. Esta fase é crucial, pois define o ponto de partida para todo o processo volitivo,
influenciando as escolhas subsequentes e a trajetória de ação do indivíduo. Entender os
mecanismos subjacentes à motivação e à intenção é essencial para promover o autocontrole, a
realização de metas e o bem-estar pessoal.

O processo volitivo, com sua fase inicial de motivação e intenção, é uma área de interesse que
tem sido estudada por diversos teóricos ao longo dos anos, cada um trazendo contribuições
valiosas para a compreensão desse fenômeno complexo.

Os autores citados acima, segundo Dalgalarrondo (2019), forneceram aspectos valiosos sobre os
processos motivacionais e a formação de intenções, destacando a interação complexa entre
fatores internos e externos na determinação do comportamento humano. Ao compreender as
teorias e conceitos propostos por esses teóricos, podemos obter uma compreensão mais profunda
do papel da motivação e da intenção na fase inicial do processo volitivo.

Fase da deliberação
A fase da deliberação uma das mais cruciais e complexas, esta fase é o ponto de transição entre o
reconhecimento de uma necessidade, desejo ou objetivo e a tomada de decisão consciente sobre
como agir para alcançá-lo. Durante a deliberação, o indivíduo avalia cuidadosamente as
diferentes opções disponíveis, considerando seus prós e contras, consequências e implicações,

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antes de escolher um curso de ação. Na fase da deliberação segundo Amaral (2012), o indivíduo
pode recorrer a uma variedade de processos cognitivos e estratégias para tomar uma decisão
informada. Ele pode pesar os benefícios e custos de cada opção, considerar suas preferências
pessoais, valores e objetivos de longo prazo, e antecipar as possíveis consequências de suas
escolhas. Além disso, ele pode buscar informações adicionais, consultar outras pessoas ou
especialistas, e refletir sobre experiências passadas relevantes para ajudar na tomada de decisão.

Esta fase do processo volitivo é influenciada por uma variedade de fatores internos e externos.
Internamente, as emoções desempenham um papel importante na deliberação, influenciando as
preferências, avaliações e julgamentos do indivíduo sobre as diferentes opções. Por exemplo, o
medo pode levar a uma avaliação mais conservadora do risco, enquanto a esperança pode levar a
uma avaliação mais optimista das oportunidades. Externamente, o contexto social e cultural pode
moldar as escolhas e preferências do indivíduo durante a deliberação. Normas sociais,
expectativas familiares e pressões sociais podem influenciar as decisões de uma pessoa, muitas
vezes levando-a a considerar não apenas suas próprias necessidades e desejos, mas também as
expectativas e interesses de outros.

Salientando, fatores situacionais, como tempo disponível, recursos disponíveis e restrições


ambientais, também podem influenciar o processo de deliberação. Por exemplo, em situações de
urgência ou estresse, o indivíduo pode ser mais propenso a tomar decisões rápidas e impulsivas,
enquanto em situações de maior complexidade ou incerteza, ele pode exigir mais tempo e
esforço para considerar cuidadosamente suas opções.

Fase da decisão
Para Dalgalarrondo (2019), decisão e ação, é um fenômeno complexo que tem sido objeto de
estudo e reflexão em diversas áreas do conhecimento. Dentro desse processo, a fase da decisão
desempenha um papel crucial, sendo o momento em que o indivíduo escolhe entre diferentes
opções de ação.

Na fase da decisão, ainda segundo o autor o indivíduo enfrenta um conjunto de alternativas e


precisa avaliar cada uma delas, considerando seus prós e contras, consequências e impactos
potenciais. Este processo de avaliação é influenciado por uma variedade de fatores, incluindo

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experiências passadas, valores pessoais, normas sociais, expectativas culturais e circunstâncias
específicas do momento. Um dos aspectos mais importantes da fase da decisão é a capacidade de
ponderar racionalmente as opções disponíveis, isso envolve a análise objetiva das informações
relevantes, a identificação de possíveis resultados e a previsão de suas consequências. No
entanto, as decisões nem sempre são puramente racionais; muitas vezes, são influenciadas por
emoções, intuições e julgamentos subjetivos.

Outro aspecto importante da fase da decisão é a influência de fatores sociais e contextuais.


Estudos sobre conformidade social e pressão dos pares mostram como as decisões individuais
podem ser moldadas pelas expectativas e comportamentos dos outros ao nosso redor.

Em suma, a fase da decisão no processo volitivo é um momento crítico em que o indivíduo


avalia e escolhe entre diferentes opções de ação, esta fase é influenciada por uma variedade de
fatores, incluindo considerações racionais, emocionais, sociais e contextuais. Uma compreensão
detalhada desse processo é fundamental para entender o comportamento humano e desenvolver
estratégias eficazes para a tomada de decisões informadas e satisfatórias.

Fase da execução
A execução é uma das mais cruciais e desafiadoras, pois esta etapa, segundo Dalgalarrondo
(2019), o indivíduo transforma sua intenção em ação concreta, colocando em prática as decisões
previamente tomadas. Esta fase envolve uma série de processos cognitivos, emocionais e
comportamentais que influenciam a eficácia e a realização dos objetivos pretendidos. Uma das
principais características da fase de execução é a necessidade de superar obstáculos e resistências
internas e externas. Internamente, o indivíduo pode encontrar barreiras como procrastinação,
falta de autoconfiança ou autocontrole, dúvidas ou medos, externamente, podem surgir
obstáculos como falta de recursos, oposição de outras pessoas ou imprevistos, por isso, lidar
com esses desafios requer perseverança, resiliência e habilidades de enfrentamento.

Amaral (2012) afirma que a fase de execução envolve a mobilização de recursos cognitivos e
emocionais para manter o foco e a concentração na tarefa em mãos. Isso pode exigir a
capacidade de gerenciar o tempo de forma eficaz, estabelecer prioridades e lidar com distrações.
Estratégias como a definição de metas claras, a divisão da tarefa em etapas menores e o

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estabelecimento de recompensas podem ajudar a manter a motivação e o engajamento ao longo
do processo. Outro aspecto importante da fase de execução é a capacidade de ajustar e adaptar o
plano de ação conforme necessário. Nem sempre as coisas saem como planejado, e o indivíduo
precisa estar preparado para lidar com mudanças, imprevistos ou falhas, isso requer flexibilidade
mental, capacidade de aprender com os erros e habilidade para encontrar soluções alternativas.

Adicionalmente, a fase de execução também envolve a regulação das emoções e a gestão do


estresse. À medida que o indivíduo se esforça para alcançar seus objetivos, ele pode
experimentar uma variedade de emoções, como ansiedade, frustração, euforia ou desânimo. A
capacidade de reconhecer e regular essas emoções é essencial para manter o equilíbrio emocional
e o bem-estar durante o processo.

concludentemente, a fase de execução culmina na avaliação dos resultados e na reflexão sobre o


processo, após concluir uma tarefa ou alcançar um objetivo, o indivíduo revisa sua performance,
identifica o que funcionou bem e o que pode ser melhorado, e extrai lições para futuras ações.
Essa fase de feedback e aprendizado contínuo é fundamental para o desenvolvimento pessoal e o
aprimoramento do processo volitivo, apresentando-se como um estágio dinâmico e desafiador
que requer uma combinação de habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais. Superar
obstáculos, manter o foco e a motivação, adaptar-se a mudanças e aprender com a experiência
são elementos essenciais para alcançar os objetivos desejados e promover o crescimento pessoal.

2.4. Alterações da vontade


Para Dalgalarrondo (2019), as alterações da vontade são um campo de estudo abrangente que
engloba uma variedade de fenômenos psicológicos e filosóficos relacionados à capacidade
humana de tomar decisões e agir de acordo com a própria vontade. Ao longo da história, vários
autores têm abordado essas alterações, explorando conceitos como livre-arbítrio, determinismo,
impulsividade, compulsão e outros aspectos que influenciam a capacidade de escolha e tomada
de decisão.

Um dos conceitos centrais neste contexto é o do livre-arbítrio, que se refere segundo Amaral
(2012), à capacidade de uma pessoa escolher entre diferentes opções e agir de acordo com sua
vontade consciente, sem ser determinada por fatores externos ou internos. O filósofo Immanuel

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Kant, em sua obra "Crítica da Razão Pura" (1781), argumenta a favor da existência do livre-
arbítrio como uma condição necessária para a moralidade e a responsabilidade moral.

Por outra perspectiva, a noção de determinismo desafia a ideia do livre-arbítrio, sugerindo que
todas as ações humanas são determinadas por causas anteriores, sejam elas biológicas,
psicológicas ou ambientais. No campo da psicologia, as alterações da vontade são
frequentemente estudadas em relação a fenômenos como impulsividade e compulsão. Freud
(1923), descreve a luta interna entre os impulsos instintivos do id e as restrições impostas pelo
ego, sugerindo que muitos comportamentos impulsivos são o resultado de conflitos psicológicos
inconscientes.

Nesta ordem de ideias, a psicologia contemporânea tem explorado o papel da cognição e da


regulação emocional na capacidade de exercer controle sobre a vontade. O psicólogo Roy
Baumeister, em seu livro "Vontade e Autenticidade: A Importância da Autocontrole" (2011),
destaca a importância do autocontrole na realização de metas de longo prazo e na resistência a
tentações imediatas. Outra perspectiva importante sobre as alterações da vontade é a abordagem
fenomenológica, que destaca a experiência subjetiva da vontade e as diferentes maneiras pelas
quais as pessoas experimentam e interpretam sua própria capacidade de escolha.

Portanto, as alterações da vontade são um tema complexo e multifacetado, que tem sido
abordado por diversos filósofos e psicólogos ao longo da história. Essas diferentes perspectivas
agregam bases valiosas sobre a natureza da vontade humana e os fatores que influenciam nossas
escolhas e ações.

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3. Considerações Finais
No decorrer desta pesquisa, mergulhamos na imensurável rede de influências que moldam a
vontade humana e seus desdobramentos nos domínios do instinto, desejo, impulso e acto
volitivo, especialmente no contexto da psicopatologia. Ficou evidente que a vontade não é um
fenômeno isolado, mas sim um processo dinâmico, permeado por uma complexa interação entre
fatores biológicos, psicológicos e sociais.

Ao explorar os conceitos de vontade, instinto, impulso e desejo, mergulhamos em uma


compreensão complexa da natureza humana e dos mecanismos que impulsionam nossas ações. A
vontade é o motor por trás de nossas escolhas conscientes, uma força que nos impulsiona em
direção a metas e objetivos. É a capacidade de tomar decisões deliberadas e exercer controle
sobre nossas ações, mesmo diante de impulsos e desejos conflituantes. Os instintos, por outro
lado, são impulsos inatos que nos orientam em direção a comportamentos específicos, muitas
vezes ligados à sobrevivência e à reprodução. Embora possam estar presentes em nossas ações, a
vontade pode modificar ou suprimir esses instintos em prol de objetivos mais elevados.

Os impulsos são forças momentâneas que nos levam a agir de certas maneiras em resposta a
estímulos internos ou externos. Eles podem ser tanto positivos quanto negativos, impulsionando-
nos a buscar recompensas ou evitar consequências desagradáveis. A vontade desempenha um
papel crucial na gestão desses impulsos, permitindo-nos resistir à gratificação instantânea em
favor de recompensas a longo prazo.

Por fim, analisamos os desejos representantes de nossas inclinações emocionais e psicológicas


em relação a determinados resultados ou experiências. Eles podem ser moldados por influências
sociais, culturais e pessoais, e muitas vezes desempenham um papel significativo em nossas
escolhas e comportamentos. A vontade pode ser testada quando nossos desejos entram em
conflito com nossos valores ou responsabilidades.

Um dos aspectos abordados ao longo do trabalho foi o processo volitivo, analisado como uma
jornada dinâmica, composta por várias etapas que incluem a formação de intenções, a tomada de
decisões, o planejamento de ações e a implementação de estratégias para alcançar nossos
objetivos. Ao longo deste processo, enfrentamos desafios e obstáculos que testam nossa força de

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vontade e resiliência, daí que importante reconhecer que a vontade não é estática; ela pode ser
influenciada por uma variedade de fatores, incluindo emoções, ambiente, experiências passadas e
saúde mental. Alterações na vontade podem ocorrer como resultado de eventos traumáticos,
estresse crônico, doenças mentais ou simplesmente devido à fadiga e exaustão.

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4. Referências bibliográficas
AMARAL, Márcio. Psicopatologia: fundamentos e semiologia essencial.2012

BANDURA, Albert. A teoria da aprendizagem social.1977

BAUMEISTER Roy. Vontade e Autenticidade: A Importância da Autocontrole. 2011

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos transtornos mentais. 2019


FREUD, Sigmund. O Ego e o Id. 1923

JAMES, Wlliam. Os princípios da psicologia.1890

KAHNEMAN, Daniel. Pensando Rápido e lento. (2011)

KANT. Immanuel. Crítica da Razão Pura.1781

LOCKE, E.A & LATHAM, G.P. A teoria do estabelecimento de metas e desempenho de


tarefas. 1990

PRODANOV, C. C & FREITAS, E.C. Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e


Técnicas da Pesquisa do Trabalho Acadêmico. 2ª ed. Rio Grande de Sul. Freevale: 2013.

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