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HISTÓRIA

O bravo caçador argentino


O Dogue Argentino é uma raça relativamente recente, pelo que a sua história está
muito bem documentada. Originária da Argentina, da província de Córdoba, esta raça
foi desenvolvida durante a primeira metade do século XX, por um conceituado médico
chamado Antonio Nores Martinez (1907-1957), que contou com a preciosa ajuda do seu
irmão. Curiosamente, esta é uma das poucas raças criadas na América do Sul.
Ao contrário da maioria das raças, que foram desenvolvidas durante largos anos
por diferentes criadores, esta foi desenvolvida apenas pelos irmãos Nores Martínez no
espaço de, aproximadamente, 25 anos. O seu objetivo era imprimir um melhor equilíbrio
físico e psicológico, bem como um olfato mais apurado e uma maior rapidez, elementos
fundamentais para a caça, ao Antigo Cão de Luta de Córdoba (Viejo Perro de Pelea
Cordobés) - uma raça muito possante, enérgica e corajosa que era usada para a luta de
cães (atividade apreciada na época por pessoas de todas as classes sociais e que
continua a reunir adeptos) e que era fruto de cruzamentos entre Mastins, Bulldogues e
Bull Terriers.
Para atingir os seus objetivos, os irmãos Martínez cruzaram o Antigo Cão de Luta
de Córdoba com várias raças, designadamente: Bulldog Inglês; Irish Wolfhound; Bull
Terrier; Boxer; Dogue Alemão; Dogue de Bordéus; Mastim Espanhol; e o Pointer, de
quem herdou a capacidade de farejar o ar e, assim, surpreender pumas e javalis.
Eventualmente, outras raças poderão ter sido usadas. Este processo de transformação
retirou o instinto de luta contra outros cães do Viejo Perro de Pelea Cordobés,
substituindo-o por um apurado instinto de caça, o que deu ao Dogue Argentino a
capacidade de caçar em matilha e tornou-o numa das melhores raças para a caça maior.
O Dr. Antonio Nores Martinez era um verdadeiro amante da caça e, sempre que
partia para as suas habituais viagens de caça, levava consigo alguns exemplares da raça
que havia criado. O porte atlético, a resistência, a força e a tenacidade destes cães
permitiam-lhes aguentar longas caminhadas, independentemente das condições
meteorológicas, e enfrentar outros predadores, como os anteriormente referidos
pumas.
Desde o momento em que foi criado, o Dogue Argentino foi usado em lutas de
cães, uma vez que herdou algumas das características para este fim do Antigo Cão de
Luta de Córdoba. Apesar destas lutas terem perdido (felizmente) popularidade, o Dogue
Argentino ficou com a fama de brigão, tendo sido banido de alguns lugares, como o
Reino Unido, cujos legisladores, através do “Dangerous Dogs Act”, introduzido em 1991,
proibiram a posse de algumas raças que consideraram perigosas. Em Portugal, esta raça
está entre as sete que fazem parte da lista de raças potencialmente perigosas.
O Dogue Argentino foi reconhecido pela Federação Cinológica Internacional em
1973, tendo sido a primeira e, até agora, a única raça argentina que mereceu este
reconhecimento.
Para além das suas aptidões para a caça, o “bravo caçador argentino” tem sido
cada vez mais apreciado como animal de companhia, o que é muito bom para o seu
futuro. As suas capacidades de trabalho e de seguir rastos fazem com que seja também
utilizado como cão-polícia.
TEMPERAMENTO
Uma personalidade forte num corpo possante
Um leal e protetor membro da família, o Dogue Argentino é muito ligado aos seus
donos, tendo o hábito de se sentar ou deitar junto a eles, muitas vezes em cima dos seus
pés. Sempre pronto para todas as atividades em família, desenvolve facilmente uma
relação forte com as crianças, no entanto, esta interação deve ser sempre vigiada.
Embora não deva ser agressivo com pessoas estranhas, o Dogue Argentino é
naturalmente desconfiado e, por isso, constitui um bom cão de guarda.
O seu poderio físico aliado a uma personalidade forte leva a que seja
extremamente importante socializá-lo desde tenra idade, para que possa ter uma
relação saudável com outros cães. Ter um Dogue Argentino que seja hostil com outros
cães é um grande perigo e nenhum dono responsável quererá que isso aconteça.
Paralelamente à socialização, o treino também é muito importante, devido ao
impacto positivo que tem ao nível da disciplina e da estimulação mental. A capacidade
de trabalho, a inteligência e a vontade em corresponder às expectativas do dono fazem
com que esta raça aprenda rapidamente. Contudo, pode mostrar, por vezes, alguma
teimosia e aborrecimento com atividades repetidas, pelo que é essencial introduzi-la a
novos desafios. É igualmente importante ser firme e consistente na educação e no
treino, sem, todavia, recorrer à força, que apenas criará maior stress e desconfiança
numa raça que, apesar do seu tamanho, tem uma sensibilidade particular. As correções
devem ser claras e incisivas, bastando normalmente um tom de voz pesado para a
mensagem ser entendida.
O Dogue Argentino não é, de facto, a melhor raça para pessoas com pouca
experiência relativamente à educação de um cão. A sua força e o seu temperamento
exigem um dono experiente e que saiba o que está a fazer.
Embora se possa adaptar à vida num apartamento, o Dogue Argentino necessita
de bastante exercício físico, pelo que passeios longos e estimulantes são fundamentais
para o seu bem-estar.
SAÚDE
Para evitar os problemas de saúde que podem afetar o Dogue Argentino é
absolutamente fundamental contar com um criador de qualidade, condição esta que se
estende a todas as raças.
Os problemas mais comuns desta raça são: displasia coxofemoral, que está
relacionada com a articulação do quadril; surdez (segundo um estudo, cerca de 10% dos
cachorros desta raça têm predisposição para a surdez nos dois ouvidos, e 16% num dos
ouvidos); glaucoma; e catarata. Os dois últimos problemas relacionam-se com os olhos,
dificultando a visão e podendo, até, levar à cegueira.
É importante que os Dogues Argentinos sejam bem protegidos do sol, uma vez
que a sua coloração branca lhes confere uma fraca proteção contra os raios ultravioleta.
Interessa, também, referir que estes cães têm alguma tendência para se babar, assim
como para ressonar.
Finalmente, no que diz respeito aos cuidados com a pelagem, basta uma
escovagem regular para tirar os pêlos soltos e para manter o pêlo limpo.

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