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HISTÓRIA

Um exímio caçador
Terá o Épagneul Breton origem espanhola? Esta é a grande discussão em torno da
história desta raça. Alguns cinólogos defendem que sim, que o Épagneul tem origem na
Península Ibérica e que o seu nome deriva da palavra “espanhol”. Porém, outros
cinólogos defendem que esta raça não tem nenhuma relação com os cães ibéricos e que
o seu nome deriva do verbo francês “espanir”, que significa agachar-se ou esconder-se,
ação que caracteriza este cão no momento em que se aproxima da presa.
A raça também é denominada de Brittany, nome de uma região no noroeste de
França conhecida pelos lusófonos como Bretanha, cuja costa está perto da Grã-
Bretanha. O comércio entre franceses e ingleses incentivou a troca de diferentes tipos
de cães, o que leva muitos estudiosos a acreditarem que o Épagneul Breton é fruto do
cruzamento entre spaniels franceses e setters ingleses.
Existe um conjunto de pinturas e tapeçarias do século XVII, onde estão retratados
cães muito semelhantes a esta raça, o que pode dar algumas pistas sobre o seu
verdadeiro passado, no entanto não é possível tirar conclusões definitivas.
Independentemente da sua verdadeira origem, o Épagneul Breton é um caçador
apreciado em todo o mundo, sendo especialista na caça à perdiz, codorniz, narceja,
galinhola e lebre. A sua resistência ao frio e à humidade aliada à capacidade de caçar
durante longos períodos de tempo, tornam-no num cão de caça com qualidades
dificilmente ultrapassáveis. Não por acaso, muitos caçadores nos Estados Unidos e no
Canadá escolhem esta raça para os acompanhar.
Apesar de ser uma questão controversa, o Épagneul Breton é considerado pela
maioria dos especialistas um spaniel, sendo, deste grupo de cães, o único que é capaz
de apontar, atuando como um autêntico Pointer. Interessa referir, ainda assim, que
muitos criadores pressionaram os clubes de canicultura para tirar a palavra spaniel do
nome da raça, por considerarem que os spaniels trabalham apenas como cães
levantadores, ao passo que o Brittany tem a habilidade de apontar. Neste contexto, o
American Kennel Club (AKC) decidiu alterar o nome da raça nos seus registos, em 1982,
passando de Brittany Spaniel para apenas Brittany.
Hoje um popular cão de companhia, o Épagneul Breton esteve perto da extinção
no período compreendido entre o final do século XIX e o início do século XX, tendo sido
graças a Arthur Enaud, um entusiasta criador gaulês, que a raça rejuvenesceu. Tal como
aconteceu com muitas outras raças, a Segunda Guerra Mundial também levou o número
de exemplares de Épagneuls a diminuir drasticamente, porém, após este sangrento
conflito, um conjunto de criadores gauleses conseguiu recuperar a raça e o número de
exemplares voltou a estabilizar.
Atualmente, graças às suas características únicas como cão de caça, o Épagneul
Breton é o cão de tiro mais popular de França e um dos mais populares dos Estados
Unidos.
TEMPERAMENTO
Um amigo sensível e afetuoso
Uma expressão que os admiradores do Épagneul gostam de lhe associar é “as
máximas qualidades num volume mínimo”. Robusto e resistente, continua a ser um
popular cão de caça, cobrindo tanto em terra como na água e trazendo a peça ao dono
praticamente intacta, o que leva os caçadores a afirmarem que tem o “dente doce”.
Tem sido também cada vez mais apreciado como cão de companhia, sendo,
possivelmente, a raça nativa mais popular de França. O facto de libertar muito pouco
odor e de ter um porte médio contribuem para que cada vez mais citadinos escolham o
Épagneul Breton para se juntar à sua família.
Leal, obediente, equilibrado, inteligente e meigo, é um cão que procura sempre
agradar aos seus donos e é bastante sociável, apreciando as brincadeiras com os mais
novos e os longos passeios ao ar livre. Sendo fácil de treinar, é uma raça extremamente
sensível, tornando-se bastante tímida e reservada se viver num ambiente violento,
crispado ou stressante. Como acontece com todas as raças, mas especialmente com
esta, o treino deve assentar no reforço positivo para que se torne num cão confiante.
O Épagneul Breton, ou Brittany, adequa-se bastante melhor a famílias ativas, uma
vez que se não for suficientemente exercitado fica muito inquieto e stressado, ladrando
excessivamente. Não se pode nunca esquecer que esta é uma raça orientada para o
trabalho, pelo que se passar muito tempo sozinha e sem fazer nada irá desenvolver
problemas comportamentais e psicológicos.
SAÚDE
Sendo uma raça rústica, é geralmente saudável. Porém, existem alguns problemas
que a podem afetar, a começar pela displasia coxofemoral (ou displasia da anca), que se
caracteriza por uma anomalia heriditária na articulação entre o fêmur e a bacia,
causando dor e problemas de locomoção.
A epilepsia também pode ocorrer e está associada a uma doença degenerativa dos
neurônios conhecida como Abiotrofia Cerebelar. Normalmente, este problema surge
entre os três e os quatro anos de idade.
Problemas oculares são relativamente frequentes na raça, designadamente o
glaucoma, que provoca danos no nervo ótico e perda de visão, e a catarata, que leva a
uma opacificação do cristalino do olho, podendo, ou não, causar uma diminuição da
capacidade de visão.
Outra doença que pode surgir é o hipotireoidismo, que se caracteriza por uma
diminuição na produção de hormônios da glândula da tireoide, provocando letargia,
obesidade, problemas de pele, entre outros.
Deve-se prestar especial atenção aos seus ouvidos, onde os pêlos, a cera e
potenciais parasitas poderão originar infeções e otites.
Finalmente, quanto aos cuidados com a pelagem, interessa fazer uma escovagem
regular para remover os pelos mortos e manter o pêlo limpo.

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