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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distancia

Autárquicas Locais

Estudante: Angelina Rui Eugénio


Código: 708207278

Curso: Administração Pública


Disciplina: Administração e Gestão Autárquica
Ano: 3ᵒ Ano

Quelimane
Maio
2022

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


Instituto de Educação à Distância

Autárquicas Locais

Tutor: Inácio Amado

Quelimane
Maio
2022

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problema)
 Descrição dos
Introdução objectivos 1.0
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adequada ao objecto
do trabalho 2.0
 Articulação e
domínio do discurso
académico
(expressão escrita
cuidada, 2.0
coerência/coesão
Conteúdo textual)
Análise e discussão  Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área 2.0
de estudo
 Exploração dos
dados 2.0
Conclusão  Contributos teóricos
e práticos 2.0
 Paginação, tipo e
tamanho de letras,
Aspectos gerais Formatação paragrafo, 1.0
espaçamento entre
linhas
Referȇncias Normas APA 6ᵃ  Rigor e coerência
Bibliográficas edição em citações das 4.0
e bibliografia citações/referências
bibliográficas

Folha de Recomendações

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Índice
1. Introdução............................................................................................................................2
1.1. Objectivos............................................................................................................................2
1.1.1. Objectivo Geral................................................................................................................2
1.1.2. Objectivos Específicos.....................................................................................................2
1.2. Metodologia do Trabalho.....................................................................................................2
2. O processo de descentralização...........................................................................................3
3. Autarquias Locais em Moçambique....................................................................................4
3.1. Atribuições das autárquicas locais.......................................................................................5
3.2. Autonomia local...................................................................................................................6
3.3. Tipos de autárquicas locais..................................................................................................7
3.4. Funções de autárquicas locais..............................................................................................7
3.5. Órgãos das autarquias e sua articulação...............................................................................8
3.6. Tutela Administrativa..........................................................................................................8
4. Conclusão..........................................................................................................................10
5. Referencias Bibliográficas.................................................................................................11
1. Introdução

O presente trabalho da cadeira de Administração e Gestão Autárquica abordará sobre


"Autárquicas Locais". O processo de descentralização foi alicerçado e ganhou raízes na
arena político-administrativa moçambicana devido a implementação do sistema democrático
multipartidário. Assim, em 1990, o Governo iniciou um programa de reforma dos órgãos
locais que visava a reformulação do sistema de administração local do Estado vigente e a sua
transformação em órgãos locais com personalidade jurídica própria distinta da do Estado,
dotados de uma autonomia administrativa, financeira e patrimonial. As atribuições das
autarquias locais são feitas de acordo com os recursos financeiros ao seu alcance. Autarquia
tem a função de garantir a melhor execução e gestão administrativa de atividades típicas da
Administração Pública e a lei apenas admite que o Governo exerça tutela administrativa sobre
as autarquias locais e suas associações, tendo sempre presente a característica autonomia pela
qual se deve pautar toda a vida autárquica.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral

O objectivo geral do presente trabalho é conhecer o processo da descentralização e


autárquicas locais.

1.1.2. Objectivos Específicos

 Apresentar conceitos inerente ao processo de descentralização e autárquicas locais,


 Identificar os tipos de autárquicas locais, atribuições das autárquicas locais Funções de
autárquicas locais, e
 Descrever os órgãos das autarquias e Tutela Administrativa.

1.2. Metodologia do Trabalho

Para a realização do presente trabalho de investigação, foi possível com ajuda das consultas
de alguns manuais ou bibliográficas digitais e não digitais, assim como alguns sites da internet
e módulo de Administração e Gestão Autárquica da UCM, ensino a distância. As mesmas
obras estão devidamente destacadas na referência bibliográfica final.

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2. O processo de descentralização

O processo de descentralização foi alicerçado e ganhou raízes na arena político-administrativa


moçambicana devido a implementação do sistema democrático multipartidário. Assim, em
1990,o Governo iniciou um programa de reforma dos órgãos locais que visava a reformulação
do sistema de administração local do Estado vigente e a sua transformação em órgãos locais
com personalidade jurídica própria distinta da do Estado, dotados de uma autonomia
administrativa, financeira e patrimonial.

O programa consistia na elaboração de um diagnóstico e estudos aprofundados nas áreas


jurídica, administrativa, financeira, de infra-estruturas e meio ambiente dos quais resultou na
Lei n°3/94 de 11 de Janeiro, aprovada por unanimidade pela Assembleia (mono-partidária)
em Setembro de 1994.

Assim,

(…), “A estratégia de democracia e descentralização no nosso país tem como suporte


a abertura do regime político multipartidário, iniciada com a Constituição da
República de 1990, foi clarificada e aprofundada na revisão constitucional de 1996 e
2004 consecutivamente. E, o processo de descentralização foi também acompanhado
com a criação de alguns dispositivos legais que pretendem garantir a participação
das comunidades nas políticas governativas do País”. (Justa Paz 2002, p. 8).

Esta ideia é reforçada por Neves (2004, p. 12), ao definir a descentralização como:

“Um processo da transferência de atribuições e competências do Estado central para


o Poder Local (autarquias locais), na perspectiva de que correspondam a um núcleo
de interesses verdadeiramente locais capazes de assegurar o reforço da coesão local
e nacional, e para a promoção da eficiência e eficácia na gestão pública através de
processos e mecanismos de participação colectiva dos cidadãos”.

Portanto, há que entender que na organização democrática do Estado o poder local


compreende a existência de autarquias locais que são pessoas colectivas públicas dotadas de
órgãos representativos próprios que visam a prossecução dos interesses das populações
respectivas sem prejuízo dos interesses nacionais e da participação do É neste âmbito que
Macuácua et al (2014, p. 4), afirma que o processo de autorização em curso tem-se revelado
muito importante na contribuição para o desenvolvimento da democracia, aproximando cada
vez mais os serviços públicos ao cidadão melhorando assim a sua qualidade de vida.

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Com a aprovação da Lei das autarquias locais e a respectiva legislação complementar,
viabilizou-se a realização das primeiras eleições municipais no país. Com a evolução do
processo de descentralização, passou-se a ter uma auto-organização local que tem como
objectivo acelerar o processo de desenvolvimento com resolução dos problemas que afligem
as próprias populações, surge aqui o conceito de comunidades locais.

Aliás, este processo de deslocação do poder para a periferia, encontra suporte no n1 do artigo
263 do Título XII, capítulo IV (Princípios Organizatórios) da Constituição da República, que
estabelece que a organização do Estado e o funcionamento dos órgãos do Estado a nível local
obedecem aos princípios de descentralização e desconcentração, sem prejuízo da unidade de
acção e dos poderes de direcção do Governo.

Por conseguinte, a definição daquilo que elenca tais princípios organizatórios (de
descentralização e desconcentração) é clarificada na Lei n°2/97, de 18 de Fevereiro que
garante as atribuições e autonomia das autarquias locais.

O presente artigo cujo tema é Desafios das Finanças Autárquicas em Moçambique, visa
discutir os problemas que as autarquias enfrentam olhando para a autonomia que estas detêm
sobretudo a autonomia financeira, como corolário do disposto no artigo 7 da Lei n°2/97 de 18
de Fevereiro. Buscando demonstrar que a autonomia das autarquias em Moçambique é
puramente aparente pois esta será real se elas forem donas das suas finanças garantindo deste
modo a auto gestão autárquica.

Para a materialização deste artigo recorreu-se a pesquisa bibliográfica que consistiu na


colheita de informações a partir de trabalhos publicados por outros autores, como livros,
periódicos, teses e dissertações, registos estatísticos e legislação diversa.

3. Autarquias Locais em Moçambique

A Lei n°2/97, de 18 de Fevereiro estabelece que na organização democrática do Estado o


poder local compreende a existência de autarquias locais.

As autarquias locais são neste sentido, uma forma de governo das populações locais que actua
com autonomia em relação ao poder central do Estado e com órgãos próprios e eleitos. Este
governo autárquico desenvolve as suas actividades no interesse da população residente, mas
sem prejudicar os interesses do Estado e a unidade nacional.
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Em Moçambique esse poder local encontra seu fundamento na constituição da república no
seu artigo 272 que estabelece que “as autarquias locais são pessoas colectivas públicas
dotadas de órgãos próprios, que visam a prossecução dos interesses das populações
respectivas, sem prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado”.

Como pode se notar elas surgem como resultado do processo de descentralização e


desconcentração empreendidos pelo poder central como resultado da ineficácia da política
centralizadora e concentradora adoptada logo após a independência com o fundamento de
garantir a máxima alocação eficiente dos recursos tendo em conta o regime económico
vigente na época e a vinculação do partido-estado sobre toda actividade estatal. (Lei n°2/97,
de 18 de Fevereiro).

Assim, as autarquias locais como fruto da descentralização e do novo quadro legal para a sua
implementação e efectivação detêm de órgão próprios que se encontram divididos em
executivo e deliberativo.

Embora existam dois órgãos distintos a que notar que os mesmos trabalham em estrita
colaboração e interdependência porém o sistema de governação autárquico moçambicano
consagra um modelo de separação dos poderes e impede que um dos órgãos possa governar
de forma “solitária” como afirma Cistac.

3.1. Atribuições das autárquicas locais

A Constituição da República de Moçambique Artigo 271 atribui objectivos ao Poder Local


que este deverá prosseguir, assim, a Lei n°2/97 de 18 de Fevereiro no seu artigo 6 evidencia
as atribuições que as autarquias locais detêm com vista a prossecução desses objectivos
constitucionalmente estatuídos. Assim, as autarquias locais têm como atribuições:

 Desenvolvimento económico e social local;


 Meio ambiente saneamento básico e qualidade de vida;
 Abastecimento público;
 Saúde;
 Educação;
 Cultura, tempos livres e desporto;
 Polícia da autarquia;

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 Urbanização, construção e habitação.

Contudo, a prossecução das atribuições das autarquias locais é feita de acordo com os
recursos financeiros ao seu alcance. É neste prisma que importa olhar também pela autonomia
que a autarquia tem em matéria financeira.

3.2. Autonomia local

Considerando que a autonomia é a qualidade de ter independência liberdade para tomar


decisões, e ter responsabilidade sobre seus próprios actos, e ser auto-suficiente para
sustentabilidade de tais actos, a autonomia local no entender de Cistac (2012, p. 11), é o
direito e a capacidade efectiva das autarquias locais regulamentarem e gerirem, nos termos da
lei, sob sua responsabilidade e no interesse das respectivas populações, uma parte importante
dos assuntos públicos.

A Carta Europeia de Autonomia Local consagra o conceito de autonomia local como o direito
das autarquias locais regulamentarem e gerirem, nos termos da lei, sob sua responsabilidade e
no interesse das respectivas populações, uma parte importante dos assuntos públicos

É nestes termos que o n°1 do artigo 276 da constituição da república estabelece que as
autarquias locais têm finanças e património próprio.

Como forma de materializar este disposto constitucional o artigo 7 da Lei n°2/97 de 18 de


Fevereiro, consagra três tipos de autonomia: a autonomia administrativa que pode ser
normativa e organizacional e compreende o poder de praticar actos definitivos e executórios
na área da sua circunscrição territorial; criar organizar e fiscalizar serviços destinados a
assegurar a prossecução das suas atribuições.

A autonomia financeira que compreende o poder de aprovar, alterar e executar planos de


actividades e orçamento; elaborar e aprovar as contas de gerência; dispor de receitas próprias
ordenar e processar despesas e arrecadar as receitas que por lei forem destinadas as
autarquias; gerir o património autárquico e recorrer a empréstimos nos termos da legislação
em vigor; e a Autonomia patrimonial das autarquias locais que consiste em ter património
próprio para a prossecução das suas atribuições.

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Portanto era desejável que as autarquias locais dispusessem de completa liberdade de
iniciativa, relativamente a questões da sua competência que é fixada por lei, como corolário
da autonomia que elas detêm por força do disposto no artigo supra citado.

Entretanto, as atribuições das autarquias locais devem ser exercidas em plenitude e


exclusividade, mesmo que o sejam por delegação deve ser possível a sua adaptação
localmente.

3.3. Tipos de autárquicas locais

As autarquias existem nas três esferas da administração pública: federal, estadual (ou distrital)
e municipal.

Autarquias federais

 Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL


 Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA
 Banco Central de Moçambique – BACEN
 Instituto Moçambicano de Geografia e Estatística – IMGE
 Instituto Moçambicano do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IMAMA
 Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

Autarquias estaduais

 Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN


 Programa de Proteção e Defesa do Consumidor – PROCON
 Universidade Estadual Paulista – UNESP
 Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba – IPPUC

3.4. Funções de autárquicas locais

De acordo com a lei, a criação de uma autarquia tem a função de garantir a melhor execução e
gestão administrativa de atividades típicas da Administração Pública (artigo 5º, I, decreto-lei
nº 200/1967).

A criação de uma autarquia - ou entidade autárquica - pode servir à prestação de muitos tipos
de serviços que são disponibilizados aos cidadãos. São alguns exemplos: assistência social,
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educação pública, controle de trânsito, previdência social, fiscalização, proteção ao meio
ambiente e serviços econômicos ou bancários Pública (artigo 5º, I, decreto-lei nº 200/1967).

3.5. Órgãos das autarquias e sua articulação

Na freguesia, são a assembleia de freguesia (órgão deliberativo) e a junta de freguesia (órgão


executivo). Se a freguesia tiver população reduzida, a assembleia de freguesia pode ser
substituída pelo plenário dos cidadãos eleitores (Justa, 2012). 

Para Justa (2012), no município, os órgãos dirigentes são a assembleia municipal e a câmara
municipal. A assembleia municipal é o órgão deliberativo, composto por membros eleitos por
sufrágio directo e universal e, por inerência, pelos presidentes de junta de freguesia. Estes
últimos têm de ser em número inferior ao dos membros directamente eleitos.

A câmara municipal, por sua vez, é o órgão executivo. Apesar de haver doutrinas divergentes
sobre esta matéria, o presidente da câmara municipal não é definido na lei como um órgão
desta, mas apenas como um dos membros que a compõe, a ela presidindo. O presidente da
câmara municipal é o primeiro candidato da lista mais votada ou, em caso de vacatura do
cargo, o que se lhe seguir na respectiva lista (Justa, 2012). 

O presidente designa, de entre os vereadores, o vice-presidente, a quem, além de outras


funções que lhe sejam distribuídas, cabe substituir o primeiro nas suas faltas e impedimentos.

Quanto às regiões administrativas previstas na Constituição da República Moçambicana, se


vierem a ser criadas — o que dependerá de voto favorável da maioria dos cidadãos eleitores
—, caberá à lei a definir os respectivos poderes, a composição, a competência e o
funcionamento dos seus órgãos. Poderá haver diferenciações quanto ao regime aplicável a
cada uma, mas a Constituição prevê como órgãos representativos a assembleia regional (órgão
deliberativo da região) e a junta regional (órgão executivo colegial). (Justa, 2012). 

3.6. Tutela Administrativa

A lei apenas admite que o Governo exerça tutela administrativa sobre as autarquias locais e
suas associações, tendo sempre presente a característica autonomia pela qual se deve pautar
toda a vida autárquica (Neves, 2004). 

Segundo Neves (2004), o exercício da tutela administrativa é feito a posteriori, através de


inspecções, inquéritos e sindicâncias. No que respeita à gestão patrimonial e financeira, esta
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tutela tem por objecto a verificação do cumprimento da lei, nomeadamente do plano de
actividades, orçamento e respectiva execução, contabilidade, criação, liquidação e cobrança
de receitas, autorização, liquidação e pagamentos de despesas, endividamento, gestão
patrimonial e obrigações perante o fisco.

Quanto à tutela jurisdicional sobre as entidades da Administração local, a mesma é exercida


pelos tribunais, cabendo ao Tribunal de Contas a fiscalização da legalidade e da cobertura
orçamental dos documentos geradores de despesas ou representativos das responsabilidades
financeiras, directas ou indirectas, e o julgamento das contas (Neves, 2004). 

A fiscalização prévia tem lugar nos contratos das autarquias locais que, por lei, são
submetidos a vistos do Tribunal Administrativo, enquanto que a fiscalização sucessiva
consiste no julgamento das contas (Neves, 2004). 

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4. Conclusão

Terminando o trabalho conclui que o processo de descentralização em Moçambique foi


viabilizado com a implementação do sistema democrático multipartidário, abrindo espaço
para existência de entidades autónomas com personalidade jurídica própria distinta da do
Estado mas paralelas a ele, dotados de uma autonomia administrativa, financeira e
patrimonial. As autarquias locais são neste sentido, uma forma de governo das populações
locais que actua com autonomia em relação ao poder central do Estado e com órgãos próprios
e eleitos. As atribuições das autarquias locais são feitas de acordo com os recursos financeiros
ao seu alcance. Autarquia tem a função de garantir a melhor execução e gestão administrativa
de atividades típicas da Administração Pública e a lei apenas admite que o Governo exerça
tutela administrativa sobre as autarquias locais e suas associações, tendo sempre presente a
característica autonomia pela qual se deve pautar toda a vida autárquica.

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5. Referencias Bibliográficas

Cistac, G. (2012). Moçambique: Institucionalização, organização e problemas do poder


local. Lisboa.

Constituição da República de Moçambique. 22 de Dezembro. Boletim da República I série


Número 54. Maputo

Decreto n°63/2008, de 30 de Dezembro, Aprovao o Código Tributário Autárquico, e revoga o


Decreto n°52/ 2000, de 21 de Dezembro. Boletim da República. I série Número 52. 

Justa Paz. (2012). Conselhos consultivos. Maputo

Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro Define o regime financeiro, orçamental e patrimonial das


autarquias locais e o Sistema Tributário Autárquico. Boletim da república Isérie Número 51

Lei n° 2/97, de 18 de Fevereiro Cria o Quadro Jurídico para Implantação das Autarquias


Locais. Boletim da República. I série Número 7. Maputo

Lei n° 9/96, de 22 de Novembro, Introduz princípios e disposições sobre o Poder Local no


texto da Lei Fundamental 

Lei n°11/97, de 31 de Maio Lei das Finanças Autárquicas. Maputo.

Macuácua, A. A. et al  (2014). Guião da Orçamentação Participativa em


Moçambique. Deutsche Gesellschaftfür. Alemanha;

Neves, M. J. C. (2004). Governo e Administração Local. Coimbra: Editora.

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