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HISTÓRIA

Um histórico pescador
Esta raça antiga que esteve bastante perto da extinção é hoje a raça portuguesa
mais conhecida internacionalmente.
Segundo o médico-veterinário Manuel Fernandes Marques, no seu livro “O Cão de
Água”, publicado em 1938, os antepassados desta raça eram conhecidos pelos romanos
como o “Cão Leão”, dada o seu particular corte de pêlo. Esta antiguidade da raça poderá
indicar que os seus antepassados são os mesmos dos do Caniche (Poodle).
O que é facto é que os pescadores portugueses, particularmente os do Algarve,
encontravam no Cão de Água o companheiro ideal para a sua atividade, reconhecendo-
lhe os mesmos deveres e direitos que eles próprios tinham. Magnífico nadador, este cão
era utilizado para recuperar o peixe que escapava dos anzóis ou das redes de pesca,
tendo, muito provavelmente, salvado muitos dos pescadores que não sabiam nadar.
Outra importante função desta raça era a de transporte das mensagens de barco para
barco, dado que, na altura, não havia rádios, contribuindo para a coordenação e eficácia
da atividade piscatória. Nos tempos livres, o Cão de Água Português tinha, ainda, a
função de guardar a embarcação.
Respeitando o trabalho e a dedicação do seu companheiro canino, os pescadores
dividiam com ele o peixe e até o dinheiro que faziam com a respetiva comercialização,
o qual era gerido pela pessoa responsável pelos seus cuidados e tratamentos.
O ilustre escritor Raúl Brandão assistiu ao trabalho em equipa entre os pescadores
de Olhão e o Cão de Água Português, registando a sua consideração por estes animais
no livro “Os Pescadores”, escrito em 1923.
No início do século XX, com a chegada da revolução industrial a Portugal e a
consequente modernização da frota pesqueira portuguesa, o trabalho do Homem e do
cão foi sendo gradualmente substituído, levando a que o Cão de Água Português apenas
estivesse presente na costa algarvia.
Contudo, graças ao empresário e filantropo Vasco Bensaúde, sócio e gerente de
uma empresa de conservas que detinha uma frota pesqueira, a sobrevivência da raça
foi garantida. Ainda assim, no ano de 1981, o Cão de Água Português foi considerado a
raça mais rara do mundo, pelo Guinness Book of Records.
TEMPERAMENTO
Um trabalhador incansável
Corajoso, inteligente e resistente, o Cão de Água Português é uma raça com muita
energia para gastar, pelo que o dono deve estar preparado para o exercitar diariamente.
Assim, e embora esta energia inesgotável lhe dê uma impressionante capacidade de
trabalho, aqueles que possuam um exemplar desta raça somente para companhia terão
que estar preparados para passar bastante tempo ao ar livre.
O Cão de Água Português não se adequa, contudo, à vida no exterior de casa,
sendo extremamente ligado à sua família e reagindo bastante mal à solidão – o que se
compreende pelo seu passado de trabalho junto do Homem –, que o poderá levar a
desenvolver comportamentos destrutivos.
SAÚDE
Sendo uma raça saudável, os seus problemas mais comuns relacionam-se com a
displasia da anca e com questões relacionadas com o aparelho visual, como é caso das
cataratas e da atrofia progressiva de retina.
Uma das particularidades desta raça relaciona-se com a inexistência de uma
camada de subpêlo, fazendo com que não exista troca de pelagem e, por consequência,
com que largue muito pouco pêlo. Esta característica torna-a numa ótima escolha para
famílias onde um ou mais membros têm alergia ao pêlo.
Ainda assim, a pelagem comprida do Cão de Água Português exige uma atenção
cuidada.

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