Você está na página 1de 22

1

UNIVERSIDADE ABERTA ISCED


Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Geografia

As etapas de elaboração de uma pesquisa científica

Adamo Manjate Jose: 71230284

Quelimane, Março e 2023


2

UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Geografia

As etapas de elaboração de uma pesquisa científica

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em Ensino de Biologia da UnISCED.

Tutor: Marcos Francisco Ballat

Adamo Manjate Jose: 71230284

Quelimane, Março e 2023


3

Índice

1. Introdução ............................................................................................................................................. 5

1.1 Objectivos ......................................................................................................................................... 5

1.2 Metodologia ...................................................................................................................................... 5

2. Etapas de elaboração de uma pesquisa científica .................................................................................. 6

2.1.1 Etapa .................................................................................................................................................... 6

2.1.2 Pesquisa científica ......................................................................................................................... 6

2.2 Etapas de uma pesquisa científica ..................................................................................................... 9

.2.1 ESCOLHA DO TEMA ..................................................................................................................... 9

2.2 Formulação do problema (questão da pesquisa) ..................................................................................... 9

2.3 Revisão da literatura (pesquisa bibliográfica) ................................................................................. 12

2.4 Justificativa ..................................................................................................................................... 12

2.4 Determinação dos objectivos .......................................................................................................... 12

2.5 Elaboração do projecto de pesquisa ................................................................................................ 13

2.6 Execução operacional do projeto (coleta de dados) ........................................................................ 14

2.5 Organização do material colectado ................................................................................................. 14

2.6 Análise e discussão dos resultados.................................................................................................. 15

2.7 Relatório final e divulgação dos resultados .................................................................................... 15

3 Tipos de pesquisa científica ................................................................................................................ 15

3.1 Quanto à finalidade ......................................................................................................................... 16

3.2 Quanto à natureza ........................................................................................................................... 17

3.3 Quanto à forma de abordagem ........................................................................................................ 17

3.4 quanto aos objectivos ...................................................................................................................... 18

3.4 Quanto aos procedimentos técnicos ................................................................................................ 19

3.5 Quanto ao desenvolvimento no tempo ............................................................................................ 20


4

4 Considerações Finais .......................................................................................................................... 21

5 Referencias Bibliográficas .................................................................................................................. 22


5

1. Introdução
O presente trabalho que aborda sobre as etapas de elaboração de uma pesquisa científica.
A pesquisa científica é uma pesquisa feita a partir de um método, uma espécie de passo a passo
que guia o pesquisador da sua dúvida até uma resposta para ela. Ainda, para uma pesquisa ser
considerada científica, ela deve usar como base da sua estrutura dada e informações
comprovadamente verdadeiras pela ciência. Essa condição é a maneira como a sociedade se
encontra para desenvolver o conhecimento humano, que deve ser regido pela verdade. E o
mesmo, segue a seguinte estrutura: a Introdução, o desenvolvimento, a conclusão e as referências
bibliográficas.

1.1 Objectivos
1.1.1 Objectivo geral

 Compreender as etapas de elaboração de uma pesquisa científica.

1.1.2 Objectivos específicos

 Conceitualizar o termo pesquisa científica;


 Apresentar as etapas de elaboração de uma pesquisa científica;
 Descrever as etapas de elaboração de uma pesquisa científica.

1.2 Metodologia
Segundo Gil (2002), a metodologia é um processo que permite mostrar ao investigador os passos
da pesquisa. Para a realização do presente trabalho, recorreu-se a consultas bibliográficas,
através deste meio procurou-se encontrar estudos, obras, módulo, manuais que versam diferentes
abordagens que discutem sobre o tema em destaque.
6

2. Etapas de elaboração de uma pesquisa científica

2.1.1 Etapa
Uma etapa é uma divisão delimitada da realidade que o ser humano fez, e que
historicamente, isto é, ao longo do nosso tempo- as sociedades impõem ao funcionamento da
natureza de várias maneiras. Assim, a função mais importante dessa categoria é possibilitar a
medição para objectivar a natureza.

Ao falar de „Etapa‟ como termo em busca de uma definição histórica, rigorosamente


antes, deve-se falar em tempo.

Segundo o filósofo alemão Martin Heidegger, o tempo implica uma forma de ordenar os
acontecimentos a partir da identificação e relação do momento em que ocorreram, estabelecendo
assim uma posição histórica para cada um.

2.1.2 Pesquisa científica


A pesquisa científica é a aplicação prática de um conjunto de procedimentos objectivos,
utilizados por um pesquisador (cientista), para o desenvolvimento de um experimento, a fim de
produzir um novo conhecimento, além de integrá-lo àqueles pré-existentes.

Comummente, uma pesquisa origina-se de um problema, de uma indagação, de uma


dúvida. Podemos dizer que a pesquisa, e aqui iremos denominar pesquisa científica, constitui-se
de um processo de questionamento e de busca de respostas para diferentes temáticas. Porém, isso
não é tudo. Ela consiste em um processo com método específico de investigação, recorrendo a
procedimentos científicos para identificar respostas a um dado problema.

É fundamental avaliar se o problema a ser pesquisado apresenta interesse para a


comunidade científica e se o trabalho irá gerar resultados novos, relevantes e de interesse social e
profissional.

O termo pesquisa deriva do latim, “perquirere - que significa perquirir, buscar com
cuidado, informar-se de” (Silva, 2004, p. 1038).
7

Na concepção da língua portuguesa, pesquisa é entendida como “acção de pesquisar,


busca, investigação; trabalho científico que registar os resultados de uma investigação” (Borba,
2004, p. 1.067).

As pesquisas são realizadas por pessoas de uma determinada comunidade, chamada


comunidade científica.

As pesquisas científicas são realizadas com rigor, ética, procedimentos metodológicos e


matrizes teóricas específicas. Usualmente, quem as desenvolve são pesquisadores, cientistas,
profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que têm interesse em investigar, de forma
mais profunda e sistemática, um tema específico e responder questionamentos que emergem, na
maioria das vezes, do contexto profissional. Muitas pesquisas científicas estão relacionadas a
cursos de graduação e de pós-graduação vinculados a instituições académicas.

A pesquisa científica também pode ser realizada como uma actividade em nosso contexto
profissional para responder a demandas do quotidiano. Nesse caso, os resultados obtidos poderão
alterar rotinas de trabalho, sugerir mudanças no contexto e no fluxo profissional, entre outros
contextos, como em empresas, escolas, universidades etc.

Conforme citam Lakatos e Marconi (1990, p. 15), pesquisar é compreendido como


“averiguar algo de forma minuciosa, é investigar”. As autoras apontam que o significado do
termo investigação “não é unívoco, pois há várias definições sobre o termo nos diferentes
campos de conhecimento. Contudo, o ponto de partida da pesquisa reside no problema que
deverá se definir, avaliar, analisar uma solução para depois ser tentada uma solução” (Lakatos;
Marconi, 1990, p.15).

As pesquisas científicas possuem um ciclo, um modo específico de fazê-la.

Segundo Minayo (1994, p. 26 apud Lakatos; Marconi, 1990, p.15), pesquisa tem a
seguinte definição: é um labor artesanal, que não se prescinde da criatividade, se realiza
fundamentalmente por uma linguagem fundada em conceitos, proposições, métodos, técnicas,
linguagem esta que se constrói com um ritmo particular. A esse ritmo denominamos ciclo de
pesquisa, ou seja, um processo de trabalho espiral que começa com um problema ou uma
pergunta e termina com um produto provisório capaz de dar origem a novas interrogações.
8

Conforme argumenta Gil (2002, p. 17), “realizar a pesquisa pura, dissociada da pesquisa
aplicada, é inadequado, tendo em vista que a ciência objectiva tanto o conhecimento em si
mesmo quanto as contribuições práticas decorrentes desse conhecimento”.

Entretanto, existem autores que realizam pesquisa pura, também conhecida como
pesquisa básica. O objectivo principal, como aponta Appolinário (2011, p. 146), é o “avanço do
conhecimento científico sem nenhuma preocupação, a priori, com a aplicabilidade imediata dos
resultados a serem colhidos”.

Conforme ressalta Severino (2007, p. 15), a pesquisa científica tem carácter pessoal e
acrescido a isso:

[...] em uma dimensão social, o que confere o seu sentido político. Esta exigência
de uma significação política englobante, implica que, antes de buscar-se um
objecto de pesquisa, o pós-graduando pesquisador já deve ter pensado o mundo,
indagando-se criticamente a respeito de sua situação, bem como da situação de
seu projeto e de seu trabalho nas tramas políticas de qualquer realidade social.

Por isso, sugere-se que reflicta-se nas temáticas que trazem preocupação e inquietação
em prática pedagógica, no seu trabalho educativo com estudantes que apresentam dificuldades
acentuadas de aprendizagem, ou alguma deficiência.

Segundo Demo (2003, p. 2), a pesquisa científica tem como condição primeira, na escola,
que o profissional da educação seja pesquisador, ou seja, maneje a pesquisa como princípio
científico. Ele deve munir-se de método específico e procedimentos reconhecidos
cientificamente, para não correr o risco de uma pesquisa de senso comum.

Para compreendermos o universo de pesquisa e como investigar um determinado


contexto, é importante conhecermos as modalidades de pesquisa científica aplicada, ou seja, que
envolve a prática, que é a proposta de nosso curso. Conforme argumenta Appolinário (2011, p.
146), a pesquisa aplicada tem o objetivo de “resolver problemas ou necessidades concretas e
imediatas”.
9

2.2 Etapas de uma pesquisa científica

.2.1 Escolha do tema


É o primeiro passo para a definição do protocolo de pesquisa.O pesquisador deverá
perguntar: “O que, de fato, quero estudar?”. Respondida a pergunta, só então estará apto para
prosseguir com a questão da pesquisa. O tema corresponde a um aspecto geral sobre uma área de
interesse de determinado assunto que se deseja estudar. Dentro do tema proposto, o investigador
deverá seleccionar a questão da pesquisa, a qual corresponde a uma parte delimitada do assunto
escolhido; é, portanto, o objectivo do estudo, a incerteza que deverá ser investigada pelo autor da
pesquisa6. Ou seja, no estabelecimento da questão da pesquisa, o profissional deverá partir do
assunto geral, o qual deverá ser desmembrado em tópicos específicos, em partes e, então,
escolherá uma ou duas dessas partes para elaborar o protocolo de pesquisa.

2.2 Formulação do problema (questão da pesquisa)


Uma vez seleccionado o tema, a definição do problema é o passo seguinte e de sua
correta formulação, dependerá o sucesso da pesquisa. Lembre sempre: todos os procedimentos
propostos para a realização da pesquisa deverão ser planejados no sentido de solucionar ou
esclarecer o problema proposto. A ordem correta de raciocínio é: “qual é a questão que necessita
de investigação e/ou solução?” “O que ela causa?” “O que a minha pesquisa irá contribuir para
solucioná-la”? As características de uma boa questão de pesquisa estão mostradas no quadro II,
tal como propostas Cummings, Browner e Hulley 5,6,7, no livro “Delineando a Pesquisa Clínica
– Uma Abordagem Epidemiológica”, onde estas características básicas são representadas pelo
acrônimo FINER: factível, interessante, nova (inovadora), ética e relevante. O quadro sintetiza as
principais características da questão da pesquisa e seus respectivos requisitos de aplicação.
Assim, para que uma questão de pesquisa seja considerada satisfatória, ela deverá apresentar as
seguintes características:
Quadro I. critério FINER para uma boa questao de pesquisa.
10

 Factível – A pesquisa da maneira como está sendo planejada é possível de ser realizada? Os
pesquisadores envolvidos têm domínio do assunto e experiência suficientes para realizá-la?
O tempo e os recursos disponíveis são suficientes? Estas são algumas perguntas que deverão
ser feitas e respondidas, antes de iniciar qualquer tipo de pesquisa. De modo geral, as
investigações científicas trabalham com mais de uma questão, mas é sempre aconselhável
enfocar aquela de maior relevância ao delinear um estudo.

Esta será a questão principal que deverá servir como base para o plano de estudo e para o
cálculo do tamanho da amostra. Um pesquisador deve conhecer seus limites, assim como os
recursos disponíveis, antes de enveredar por um caminho que não pode trilhar. Isso evita o gasto
de tempo e de recursos materiais e financeiros. Se a pesquisa não lhe parece factível, reavalie-a.
Se o estudo lhe parece muito amplo e abrangente, é sempre possível escolher um conjunto menor
de variáveis para o novo estudo ou restringir os seus objectivos.

Caso o número de sujeitos disponíveis para o estudo seja insuficiente, devemos rever
nossas estratégias de selecção, tais como: aumentar os critérios de inclusão e modificar os
critérios de exclusão; procurar por outras fontes de sujeitos; expandir a duração do estudo;
reavaliar a estratégia para o cálculo do tamanho da amostra.

Se suas habilidades estão aquém daquelas exigidas pelo protocolo, aprenda-as, associe-se a
pesquisadores mais experientes ou procure métodos alternativos na literatura especializada.
11

Finalmente, se o estudo proposto tem custo muito elevado, impossível de ser realizado,
reconsidere seus gastos, procure métodos menos dispendiosos e reduza o número das medições.
É sempre bom lembrar que todas estas medidas não devem comprometer a qualidade do estudo,
sob pena de invalidá-lo.

 Interessante – É igualmente importante que o objeto da pesquisa desperte o interesse do


pesquisador e muitos são os motivos que podem despertar esse interesse. O crescimento
profissional é um motivo importante e deve ser construído passo a passo ao longo de sua
carreira e cada pesquisa é um ponto a mais. No entanto, a construção do conhecimento é
aquele que parece ser a motivação mais considerada pela maioria dos pesquisadores.
 Nova (Inovadora) – Toda boa pesquisa deve produzir novos conhecimentos, ou, pelo
menos, questionar ou confirmar se um achado anterior pode ser repetido ou não, ou, ainda,
se os resultados obtidos para uma determinada população são aplicáveis a outra. Ademais,
uma pesquisa científica não precisa ser totalmente inédita, porém repetir estudos cujos
resultados já estão bem estabelecidos pela comunidade científica, não é justificado, uma
vez que desperdiçam trabalho, tempo e recursos.
 Ética – O primeiro ponto a ser considerado: “se uma pesquisa não é cientificamente
correta, ela não é ética”. A resolução CNS 196/9610 considera que toda pesquisa
envolvendo seres humanos, directa ou indirectamente, envolve risco, podendo o dano
eventual ser imediato ou tardio, no indivíduo ou à colectividade. Por este motivo, todas as
pesquisas envolvendo seres humanos devem atender às exigências éticas e científicas
fundamentais, que implicam consentimento livre e esclarecido dos indivíduos pesquisados,
protecção de grupos vulneráveis e dos legalmente incapazes (princípio da autonomia).

Potenciais riscos e benefícios deverão ser ponderados, individuais ou coletivos, comprometendo-


se, a pesquisa, com o máximo de benefícios e o mínimo de danos (princípio da beneficência),
além da relevância social, com vantagens significativas para os sujeitos e minimização do ônus
para os vulneráveis, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos sem perder o
sentido de sua destinação sócio-humanitária (princípio da justiça e equidade).

 Relevância – Este é, sem dúvida, o requisito mais importante de uma boa questão de
pesquisa. Sua relevância está no fato de mostrar e justificar como o estudo pretendido
poderá ser inserido em um contexto mais amplo. Por que essa questão é importante e como
12

suas respostas poderão contribuir para os avanços científico e tecnológico, de tal modo que
possa influenciar em futuras decisões no âmbito do desenvolvimento social.

2.3 Revisão da literatura (pesquisa bibliográfica)


É através da revisão ampla da literatura que o pesquisador passará a conhecer a respeito de quem
escreveu, o que já foi publicado, quais aspectos foram abordados e as dúvidas sobre o tema ou
sobre a questão da pesquisa proposta. Ao conhecer o tema, o investigador poderá fornecer a
melhor fundamentação teórica que dará suporte e irá justificar a sua proposta, além de definir,
com mais precisão, os objetivos de sua pesquisa, evitando a repetição, na íntegra, de estudos
anteriores, já bem estabelecidos pela comunidade científica.

Para tornar o processo de revisão mais produtivo, o autor da pesquisa deverá adotar uma postura
metódica, sistematizada, inerente à pesquisa bibliográfica, a qual é baseada na literatura
publicada em forma de livros, em revistas especializadas, escritas ou eletrônicas; em jornais e
revistas, em sites da Internet, especializados ou de busca etc. Outras importantes fontes de
pesquisa são os eventos científicos, como congressos e seminários, ou mesmo, a consulta direta a
pesquisadores mais experientes, com reconhecido saber sobre a área de interesse.

2.4 Justificativa
Nesta etapa, o pesquisador mostra “o porquê” da realização do estudo. É nesta parte do protocolo
que deverá, de maneira bastante satisfatória, justificar e convencer quem for avaliar o projeto,
sobre a importância da realização da pesquisa, em especial, para a agência de fomento que for
disponibilizar o suporte financeiro. Tem que mostrar quais os seus pontos positivos e porque
chegar à verdade sobre o assunto escolhido é interessante para a ciência.

2.4 Determinação dos objectivos


Esta parte mostra qual, ou quais são as intenções do pesquisador em relação ao tema proposto. É
aqui onde será informada a proposta da pesquisa, ou seja, quais os resultados pretendidos ou
quais as contribuições que a pesquisa irá proporcionar ao conhecimento científico.
13

Tradicionalmente, os projectos de pesquisa contemplam dois tipos de objectivo: o geral e os


específicos. Ambos sintetizam o que o investigador pretende esclarecer e devem ser coerentes
com o problema proposto e com a justificativa fornecida.

No objectivo geral, o pesquisador propõe uma síntese dos resultados que pretende alcançar com
a pesquisa; nos objectivos específicos, ele detalha as propostas desdobradas a partir do objectivo
geral. A princípio, a boa técnica para enunciar o objectivo é começar a sua redacção com um
verbo no infinitivo, o qual deverá exprimir uma acção bem definida, possível de ser executada e
de ser mensurada.

2.5 Elaboração do projecto de pesquisa


A elaboração do projecto corresponde à etapa mais importante e de maior complexidade da
pesquisa, pois, do correto delineamento (desenho) depende o sucesso na obtenção das respostas
esperadas pela questão da pesquisa. Delinear uma pesquisa é, em última análise, planejar a
realização de sua parte científica operacional, tanto experimental como observacional; ou seja, é
escrever correctamente um projecto onde estarão previstas todas as etapas de sua realização.
Como regra geral, a função básica de um bom projecto de pesquisa é permitir uma comparação
satisfatória entre as diferentes variáveis dos grupos de sujeitos incluídos no estudo.

Essa comparação pode ocorrer em um determinado ponto no tempo ou, em alguns casos, entre
um grupo antes e depois de receber uma intervenção ou ter sido exposto a um determinado factor
de risco, assim como, permitir que uma possível diferença seja quantificada em termos absolutos
e relativos. Outra função importante do delineamento é minimizar os erros (vieses), evitar os
factores de confundimento e outras intercorrências que possam interferir na interpretação dos
resultados.

É nesta etapa, portanto, que o pesquisador deverá decidir a respeito da população e dos sujeitos
que serão estudados, sobre o tipo de estudo que será aplicado no projecto, se experimental ou
observacional, se prospectivo ou retrospectivo, e escolher, dentre os diversos delineamentos,
qual aquele que melhor se aplica à sua pesquisa.
14

2.6 Execução operacional do projeto (coleta de dados)


Esta é a fase na qual o pesquisador vai a campo para implementar todas as acções
previstas no projecto inicial. É a parte referente à colecta de material para análise. Se o projecto
foi delineado de forma correta e os procedimentos previstos para a sua realização foram
planejados de maneira consistente, tais como medições e exames laboratoriais, a probabilidade
de obter uma resposta correta e chegar a conclusões acertadas a respeito do fenómeno estudado
são muito grandes.

Com o objectivo de identificar possíveis erros no planejamento da pesquisa e minorar os


vieses na execução dos procedimentos previstos, é sempre aconselhável, nesta etapa, a
implementação de um estudo (projecto) piloto, pois é ele que irá testar e validar o
método, além de fornecer subsídios para o cálculo final do tamanho da amostra. É no
estudo piloto que a equipe irá adquirir o treinamento necessário para operar equipamentos
laboratoriais, familiarizar-se com o manuseio de animais, adquirir destreza para
procedimentos terapêuticos e cirúrgicos, assim como rever os formulários e os
questionários que serão aplicados no decorrer da pesquisa. O estudo piloto garante a
uniformidade e a padronização na execução do projecto; é ele que “arredonda” o método.

2.5 Organização do material colectado


Uma vez que a pesquisa tenha terminado, sobrará um amontoado de dados, de
informações numéricas ou textuais. Nesta fase, serão processadas a tabulação e apresentação
destes dados. Aqui é importante que o pesquisador planeje como processar e analisar os dados do
estudo, de tal maneira que ele possa alcançar um nível aceitável de precisão nos cálculos
estatísticos. Esta é uma condição fundamental, pois é preciso seleccioná-los, agrupá-los em
tópicos e, somente depois, analisá-los. Actualmente, com o advento dos recursos
computacionais, esta tarefa ficou mais amena e com a utilização de softwares estatísticos para o
manejo das informações, os procedimentos para a organização e resumo de grandes quantidades
de dados ficaram mais precisos e seguros. Estes recursos da informática dão-nos suporte para a
elaboração de índices e cálculos estatísticos, confecção de gráficos, tabelas e quadros. Lembrar,
também, que em uma pesquisa científica, a função mais importante da estatística não é a análise
dos dados e sim o planejamento do experimento que produzirá esses dados.
15

2.6 Análise e discussão dos resultados


Nesta etapa, é fundamental que o pesquisador tenha os conhecimentos básicos de estatística
descritiva e dos processos de teste de hipótese. Os objectivos da pesquisa somente poderão ser
considerados como alcançados após a análise e a comparação dos dados obtidos em cada um dos
grupos estudados. É a confrontação destes dados que irá confirmar ou rejeitar as hipóteses
previstas no início da pesquisa, assim como permitirá a sua discussão e comparação com dados
publicados na literatura5,6,7. De posse destas análises e discussão, o pesquisador poderá, então,
relatar a contribuição do seu estudo para o desenvolvimento da ciência.

2.7 Relatório final e divulgação dos resultados


É a fase da redacção final, que poderá ser escrito sob a forma de relatório de pesquisa, trabalho
de conclusão de curso, dissertação ou tese. Em geral, a formatação do texto obedece a normas de
documentação da Associação Americana de Normas Técnicas (ABNT), porém as normas
próprias de cada instituição deverão ser consultadas, mas, de qualquer modo, o texto deverá ser
redigido com a beleza técnica que a metodologia científica requer, isto é, deve ser tecnicamente
correto, claro nas ideias, preciso nas afirmações e nas conclusões e, acima de tudo, agradável ao
leitor.

Estes textos também poderão ser, a critério do autor, publicados na íntegra, sob a forma de livro,
ou, de maneira resumida, publicados em revistas especializadas sob a forma de artigos originais.
Não esquecer que uma pesquisa que não tem os seus resultados publicados, não cumpriu sua
função social, e é, portanto, destituída de qualquer valor científico.

3 Tipos de pesquisa científica


Para um pesquisador que pretende planejar um experimento, a sequência correta do raciocínio é:
primeiro ele deve escolher, entre os diversos tipos de pesquisa, aquele que melhor se enquadra na
população a ser estudada e que melhor atende aos seus objectivos; segundo, definir o melhor
delineamento a ser empregado para que os objectivos possam ser alcançados.

Com base neste princípio, podemos observar que um mesmo tipo de pesquisa pode ser delineado
de diferentes maneiras. Tomemos, com exemplo, um estudo observacional (tipo de pesquisa).
16

Este pode ser delineado como um estudo de coorte ou como um estudo caso-controle, ambos
definidos como delineamentos de características diferentes.

Assim, como vimos, existem várias maneiras de classificar uma pesquisa, e os autores não são
unânimes quanto à padronização desta classificação. Por esse motivo, propomos uma maneira
mais simples e mais objectiva, como mostrado no quadro II.

3.1 Quanto à finalidade


Pesquisa básica ou fundamental – É aquela cujo objectivo é adquirir conhecimentos novos que
contribuam para o avanço da ciência, sem que haja uma aplicação prática prevista. Neste tipo de
pesquisa, o investigador acumula conhecimentos e informações que podem, eventualmente, levar
a resultados académicos ou aplicados importantes15,16. Há autores que incluem, neste tipo, as
pesquisas académicas, aquelas realizadas na instituição de ensino superior como parte das
actividades de ensino-aprendizagem, tal como nos trabalhos de conclusão de curso.

Pesquisa aplicada ou tecnológica – É o tipo de pesquisa cujo objectivo é produzir


conhecimentos científicos para aplicação prática voltada para a solução de problemas concretos,
específicos da vida moderna. É a pesquisa que, além de produzir conhecimento, gera novos
processos tecnológicos e novos produtos, com resultados práticos imediatos em termos
económicos e na melhoria da qualidade de vida13.
17

3.2 Quanto à natureza


Pesquisa observacional – Neste tipo de estudo, o investigador atua meramente como expectador
de fenómenos ou fatos, sem, no entanto, realizar qualquer intervenção que possa interferir no
curso natural e/ou no desfecho dos mesmos, embora possa, neste meio tempo, realizar medições,
análises e outros procedimentos para colecta de dados.

As pesquisas observacionais podem ser conduzidas sob a forma de quatro tipos de estudo,
conforme o delineamento. São eles: série de casos, estudo de corte transversal, estudo de coorte e
estudo caso-controle.

Pesquisa experimental – É toda pesquisa que envolve algum tipo de experimento. Neste tipo de
estudo, o pesquisador participa activamente na condução do fenómeno, processo ou do fato
avaliado, isto é, ele atua na causa, modificando-a, e avalia as mudanças no desfecho. Neste tipo
de pesquisa, o investigador selecciona as variáveis que serão estudadas, define a forma de
controle sobre elas e observa os efeitos sobre o objecto de estudo, em condições pré-
estabelecidas. Assim, pelo fato das variáveis, ou da variável, poderem ser manipuladas pelo
pesquisador, equívocos e vieses praticamente desaparecem, sendo, por esta razão, considerada
como o melhor tipo de pesquisa científica, pois proporciona maior confiabilidade em seus
resultados.

Os mais tradicionais tipos de delineamento da pesquisa experimental são os estudos controlados


(duplo-cego, randomizado, não-randomizado, autocontrolado e com controle externo) e não-
controlados4,5,7.

3.3 Quanto à forma de abordagem


Pesquisa qualitativa – É o tipo de pesquisa apropriada para quem busca o entendimento de
fenômenos complexos específicos, em profundidade, de natureza social e cultural, mediante
descrições, interpretações e comparações, sem considerar os seus aspectos numéricos em termos
de regras matemáticas e estatísticas. Diferente da quantitativa, a pesquisa qualitativa é mais
participativa, porém menos controlável e, por esta razão, tem sido questionada quanto a sua
validade e confiabilidade.
18

Pesquisa quantitativa – É aquela que trabalha com variáveis expressas sob a forma de dados
numéricos e emprega rígidos recursos e técnicas estatísticas para classificá-los e analisá-los, tais
como a porcentagem, a média, o desvio padrão, o coeficiente de correlação e as regressões, entre
outros.

Em razão de sua maior precisão e confiabilidade, os estudos quantitativos são mais indicados
para o planejamento de ações coletivas, pois seus resultados são passíveis de generalização,
principalmente quando as amostras pesquisadas representam, com fidelidade, a população de
onde foram retiradas.

De acordo com a complexidade da apresentação e da análise dos dados, uma pesquisa


quantitativa pode ser classificada em descritiva ou analítica.

Pesquisa descritiva – É aquela que visa apenas a observar, registar e descrever as características
de um determinado fenómeno ocorrido em uma amostra ou população, sem, no entanto, analisar
o mérito de seu conteúdo. Geralmente, na pesquisa quantitativa do tipo descritiva, o
delineamento escolhido pelo pesquisador não permite que os dados possam ser utilizados para
testes de hipóteses, embora hipóteses possam ser formuladas a posteriori, uma vez que o objetivo
do estudo é apenas descrever o fato em si8,9.

Pesquisa analítica – É o tipo de pesquisa quantitativa que envolve uma avaliação mais
aprofundada das informações colectadas em um determinado estudo, observacional ou
experimental, na tentativa de explicar o contexto de um fenómeno no âmbito de um grupo,
grupos ou população. É mais complexa do que a pesquisa descritiva, uma vez que procura
explicar a relação entre a causa e o efeito8,9.

O que realmente diferencia um estudo descritivo de um analítico é a capacidade do estudo


analítico de fazer predições para a população de onde a amostra foi retirada, e fazer inferências
estatísticas pela aplicação de testes de hipótese.

3.4 quanto aos objectivos


Pesquisa exploratória – Este tipo de pesquisa visa a uma primeira aproximação do pesquisador
com o tema, para torná-lo mais familiarizado com os fatos e fenómenos relacionados ao
19

problema a ser estudado. No estudo, o investigador irá buscar subsídios, não apenas para
determinar a relação existente, mas, sobretudo, para conhecer o tipo de relação.

Pesquisa explicativa – Tem por objectivo central explicar os factores determinantes para a
ocorrência de um fenómeno, processo ou fato, ou seja, visa explicar o “porquê” das coisas. É
uma consequência lógica da pesquisa exploratória.

3.4 Quanto aos procedimentos técnicos


Pesquisa bibliográfica – Sua base é a análise de material já publicado. É utilizada para compor
a fundamentação teórica a partir da avaliação atenta e sistemática de livros, periódicos,
documentos, textos, mapas, fotos, manuscritos e, até mesmo, de material disponibilizado na
internet etc. Este tipo de pesquisa fornece o suporte a todas as fases de um protocolo de pesquisa,
pois auxilia na escolha do tema, na definição da questão da pesquisa, na determinação dos
objectivos, na formulação das hipóteses, na fundamentação da justificativa e na elaboração do
relatório final.

Pesquisa documental – É o tipo de pesquisa que tem o levantamento de documentos como base.
É uma valiosa técnica de colecta de dados qualitativos. Assemelha-se à pesquisa bibliográfica, a
qual utiliza a contribuição fornecida por diversos autores sobre um determinado assunto,
enquanto na pesquisa documental, a colecta de informações é realizada em materiais que não
receberam qualquer tipo de análise crítica.

Neste tipo de pesquisa, os documentos consultados são, geralmente, classificados como fontes
primárias e fontes secundárias. No primeiro caso, são as fontes cuja origem remonta à época que
se está pesquisando, ainda não analisadas e que, frequentemente, foram produzidas pelas
próprias pessoas estudadas, tais como correspondências, diários, textos literários e outros
documentos mantidos em órgãos públicos e instituições privadas de qualquer natureza; no
segundo, correspondem às fontes cujos trabalhos escritos se baseiam na fonte primária, e tem
como característica o fato de não produzir informações originais, mas, apenas, uma análise,
ampliação e comparação das informações contidas na fonte original.

Pesquisa laboratorial – A principal característica é a sua realização em ambiente controlado,


seja um laboratório ou não. Estas pesquisas, que geralmente são experimentais, adoptam
20

ambientes de simulação para reproduzir o fenómeno objecto do estudo, além de utilizar-se de


instrumentos específicos e precisos de colecta e análise de material.

Pesquisa de campo – Uma pesquisa de campo procura colectar dados que lhe permitam
responder aos problemas relacionados a grupos, comunidades ou instituições, com o objectivo de
compreender os mais diferentes aspectos de uma determinada realidade, sendo mais
frequentemente utilizada pelas áreas das ciências humanas e sociais, mediante técnicas
observacionais e com a utilização de questionários para a coleta de dados3.

3.5 Quanto ao desenvolvimento no tempo


Pesquisa transversal e longitudinal – A diferença entre as duas é o intervalo de tempo que o
pesquisador utiliza para a condução da pesquisa. No estudo transversal (ou seccional), a pesquisa
é realizada em um curto período de tempo, em um determinado momento, ou seja, em um ponto
no tempo, tal como agora, hoje. Mais dinâmica que a transversal, a pesquisa longitudinal pode
ser classificada como prospectiva e retrospectiva e tem como subtipos o estudo caso-controle e o
estudo de coorte prospectivo.

Pesquisa prospectiva e retrospectiva – Nesta classificação, a diferença é o sentido da condução


da pesquisa em relação ao tempo de sua realização. Na pesquisa prospectiva, o estudo é
conduzido a partir do momento presente e caminha em direção ao futuro, já na retrospectiva, o
estudo é desenhado para explorar fatos do passado, podendo ser delineado para retornar, do
momento atual até um determinado ponto no passado, há vários anos, por exemplo, como ocorre
nos estudos caso-controle, ou o pesquisador pode marcar um ponto no passado e conduzir a
pesquisa até o momento presente, pela análise documental, é óbvio, tal como acontece no estudo
do tipo coorte retrospectivo (coorte histórica)3,4,8,9.
21

4 Considerações Finais
Em virtude do que foi mencionado, a pesquisa científica objectiva encontrar respostas a
respeito de um determinado problema para o qual não se têm informações concretas para
solucioná-lo. Para o seu desenvolvimento é necessário realizar todos os procedimentos,
estruturar e respeitar as fases do protocolo.

Contudo, o entendimento dos diferentes tipos de estudos e suas classificações, assim como a
escolha e a combinação que melhor se aplica à questão e aos objectivos do estudo são
fundamentais para a obtenção de sucesso na realização da pesquisa científica.
22

5 Referencias Bibliográficas
Appolinário, Fabio. Dicionário de Metodologia Científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 295p.

Borba, Francisco da Silva. (Org.). Dicionário UNESP de Português Contemporâneo. São Paulo:
Editora Unesp, 2004. 1.470p.

DEMO, Pedro. Metodologia da Investigação Científica em Educação. Curitiba: Editora IBPX,


2003.

Gil, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. 176p.

Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina Andrade. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.
205p.

Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina Andrade. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.
205p.

Severino, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.

Silva, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 24. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2004. 1.501p.

Você também pode gostar