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Patrícia Campos Borja, Luiz Roberto Santos Moraes e Cezarina Maria Nobre Souza
No final do século XIX, as reformas sanitárias nas cidades, não só na Europa como também
nos Estados Unidos, influenciaram na redução da mortalidade, notadamente a infantil,
contribuindo para o aumento da esperança de vida, evidenciando a relação do saneamento e
a saúde (TAMBELLINI; MIRANDA, 2012). A permanência das condições sanitárias e de saúde
nos países da periferia capitalista e a discrepância dos indicadores sociais entre os países do
Norte e do Sul, permitem constatar que há uma determinação social da salubridade e que os
males da falta de saneamento são os males da contradição do capitalismo que não pode
prescindir da exploração do trabalho e da natureza.
A partir da contribuição relevante dos autores do campo da teoria crítica para o
entendimento do processo saúde-doença, no final do conturbado e inovador anos 60, passa
a ocorrer uma importante inflexão no campo da ciência, não só pela crítica ao racionalismo,
mas também ao papel da ciência e a sua pretensa neutralidade. Esse cenário, aliado à
ampliação da problemática ambiental, influencia na revisão do paradigma científico
predominante. A visão disciplinar e a explicação reducionista dos fenômenos, fez emergir
novas práticas e abordagens como a visão sistêmica, a noção da complexidade, a incerteza,
a valorização do diálogo de saberes e do saber ancestral. Os estudos que incorporam a
dimensão subjetiva da realidade e as técnicas qualitativas ganham visibilidade e maior
aceitação e as ciências sociais se legitimam com seus recursos teórico-conceituais e
metodológicos próprios. Em vez das partes, o “todo”, a interdependência, a interrelação, a
visão multi, inter e transdisciplinar. Para Ludwig von Bertalanffy e sua Teoria Geral do Sistema
“o todo é maior que a soma das partes”.
Esse cenário vai repercutir em todas as disciplinas e também no campo da saúde,
saneamento e ambiente. Há um esforço de construção de objetos de estudo que dialoguem
com a complexidade da realidade, tem-se buscado uma abordagem mais integrada e a
participação dos sujeitos no processo do conhecimento sobre suas realidades. Para
Andreazzi, Barcellos e Hacon (2007, p.212), há a:
Necessidade de uma abordagem integrada entre as partes e o todo, entre o lugar
e o seu contexto globalizado, devendo ser entendido o binômio saúde/doença
como um processo coletivo, recuperando o “lugar” (definido como uma conjunção
de fatores históricos, sociais e ambientais que produzem no espaço geográfico
contextos particulares dos problemas de saúde) como espaço organizado para
análise e intervenção.
Assim, o saneamento para além de se constituir em uma obra física voltada para interrupção
de rotas de enfermidades, é incorporado ao campo sociopolítico, já que, na sua
multidimensionalidade, alcança diversas dimensões da vida dos sujeitos sociais, como a redução
da pobreza e das iniquidades dela derivadas.
Os objetivos finais do saneamento promocional podem ser extremamente inviabilizados em
decorrência do quadro atual do sanamento no Brasil, tendo em vista a política privatista do
governo central. Em um estudo sobre a privatização da Companhia de Saneamento do Pará,
Figueiredo e Bandeira (2018) buscaram identificar as percepções de diferentes sujeitos sociais
a respeito: desde o simples cidadão usuário dos serviços, passando por outros usuários que
apresentavam especificidades, tais como, ser profissional da Companhia, ser empresário,
ser sindicalista, ser membro da academia científica, fechando-se a amostra com um não
usuário. Foram predominantes as percepções de que: 1) com a privatização, haveria
aumento tarifário (usuário, profissional, pesquisador e não usuário compartilham esta
percepção); 2) sem a privatização, perduraria a condição de sucateamento da Companhia
(compartilhada pelo usuário e pelo não usuário, que também antevê a possibilidade de piora
dessa situação); 3) a privatização era vantajosa para o governo (compartilhada pelo
profissional, pelo sindicalista e pelo não usuário) e desvantajosa para a população
(compartilhada pelo usuário, pelo sindicalista, pelo pesquisador e pelo não usuário).
A perspectiva do saneamento promocional impõe o reconhecimento do caráter público
dessa ação em face da sua essencialidade à vida, o que inclusive tem levado a diversos
municípios em todo o mundo a retomarem das mãos privadas a prestação dos serviços,
visando garantir o atendimento à todos, com qualidade e preços módicos.
Figura 1 - Razão do custo-benefício das intervenções para alcançar o acesso universal à água potável e
ao esgotamento sanitário, por região (2010)
6,00 5,20 5,30 4,50
5,00 4,20 4,30
4,00 3,30
2,60 2,70 2,90
3,00 2,00
2,00
1,00
-
E Ásia
N África
W Ásia
World
CCA
SSA
LAC
SE Ásia
S Ásia
Oceania
A economia de tempo gerada pelo esgotamento sanitário é responsável por mais de 70% dos
benefícios totais em todas as regiões, enquanto os benefícios com cuidados à saúde variam entre
5% e 13%. Na África Subsaariana e no sul da Ásia, o maior benefício envolve as vidas salvas. Já
os benefícios com o abastecimento de água chegam a quase 70% em termos de economia de
tempo. Economia com serviços de saúde respondem a mais de 10% do benefício total em todas
as regiões, chegando a 25% na Ásia Oriental (Figuras 2 e 3).
Figura 2 - Benefícios econômicos do esgotamento Figura 3 - Benefícios econômicos do
sanitário com o cumprimento das Metas do abastecimento de água com o cumprimento das
Desenvolvimento do Milénio Metas do Desenvolvimento do Milénio
Saneamento básico
Medida Medida de
de Direito à Medida de Medida de cidadania Garante o Empodera Reduz a Promove
promoção educação proteção infraestrutura e direito à direito à a mulher pobreza a justiça
à saúde ambiental urbana cidade infância étnico-
racial
Para promover essas ações, o debate dos anos 80, 90 e 2000 e a própria Lei Nacional de
Saneamento Básico (LNSB) (BRASIL, 2007), fruto de um intenso processo de construção da
sociedade brasileira, trouxe um importante direcionamento para a ação pública. Nesse período
foram delineados os pressupostos da prestação dos serviços, alguns deles incorporados como
princípios fundamentais da LNSB, como a universalidade; integralidade das ações (horizontal e
vertical); participação e controle social; transparência das ações; adoção de tecnologias
apropriadas e tecnologias sociais. Essa última vem sendo forjada pelas comunidades no diálogo
de saberes, a exemplo da agroecologia, da permacultura, que passam a incentivar novos modos
de vida e de bem viver, com atenção à ancestralidade, ao direito à terra e ao trabalho, à gestão
popular da água, ao direito à cidade e à moradia digna, à autonomia e liberdade de produzir seu
modo de vida. Anuncia-se novas subjetividades capazes de construir um sociedade emancipada,
mais justa e igualitária, surpreendentemente na contramão de processos que fizeram emergir
mais recentemente forças políticas que rechaçam a dimensão coletiva, a democracia e
enunciados tão caros do iluminismo, como liberdade, igualdade e fraternidade, um paradigma
civilizatório que certamente persistirá e ultrapassará o retrocesso às conquistas da humanidade.
Outro avanço recente que ainda deve ser apropriado pelos governos municipais, estaduais e
federal, refere-se à necessidade de os municípios formularem suas políticas públicas de
saneamento básico e instituírem as funções de gestão dos serviços: o planejamento, cristalizado
no plano de saneamento básico; a regulação; a prestação dos serviços; a fiscalização, e,
transversal a estas, o controle social.
A noção da multidimensionalidade do saneamento básico, os pressupostos da prestação dos
serviços, as diretrizes, estratégias e conceitos estão presentes no Plano Nacional de Saneamento
Básico (PLANSAB), como o conceito de deficit, a adoção de medidas estruturais e estruturantes
e seus investimentos correspondentes, a delimitação de critérios de priorização buscando a
justiça social e territorial, a participação e o controle social da ação pública (BRASIL, 2013).
Assim, tem-se elementos substantivos que já podem guiar os caminhos para o pleno
atendimento da população brasileira com saneamento básico.
O Brasil, no início do terceiro milênio, ainda conta com milhões de brasileiros(as) sem serviços
públicos de saneamento básico adequados. Com isso, o direito humano ao saneamento básico
está longe de ser uma realidade.
Visando enfrentar esse cenário, o Plansab previu metas a serem atingidas em 2033,
envolvendo investimentos de R$ 597 bilhões1. No entanto, a partir de 2014 e especialmente
após a quebra da institucionalidade jurídica-legal com o afastamento da presidente da
República, em 2016, e a ampliação das políticas de cortes de recursos, os investimentos
foram reduzidos, colocando em questão o próprio Plansab e as metas para a universalização.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (IBGE, 2019), no Brasil,
85,5% dos domicílios particulares permanentes têm acesso à água canalizada, 68,3% à rede
coletora de esgotos ou fossa séptica e 84,4% à coleta de resíduos sólidos domiciliares (IBGE,
1 O valor inicial era R$ 508,45 bilhões, sendo que em 2019 foi atualizado para os R$ 597 bilhões quando da revisão
do Plansab pela Secretaria Nacional de Saneamento, do Ministério de Desenvolvimento Regional. Essa revisão
também reduziu a participação do governo federal nesse montante de 59% para 40% (BRASIL, 2019).
2019), configurando um grande desafio para a universalização do saneamento básico no País.
O direito humano ao saneamento básico não está explícito na Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988; no entanto, considera-se que esteja implícito nos direitos à
saúde, à moradia e à alimentação (BRASIL, 1988). Mas, apesar do marco legal e regulatório
(LNSB) e resoluções da ONU, o Brasil está distante da universalização do saneamento,
havendo uma tendência de maior distanciamento dessa meta diante dos esforços atuais para
a privatização dos serviços, caminho que vem sendo revisto em diversos países do mundo.
Nas últimas duas décadas, em diferentes continentes, acontece a remunicipalização/
reestatização dos serviços públicos de saneamento básico privatizados em face do
descumprimento dos contratos, da elevação de tarifas, da redução da qualidade da prestação
dos serviços e dos baixos níveis de investimentos (KISHIMOTO; STEINFORT; PETITJEAN,
2020). No Brasil, o Congresso Nacional aprovou a Lei n. 14.026/2020 (BRASIL, 2020) que
modifica a Lei n. 11.445/2007, tendo por objetivo conceder à iniciativa privada a prestação
dos serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. À luz de
experiências de diversos países, poderão ser excluídas parcelas significativas da população,
especialmente as mais vulnerabilizadas e que deveriam ser o alvo de atenção.
A normatização e controle dos serviços públicos de saneamento básico devem estar sempre
sob a absoluta tutela do poder público e da população local, defendendo seus reais interesses e
impedindo os monopólios técnico e financeiro. O processo de fiscalização e controle dos
serviços, bem como a transparência na execução e alocação dos recursos, não pode fugir das
mãos dos mesmos. Nesse sentido, torna-se necessário o estabelecimento de mecanismos e
processos institucionais apropriados, que possibilitem um real e democrático controle por parte
do poder público e da população sobre o planejamento, a regulação, a execução das ações e
prestação dos serviços públicos de saneamento básico e a sua fiscalização.
Tal desafio implica na necessidade do trabalho conjunto e coordenado entre as três esferas
de governo (municípios, estados e o Governo Federal), além da promoção da participação e
controle social ativo e independente, com mecanismos democráticos de decisão, além das
ações integradas, integrais, intersetoriais nos territórios, estes reconhecidos como uma
totalidade que revela as contradições sociais cuja intervenção do Estado e da sociedade
devem enfrentar e superar para fins da promoção de um sociedade mais justa e igualitária.
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Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar normas de referência sobre o
serviço de saneamento, a Lei n. 10.768, de 19 de novembro de 2003, para alterar o nome e
as atribuições do cargo de Especialista em Recursos Hídricos, a Lei n. 11.107, de 6 de abril
de 2005, para vedar a prestação por contrato de programa dos serviços públicos de que trata
o art. 175 da Constituição Federal, a Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007, para aprimorar
as condições estruturais do saneamento básico no País, a Lei n. 12.305, de 2 de agosto de
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