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HISTÓRIA

Um orgulho da criação alemã


O historiador romano Tácito, um dos maiores da antiguidade, escreveu sobre “o
cão tipo lobo do país à volta do Reno”. Este cão a que Tácito se referiu será, muito
provavelmente, o ascendente do Pastor Alemão, bem como dos Pastores Belgas.
Existem duas teorias sobre o passado desta raça. Uma aponta para que alguns
lobos tenham sido cruzados com cães domésticos, dando origem a uma raça muito
próxima daquela que hoje conhecemos. A outra, bastante mais plausível, aponta para
que o Pastor Alemão descenda de cães autóctones das regiões a sul da Alemanha, onde,
desde tempos longínquos, as atividades de pastoreio assumiram grande relevância e
para as quais eram necessários cães que guardassem e protegessem o gado de
potenciais predadores, designadamente do lobo. De facto, existem registos, datados do
século VII d.C., que documentam a presença de cães de pastoreio naquelas regiões.
A revolução industrial, que atravessou a Europa no século XIX, veio acabar com
algumas das funções que os cães assumiam, uma vez que a máquina os podia substituir,
colocando em risco a sobrevivência de certas raças. Para não se perder este património,
tornou-se necessário preservar e diferenciar os diferentes cães que haviam sido
desenvolvidos durante séculos. Neste contexto, em 1891, é fundada na Alemanha a
sociedade Phylax, que pretendia tipificar as raças alemãs. Embora tenha durado apenas
quatro anos, por discordâncias entre aqueles que priveligiavam a capacidade de
trabalho e os que atribuíam maior valor à componente estética, esta sociedade trouxe
ao de cima a necessidade de classificar as diferentes raças caninas.
Em 1895, com a intervenção fulcral do oficial de cavalaria alemão Max von
Stephanitz, juntamente com outros criadores germânicos altamente competentes, é
iniciada uma seleção de cães pastor oriundos de Vurtemberga, Turíngia e Baviera, que
levou à criação do Pastor Alemão que hoje conhecemos. Alguns anos depois, é fundada
a Verein für Deutsche Schäferhunde, a primeira associação de criadores de Pastores
Alemães, que contribuiu para o apuramento e aperfeiçoamento da raça.
O Pastor Alemão, que representa um factor de orgulho para a criação alemã,
desempenhou um papel relevante na I Guerra Mundial, onde assumiu as funções de
mensageiro, de guarda e de resgate. Da mesma forma, durante a II Guerra Mundial, esta
raça foi muito requisitada não só para as funções que havia desempenhado no conflito
anterior, mas também para outras, designadamente a de detetar minas.
Contrariamente ao que aconteceu com a esmagadora maioria das raças, seriamente
afetadas pelas duas Grandes Guerras, o Pastor Alemão saiu fortalecido, uma vez que as
suas capacidades foram internacionalmente reconhecidas. Acabados os conflitos,
muitos soldados levaram exemplares desta raça para casa.
Com a II Guerra Mundial, o Pastor Alemão passou também a ser conhecido como
Lobo da Alsácia, ou Cão Alsaciano, principalmente no Reino Unido. Esta nova designação
derivava do ódio a tudo o que se relacionasse com a Alemanha. No entanto, em 1977,
ultrapassou-se este preconceito e a raça recuperou oficialmente o seu nome original.
Atualmente, o Pastor Alemão é a raça de cão pastor mais popular em todo o
mundo, graças às suas qualidades temperamentais, à força do seu caracter e à sua
beleza estética.
TEMPERAMENTO
O cão dos sete ofícios
No conhecido livro “A inteligência dos cães”, da autoria do escritor e psicólogo
norte-americano Stanley Coren, o Pastor Alemão está colocado na terceira posição no
ranking das raças mais inteligentes. Considerado como “o cão dos sete ofícios”, o Pastor
Alemão pode assumir a função de guarda, de salvamento, de farejador de drogas, de
guia para cegos, entre muitas outras, designadamente, claro está, de companhia. De
facto, esta é uma das raças mais completas, aliando a inteligência e a grande capacidade
de aprendizagem a uma coragem e lealdade inquestionáveis.
O Pastor Alemão tem uma constante vontade de agradar ao dono e gosta de estar
sempre próximo da sua família, mostrando-se preparado para a proteger em qualquer
situação. Tem uma boa relação com crianças, com quem gosta de brincar. Apesar de ser
obediente, é importante que seja socializado desde tenra idade, habituando-se a
conviver com pessoas que lhe são estranhas e com outros animais. Caso contrário,
poderá revelar um comportamento agressivo e exageradamente protetor para com a
sua família.
Sendo um cão de trabalho, o Pastor Alemão necessita de fazer exercício
regularmente para que mantenha o equilíbrio físico e psicológico. Desportos com o
schutzhund, onde os cães têm que ultrapassar vários desafios que põem à prova as suas
capacidades físicas e olfativas, ou o agility, onde os cães têm que concluir um percurso
o mais rapidamente possível, tendo que passar por túneis, saltar vedações, entre outras
coisas, são excelentes atividades físicas que podem contribuir muito para um
desenvolvimento saudável dos exemplares desta raça.
SAÚDE
Como sucede com muitas das raças de grande porte e com uma caixa torácica
profunda, os problemas gastrointestinais, designadamente a torção do estômago,
constituem uma grande preocupação. Para diminuir a probabilidade de ocorrência
destes problemas, deve-se evitar submeter os cães a um elevado esforço físico após as
refeições, assim como evitar que comam muito de uma só vez, separando a ração diária
em duas ou três refeições.
A displasia da anca e do cotovelo são outras das doenças que afetam bastante os
cães com a morfologia do Pastor Alemão.
As doenças de pele e o surgimento de tumores também podem ocorrer nesta raça.
Quanto às primeiras, deve-se procurar dar banho o mínimo de vezes possível para
diminuir o risco de surgimento de dermatites e evitar que a pele perca a sua oleosidade
natural.
Quanto aos cuidados com a pelagem, é conveniente que seja escovada
diariamente para remover o pêlo morto.
Finalmente, interessa apenas referir que a popularidade do Pastor Alemão levou
a uma criação indiscriminada, preocupada apenas com o lucro e desprezando a
qualidade dos exemplares. Como acontece com todas as raças, e com esta
particularmente, importa estudar atentamente o criador a quem se pretende adquirir
um exemplar, observando os progenitores e fazendo todas as questões que se
considerem relevantes.

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