Você está na página 1de 11

UNIVERSIDADE POLITÉCNICA – A POLITÉCNICA

Instituto Superior de Humanidades, Ciências e Tecnologias ISHCT

Trabalho de Investigação de História de Psicologia

Licenciatura em Psicologia Clinica

História da Psicologia em Moçambique

Esperança Bobo

Luísa Luís Mareço

Marlene André Cigarro

Querina António Suriar

Amelia Azevedo Mujeide

Frene Daniel Roberto

Quelimane, Março de 2024

1
Esperança Bobo

Luísa Luís Mareço

Marlene André Cigarro

Querina António Suriar

Amelia Azevedo Mujeide

Frene Daniel Roberto

Licenciatura em Psicologia Clinica

Tema: História da Psicologia em Moçambique

Trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue na cadeira de História da
Psicologia, orientado pela.

dra. Janina Paulo da Costa Viegas

Quelimane, Março de 2024

2
Índice

1. Introdução..................................................................................................................4

1.1. Objectivos...........................................................................................................5

1.1.1. Objectivo geral................................................................................................5

1.1.2. Objectivos específicos.....................................................................................5

1.2. Metodologia........................................................................................................5

2. Desenvolvimento teórico...........................................................................................6

2.1. A Psicologia em Moçambique: avanços e desafios............................................6

2.2. Competências na Formação Profissional do Psicólogo......................................7

3. Conclusão.................................................................................................................10

Referencias bibliográficas...............................................................................................11

3
1. Introdução

O presente trabalho tem como tema: História da Psicologia em Moçambique. Surge em


conformidade da disciplina História da Psicologia ministrada pela Universidade
Politécnica – A Politécnica, no 1º ano do curso de Psicologia Clinica.

A Psicologia actual pode ser vista como sendo a ciência do comportamento e dos
processos mentais, mas, outrora ela foi pensada como sendo o estudo da alma, do
espírito, da mente e da consciência.

Moçambique pode ser pensado como sendo uma bela donzela ou um belo adolescente
na fase da puberdade, com todas as suas mutações lógicas e (i)lógicas, conscientes e
inconscientes, ou melhor, na fase da adolescência, diríamos que a donzela e o
adolescente estão numa fase (i)rracional, com várias nuances e desempenhando vários
papéis no seu quotidiano rumo a uma identidade que naturalmente não se quer linear e
vertical, mas sim, complexa, curiosa, flexível, elástica, horizontal e diferente na sua
diversidade.

A cronologia histórica pode ser percebida da seguinte forma: primitiva, antiguidade


clássica, idade média, renascimento, humanismo, modernidade e as suas revoluções e a
fase contemporânea, ou seja, a fase actual. Como pensar e indagar na nossa
contemporaneidade? Ou a nossa fase contemporânea per si se quer unique e nos fará
regredir para o renascimento, onde depois de um ‘longo’ sono, estamos a despertar
cheios de energia para um presente que clama por acção, empatia e relação entre eu e
outro, longe do nossismo, ou seja, se não pensas como eu estás contra mim e és meu
inimigo, ou melhor, um renascimento possível onde a donzela e o adolescente
contrariados, não deixam de ser elegantes e cordiais, pensam diferentes, mas no final
querem o bem e o melhor Moçambique.

4
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral

 Desenvolver um trabalho referente a história da Psicologia em Moçambique

1.1.2. Objectivos específicos

 Apresentar o processo de percurso histórico da Psicologia em Moçambique;


 Descrever o processo de Formação Profissional do Psicólogo

1.2. Metodologia

O desenvolvimento de um artigo ou um trabalho científico exige dos autores evidências


sustentáveis para a sua credibilização, com isso, para a concretização do presente
trabalho, será antes feita revisão bibliográfica, que conforme Gil (2002, p.44) “é
baseada em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos”.

Com isso, serão explorados manuais de estatísticas assim como outros artigos referentes
ao tema em questão.

5
2. Desenvolvimento teórico

2.1. A Psicologia em Moçambique: avanços e desafios

Para identificar as competências do psicólogo para actuar nas escolas no contexto da


educação inclusiva, é imprescindível a retrospectiva sobre a psicologia em Moçambique
destacando seus avanços e desafios. No geral, a Psicologia é considerada uma ciência
jovem mais com uma longa história.

No caso específico de Moçambique, país que alcançou a independência nacional apenas


em 1975, a prática da Psicologia é recente. Ela passou a ser implementada no período
colonial nos anos 1960, por intermédio dos serviços de saúde, departamentos de
psiquiatria num contexto hospitalar. Nessa época, registrou-se uma experiência
deficitária em termos de estrutura, organização dos serviços, número reduzido de
especialistas e pouca interacção entre os serviços de saúde mental e a comunidade (Dos
Santos, 2011).

Após a independência nacional, em 1979, foram notáveis as primeiras tentativas de


reestruturação dos serviços de saúde mental, quando foi criada a Comissão
Coordenadora dos Serviços de Saúde Mental (CCSM). Volvidos cinco (5) anos, por
volta de 1984, foi realizado o primeiro seminário nacional de saúde mental cujos
resultados demonstraram, por um lado o nível de desestruturação dos serviços de saúde
mental e, por outro a necessidade do desenho do Programa Nacional de Saúde Mental
(PNSM), como forma de melhor servir à comunidade, (Dos Santos, 2011).

Este programa, foi visto como uma resposta ao cenário vivenciado na época, razão pela
qual foi descrito como programa estratégico e serviu de linha de orientação
metodológica para o funcionamento dos diferentes serviços clínico, domiciliar e
institucional de psiquiatria e saúde mental. É a partir deste conjunto de actividades que
foi privilegiada a formação de pessoal nas áreas de psiquiatria, psicologia, para actuar
na prevenção, tratamento e reabilitação dos pacientes.

Na década de 1980, registram-se alguns cenários tais como: i. A prática da psicologia e


da psiquiatria era desenvolvida por psicólogos e psiquiatras estrangeiros, por exemplo, a
área da psiquiatria era fundamentada pelos pressupostos da teoria de psiquiatria social

6
de Franco Basaglia (1924-1980); ii. Constatou-se a necessidade de formação de
psicólogos e psiquiatras nacionais para actuarem em diferentes contextos como
unidades sanitárias, educação, empresas, organizações e outras áreas afins.

Nesta direcção, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) ofereceu a disciplina de


introdução à psicologia nos cursos das áreas de educação e política. No ano de 1985, foi
criado, através do despacho Ministerial nº 73/85, o Instituto Superior Pedagógico (ISP),
que ofereceu o curso de Psicologia e Pedagogia com duração de 5 anos. Esta foi a
primeira instituição no país a oferecer o curso de licenciatura em Psicologia Escolar
que, actualmente, tem a duração de 4 anos. Para garantir o funcionamento desta
instituição, muitos jovens foram enviados para diversos países dos continentes europeu
(Alemanha, Rússia e Portugal) e americano (Brasil, Chile e Cuba) para formação em
diversas áreas incluindo a Psicologia.

Com base neste registro, assinala-se o início, organização e institucionalização da


Psicologia em Moçambique. A reforma institucional de 2003 resultou na passagem do
ISP para Universidade Pedagógica de Moçambique (UP), que incluiu no seu
organograma a Faculdade de Ciências da Educação e Psicologia e Departamento de
Psicologia, o que impulsionou a reforma dos programas curriculares possibilitando a
introdução de novos cursos específicos nas áreas de Psicologia e Educação, sendo que,
em 2004, fez-se a reforma do curso de Psicologia e Pedagogia introduzindo o curso de
Licenciatura em Psicologia Escolar. Com a reforma curricular do curso de Licenciatura
em Psicologia Escolar de 2010, foi introduzido o curso de Licenciatura em Psicologia
Educacional na Universidade Pedagógica de Moçambique, em 2014.

Estas reformas podem ser classificadas em dois sistemas de formação de psicólogos, o


primeiro decorreu de 1986 a 2003 designado de sistema sequencial e o segundo que está
em vigor desde 2004 até o presente, e é considerado como sistema integrado. Estes dois
sistemas diferem pelas actividades práticas dispostas na matriz curricular dos cursos. No
sistema sequencial, as actividades práticas eram realizadas no 5º ano da formação e, no
sistema integrado, essas actividades são realizadas do 1º até ao 4º ano dos cursos de
Licenciatura.

2.2. Competências na Formação Profissional do Psicólogo

7
Ao indagar sobre as competências na formação profissional do psicólogo para actuar
nas escolas, tivemos em consideração dois aspectos, o primeiro, a Lei número 27 de 29
de Setembro de 2009, que regula o ensino superior de Moçambique, a análise de
programas de formação em psicologia de três instituições do ensino superior (IES)
públicas de Moçambique nos indicadores organização, bases e directrizes de
conceptualização e habilitações ou áreas específicas. No segundo aspecto, verificamos
os termos de referência para o psicólogo actuar nos centros de recursos de educação
inclusiva e as propostas dos serviços distritais de educação, juventude e tecnologia
(SDEJT) sobre a actividade do psicólogo nas escolas regulares e inclusivas em
Moçambique.

A formação moçambicana em psicologia obedece à Lei do ensino superior nº 27 de 29


de Setembro de 2009 de Moçambique. De acordo com o artigo 22 desta lei, o ensino
superior no país estrutura-se em três ciclos de formação estabelecidos no artigo 22 da
Lei, nomeadamente o 1º, 2º e 3º, os quais correspondem aos graus académicos de
Licenciado, Mestrado e Doutorado, respectivamente. Os participantes no nosso estudo
foram psicólogos cuja formação enquadra-se no artigo 23, número 2 da Lei do ensino
superior de Moçambique. Importa salientar que a Universidade Pedagógica do Maputo é
a primeira a oferecer o programa de doutorado em Psicologia Educacional no País.

De acordo com López (2015), existe um amplo consenso na literatura de que a actuação
do psicólogo deve se apoiar numa concepção complexa da realidade. Este pressuposto
influenciou, de forma significativa, o desenho dos programas de graduação em
Psicologia das universidades moçambicanas, apesar de que ainda são notadas diferenças
nos indicadores de avaliação das disciplinas oferecidas, função/papel do psicólogo na
escola, especialidades e competências básicas na formação. Esta questão pode estar
associada à falta de uma ordem nacional de Psicologia (Conselho nacional de Psicologia
de Moçambique) e a falta de bases e directrizes curriculares nacionais para os cursos de
graduação em Psicologia, o que justifica a necessidade de maior coordenação na
formação teórica e prática do psicólogo em Moçambique.

No entanto, Simbine (2016) considera que Moçambique aponta uma forma de ser, estar
e lidar com os fenómenos psicológicos que se distingue da perspectiva ocidental, devido
à natureza cultural, holística, interpessoal, religiosa, artística e espiritual características
de seu povo. Razão pela qual, neste estudo, compreendemos que é imprescindível que

8
os cursos de psicologia estabeleçam a competência para análise do contexto de actuação
nos seus programas curriculares.

Para garantir o atendimento de crianças com diferentes deficiências, o Centro de


Recursos de Educação Inclusiva Eduardo Mondlane (CREI) apresentou uma proposta
de actividades para o psicólogo que vai de a) Realização de atendimento
psicopedagógico de crianças, jovens e adultos com deficiência; b) Análise e intervenção
no ambiente de aprendizagem do contexto escolar e familiar; c) Decisão sobre os tipos
de avaliação que devem ser realizadas aos alunos com NEE; d) Assessorar as famílias
no atendimento preventivo educativo; e) Aconselhamento educacional junto das
famílias com educandos com NEE; f) Prioriza, junto das famílias, o atendimento
precoce às crianças com deficiência; f) Aplicação de testes de orientação vocacional e
profissional; h) Aconselhamento psicológico dos professores e demais funcionários de
modo a prevenir problemas que podem advir de questões profissionais do seu dia-a-dia
até ao i) Aconselhamento dos alunos de modo a prevenir problemas de aprendizagem e
comportamentos inadequados.

9
3. Conclusão

As discussões sobre as competências do psicólogo para actuar em escolas, se


intensificaram nos anos de 1962, e nesta época, as teorias sobre a cognição,
aprendizagem e o desenvolvimento humano nutriram a esperança dos professores em
superar os problemas existentes nas escolas.

As pesquisas de Martins e Simbine concluíram que a actuação do psicólogo nas escolas


moçambicanas passa por algumas tensões devido às questões sócio-espirituais da
deficiência, todavia, nesta pesquisa, os psicólogos apresentaram a definição de
deficiência tendo como base o corpo com lesão e a estrutura social e as condições
econômicas das comunidades. Ainda nesse âmbito a pesquisa permitiu compreender que
as deficiências mais frequentes atendidas pelo psicólogo são: físicas, desvio de conduta,
e déficit de atenção e hiperatividade, física, visual e auditiva.

Diante desta situação os participantes indicaram as competências investigativa e de


planejamento, avaliativa, comunicativa ou relacional, interventiva, administrativa, como
sendo imprescindíveis para o seu trabalho nas escolas. Foi possível constatar a
importância de habilidades e conhecimentos para elaboração de planos de capacitação
de professores na matéria de necessidades educativas especiais e habilidades pessoais.

Todavia, os psicólogos indicaram alguns desafios como a falta de recursos para


realização de estágio em Psicologia, o descompasso entre as competências (conteúdos) e
as demandas das escolas, ênfase em abordagens teóricas em detrimento de actividades
práticas, assim como a falta de uma ordem que defende os direitos e deveres e orienta o
exercício profissional do psicólogo.

10
Referencias bibliográficas

Dos Santos P. F. (2011). Avaliação dos Serviços de Saúde Mental em Moçambique.


Organização Mundial de Saúde Departamento de Saúde Mental e Dependência
de Substâncias. Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências Médicas.
Lisboa.

Gil, A.C. (2002). Como elaborar projectos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo. Atlas.

López, R. B. (2015). Perspectivas Acerca Del Rol Del Psicólogo Educacional:


Propuesta Orientadora de Su Actuación En El Ámbito Escolar São Paulo. Atlas

Simbine, A. J. (2016) Concepções da Deficiência: Embates entre versões ocidentais e


contemporâneas em Moçambique. Programa de Pós-Graduação em Psicologia
do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Universidade Federal Fluminense.
Rio De Janeiro-Niterói.

11

Você também pode gostar