Você está na página 1de 33

GUIA PRÁTICO PARA O MANEJO DE

CÃES EM CANIS

São Paulo
2013
Guia prático para o manejo de cães em
canis

Autores:
Gina Polo, DVM, MSc
Laboratório de Epidemiologı́a e Bioestatistica, Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo.
Instituto Técnico de Controle Animal- ITEC

Néstor Calderón, DVM, MSc


Coordenador Executivo do Instituto Técnico de Controle Animal- ITEC

Ana Rita Marques, DVM, MSc


Laboratório de Epidemiologı́a e Bioestatistica, Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo.

Oswaldo Santos, DVM


Laboratório de Epidemiologı́a e Bioestatistica, Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo.
Instituto Técnico de Controle Animal- ITEC,

Eduardo Rodrigues de Oliveira, DVM


Médico Veterinário no Centro de Controle de Zoonoses da prefeitura de Guarulhos,
São Paulo
Instituto Técnico de Controle Animal- ITEC

Adriana Lopes de Vieira, DVM MSc


Laboratório de Epidemiologı́a e Bioestatistica, Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo.
Médica Veterinária no Instituto Pasteur, São Paulo

Rita de Cassia Maria Garcia, DVM, MSc, PhD (Coordenadora)


Vice-Coordenadora Executiva do Instituto Técnico de Controle Animal- ITEC

2013
c
ISBN: 978-85-67421-00-1
Agradecimentos

Dra. Cristina Magnabosco, diretora do departamento de higiene e proteção da saúde,


da secretaria de saúde da cidade de Guarulhos; Gilberto Sousa de Medeiros, chefe da di-
visão técnica do CCZ de Guarulhos; Marcia Aparecida Grosso, chefe da STCR; Andrea da
Silva e Carlos Ferreira, supervisores da sessão da raiva; Renata Reinhardt, Ana Carolina,
João Paulo e todos os demais funcionários e cães da sessão da raiva que contribuı́ram de
maneira especial.
PREFACIO

Estas guias práticas foram desenvolvidas como material de apoio para a ca-
pacitação dos funcionários encarregados do manejo de cães confinados em canis. Este
material surge como resultado de um trabalho participativo com os funcionários do Cen-
tro de Controle de Zoonoses (CCZ) da cidade de Guarulhos, São Paulo. Seu conteúdo
engloba a etologia aplicada aos comportamentos problemáticos dos cães que representam
fatores geradores de dificuldades laborais. A finalidade desta guia prática é esclarecer,
orientar e incentivar a abordagem de comportamentos problemáticos identificados em cães
de abrigos, visando melhorar as interações funcionário-cão e o perfil dos cães oferecidos
em adoção à comunidade. Também provê informação básica para o manejo seguro dos
animais com elementos de enriquecimento ambiental que incluem mudanças ambientais,
obediência básica e uma metodologia para agrupar cães para diminuir os possı́veis efeitos
deletérios que o ambiente do canil pode ter no desenvolvimento da agressividade. Espera-
se que o Manual permita a inclusão de boas práticas de manejo na rotina diária dos canis
públicos e privados no Brasil e outros paı́ses com realidade semelhante ou parecida, e
auxilie na prevenção das possı́veis implicações que os comportamentos problemáticos têm
na saúde dos funcionários, no bem-estar dos animais e na reintrodução dos animais na
sociedade.
5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 7

2 TIPOS DE MUDANÇAS E DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL 10

2.1 Fı́sicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.1.1 Alojamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.1.2 Brinquedos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2 Ocupacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2.1 Exercı́cio fı́sico e mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.3 Nutricionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.3.1 Alimento e dispensadores de comida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.4 Sensoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.4.1 Estı́mulos auditivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.4.2 Estı́mulos olfatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.4.3 Estı́mulos tácteis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.4.4 Ferormônios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.5 Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.5.1 Interações inter-especı́ficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.5.2 Interações intra-especı́ficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.5.3 Socialização de filhotes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.6 Obediência básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.6.1 Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.6.2 Passos para aplicar obediência básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.6.3 Alguns comandos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

ANEXO 27

REFERÊNCIAS 32
7

1 INTRODUÇÃO

O confinamento de cães e gatos em canis públicos e privados como prática de


controle de zoonoses ou de manejo populacional é uma das medidas mais tradicionais na
América Latina (Garcia, 2009). No estado de São Paulo alguns destes centros oferecem
estes animais para adoção como alternativa à lei 12916 do 2008, que proı́be a matança
de cães e gatos sadios em canis públicos e congêneres. Atualmente, constata-se que, em
algumas cidades de Brasil, o número de animais adotados destes centros incrementa a
cada ano (Soto, 2005).

O ambiente dos canis caracteriza-se pela presença de um conjunto de estressores


para os animais, tais como separação social, exposição a ambientes novos, ruı́do exces-
sivo, confinamento, entre outros (Barrera e col, 2008). A inadequada estimulação social,
olfativa, visual e auditiva, compromete negativamente o bem-estar dos animais e como re-
sultado estes podem manifestar problemas de saúde fı́sica e psicológica. Nestas condições,
as motivações dos animais podem ser redirigidas para os poucos estı́mulos disponı́veis,
e se originam com frequência comportamentos que comprometem as instalações o equi-
pamento, o próprio indivı́duo e os outros indivı́duos (Figura 1.1). Tudo isto impede o
estabelecimento de interações saudáveis entre as pessoas e os demais animais e dificultam
a aplicação de boas praticas de manejo.

O enriquecimento ambiental é um processo dinâmico relacionado com a adição


de um ou mais fatores no ambiente para promover o bem-estar fı́sico e psicológico aos
animais envolvidos, dentro do contexto da biologia comportamental destes animais e da
sua historia natural (Young, 2003; Calderón, 2009; Ellis, 2009). É necessário ter em
consideração que a implementação de estas mudanças deverá estar centrada no animal
(indivı́duo ou grupo), assim como nas pessoas que oferecem os cuidados (funcionários) e
nos tipos de enriquecimento (Calderón, 2009). Para tal é fundamental desenvolver um
plano no qual deverão ser contempladas as categorias de enriquecimento, determinando o
objetivo, avaliando-o antes, durante e ao final, permitindo assim um reajuste permanente
8

Figura 1.1 - Comportamentos que comprometem: a) as instalações, b) e c) o equipamento,


d) o próprio indivı́duo e e) e f) os outros indivı́duos

Fonte: (ITEC, 2013)

(Calderón, 2009). Alguns dos objetivos do enriquecimento ambiental são (Young, 2003;
Ellis, 2009; Calderón 2009):
1. Incrementar o bem estar dos animais confinados
2. Proporcionar um entorno estimulante
3. Incrementar a diversidade de comportamentos
4. Diminuir a frequência de comportamentos anormais
5. Incrementar o número de padrões normais de comportamento
6. Incrementar o uso positivo do ambiente
7. Incrementar a habilidade de adaptação às mudanças de forma natural

Para que uma intervenção ambiental seja considerada um enriquecedor, esta


deve estar relacionada comportamental, psicológica, fı́sica ou fisiologicamente, ao melho-
ramento do bem-estar dos animais. Recentemente, estudos cientı́ficos em enriquecimento
ambiental assumem um vı́nculo entre uma mudança no comportamento com a melhoria
no bem-estar, o qual nem sempre acontecem. Neste contexto, deve ser feita uma diferen-
ciação entre uma mudança ambiental que pode causar uma mudança positiva, neutra ou
9

negativa no bem-estar dos animais, versus uma estratégia de enriquecimento ambiental


que sempre vai se relacionar a evidencias que demonstram uma melhoria no bem estar
(Ellis, 2009).

As mudanças ambientais e os enriquecedores a serem utilizados devem apresen-


tar caracterı́sticas mı́nimas de segurança. A seguinte lista deve ser tida em mente no
momento de desenhar um enriquecedor ambiental ou planejar uma mudança ambiental,
e uma vez construı́do o enriquecedor ou feita a mudança, a lista deve ser checada nova-
mente:
1. Riscos fı́sicos inexistentes ou mı́nimos: evitar objetos que possam ser perfuro - cor-
tantes ou que possam causar lesões ao serem ingeridos pelos animais; os elementos não
podem ser de fácil destruição, muito pequenos, nem com buracos onde os animais possam
introduzir partes do corpo (membros, cabeça, etc.) e ficar machucados. É recomendável
evitar elementos barulhentos e sempre controlar as interações do animal com o brinquedo.

2. Toxicidade inexistente ou mı́nima: a composição de alguns objetos pode gerar toxici-


dade, devendo um médico veterinário ser consultando antes para aprovação do material.

3. Riscos infecciosos inexistentes ou mı́nimos: evitar que animais com doenças infec-
ciosas ou suas secreções ou objetos usados por estes sejam compartilhados com animais
sadios ou tenham contato com os enriquecedores de outros animais.

4. Facilidade para higienizar: é ideal usar objetos descartáveis ou que possam ser fa-
cilmente limpos, lavados e desinfetados.
10

2 TIPOS DE MUDANÇAS E DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

2.1 Fı́sicos

2.1.1 Alojamento

Faz referência ao fornecimento de um local onde os animais possam ter espaço


para ficar em pé, explorar, urinar e defecar longe da comida, descansar, tomar sol e
protegerem-se da chuva e do frio (Figura 2.1) . Os animais recém chegados e os animais
medrosos vão se adaptar com mais facilidade se ficarem em ambientes calmos, com o me-
nor barulho possı́vel (Young, 2003; Barrera e col., 2008). Adicionalmente, é recomendável
oferecer um abrigo (refúgio) no qual possam sentir um pouco mais de segurança (cami-
nhas, caixas, plataformas). Camas cômodas e de fácil higienização, que proporcionem
um local para descansar, podem ser usadas em todos os animais. Os mais agitados e
barulhentos precisam ficar em canis onde o fluxo de pessoas e animais seja menor, para
estimular menos o seus latidos, por exemplo, canis mais distanciados de portas e de cor-
redores. Adicionalmente, a ambientação ao local de adoção pode fazer com que o lugar
seja mais agradável para os visitantes (Wells e col., 2001; Normando e col., 2006).

Figura 2.1 - Tipos de alojamento: a)local para tomar o sol, b) abrigos e c) camas

Fonte: (ITEC, 2013; Ellis, 2009)


11

Figura 2.2 - Caixa de papelão usada como brinquedo

Fonte: (ITEC, 2013)

2.1.2 Brinquedos

Brinquedos tais como bolas, caixas de papelão, cocos, etc., são ideais para aque-
les animais que são mantidos individualmente (Figura 2.2). Em canis coletivos o uso de
brinquedos pode provocar brigas e por isso não são recomendados. São muitos os ob-
jetos que podem funcionar como brinquedos, o importante é terem as caracterı́sticas de
segurança e ser supervisionada a interação do animal com o brinquedo (Young, 2003;
Calderón, 2009).

2.2 Ocupacionais

2.2.1 Exercı́cio fı́sico e mental

Geralmente são feitos juntamente com outros tipos de enriquecimento. Dentre


eles incluem-se os passeios e à disposição de espaços para brincadeiras que oferecem a pos-
sibilidade de caminhar, correr, interagir com pessoas e animais, receber estı́mulos diversos
e praticar comandos de obediência básica. O fornecimento de brinquedos, dispensadores
de alimento e determinadas adequações para as instalações também favorecem a atividade
fı́sica e mental (Figura 2.3) (Barrera e col., 2008; Calderón, 2009).
12

Figura 2.3 - Enriquecimento fı́sico e mental mediante a realização de a) passeios e b)


práticas de obediência básica

Fonte: (ITEC, 2013)

2.3 Nutricionais

2.3.1 Alimento e dispensadores de comida

Os requerimentos nutricionais básicos variam de acordo com o peso e a atividade


fı́sica e mental de cada individuo. É recomendável que os animais dos canis consumam
alimento no mı́nimo duas vezes ao dia e tenham disponı́vel água limpa durante todo o
dia (Segurson, 2009). Para os gatos inapetentes e os cães medrosos pode-ser adicionada
à ração um pouco de comida úmida ou de água morna e fornecer um local sossegado
onde eles possam comer com tranquilidade (Ellis, 2009). Os dispensadores de alimento,
além da nutrição, favorecem o exercı́cio mas só são recomendados para animais confina-
dos individualmente porque podem gerar brigas nos canis coletivos; estes podem ser feitos
com garrafas de água penduradas no teto, rolos de papelão, cocos (Figura 2.4). Adici-
onalmente, podem ser usados petiscos na prática de obediência básica ou em diferentes
ocasiões tais como em: consultas veterinárias, visita de munı́cipes, hora da limpeza, etc.

2.4 Sensoriais

2.4.1 Estı́mulos auditivos

Os ruı́dos em um CCZ são fatores extremamente estressantes. Nos cães e gatos


que têm capacidade de escutar sons imperceptı́veis pelo ser humano, tem-se demonstrado
13

Figura 2.4 - Dispensadores de comida feitos com a)garrafas, b) rolos de papelão e c) cocos

Fonte: (ITEC, 2013)

que o barulho excessivo pode gerar alterações comportamentais, fisiológicas e anatômicas.


Falar em voz baixa e expor os animais a musica clássica tem um efeito relaxante e diminui
a frequência de latidos (Coppola, 2006;).

2.4.2 Estı́mulos olfatórios

O descobrimento dos efeitos positivos que os cheiros podem ter nas pessoas in-
centivou o estudo dos efeitos que os cheiros podem ter nos animais de estimação, mais
ainda pelas suas capacidades olfativas. Em cães, recomenda-se o uso da lavanda e da
camomila pelo seu efeito calmante e relaxante que também pode diminuir as vocalizações
(Graham 2005; Ellis, 2010). Nos gatos pode-se usar tanto a lavanda quanto a erva gatera
(Nepeta cataria) como um tipo de enriquecimento olfatório (Ellis, 2010).

2.4.3 Estı́mulos tácteis

Faz referência ao banho, à escovação e à realização de carinhos e massagens nos


animais (Calderón, 2009).

2.4.4 Ferormônios

Os ferormônios são moléculas que transmitem informações complexas entre ani-


mais da mesma espécie. São secretados por glândulas presentes em diferentes áreas do
corpo dos cães e dos gatos. Alguns têm efeitos apaziguantes e já foram sintetizados para
14

serem usados no manejo do medo e de outros comportamentos (Tod, 2005).

2.5 Sociais

2.5.1 Interações inter-especı́ficas

Praticamente qualquer encontro entre pessoas e animais pode fornecer experiências


positivas e diminuir o estresse nas duas espécies se forem consideradas as necessidades de
cada espécie e indivı́duo (Coppola, 2006). Rotinas de higiene das instalações, momentos
de alimentação, cuidados básicos para os animais (banhos, cortes de unhas, escovagem
dos dentes e da pelagem, limpeza dos ouvidos), exames médicos e visitas de munı́cipes
interessados nas adoções (Foto 19), por exemplo, são oportunidades frequentes nos canis
que devem ser aproveitadas. Também podem acontecer apenas por meio da interação
visual e auditiva ou por meio do uso de equipamentos ou ferramentas (Wells e col., 2001,
Normando e col., 2009).

2.5.2 Interações intra-especı́ficas

Os animais são frequentemente mantidos em grupos pequenos, o que é reco-


mendável. Porém, as mudanças frequentes nos grupos devido à entrada e saı́da de animais
representa uma fonte de estresse para os integrantes dos grupos (Orihel col., 2008). Toda-
via, o convı́vio em grupos traz consequência indesejadas como o risco derivado das brigas
(ferimentos em pessoas e animais). As re-agrupações progressivas, controladas e acompa-
nhadas de técnicas de modificação do comportamento são uma alternativa para diminuir
o estresse e aumentar os efeitos positivos do convı́vio em grupo (Anexo 1). Animais muito
agressivos têm que receber tratamentos especı́ficos e serem mantidos individualmente até
diminuir o risco que estes representam.
15

Figura 2.5 - Interações intra e inter-especı́ficas

Fonte: (ITEC, 2013)

Figura 2.6 - a) Cão e b) gato manifestando medo aos humanos, devido à ausência de
contato com pessoas durante o perı́odo de socialização

Fonte: (ITEC, 2013)

2.5.3 Socialização de filhotes

O perı́odo de socialização (3-12a semana de idade em cães e 2-8a semana em


gatos) é o perı́odo descrito como crı́tico para a formação dos primeiros relacionamentos e
vı́nculos sociais e para a habituação a estı́mulos diversos. A pobre socialização dos cães
e gatos gera comportamentos inapropriados que muitas vezes são causa de maus-tratos,
abandono e eutanásia (Figura 2.6). A socialização tem que ser parte da rotina diária para
que os filhotes possam ter contato com aqueles estı́mulos que possivelmente farão parte
do ambiente pós-adoção (Calderón, 2009).
16

Sessões de brincadeira

Brincar facilita a interação social, molda o comportamento adulto, desenvolve


a destreza fı́sica e mental e melhora a coordenação. As brincadeiras devem ser tanto
individuais quanto grupais (Figura 2.7). As primeiras têm que ser feitas usando um
brinquedo com as caracterı́sticas de segurança anteriormente mencionadas. É importante
não esquecer que as mãos, as roupas ou outras partes do corpo não são brinquedos. As
brincadeiras intra-especı́ficas têm que ser supervisionadas e qualquer tipo de brincadeira
tem que terminar se algum dos filhotes se tornar agressivo ou medroso (Crowell, 2008).

Manipulação

Todas as áreas do corpo dos filhotes têm que ser manipuladas para que futura-
mente seja fácil o seu manejo (Seksel, 199; Crowell, 2008). Se o filhote se torna agressivo
ou medroso, a manipulação tem que terminar e começar de novo, de forma mais gradual
e suave (Calderón, 2009).

Apresentação de diversos estı́mulos

Para que os filhotes se habituem a diferentes ambientes, recomenda-se a apre-


sentação gradual de estı́mulos (Crowell, 2008). Alguns exemplos são pessoas que usem
diferentes acessórios (óculos, chapéu, capas, boné, etc.), pessoas de diferentes grupos
etários, diferentes sons (carros, bicicletas, vozes, musica), animais (outros cães, gatos),
diferentes texturas (chão, pasto, etc.), diferentes cheiros, etc.

Obediência

Ensinar aos filhotes os comandos de obediência utilizando reforços positivos


prevenirá problemas de comportamento e facilitará o manejo futuro (Batt, 2008).
17

Figura 2.7 - Brincadeira a) individual e b) grupal utilizando bolas plásticas. c) Brincadeira


erra utilizando as roupas como brinquedo

Fonte: (ITEC, 2013)

2.6 Obediência básica

A obediência básica facilita o manejo dos cães ao tornar mais previsı́veis as


interações entre pessoas e animais e aumentando as chances dos cães serem adotados
(Normando e col, 2006; Hays, 2006; Luescher e col., 2009). Porém, tal só é atingido quando
a obediência básica é baseada no reforço positivo dos comportamentos apropriados.

Como as consequências derivadas dos comportamentos manifestados pelo animal


podem aumentar ou diminuir a probabilidade de apresentação de ditos comportamentos
no futuro, é útil controlar essas consequências para que os comportamentos apropriados
sejam mais frequentes e os comportamentos inapropriados tendam à extinção (Yin e col.,
2006, Yin, 2007).

Na âmbito etológico usa-se o termo reforço para referir-se a aquilo (consequências)


que aumenta a probabilidade de apresentação de um comportamento, enquanto que o
termo castigo refere-se a aquilo (consequências) que diminui a probabilidade de apre-
sentação de um comportamento. Existem outros dois termos usados como adjetivos dos
reforços e dos castigos. O primeiro deles é positivo, que significa adição (não é sinonı́mia
de bom), e o segundo é negativo, que significa subtração (não é sinonı́mia de mau) (Yin
e col., 2006; Yin, 2007).
18

2.6.1 Conceitos

Reforço positivo - A base da obediência básica

Aumento na probabilidade de apresentação do comportamento desejado por


meio da adição (positivo) de consequências agradáveis para o animal (Lindsay, 2000; Yin,
2007). Por exemplo, quando chamamos o animal e este vem até nós, ao vir damos-lhe
petiscos e carı́cias, o que aumenta a probabilidade do cão se aproximar ao ser chamado
no futuro (Figura 2.11).

Para que os reforços positivos sejam efetivos, têm que ser apresentados ime-
diatamente após o comportamento que se quer modificar se manifestar, caso contrario
podem-se reforçar inadvertidamente outros comportamentos. Inicialmente o reforço po-
sitivo deve ser apresentado cada vez que ocorre o comportamento e, quando este começa
a aumentar em frequência, pode ser reforçado seletiva e aleatoriamente (Lindsay, 2000;
Yin, 2007).

Reforço negativo

Aumento na probabilidade de apresentação de um comportamento por meio


da subtração (negativo) de consequências aversivas para o animal (Lindsay, 2000; Yin,
2007). Por exemplo, se um cão começa a puxar a guia, sentirá a pressão da guia; porém,
se cada vez que deixar de puxar a guia deixar de sentir a pressão, a probabilidade de
que o cão caminhe sem puxar irá aumentar (Figura 2.8). O uso dos reforços negativos
não deve ser a base da obediência básica, deve ser um complemento da obediência básica
baseada nos reforços positivos. Assim, no exemplo anterior, deve-se reforçar positivamente
o “caminhar sem puxar”.

Castigo positivo

Diminuição na probabilidade de apresentação de um comportamento por meio


da adição (positivo) de consequências aversivas para o animal (Lindsay, 2000; Yin, 2007).
19

Figura 2.8 - Pit Bull caminhando ao lado do funcionário, sem puxar da guia

Fonte: (ITEC, 2013)

Por exemplo, se cada vez que um cão latir, receber um choque elétrico por meio de uma
coleira especı́fica para tal finalidade, a probabilidade de que o cão continue latindo vai di-
minuir. No entanto este tipo de castigo pode ocasionar outras alterações comportamentais
indesejáveis.

Castigo negativo

Diminuição na probabilidade de apresentação do comportamento considerado


por meio da subtração (negativo) de consequências agradáveis para o animal (Lindsay,
2000; Yin, 2007). Por exemplo, se o cão pula sobre nós e o ignoramos dando-lhe as costas
, a probabilidade de que o cão pule sobre nós começará a diminuir (Figura 2.9). O uso dos
castigos negativos não deve ser a base da obediência básica, deve ser um complemento da
obediência básica baseada nos reforços positivos. Assim, no exemplo anterior, devem-se
reforçar positivamente os comportamentos calmos incompatı́veis com o “pular sobre nosso
corpo”.

A obediência básica deve basear-se nas consequências agradáveis, ou seja, nos


reforços positivos e nos castigos negativos. Os castigos positivos e os reforços negati-
vos podem suprimir temporáriamente alguns comportamentos e isto pode dar a falsa
impressão de que o manejo esta sendo exitoso, no entanto se as motivações daquele com-
portamento não forem abordadas, podem derivar em comportamentos ainda mais pro-
blemáticos (agressividade, medo ou desordens compulsivos) do que aquele considerado
20

Figura 2.9 - a) Passo um e b) dois de ”não pular no nosso corpo”

Fonte: (ITEC, 2013)

inicialmente (Figura 2.10).

2.6.2 Passos para aplicar obediência básica

A chave para conseguir os melhores resultados não é trabalhar diretamente sobre


o que queremos que o cão deixe de fazer mais sim sobre comportamentos adequados que
possam substituir os comportamentos não desejados. Isto é o que se conhece como subs-
tituição de resposta. Os passos que devem ser considerados na hora de aplicar obediência
básica são:

1. Selecionar o comportamento que ser quer modificar;


2. determinar se o que se quer é aumentar ou diminuir a frequência daquele comporta-
mento;
3. se o que se quer é aumentá-la, usar o reforço positivo;
4. se o que se quer é diminuir a frequência do comportamento, reforçar um comporta-
mento desejável nas situações nas que habitualmente ocorre o comportamento que se quer
diminuir e deixar de reforçar inadvertidamente este último.
21

Figura 2.10 - Cadelas com a) agressividade por medo e b) medo devido a um mal manejo

Fonte: (ITEC, 2013)

2.6.3 Alguns comandos básicos

O ensino de cada comando é feito por passos. Só quando o cão tiver aprendido
um determinado passo pode-se continuar com o seguinte passo. As sessões de ensino de-
verão ser feitas em locais com a menor distração possı́vel e devem ser curtas para que o
cão não perca o interesse.

Vem
1. Pronunciar o nome do cão e quando este atender, estender o braço mantendo um
petisco com a mão fechada.
2. Quando o cão estiver se aproximando dizer “vem” antes que o cão chegue (Figura
2.11a).
3. Quando o cão estiver perto dizer “muito bem” e imediatamente oferecer ao cão um
petisco (Figura 2.11b).

Habituação à guia
1. Oferecer comida passando a mão por entre a guia sem que esta tenha contato com o
cão (Figura 2.11a).
2. No momento em que o cão receba o petisco sem manifestar medo, aproximar a guia
ao cão. Repetir progressivamente este passo até conseguir pôr a guia (não continuar a
aproximação se o cão manifestar medo) (Figuras 2.11a,b e c).
22

Figura 2.11 - Passos a) dois e b) três do comando vem

Fonte: (ITEC, 2013)

3. Depois de pôr a guia, deixar o cão solto com a guia pendurada. Praticar o comando
“vem” até que o cão atue com naturalidade com a guia pendurada (Figura 2.11e).
4. Caminhar com o cão levando-lo pela guia mas indo onde ele quiser. Progressivamente
direcionar o sentido da caminhada durante um ou dois segundos e deixar novamente que
o cão caminhe para onde quiser (sem soltar a guia). Aumentar progressivamente o tempo
das caminhadas guiadas.
É importante o adequado uso da cordinha para não machucar os cães. A figura 2.12
demonstra como deve ser usada para levar o cão pelo lado direito.

Uso do cabresto
O cabresto é um instrumento que ajuda no manejo de cães que puxam excessivamente da
guia ou que são difı́ceis de controlar.
1. Depois de conseguir a habituação à guia, colocar o cabresto (Figura 2.12).
2. Imediatamente à colocação do cabresto dar um petisco e tirar a parte que passa
pelo nariz. Repetir este passo aumentando progressivamente o tempo de permanecia da
parte que passa pelo nariz, mas apenas se o cão permanecer calmo. Continuar com o
oferecimento do petisco incentivando o deslocamento progressivo do cão até conseguir
que caminhe normalmente. Se o cão responde descontroladamente, não falar para tentar
sossegá-lo, pelo contrario, ignorar os comportamentos descontrolados e reforçar positiva
e consistentemente os comportamentos calmos.
23

Figura 2.12 - Passos para realizar a habitação à guia

Fonte: (ITEC, 2013)

Figura 2.13 - Passos para realizar o cabresto: a)Enforcador na direção correta para levar
o cão de nosso lado direito, b)fazer uma orelha com a parte livre da corda, c) passar esta
orelha pelo mesmo buraco do colar enforcador, d) estender a orelha, e) passar a parte
livre da corda por acima e logo por baixo do focinho, f) Ajustar suavemente o cabresto

Fonte: (ITEC, 2013)


24

Figura 2.14 - Passos para ensinar o comando ”senta”

Fonte: (ITEC, 2013)

Senta:
1. Mantendo o petisco com a mão fechada em frente e perto do nariz do cão, passar a
mão sobre a cabeça de cão, em direção à cauda. A tendência do cão é seguir a trajetória
da mão e sentar-se (Figura 2.14a).
2. Quando o cão esta se sentando, dizer “senta” (Figura 2.14b).
3. Quando o cão se sentar, dizer “muito bem” imediatamente, e oferecer petiscos (Figura
2.14c).

Deita:
1.Partindo do sentado (Figura 2.14c), mostrar um petisco frente do nariz do cão e depois
leva-lo até o chão (Figura 2.15a).
2. Quando o cão esta se deitando dizer “deita” dirigindo o dedo ı́ndice para o chão (Figura
2.15b).
3. No momento em que o cão deita-se dizer “muito bem” imediatamente e oferecer petis-
cos.

Fica:
1. Partindo do comando senta (ou deita), dizer “fica” mostrando para ao cão a palma da
mão (Foto 50 e 51).
2. Se o cão permanece na posição do comando após um segundo, dizer “fica” e oferecer
petiscos.
25

Figura 2.15 - Passos para ensinar o comando ”deita”

Fonte: (ITEC, 2013)

Figura 2.16 - Passos para ensinar o comando ”fica”

Fonte: (ITEC, 2013)

3. Aumentar progressivamente o tempo desde o “fica” até ao “muito bem”, mas apenas
quando o cão permanecer sem mudar de posição.

Solta o brinquedo:
1.Nas sessões de brincadeira com a bola (ou outro brinquedo), mostrar para o cão um
petisco no momento que estiver se aproximando (Foto 52). No lugar do petisco pode ser
usado outro brinquedo.
2. No momento que o cão solta a bola, dizer “solta” e imediatamente oferecer petiscos ou
outro brinquedo (Foto 53)
26

Figura 2.17 - Passos para ensinar o comando ”solta o brinquedo”

Fonte: (ITEC, 2013)


27

ANEXO A - Método para agrupar os cães manejando a agressividade intra-


especı́fica

A dinâmica populacional canina nos centros de controle de zoonoses (CCZs)


ou centros de manejo animal, muitas vezes implica na necessidade de agrupar os cães
e mudar a composição de grupos pré-formados, devido ao fluxo de entrada e saı́da dos
animais e às alterações do estado de saúde dos mesmos, caracterizando uma população
transeunte. Tanto os efeitos positivos do alojamento coletivo (Mertens e Unshelm, 1996;
De Palma et al., 2005) como os negativos (Orihel, 2006), que geralmente se relacionam
com a superlotação e com as brigas, estão reportados. Estas últimas podem envolver os
funcionários, já que nas suas tentativas para parar as brigas, podem sofrer acidentes por
mordedura. Quanto aos cães, além de comprometer o bem-estar, as lesões derivadas das
brigas podem requerer intervenções terapêuticas complexas, aumentando os gastos com
esse animal e postergando também as oportunidades de adoção. O método de agrupa-
mento de cães apresentado em seguida tem como base a implantação e/ou implementação
do enriquecimento ambiental com técnicas de modificação comportamental. O protocolo
é constituı́do de quatro fases para possibilitar a aplicação de diferentes técnicas de mo-
dificação comportamental e de enriquecedores ambientais. No inicio são formados pares
de cães que nos casos da formação de grupos maiores, tem que ser agrupados a outros
pares. As fases têm como objetivo a aproximação progressiva dos animais, permitindo
um reconhecimento auditivo, visual e olfativo e a diversificação da oferta dos estı́mulos.
Nas primeiras três fases a metodologia usada é a de formação de duplas pessoa-cão A e
B, sendo a pessoa da dupla A a que guia a execução do protocolo dentro e entre as fases.

Fase 1 - Reconhecimento à distancia

As duplas encontram-se pela primeira vez num local aberto onde identificam-
se três pontos (áreas verdes) que formam um triangulo imaginário com a medida de
10m × 10m × 14m. As duas duplas passam pelos três pontos duas vezes, uma seguindo
28

a outra, mantendo a distancia entre os pontos e permitindo que os cães cheirem, urinem
e defequem. A dupla B começa na frente e quando passa pelos três pontos, distancia-se
do triangulo (≥ 5m) para que a dupla A complete o passo pelo ponto três e fique na
frente na segunda vez que as duplas passarem pelos três pontos. O cão da dupla que vai
atrás sempre tem a oportunidade de cheirar os excretas que deixa o cão da frente. Após
terminar esta fase, as duplas caminham até o local da fase dois, mantendo uma distancia
mı́nima de cinco metros entre elas.

Fase 2 - Aproximação progressiva

Passo um

Partindo dos pontos A e B respectivamente, as duplas caminham pelo cı́rculo


em sentido horário, reforçando positivamente os comportamentos calmos em cada um dos
pontos marcados no circulo (Figura 3.1). Isto até completar três voltas sem que nenhum
cachorro manifeste comportamentos de agressividade.

Passo dois

Partindo dos pontos A e B respectivamente, as duplas caminham até os pontos


1A e 1B respectivamente, reforça-se o comando “senta” e os comportamentos calmos, e
voltava-se aos pontos A e B respectivamente. Isto se repete mais duas vezes e se continua
com o seguinte passo se nenhum cachorro manifesta comportamentos de agressividade em
três sessões seguidas deste passo.

Passo três

Partindo dos pontos A e B respectivamente, as duplas caminham até os pontos


2A e 2B respectivamente, reforça-se o comando “senta” e os comportamentos calmos, e
volta-se aos pontos A e B respectivamente. Isto se repete mais duas vezes e segue-se para
o seguinte passo se nenhum cachorro manifesta comportamentos de agressividade em três
sessões seguidas deste passo. Na terceira repetição deste passo, após reforçar o “senta” e
os comportamentos calmos nos pontos 2A e 2B, as duplas (a dupla A na frente) caminham
29

Figura 3.1 - Cı́rculo no chão para guiar a fase 2.

Fonte: (ITEC, 2013)

até o ponto A para continuar com o passo quatro.

Passo quatro

Partindo do ponto A, as duplas caminham sobre o cı́rculo no sentido horário,


com a dupla A na frente e a dupla B de trás. Sobre os pontos localizados sobre o cı́rculo,
permite-se que o cão B cheire a região perianal do cão A, mantendo este com a guia puxada
para frente, sem incomodar o cão, e reforçando os comportamentos calmos. Depois de
completar uma volta, a dupla B passa na frente para dar mais uma volta, porém sendo
o cão A o que tem a oportunidade de cheirar o outro cão. Isto se repete mais duas vezes
e continua-se com o passo seguinte caso nenhum cachorro manifeste comportamentos de
agressividade em três sessões seguidas deste passo.

Passo cinco

As duplas caminham uma do lado da outra desde o ponto A até o local da fase 3.

Fase 3 Aproximação sem guia

Num local fechado de 12m x 2m, cada dupla localiza-se num estremo. Quando
a pessoa A der o sinal, os cães são soltos e as pessoas permanecem em pé, calmas e sem
falar. A interação termina depois de cinco minutos sem manifestações de agressividade;
caso ocorram brigas, seguir as duas tentativas descritas abaixo para a separação de brigas.
30

Prevenção de brigas

Se os cães ficam próximos um do outro e praticamente imóveis, com a cauda


elevada, ou se começam a brincar muito agitadamente ou se algum tornar-se agressivo,
destranque e tranque alguma porta, sem abri-la, numa tentativa para desviar a atenção
dos cães com o som da porta.

Separação de brigas – primeira tentativa

Se os cães começarem a brigar, uma das pessoas tenta desviar a atenção dos
cães com o som da porta, porém, se isto não é suficiente, a outra pessoa põe a metade de
uma caixa de transporte entres os cães. Se depois disto algum dos cães tenta continuar
a briga, empurrar com a caixa de transporte o cão que esteja mais perto de uma porta
para deixá-lo do outro lado desta.

Separação de brigas – segunda tentativa

Se os cães estão se mordendo e não se soltam, jogar água fria e voltar à primeira
tentativa.

Separação de brigas – terceira tentativa

se os cães não se soltaram com a água, uma alternativa que pode ser mais efetiva,
mas mais perigosa, é a seguinte: cada pessoa encarrega-se de um cão para colocar rápida
e cuidadosamente um enforcador e puxar este (sem puxar o cão por que isto aumenta a
gravidade das lesões) continuamente até que os cães se soltem. Se algum dos cães não
estiver mordendo, não puxar o enforcador. Quando conseguir separar os cães, oferecer o
atendimento veterinário pertinente.

Interação entre mais de dois cães: após formação de todos os pares possı́veis
entre os cães que farão parte do grupo, manter um par no local e introduzir mais um
cão, após cinco minutos de interação sem manifestações de agressividade entre os cães
que ficam no local. O cão entra quando os cães já presentes estejam longe da porta de
entrada. Isto se repete até completar o grupo.
31

Fase 4. Colocação no canil

Após completar o grupo, os cães são levados conjuntamente ao canil onde ficarão;
devem ser supervisionados por cinco minutos. Se acontecerem brigas, o principal objetivo
é dissolver o grupo rapidamente e aplicar as tentativas primeira, segunda e terceira acima
mencionadas para separação de brigas, conforme necessidade.
32

REFERÊNCIAS

.
1. Barrera e col. 2008. Calidad de vida en perros alojados en refugios: intervenciones
para mejorar su bienestar. Suma Psicológica, Vol. 15 N 2
2. Batt. 2008. The effects of structured sessions for juvenile training and socialization
on guide dog success and puppy-raiser participation. Journal of Veterinary Behavior 3,
199-206
3. Calderón N., 2009. Enriquecimiento ambiental en clı́nica de pequeños animales.
4. Coppola. 2006. Human interaction and cortisol can human contact reduce stress in
shelters dogs. Physiology and Behavior 87 537 – 541
5. Coppola e col. 2006. Noise in the animal shelter environment building design and the
effects of daily noise exposure. Journal of applied animal welfare science, 9(1), 1–7
6. Crowell. 2008. Resources on puppy and kitten behavior,socialization, and training.
COMPENDIUM
7. Ellis. 2009. Environmental enrichment: Practical strategies for improving feline wel-
fare. Journal of Feline Medicine and Surgery 11, 901–912
8. Ellis. 2010. The influence of olfactory stimulation on the behavior of cats housed in a
rescue shelter. Applied Animal Behaviour Science 123, 56–62
9. Garcia. 2009. Estudo da dinâmica populacional canina e felina e avaliação de ações
para o equilibrio dessas populações em área da cidade de São Paulo, SP, Brasil. Tese de
Doutorado. Universidade de São Paulo. Brasil
10. Graham. 2005. The influence of olfactory stimulation on the behavior of dog housed
in a rescue shelter. Applied Animal Behaviour Science 91, 143–153
11. Hays. 2006. Effects of a standardized obedience program on approachability and
problem behaviors in dogs from rescue shelters. Thesis mestrado. Texas University
12. Lindsay. 2000. Handbook of applied dog behavior and training, Volumes 1-3.
Blackwell.
13. Luescher e col. 2009. The effects of training and environmental alterations on adop-
tion success of shelter dogs. Applied Animal Behaviour Science 117, 63–68.
14. Normando e col. 2006. Some factores influencing adoption of sheltered dogs. Anth-
rozoös, 19(3).
15. Normando e col. 2009. Effects of an enhanced human interaction program on shlter
dogs behaviour analysed using a novel nonparametric test. Applied Animal Behaviour
Science 116, 211–219.
16. Orihel e col. 2008. A note on the effectiveness of behavioural rehabilitation for
reducing inter-dog aggression in shelter dogs. Applied Animal Behaviour Science 112,
400–405.
17. Santos, O., Polo, G., Garcia, R., Oliveira, E., Vieira, A., Calderón, N., De Meester,
R. 2012. Grouping Protocol in shelters. Journal of Veterinary Behaviour. Vol 8, 1.
18. Segurson. 2009. Behavioral enrichment for dogs. University of California, Davis,
CANAVC Conference. 19. Seksel. 1999. Puppy socialisation programs: short and long
term behavioural effects. Applied Animal Behaviour Science 62. 335–349
20. Soto, 2005. Adoption of shelter dogs in a Brazilian community: Assessing the care-
taker profile. Journal of applied animal welfare science, 8(2), 105–116.
21. Tod. 2005. Efficacy of dog appeasing pheromone in reducing stress and fear related
behaviour in shelter dogs. Applied Animal Behaviour Science 93. 295–308.
22. Wells e col. 2001. The behaviour of visitors towards dogs housed in an animal rescue
shelter. Anthrozoos, 14, 12-18.
23. Yin e col. 2006. Understanding Behavior: ”How Animals Learn: Operant Conditio-
ning”. COMPENDIUM. Vol 28 No 5.
24. Yin. 2007. Understanding Behavior, Simple Handling Techniques for Dogs. COM-
PENDIUM

Você também pode gostar