Você está na página 1de 17

iii

Folha de feedback

Categorias Indicadores Padrões Classificação


Pontuação Nota subtotal
máxima do
tutor
 Capa 0,5

 Índice 0,5

 Introdução 0,5

 Discussão 0,5

Aspectos
organizacionais  Conclusão 0,5
Estrutura
 Bibliográfica 0,5

 contextualização 1,0
( indicação clara do
problema

 Descrição dos objectivos 1,0

Introdução
 Metodologia adequada ao 2,0
objectivo do trabalho

 Articulação e domínio do 2,0


discurso académico
Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência/coesão
textual)
Analise e  Revisão bibliográfica 2,0
discussão nacional e internacionais
relevantes na área de
estudo

 Exploração dos dados 2.0

Conclusão  Contributos teóricos 2,0


práticos

Aspectos Formatação  Paginação, tipo e 1,0


tamanho de letras,
gerais
paragrafa, espaçamento
entre linhas

Referencias Normas APAs 6ª  Rigor e coerência das 4,0


edição em citação e citações/referências
Bibliográficas
bibliografia bibliográficas
iv

Recomendações de Melhoria

______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Índice
Introdução.................................................................................................................- 6 -
v

A Pré-História...........................................................................................................- 7 -

Divisão da Pré-História.............................................................................................- 7 -

Paleolítico..................................................................................................................- 7 -

Mesolítico..................................................................................................................- 8 -

Neolítico....................................................................................................................- 9 -

Divisão do trabalho na Pré-História........................................................................- 10 -

Arte na Pré-História................................................................................................- 10 -

Características dos Homens na Fase Primitiva.......................................................- 11 -

As Relações Económicas entre os Homens na Fase Primitiva...............................- 11 -

Homem primitivo vivia em áreas de savana, diz estudo...................- 12 -_Toc37224030

Caçadores nómadas.................................................................................................- 13 -

O Desenvolvimento da Agricultura e da Criação de Gado.....................................- 13 -

Desigual divisão sexual do trabalho........................................................................- 14 -

Divisão do trabalho e relações de sexo...................................................................- 14 -

Conclusão................................................................................................................- 18 -

Referências bibliográficas.......................................................................................- 19 -
6

Introdução

A história do século XIX revela que havia, na sociedade de modo geral, uma nítida
divisão entre domínio público e privado. Os homens "pertenciam" à esfera pública, pois
desempenhavam de forma predominante o papel de provedor da família, e as mulheres
"pertenciam" à esfera privada, uma vez que o cuidado do lar funcionava como
actividade de contrapartida dado o sustento financeiro do marido.

Nessa dicotomia entre o público e o privado se consubstanciou a divisão sexual do


trabalho, homens provedores e mulheres cuidadoras. Assim, durante um período
considerável de tempo, as atribuições sociais, ao mesmo tempo que limitavam as
mulheres a permanecerem no espaço privado, delegavam aos homens, como "destino
natural", o espaço público.

O relaxamento das fronteiras entre o mundo produtivo (homens) e reprodutivo


(mulheres) tem contribuído com a possibilidade de as mulheres participarem do mundo
produtivo, mas não reveste o afastamento dos homens do mundo doméstico. Acontece
que, através desse fenómeno, o adensamento das mulheres nas fronteiras públicas não é
acompanhado de uma revisão dos limites das responsabilidades privadas femininas. Isso
significa que a esfera de reprodução da família como educação e demais cuidados
continua, em grande medida, a cargo das mulheres.

Desse modo, a dicotomia público/privado que está associada ao trabalho


remunerado/não remunerado e que contribui com a divisão sexual do trabalho é
reconfigurada, mas sem mudança significativa, ou estrutural, em sua essência. As
atribuições socialmente definidas para homens e mulheres, no fim das contas,
permanecem nas concepções culturais, uma vez que delegam ainda às mulheres as
responsabilidades da reprodução social.

Portanto, o presente trabalho, para alem de preparar ou munir de certas matérias aos
estudantes na prática de realização de trabalhos científicos, tem como objectivo de
conhecer as principais Características dos Homens na Fase Primitiva e o modo de vida
que os levavam
Quanto a estrutura, este obedece a seguinte sequência: Introdução, Desenvolvimento,
conclusão e a referência bibliográfica.
7

A Pré-História

 É como conhecemos o período que acompanha a evolução humana a partir do momento


que os hominídeos começaram a usar ferramentas de pedra. Encerrou-se com o
surgimento da escrita, que aconteceu entre 3.500 a.C. e 3.000 a.C.
A Pré-História é, basicamente, dividida entre Paleolítico, Mesolítico (período
intermediário) e Neolítico. Nesses períodos, acompanhamos o desenvolvimento dos
hominídeos com a elaboração de novas ferramentas, além do surgimento do homo
sapiens sapiens, há cerca de 300 mil anos.

Divisão da Pré-História

A Pré-História é um período da história humana particularmente grande. A sua


nomenclatura e larga duração remetem ao século XIX, quando os primeiros vestígios da
vida humana pré-histórica começaram a ser encontrados. Isso porque no século XIX
existia a noção de que a História só poderia ser feita por meio de documentos escritos e,
assim, todos os acontecimentos anteriores ao surgimento da escrita ficaram conhecidos
como “Pré-História”.

A Pré-História abrange, aproximadamente, um período que se estende de 3 milhões de


anos atrás a 3.500 a.C. e é dividida da seguinte maneira:

 Paleolítico

O período Paleolítico é conhecido também como Idade da Pedra Lascada e esse nome


faz referência aos objectos que eram utilizados pelo homem para sua sobrevivência, que
eram produzidos exactamente de pedra lascada. Esse período estendeu-se de 3 milhões
de anos atrás a 10.000 a.C. e foi subdividido em três fases que
são Paleolítico Inferior, Médio e Superior.
Cada um desses períodos possui as suas particularidades e veremos um breve resumo de
cada uma delas, começando pelo Paleolítico Inferior. Esse período começa a ser
contado exactamente quando os hominídeos começaram a ter a habilidade de produzir
as primeiras ferramentas para sua sobrevivência.
8

Essas ferramentas foram obra do homo habilis e do homo erectus (o primeiro hominídeo
a ficar numa posição totalmente ereta). Essa fase estendeu-se de 3 milhões de anos
atrás a 250 mil anos atrás.
O Paleolítico Médio compreendeu o período de 250 mil anos atrás a 40.000 a.C. e é
caracterizado, principalmente, pela presença do homem de Neandertal. O homo sapiens
já existia nessa época, uma vez que seu surgimento aconteceu há 300 mil anos. Os
estudos arqueológicos mostram que nesse tempo o estilo de vida do homem tornou-se
um pouco mais sofisticado com novas ferramentas sendo elaboradas e com o uso do
fogo sendo mais difundido.
Por fim, há também o Paleolítico Superior, que foi de 50.000 a.C. a 10.000 a.C. Nesse
período, as ferramentas utilizadas pelo homem passaram a ser elaboradas em grande
diversidade. Eram produzidos pequenos anzóis, machados, agulhas e até mesmo a arte
começou a ser concebida pelo homem. No caso da arte, o destaque vai para
a pintura rupestre, realizada nas paredes das cavernas.
Abrangendo os três períodos, resumidamente, o Paleolítico é um período em que o
homem sobrevivia da coleta e da caça, sendo fundamental, no caso da caça, a
elaboração de ferramentas para auxiliá-lo na obtenção do alimento. Por depender da
caça e coleta, o homem era nômade e mudava de lugar quando os recursos do local que
estava instalado ficava escasso. (Hirata, 2010).
Como a temperatura geral da Terra era mais amena, sobretudo nos períodos de
glaciação, o homem vivia nas cavernas para proteger-se do frio. As ferramentas
utilizadas poderiam ser feitas de ossos, pedras e marfim. No fim do Paleolítico, o ser
humano começou a experimentar as primeiras experiências religiosas, e o
desenvolvimento do estilo de vida dos homens fez com que eles
desenvolvessem rituais funerários, por exemplo.

 Mesolítico

O Mesolítico é uma fase intermediária entre o Paleolítico e o Neolítico que aconteceu


em determinadas partes do mundo. Os especialistas em Pré-História destacam que o
Mesolítico aconteceu, sobretudo, em locais onde houve glaciações intensas. Aconteceu
na Europa e em partes da Ásia e estendeu-se, aproximadamente, entre 13.000 a.C. e
9.000 a.C.
9

Esse período marcou a decadência dos agrupamentos humanos que viviam


exclusivamente da caça em detrimento daqueles que eram caçadores e coletores. Ficou
marcado também pelo desenvolvimento da olaria (produção de cerâmica) e da técnica
para produção de tecidos. Considera-se o fim desse período o momento em que
a agricultura foi desenvolvida.

 Neolítico

O Neolítico é a última fase do período pré-histórico e estendeu-se de 10.000 a.C. até


3.000 a.C. Essas datas (que são aproximativas) assinalam dois marcos importantes para
a história do desenvolvimento humano. Primeiro, houve o surgimento da agricultura,
um importante marco para a sobrevivência do homem e, por fim, houve
o desenvolvimento da escrita. (Hirata, 2010).
Com o desenvolvimento da agricultura, o homem conseguiu mudar radicalmente o seu
estilo de vida, uma vez que a agricultura permitia o homem fixar-se em um só local
(sedentarização do homem), sobrevivendo de tudo o que ele produzia. O domínio da
agricultura também levou o homem a desmatar a floresta e desenvolver campos de
plantio.
Junto do desenvolvimento da agricultura veio também a domesticação dos
animais, que auxiliava o homem no transporte de carga, na agricultura, como animal de
tração, servia de alimento e até mesmo como meio de transporte. Todas essas
novidades, que possibilitaram a sedentarização humana, resultaram na formação de
enormes agrupamentos humanos que, com o tempo e conforme cresciam, tornaram-se
as primeiras cidades do mundo.
O Neolítico também ficou marcado pelo desenvolvimento da arquitetura, o que
permitia o homem construir casas de pedra e construções megalíticas. Essas últimas, até
hoje, não tiveram sua finalidade muito bem esclarecidas pela arqueologia. A olaria
surgiu em muitos lugares e foi aprimorada em outros.
Ao passo que os agrupamentos humanos cresciam, as sociedades que se formavam
tornavam-se mais complexas e mais desiguais, uma vez que as pessoas que estavam
diretamente envolvidas com o gerenciamento dos recursos tornavam-se mais
importantes e mais influentes, (Bruschini, 2006)..
10

O fim do período Neolítico ficou marcado pelo desenvolvimento da metalurgia, isto é,


a capacidade de produzir ferramentas a partir da fundição de metal e pelo
desenvolvimento da primeira forma de escrita da humanidade, a escrita cuneiforme.

Divisão do trabalho na Pré-História

A divisão do trabalho na Pré-História foi acontecendo conforme o estilo de vida dos


agrupamentos humanos foi ficando mais sofisticado. Sendo assim, os homens foram
sendo responsáveis pela caça de animais, enquanto que as mulheres foram tornando-se
responsáveis pela colecta de alimentos para alimentarem-se e alimentarem seus filhos.
À medida que a agricultura foi desenvolvida, essa actividade também passou a ser
responsabilidade, em geral, das mulheres. (Bruschini, 2006).
A professora e socióloga alemã Maria Mies sugere que a sobrevivência dos
agrupamentos humanos, durante parte da Pré-História, foi possível, sobretudo, a partir
do papel desempenhado pelas mulheres, uma vez que grande parte do alimento
consumido era oriundo da coleta e da agricultura, e uma parte diminuta era resultado da
caça, função masculina.

Arte na Pré-História

Segundo Hirata; Kergoat, (2007), A arte na Pré-História assumiu características


distintas. Os especialistas não sabem ao certo os motivos pelos quais os seres humanos
produziam tais objectos artísticos, mas especulam que podem ser um registo artístico
apenas como um registo do quotidiano. no sentido da “arte pela arte”. Outros sugerem
que poderiam ter uma função ritualística, com o objectivo de integrar o homem com a
natureza.
Do período Paleolítico, destacam-se, principalmente, as pinturas rupestres,  que eram
feitas nas paredes das cavernas que são encontradas em diversos locais do mundo,
inclusive no Brasil. As pinturas rupestres representavam o homem em meio a grandes
grupos de animais, simbolizando as caçadas, e representavam também outras cenas do
quotidiano humano.
No Paleolítico, também eram feitas pequenas esculturas das quais destacam-se
as estatuetas de Vênus, datadas do período entre 40.000 a.C. e 10.000 a.C. Essas
11

estatuetas foram encontradas em diferentes partes do mundo e representavam um corpo


feminino nu com formas voluptuosas, podendo estar associadas ao culto da Deusa-mãe.
No Neolítico, destacam-se as construções megalíticas, construções realizadas com
grandes rochas. Os especialistas ainda não sabem o real objectivo dessas construções,
mas especulam-se que poderiam funcionar como marcadores de tempo ou poderiam ter
relação com a observação dos astros. A construção megalítica mais famosa
é Stonehenge, localizada na Inglaterra.
Características dos Homens na Fase Primitiva

Segundo Hirata; Kergoat, (2007) apotam que Na fase primitiva a situação do homem
caracterizava-se da seguinte maneira: não tinha uma língua; só muito lentamente ele foi
inventando a palavra, criando um código de comunicação e pensamento; apresentava se
perante o universo como um bebé perdido na floresta. Não conhecia os instrumentos de
uso e de produção, embora com as mãos tenha começado a recorrer a ossos, a pedras
aguçadas, como instrumentos e como armas.
A natureza não estava dominada como hoje. A fauna e flora eram muito diversas; o
clima conheceu muitas mutações e obrigou o homem a muitas obrigações. Só muito
lentamente, ele se desliga de um viver que em nada o distingue dos outros animais.
O homem recolector-caçador vivia em bandos em actividade de sobrevivência bem
distinta da nossa. (Bruschini, 2006).
Embora com características de organização idênticas, o povo primitivo também tinha
características próprias. O tamanho dos bandos, as relações entre si, a solidariedade
entre os seus membros; as guerras e as rivalidades entre os bandos devido as terras ricas,
etc.
Deste modo, as comunidades ditas rudimentares ou primitivas foram uma formação

económica e social que abrangeu o período paleolítico (pedra antiga), onde o homem

vivia em grupo, o trabalho era colectivo, dividido em sexo e idade, e o produto era

partilhado por igual. O que identifica de facto, estas comunidades é a sua economia

recolectora, nomadismo e uso de instrumento de trabalho, a pedra.

As Relações Económicas entre os Homens na Fase Primitiva

Na fase primitiva não houve escravatura, mas não por as relações entre os homens

primitivos terem sido exemplares, de perfeita comunhão, harmónicas, como defendem a


12

corrente marxista. A guerra entre os bandos era vulgar, como indicam as pinturas

rupestres e a pesquisa etnográfica sobre os primitivos actuais. E, se nos primitivos não

houve escravatura, como sublinha Eduardo J. Costa Reizinho, tal se deve às condições

concretas em que viviam os homens de então, como por exemplo, o nomadismo, a

instabilidade do quotidiano, a extrema penúria, impediam-no. Dentro do grupo,

ninguém tinha meios materiais para escravizar os outros membros. As autoridades

tinham um poder delegado pelo grupo. Os chefes eram um fruto da necessidade de o

grupo ter um centro regulador e coordenador da sua vida colectiva. Estas as razões

objectivas da não existência de exploração social(Hirata, 2010).

Nas comunidades ditas primitivas a natureza não estava dominada como hoje. A fauna e
flora eram muito diversas; o clima conheceu muitas mutações e obrigou o homem a
muitas obrigações. Só muito lentamente, ele se desliga de um viver que em nada o
distingue dos outros animais. O homem recolector-caçador vivia em bandos em
actividade de sobrevivência bem distinta da nossa.

Homem primitivo vivia em áreas de savana, diz estudo

Paisagem teria sido dominante em 6 milhões de anos de evolução humana.


Teoria refuta estudos de que floresta teria diminuído com acção do homem. Cientistas
da Universidade de Utah acreditam que a savana, vegetação rasteira e de árvores baixas,
foi a paisagem dominante na maior parte do leste africano durante 6 milhões de anos de
evolução humana, refutando estudos anteriores de que as florestas teriam diminuído
após o aparecimento do homem. Os estudiosos analisaram isótopos em solo primitivo
para medir a cobertura vegetal pré-histórica.

“Nós conseguimos quantificar o quanto de sombra estava disponível”, diz o geoquímico


Thure Cerling University of Utah scientists, autor do estudo, publicado nesta quarta-
feira (4) na revista Nature. “E isso mostra que havia habitats abertos para todos nos
últimos 6 milhões de anos nessa região, onde a parte mais significativa dos fósseis
humanos foi encontrada.” (Bruschini, 2006).
13

“No mesmo lugar onde encontramos ancestrais humanos, encontramos também


evidências para habitats abertos similares às savanas, e não às florestas”, acrescenta
Cerling.

Cientistas discutem há décadas sobre a importância da vegetação na evolução humana,


incluindo o desenvolvimento da postura erecta, o aumento do cérebro e o uso de
ferramentas primitivas.

Para os hominídeos primitivos, a sombra das árvores pode ter influenciado na adaptação
da regulação da temperatura corporal e hábitos de caça. Já a savana teria influenciado na
adaptação em busca de novos tipos de alimento e no bipedalismo.

Caçadores nómadas

Aceitando a designação de Lubbock e as propostas de Childe, o período Paleolítico


compreenderia os anos entre 4 milhões a.C. e 12000 a.C. Suas características são o
nomadismo e a subsistência baseada na caça, mas também voltada para a pesca e a
colecta de vegetais.

Durante a caçada, os animais eram forçados em direcção a desfiladeiros sem saída ou


rumo a abismos, quando então caíam em armadilhas feitas em covas, onde havia paus
pontiagudos. Como camuflagem, o homem dispunha principalmente de disfarces com
peles e chifres de animais.

Os instrumentos ou ferramentas usados quotidianamente eram de pedra, de madeira ou


de osso, moldados a partir de golpes de um material mais resistente contra outro menos
resistente. Essa técnica podia chegar a alguma sofisticação, com objectos tendo apenas
uma de suas faces lascada ou afiada para tornarem-se mais adequados. São dessa época
os "machados de mão", pedras trabalhadas para se tornarem cortantes, sem cabo.

O Desenvolvimento da Agricultura e da Criação de Gado

O cultivo da terra foi a continuação lógica do primitivo hábito de apanhar frutos,


sementes, etc. À medida que apanhava nozes, frutos, bolotas e grãos de cereais, o
homem começou a notar que o grão crescia depois de ter caído no solo. Contudo,
muitos séculos teriam ainda de passar antes de concluir destas observações que podia
14

ele próprio semear grão e cultivar plantas. Foi assim que começou a agricultura
primitiva. (Bruschini, 2006).

Os utensílios primitivamente usados na agricultura eram extremamente rudimentares,


tais como paus para cavar e mais tarde enxadas. Cultivava-se cevada, trigo, milho-
miúdo, ervilhas e legumes, assim como cenouras, por exemplo.

A domesticação de animais para servirem de alimento desenvolveu-se a partir da prática


da caça. Nesta altura, os homens tinham aprendido a caçar, atacando a presa depois de a
cercar. Grandes grupos de homens atacavam javalis ou bois selvagens e a caça tornou-se
uma actividade colectiva em grande escala. Pouco a pouco o homem compreendeu que
era possível utilizar os animais, domesticá-los e criá-los. Foi assim que começou a
criação de gado.

O subsequente desenvolvimento da agricultura e da criação de gado está nitidamente


ligado com a transição do parentesco por linha materna para o parentesco por linha
paterna. A agricultura e a criação de gado tornaram-se campos de actividade nos quais o
homem gradualmente foi substituindo a mulher.
Desigual divisão sexual do trabalho

Divisão do trabalho e relações de sexo

A não consideração dos afazeres domésticos como trabalho silenciou e tornou invisível,
por muito tempo, relações assimétricas e de poder entre os sexos. Como as actividades
domésticas eram baseadas nos vínculos de casamento e reciprocidades parentais, as
relações de subalternidade e opressão entre os sexos ficavam escondidas na
cumplicidade familiar, que reserva às mulheres o amor e cuidado à família, e ao homem
a provisão financeira. O curso da história delineou um modelo de família cuja
protagonista, a mãe, seria a responsável por dispensar especial atenção ao cuidado e à
educação dos filhos, assumindo a formação moral das crianças no interior dos lares.
Nessa configuração, os espaços públicos seriam de direito dos homens, vistos como
provedores e chefes da família (Scott apud Ramos, 2013).
A partir do momento em que o trabalho doméstico passou a ser analisado como
actividade de trabalho, tanto quanto o trabalho profissional, caminhos foram abertos
para pensar em termos de "divisão sexual do trabalho" (Hirata; Kergoat, 2007). A
15

divisão sexual do trabalho toma como referência o trabalho, já as relações sociais de


sexo transversalizam todos os campos do social (Hirata, 2010).

A divisão sexual do trabalho foi objecto de pesquisa em diversos países, mas foi na
França, no início dos anos 1970, que as bases teóricas desse conceito se consolidaram,
sob o impulso do movimento feminista. O paradigma da divisão sexual do trabalho
fortaleceu o debate sobre o trabalho da mulher nos espaços público e privado (Castro,
1992), tirando da invisibilidade a reprodução social executada gratuitamente pelas
mulheres.

Para Hirata e Kergoat (2007), a relação social recorrente entre o grupo dos homens e o
das mulheres é considerada "relações sociais de sexo". Para as autoras, a divisão sexual
do trabalho é fruto da divisão social estabelecida nas relações sociais entre os sexos,
divisão essa modulada histórica e socialmente e instrumento da sobrevivência da
relação social entre os sexos.

A divisão do trabalho proveniente das "relações sociais de sexo" reservou às mulheres a


esfera reprodutiva e aos homens, a esfera produtiva, estabelecendo uma relação
assimétrica entre os sexos que cria e reproduz concomitantemente as desigualdades de
papéis e funções na sociedade. As relações sociais entre os sexos se apresentam
desiguais, hierarquizadas, marcadas pela exploração e opressão de um sexo em
contraponto à supremacia do outro.

A divisão do trabalho que se estabeleceu entre os sexos atribuiu o cuidado do lar para a
mulher, função, quando não invisível, tida como de pouco valor social. Enquanto a
produção material foi atribuída aos homens, tarefa considerada de prestígio e que
confere poder dentro da sociedade.

Histórica e culturalmente, especialmente dentro da sociedade capitalista, sempre coube


à mulher a responsabilidade pelos cuidados com a casa e com a família, independente-
mente de sua idade, condição de ocupação e nível de renda. O trabalho doméstico recaía
sobre as mulheres com base no discurso, vivo até hoje, da naturalidade feminina para o
cuidado. Essa atribuição social do cuidado ao feminino, primeiramente, limitou a vida
das mulheres ao espaço privado, e posteriormente, com as transformações
socioeconómicas e a busca de independência feminina, marcou desvantagens em
relação aos homens na actuação económica e social.
16

O ingresso das mulheres no mundo económico não equilibra as funções atribuídas aos
sexos, ao contrário, reforça as desvantagens vividas pelas mulheres que actualmente
compartilham com os homens, de forma equânime ou não, a provisão financeira da
família juntamente com a responsabilidade da esfera reprodutiva. A saída do lar e as
conquistas cada vez mais visíveis no âmbito público representaram uma revolução
incompleta, uma vez que as mulheres ainda assumem praticamente sozinhas as
actividades do espaço privado, o que perpetua uma desigual e desfavorável divisão
sexual do trabalho para elas.

Para Bruschini (2006), o tempo económico masculino é sempre maior do que o


feminino e, por sua vez, o tempo feminino na reprodução social é maior do que o
masculino. Segundo a autora, não há uma contrapartida de redução do tempo dedicado
por elas à reprodução social, acontece apenas uma adição do tempo económico ao da
reprodução social. (Hirata, 2010).

Diferentes categorias de análise são utilizadas para compreender a assimetria da divisão


do trabalho entre os sexos:

i) A divisão sexual do trabalho e as relações sociais do sexo;


ii) O género e as relações de género;
iii) As diferenças de sexo;
iv) A discriminação e as desigualdades Portanto, a compreensão da forma que se
procede a divisão social e sexual do trabalho perpassam o entendimento das
relações sociais, de poder e económicas moduladas pela cultura ao longo da
história.

A relação entre produção e reprodução se materializa na relação entre trabalho


remunerado e não remunerado, e nas relações sociais entre os sexos. Como "destino
natural dos sexos" se define a produção e a remuneração aos homens, e a reprodução e o
trabalho não remunerado às mulheres. É a dicotomia entre o público e o privado se
consubstanciando no binário trabalho remunerado e não remunerado. Para Sorj (2004),
o trabalho remunerado e o não remunerado são duas dimensões do trabalho social que
estão intimamente relacionadas, prevalecendo a noção de que o trabalho para o mercado
e a actividade doméstica são guiados por diferentes princípios, pois as regras do
mercado se aplicam à produção, e o trabalho doméstico seria a contrapartida das
mulheres no casamento pelo seu sustento.
17

A divisão sexual do trabalho é o que elucida o estreito vínculo entre trabalho


remunerado e não remunerado. Articulando a esfera da produção económica e da
reprodução social, foi possível observar que as obrigações domésticas limitavam o
desenvolvimento profissional das mulheres, implicando carreiras descontínuas, salários
mais baixos e empregos de menor qualidade (Bruschini, 2006).

Marcam as actividades de trabalho estereótipos que associam o sexo e o par


masculinidade/virilidade e feminilidade. A virilidade é associada ao trabalho pesado,
penoso, sujo, insalubre, algumas vezes perigoso, já a feminilidade é associada ao
trabalho leve, fácil, limpo, que exige paciência e minúcia (Hirata, 1995). A
masculinidade foi associada ao homo economicus, aquele que age com racionalidade, e
a feminilidade, associada ao sentimentalismo, muitas vezes irracional. Nessa lógica,
ficaram reservadas aos homens as tarefas que geram mais retornos económicos, e às
mulheres, as tarefas que embora possam não gerar bons retornos económicos têm
ligação com o lado amoroso, cuidadoso, altruísta "feminino".
Essa oposição entre o masculino e o feminino, no entanto, vem sendo colocada em
xeque à medida que as mulheres ocupam mais funções ditas masculinas no mercado de
trabalho e na vida pública e os guetos femininos passam também a ser ocupados por
homens. Vale ressaltar que o adensamento de mulheres nos espaços historicamente
masculinos não significa alteração na essência da divisão social do trabalho, pois ainda
há hierarquização do trabalho masculino como de maior valor do que o trabalho
feminino.

As mudanças e as permanências da divisão do trabalho entre homens e mulheres ao


longo da história revelam tanto o poder de persistência quanto de variabilidade das
formas de trabalho dos homens e das mulheres. As relações sociais de sexo são
dinâmicas e não lineares. Avanços e retrocessos acontecem continuamente,
configurando novas relações em antigas tensões.
18

Conclusão

Durante um período considerável de tempo, as mulheres estiveram restritas ao espaço


doméstico, tendo seu direito de interagir nos espaços políticos e nas questões sociais
cerceados. Esse aspecto se deveu, principalmente, ao lugar de cuidadora ocupado pela
mulher na sociedade. Com base na discussão feita neste artigo, essa atribuição
"feminina" contribuiu para uma separação fundamental entre os sexos na esfera pública
e privada, e entre as "escolhas" de trabalho remunerado e trabalho não remunerado.
Nessa dicotomia de espaços e funções socais foram destinados aos homens os espaços
públicos e as actividades produtivas remuneradas e às mulheres, os espaços privados e
as funções reprodutivas gratuitas.

Essas relações sociais assimétricas entre os sexos podem ser consideradas factor
principal da divisão sexual do trabalho que configurou um modelo de homens
provedores e mulheres cuidadoras. Ao longo da história esse modelo marcou as
sociedades ocidentais, mas com os novos arranjos familiares, a feminização do
emprego, a necessidade de contribuir com o sustento familiar e o envelhecimento da
população, tal modelo foi se enfraquecendo.

Com a crise de cuidados privados que ganha corpo nas sociedades contemporâneas, este
trabalho se propôs a investigar as novas e velhas configurações da divisão sexual do
trabalho no Brasil e em suas regiões no recorte temporal da última década. Os
resultados, que podem ser considerados preliminares, pois visam apresentar um
panorama geral da situação da mulher no Brasil contemporâneo, apontam para a não

Permanece ainda uma separação laboral que reserva aos homens, de forma
predominante, os espaços produtivos, apesar de ter havido uma elevação em sua
participação doméstica, e às mulheres uma maior participação no mercado de trabalho,
mas que não veio acompanhada de uma compensação na realização do trabalho
doméstico. Essa actividade contínua como tarefa exclusiva e pouco compartilhada com
os homens.
19

Referências bibliográficas

Agénor, P. R.; Canuto, O. (2015) Gender equality and economic growth in Brazil: A
long-run analysis. Journal of Macroeconomics, v.43, p.155-72, mar.

Araújo, A. M. C.; Amorim, at all C (2004). Os sentidos do trabalho da mulher no


contexto da reestruturação produtiva. In: CONGRESSO LUSO-AFRO BRASILEIRO
DE CIÊNCIAS SOCIAIS. VIII. Coimbra, Anais... Coimbra, Portugal,.

Bruschini, C. (1988) Mulher e trabalho: uma avaliação da década da mulher (1975-


1985). In: Carvalho, N. V. (Org.) A condição feminina. São Paulo: Vértice; Editora
Revista dos Tribunais,.

Campello, T.; Neri, M. C. (2013) (Org). Programa Bolsa Família: uma década de
inclusão e cidadania. Brasília: Ipea,.

CASTRO, M. G. , (1992) O conceito de género e as análises sobre mulheres e


trabalho: notas sobre impasses teóricos. Cad. CRH, Salvador, n.17, p.80-105.

Figueiredo, E.; Porto Júnior, S. S. (1990) Persistência das desigualdades regionais no


Brasil: polarização e divergência. Nova Economia, Belo Horizonte, v.25, n.1, p.195-
208,

Fontoura, N. et al. (2010) Pesquisas de uso do tempo no Brasil: contribuições para a


formulação de políticas de conciliação entre trabalho, família e vida pessoal. Revista
Económica, Rio de Janeiro, v.12, n.1, p.11-46, jun..

Guedes, M. C.; Araújo, C. , (2011) Desigualdades de género, família e trabalho:


mudanças e permanências no cenário brasileiro. Revista Género, v.12, p.61-79.

Você também pode gostar