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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância - IED

A Educação-Pedagogia e Didáctica de História

Melito Armando

Código: 708210494

Curso: Licenciatura em Ensino de História

Disciplina: Didáctica de História I

Nível: 2º Ano

Turma: E

Docente: Celso Queha

Nampula, Agosto de 2022


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Capa 0.5

Índice 0.5

Introdução 0.5

Estrutura Aspectos Discussão 0.5


organizacionais
Conclusão 0.5

Bibliografia 0.5

Contextualização (Indicação 1.0


clara do problema)

Descrição dos objectivos 1.0


Introdução
Metodologia adequada ao 2.0
objecto do trabalho

Articulação e domínio do 2.0


Conteúdo discurso académico (expressão
escrita cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão Revisão bibliográfica nacional 2.0
e internacionais relevantes na
área de estudo

Exploração dos dados 2.0

Conclusão Contributos teóricos práticos 2.0

Aspectos Paginação, tipo e tamanho de 1.0


gerais letra, paragrafo, espaçamento
Formatação entre linhas

Referências Normas APA Rigor e coerência das 4.0


Bibliográficas 6ª edição em citações/referências
citações e bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações para a melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice

1. Introdução ............................................................................................................................... 5

2. A Educação-Pedagogia e Didáctica de História ..................................................................... 6

2.1. Conceito da Educação, Pedagogia e Didáctica de História ................................................. 6

2.1.1. Conceito de Pedagogia ..................................................................................................... 6

2.1.2. Conceito de Didáctica de História .................................................................................... 9

3. Objecto de Estudo da Didáctica............................................................................................ 10

4. Objectivo e Conteúdo da Formação Didáctica ..................................................................... 11

5. Perspectiva multidimensional da didáctica de história ......................................................... 12

6. Considerações finais ............................................................................................................. 14

7. Referências bibliográficas .................................................................................................... 15

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1. Introdução

Para José Carlos Libanêo, a Didáctica é uma disciplina pedagógica que estuda os objectos, as
condições do processo de ensino, os meios e o cenário educacional. Porque os conteúdos da
disciplina de ensino decorrem da ciência que lhes servem de base. A disciplina de ensino
implica numa selecção de conhecimentos pautada por critérios pedagógicos e didácticos; do
mesmo modo, os métodos da ciência e os métodos de ensino são conexos, não idênticos,
porque a actividade de ensino implica uma relação pedagógica que lhe é peculiar,
distinguindo-se daquela que ocorre na actividade científica (Libâneo, 1994, Cit. em Fonseca
& Fonseca, 2006, p.13). E é nesta perspectiva que trazemos-lhe este trabalho que aborda
conteúdos relacionados A Educação-Pedagogia e Didáctica de História, pois queremos
acreditar também que a história tem as suas metodologias, técnicas, estratégias,
procedimentos e meios que o educador dessa área deve usar na mediação do saber dessa
ciência. Durante o seu desenvolvimento iremos focar nos seguintes aspectos: Conceito da
educação pedagogia e Didáctica de História, Objecto de Estudo da Didáctica, Objectivo e
Conteúdo da Formação Didáctica e finalmente falaremos da Perspectiva multidimensional da
didáctica de história.

O objectivo Geral deste trabalho é de:

 Clarificar a Educação-Pedagogia e Didáctica de História.

E os objectivos específicos são:

 Diferenciar entre Educação-Pedagogia da Didáctica de História;


 Descrever o objectivo e Conteúdo da Formação Didáctica; e
 Esclarecer a Perspectiva multidimensional da didáctica de história.

O trabalho está estruturado em três partes, que são: Introdução, desenvolvimento e


considerações finais, para além dos elementos pré e pós-textuais que o compõe.

Na elaboração do presente trabalho beneficiou-se o privilégio de ir ao encontro das obras


bibliográficas que estão fixadas na página de referências bibliográficas da página final do
trabalho.

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2. A Educação-Pedagogia e Didáctica de História

2.1. Conceito da Educação, Pedagogia e Didáctica de História

Nesta secção iremos apresentar os conceitos da educação, pedagogia e didáctica de história.


Começando com o conceito de educação, Brandão (2001, cit. em Vagula, Nascimento &
Gasparin, 2019, p. 287), diz que a educação é um processo amplo que não se restringe apenas
à escola. Dai que ele afirma:

A educação existe onde não há a escola e por toda parte podem haver redes e estruturas sociais
de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criada a sombra de
algum modelo de ensino formal e centralizado. Porque a educação aprende com o homem a
continuar o trabalho da vida. Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na
escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para
aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para
conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias:
educação? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a
dizer sobre a educação que nos invade a vida. (p. 287).

Segundo esse autor a educação é, portanto, o processo que possibilita aos sujeitos se
apropriarem dos elementos da sua cultura mediante trocas sociais que visam a socialização de
conhecimentos necessários à convivência em um determinado grupo social. De acordo com
Saviani (2015, p. 286, cit. em Vagula, Nascimento & Gasparin, 2019) “a educação é um
fenómeno próprio dos seres humanos”, mas, segundo ele, é no espaço da escola que ela se
efectiva na dimensão pedagógica, aquela voltada para o “conhecimento elaborado e não ao
conhecimento espontâneo; ao saber sistematizado e não ao saber fragmentado; à cultura
erudita e não à cultura popular”.

2.1.1. Conceito de Pedagogia

A pedagogia é um campo da educação, pois é através da educação que se pode falar da


pedagogia. Indo já para o conceito de pedagogia, Libâneo (2001) diz que a ideia de senso
comum, inclusive de muitos pedagogos, é a de que Pedagogia é ensino, ou melhor, o modo de
ensinar. Uma pessoa estuda Pedagogia para ensinar crianças. O pedagógico seria o
metodológico, o modo de fazer, o modo de ensinar a matéria. Trabalho pedagógico seria o
trabalho de ensinar, de modo que o termo pedagogia estaria associado exclusivamente a
ensino.

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A palavra Pedagogia tem origem na Grécia Antiga e vem das palavras: “paidos” (da criança) e
“agein” (conduzir). Então, o termo pedagogia, etimologicamente falando, é a ciência de
dirigir crianças (Júnior, 2004, p. 9, cit. em Verde, 2019).

Na educação, a pedagogia é a ciência que tem como objectivo o ensino e aprendizagem, sendo
entendida como:

Teoria e ciência da educação e do ensino; conjunto de doutrinas, princípios e métodos de


educação e instrução que tendem a um objectivo prático; o estudo dos ideais de educação,
segundo uma determinada concepção de vida, e dos meios (processos e técnicas) mais
eficientes para efectivar estes ideais. Na Grécia Antiga, Pedagogia designava o
acompanhamento e vigilância do jovem. O paidagogo (o condutor da criança) era o escravo
cuja actividade específica consistia em guiar as crianças à escola, seja a didascaleia, onde
recebiam as primeiras letras, seja o gymnásion, local de cultivo do corpo. (Júnior, 2004, p. 9,
cit. em Verde, 2019).

Esses escravos eram geralmente estrangeiros, velhos artistas ou filósofos que se tornavam
cativos. Na escola, as crianças e adolescentes recebiam aulas de um mestre-escola, que, por
não servir para outro tipo de trabalho, era rebaixado ao ofício de ensinar. Esse mestre-escola
era o responsável pela instrução desses jovens e o “pedagogo”, enquanto os conduzia,
conversava sobre a vida, os valores, os costumes e as crenças, isto é, os educava (Nogueira,
2003, p. 33, cit. em Verde, 2019).

A Pedagogia se ocupa, de fato, com a formação escolar de crianças, com processos


educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas, antes disso, ela tem um significado bem mais
amplo, bem mais globalizante.

Ela é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e


historicidade e, ao mesmo tempo, uma directriz orientadora da acção educativa. O didata
alemão Schimied-Kowarzik (1983, cit. em Libâneo, 2001) chama a Pedagogia de ciência da e
para a educação, portanto é a teoria e a prática da educação. Ela tem um carácter ao mesmo
tempo explicativo, praxiológico e normativo da realidade educativa, pois investiga
teoricamente o fenómeno educativo, formula orientações para a prática a partir da própria
acção prática e propõe princípios e normas relacionados aos fins e meios da educação.

Pedagogia é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da


educação − do ato educativo, da prática educativa como componente integrante da actividade
humana, como fato da vida social, inerente ao conjunto dos processos sociais. Não há
sociedade sem práticas educativas. Pedagogia diz respeito a uma reflexão sistemática sobre o

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fenómeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma instância orientadora do
trabalho educativo. Ou seja, ela não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso
conjunto de outras práticas. (Libâneo, 2001).

No que se refere ao último conceito pesquisado, Pedagogia, Libâneo (2001, p. 6) afirma que
“[...] é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e
historicidade e, ao mesmo tempo, uma directriz orientadora da acção educativa”. Há que se
considerar, portanto, que ao definir o campo teórico-prático da Pedagogia, Libâneo (2001, p.
23) indica como sendo a esfera de “[...] investigação da realidade educativa, visando,
mediante conhecimentos científicos, filosóficos e técnico-profissionais, a explicitação de
objectivos e formas de intervenção metodológica e organizativa relacionados com a
transmissão/assimilação activa de saberes”. Nesta mesma perspectiva Saviani (2005, p. 01,
cit. Vagula, Nascimento & Gasparin, 2019) expõe que:

O conceito de Pedagogia se reporta a uma teoria que se estrutura a partir e em função


da prática educativa. A pedagogia, como teoria da educação, busca equacionar, de
alguma maneira, o problema da relação educador-educando, de modo geral, ou, no
caso específico da escola, a relação professor-aluno, orientando o processo de ensino
e aprendizagem.

Se a Pedagogia se ocupa do estudo da prática educativa, seus fundamentos precisam estar em


consonância com o que a sociedade actual necessita, sendo importante reconhecer as
profundas transformações no campo da tecnologia, as mudanças sociais existentes na
contemporaneidade, a estruturação das políticas económicas, dentre outros factores que
tornam a actividade docente complexa. Isto posto, nota-se a necessidade de renovação no
fazer quotidiano do professor, pois tais aspectos requerem novas concepções de ensino e de
aprendizagem, caso aquelas utilizadas no dia-a-dia da escola não atentem para o actual
cenário. (Vagula, Nascimento & Gasparin, 2019)

De uma forma Em resumo, a Pedagogia, mediante conhecimentos científicos, filosóficos e


técnico-profissionais, investiga a realidade educacional em transformação, para explicitar
objectivos e processos de intervenção metodológica e organizativas referentes à
transmissão/assimilação de saberes e modos de acção. Ela visa o entendimento, global e
intencionalmente dirigido, dos problemas educativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos
providos pelas demais ciências da educação.

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2.1.2. Conceito de Didáctica de História

Antes que avancemos para a definição da didáctica de história, primeiro vamos ver o
conceito da palavra didáctica. Para José Carlos Libanêo, a Didáctica é uma disciplina
pedagógica que estuda os objectos, as condições do processo de ensino, os meios e o cenário
educacional. Porque os conteúdos da disciplina de ensino decorrem da ciência que lhes
servem de base. A disciplina de ensino implica numa selecção de conhecimentos pautada por
critérios pedagógicos e didácticos; do mesmo modo, os métodos da ciência e os métodos de
ensino são conexos, não idênticos, porque a actividade de ensino implica uma relação
pedagógica que lhe é peculiar, distinguindo-se daquela que ocorre na actividade científica
(Libâneo, 1994, Cit. em Fonseca & Fonseca, 2006, p.13).

A Didáctica é um ramo específico da Pedagogia. Enquanto a Pedagogia pode ser conhecida


como filosofia, ciência e técnica da educação, que estuda, portanto, a educação, a instrução e
o ensino, a Didáctica pode ser conceituada como a arte, como a técnica de ensino. (Verde,
2019)

Como vimos nas citações anteriores que a didáctica é uma ciência, que se dedica a arte de
ensinar (direcção técnica da aprendizagem). E ainda, de acordo Piletti a didáctica:

“…Estuda a técnica de ensino em todos os seus aspectos práticos e operacionais, podendo ser
definida como a técnica de estimular, dirigir e encaminhar, no decurso da aprendizagem, a
formação do homem,” (Peletti, 2004, p.42).

A didáctica é uma disciplina pedagógica, ou seja, um ramo da pedagogia, ao lado de outras


disciplinas pedagógicas como a teoria da educação, a teoria da organização escolar, a teoria
da escola, a psicologia educacional, a sociologia educacional, entre outras. Faz a ponte entre
as disciplinas de fundamentação teórica e as práticas de ensino, provendo a reflexão teórica
sobre o ensino-aprendizagem proporcionada pela teoria pedagógica e outras ciências da
educação. (Libâneo, 2014, p. 12).

Assim, podemos definir a Didáctica de História, como sendo uma ciência que estuda as
técnicas de transmissão dos conhecimentos da história, (Gani & Uanicela, s/d).

Para a definição mais modesta de Rusen, citado em Borges, (2016) a tarefa da Didáctica da
História é ocupar-se da investigação do aprendizado histórico, que coloca em relevo o modo
“como o passado é experienciado e interpretado de modo a compreender o presente e
antecipar o futuro”. Por isso, para ele, alhures “a consciência histórica é o modo pelo qual a

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relação dinâmica entre experiência do tempo e intenção no tempo se realiza no processo da
vida humana”, colaborando para que, mais que saber, o aluno disponha de formas de saber, ou
seja, de “princípios cognitivos que determinam a aplicação dos saberes aos problemas de
orientação”.

Logo, a Didáctica da História deveria se ocupar com a aprendizagem histórica, o que, por
conseguinte, inclui o ensino histórico, de modo que o conhecimento histórico se assuma como
“uma realidade elementar e geral de uma explicação humana do mundo e de se mesmo, e
assim seria sido elevada a uma categoria de um tema de investigação própria, de significado
inquestionavelmente prático para a vida”

3. Objecto de Estudo da Didáctica

A Didáctica, enquanto disciplina, se preocupa com as relações interpessoais dos sujeitos no


processo educativo, com a organização técnico-metodológica do processo de ensino e com a
aprendizagem e a intencionalidade política da educação. É essencialmente o estudo de como
ensinar para um melhor aprender (aspecto técnico); do por que ensinar, dependendo da
concepção de homem e de sociedade que se tem (aspecto filosófico); e do para quê ensinar
(aspecto político), pautado nas finalidades e intencionalidades sociopolíticas da educação
(Libâneo, 2013, cit. em Verde, 2019).

Segundo Verde (2019) A Didáctica busca a racionalização e eficiência do ensino; preocupa-se


com as variáveis internas do processo de ensino e aprendizagem; A Didáctica tem um carácter
instrumental, está interessada na eficiência e na racionalidade dos métodos de ensino.

Segundo Piletti (2004) didáctica aborda o desenho da arte do ensino, provendo as bases para
que os professores possam trabalhar as situações de aprendizados em sala de aula. Mas esta
ideia se sintetiza os métodos e técnicas de ensino, limitando o verdadeiro significado da
ciência e não a explicando por completo, p.42.

O objecto de estudo da didáctica é o processo de ensino-aprendizagem. Toda proposta


didáctica está impregnada, implícita ou explicitamente, de uma concepção do processo de
ensino-aprendizagem. (Candau, 1988, Cit. em Althaus & Zanon, 2009, p.4)

Para o Libâneo (1990) o objecto de estudo da didáctica:

…É o processo de ensino, campo principal de actuação escolar. Na medida em que o


ensino viabiliza as tarefas da instrução, ele contem a instrução. Podemos assim

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delimitar como objecto da didáctica o processo de ensino que, considerado no seu
conjunto, inclui: os conteúdos dos programas e dos livros didácticos, os métodos e
formas organizativas do ensino, as actividades do professor e dos alunos e as
directrizes que regulam e orientam esse processo (p.54).

De acordo este autor, podemos definir processo de ensino como uma sequência de actividades
do professor e dos alunos, tendo em vista a assimilação de conhecimentos e de
desenvolvimento de habilidades, através dos quais os alunos aprimoram capacidades
cognitivas (pensamentos independente, observação, analises-sinteses e outras).

Quando mencionamos que a finalidade do processo de ensino é proporcionar aos alunos os


meios para que assimilem activamente os conhecimentos é porque a natureza do trabalho
docente é a mediação da relação cognoscitiva entre o aluno e as matérias de ensino. Isto quer
dizer que ensino não é só transmissão de informações mas também o meio de organizar a
actividade de estudo dos alunos. O ensino é só bem-sucedido quando os objectivos do
professor coincidem com os objectivos de estudo do aluno e é praticado tendo em vista o
desenvolvimento das suas forças intelectuais. (Libâneo, 1990, p.54).

Ainda Libânio afirma que ensinar e aprender, pois, são duas facetas do mesmo processo, e
que se realizam em torno das matérias de ensino, sob a direcção do professor.

Assim, após termos visto qual é o objecto do estudo da didáctica, podemos ir adiante falando
sobre o objecto da didáctica da história, este que é o foco central do nosso trabalho. Todavia
didáctica de história tem como objecto de estudo o conhecimento científico do Processo de
ensino e aprendizagem e apropriação dos conhecimentos, com intuito de melhor compreender,
explicar, justificar e pensar em torno da situação de uma disciplina, neste caso concreto a
história. (Gani & Uanicela, s/d). Com isso quer dizer que o objecto de estudo da didáctica de
história é o conhecimento científico do Processo de ensino e aprendizagem da história.

4. Objectivo e Conteúdo da Formação Didáctica

Segundo Verde (2019) A Didáctica tem como objectivo a direcção do processo de ensino e
aprendizagem, mediante a transmissão e assimilação activa dos conteúdos escolares, através
de aula expositivo-dialogada, leituras, discussão e trabalhos individuais e trabalhos em grupo,
com elaboração de sínteses integradoras.

E na perspectiva de Gani e Uanicela (s/d), A formação didáctica tem por objectivo investigar
as regularidades do processo de ensino aprendizagem, analisando e generalizando as

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experiencias práticas dos professores e, realizando experimentações pedagógicas do corpo
docente; Elaborar princípios, regras, normas e métodos para a definição e estruturação de
objectivos e de conteúdos para a realização do ensino; Realizar estudos da prática docente na
actualidade, convista a fornecer orientações e apoios científicos ao professor para aumentar o
rendimento escolar e investigar as tendências de desenvolvimento do ensino. Na formação
didáctica os docentes não podem cingir-se apenas nos conteúdos relacionados com técnicas de
ensino, mas também com políticos, sociais, culturais e económicos.

O objectivo primordial de qualquer didáctica é ajudar na melhoria do processo de ensino-


aprendizagem de certo conteúdo. O professor reflecte sobre o quê e como ensinar,
desenvolvendo, desta forma, uma posição reflexiva de integração dos conhecimentos na
prática lectiva (Proença, 1989).

5. Perspectiva multidimensional da didáctica de história

O professor é, para além de organizador e supervisor de situações de aprendizagem, um


elemento mediador entre a aprendizagem dos seus alunos e os conhecimentos que, por estes,
devem ser apreendidos (Proença, 1989). Desta forma, professor não deve centrar a sua acção
no produto, mas sim no processo de ensino-aprendizagem, considerando também o contexto e
os alunos. Deve, por isso, não só deter conhecimentos científicos e técnicos, como também
uma visão humanista dos alunos com que se depara e da relação que estabelece com eles,
constituindo todo um processo integrado de global. Para além disso, deverá utilizar recursos
didácticos multifacetados, diversas metodologias activas de ensino e uma multiplicidade de
estratégias, actividades e tarefas que apontem para a satisfação das necessidades de
aprendizagem dos alunos e que desenvolvam, através da prática e da reflexão crítica, as suas
competências, as suas atitudes e os seus valores (Moreira, 2001).

Na sua prática profissional, o professor, para além dos conhecimentos teóricos e dos alunos,
necessita considerar a dimensão político-social da didáctica, pois lecciona num contexto
social concreto, integrado num contexto educativo específico, com alunos de diferentes
origens e com expectativas variadas em relação à escola e ao seu papel formativo. Esta
multidimensionalidade da didáctica, na especificidade da Didáctica da História, acarreta a
confluência na acção educativa das ópticas científicas, técnica, humanista e político social.
Assim, a acção da didáctica revela-se na globalidade dos actos humanos que a História
pretende elucidar. (Proença, 1989). Por outro lado, o ensino deve partir de problemas práticos

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e não de actividades que conduzam à repetição e/ou reprodução memorialística dos
conhecimentos (Mattoso, 2002).

Segundo Mattoso (2002), a aplicação do modelo de aprendizagem baseado em problemas


exige quatro cuidados:

1. Escolha de um problema;

2. Possibilite a identificação dos múltiplos factores que fizeram evoluir os acontecimentos;

3. Dê relevância ao papel dos protagonistas individuais;

4. O docente releve a representatividade do objecto de estudo para a compreensão do


comportamento humano socialmente.

O que temos em vista aqui é a formação do professor e como a multidimensionalidade da


didáctica é fruto dos desafios enfrentados durante os períodos recontados do século XX,
podendo ser entendida como uma ferramenta de incorporação do aluno no diálogo existente
em sala de aula e o melhor aproveitamento dele nas actividades avaliativas. (Mattso, 2002).

Nesse sentido, a multidimensionalidade da disciplina compreende as multicategorias que a


disciplina trabalha, nos campos humano – os relacionamentos e a comunicação entre
professores e alunos, professores e professores, alunos e alunos, e a direcção da instituição
com ambos –; político-social – posicionamento dos acontecimentos vigentes na actualidade,
precisando o professor contextualizar com esta dimensão e como ela influencia no
delineamento do curso –; e técnico – sistematização e reflexão dos processos avaliativos,
conteudistas, de planejamento.

De acordo com Gani e Uanicela (s/d), A Didáctica de história é multidimensional na medida


em que engloba na sua acção educativa as vertentes técnica, científica, política, sociocultural
e humanista, donde se reflecte a globalização das acções humanas que a história procura
constantemente explicar.

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6. Considerações finais

A escola, a formação e a educação têm sobre o ser humano uma acção modificadora e de
enriquecimento. Contudo, de salientar que o Homem se encontra num processo de
transformações permanentes e contínuas ao longo da sua vida. Didáctica tem como essência o
ensino-aprendizagem de um determinado conteúdo. Este processo ensino-aprendizagem
decorre através de interacções, na sala de aula, com o conteúdo que é ensinada pelo docente e
aprendido pelo aluno. E a Didáctica de História, não deixa de actuar neste campo, sendo
também uma ciência que estuda as técnicas de transmissão dos conhecimentos, mas
precisamente de história, e que visa a integração da teoria em prática, tendo como objecto de
estudo o conhecimento científico do Processo de ensino e aprendizagem da história. Todavia,
a Didáctica de história é multidimensional uma vez que ela engloba na sua acção educativa as
vertentes técnica, científica, política, sócio-cultural e humanista, donde se reflecte a
globalização das acções humanas que a história procura constantemente explicar.

Em jeito de conclusão, leccionar a disciplina de História apresenta, ao professor, um desafio


pela frente: ensinar com técnicas motivadoras e seguindo uma linha estruturante da História,
com apoio de metodologias activas, que possibilitem a resolução de problemas por parte dos
alunos. Mais, o professor terá de considerar muito bem o contexto e os alunos que poderão
condicionar a sua prática. Contudo, em ressalva, os alunos são o centro do processo de
ensino-aprendizagem, assim devem indo construir o seu conhecimento, assumindo um papel
activo, num processo de regulação e auto-regulação de aprendizagens significativas.

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7. Referências bibliográficas

Althaus, M. T. M. e Zanon, D. P. (2009). Didáctica: questões de ensino. 1ª Ed.


UEPG/NUTEAD. Ponta Grossa.

Borges, R. G. (2016). Didáctica da História e a ciência da Educação: Problematizações para


a formação de professores. Locus: revista de história, Juiz de Fora, v. 22, n. 2.

Fonseca, J. J. S. e Fonseca, S. (2006). Didáctica Geral. 1ª Ed. Sobral.

Gani, N. e Uanicela, R. P. (s/d). Didáctica de história I: Manual de Curso de Licenciatura em


Ensino de História. U.C.M : CED – Moçambique-Beira.

Libâneo, J. C. (1990). Didáctica. Cortez: São Paulo.

Libâneo, J. C. (2001). Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Editora da UFPR.


Curitiba.

Libâneo, J. C. (2014). Didáctica. São Paulo: Cortez.

Mattoso, J. (2002). A Escrita da História. In Obras Completas, vol. 10. Lisboa: Círculo de
Leitores.

Moreira, J. M. (2001). Ensinar História, Hoje. In Revista História, III série, vol. 2. Porto:
Faculdade de Letras.

Proença, C. (1989). Didáctica da História. Lisboa: Universidade Aberta.

Piletti, C. (2004). Didáctica Geral. 23ª Ed. São Paulo: Ática.

Vagula, E.; Nascimento, M. C. M. e Gasparin, J. L. (2019). Educação, didáctica e pedagogia:


a interlocução entre o conhecimento científico e o senso comum. São Paulo – SP.

Verde, E. S. L. (2019). Didáctica e seu objecto de estudo. Teresina - PI – Brasil.

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